domingo, 9 de setembro de 2018

Qual a Próxima Tragédia?

O incêndio no Museu Nacional colocou o país na pauta mundial, causando grande comoção internacional. Na postagem anterior fiz referência à incerteza do passado, entretanto as chamas do Museu Nacional, um centro de pesquisas da UFRJ, mostraram algo pior: a morte da memória brasileira e universal.

Sem respirar, a nossa única cultura, a do ódio e do abandono, conduziram ao ataque à Bolsonaro, uma situação de violência arrepiante. Haja equilíbrio emocional para viver aqui!

Gostaria de pensar alguns fatos. A nossa UFRJ, centro de excelência, vem apresentando uma série de problemas que vão dos incêndios nos prédios às inacreditáveis chamas do Museu.  Impossível fechar os olhos quanto ao aspecto físico, desleixado dos vários blocos e da insegurança do campus do Fundão, onde os assaltos são frequentes.

Outro ponto que acende a luz amarela é a área de ensino que me parece prejudicada. No ranking da América Latina, a UFRJ colocada em quinto lugar em 2016, surge em décimo segundo em 2018.

Chama a atenção, também, a perda do Edital de Internacionalização, isto é, a CAPES recusou o projeto da Universidade por considerá-lo vago, incoerente e pouco rigoroso. A universidade ainda deve recorrer da decisão.

Entendo que a Reitoria deveria parar para pensar a causa de tantos incidentes e acidentes. A dificuldade de verbas é um fator importante nesse processo, mas não creio que seja o único responsável.

Existe um acirrado e vigoroso viés ideológico na universidade, que impede o livre diálogo, pensamento e criatividade. O excesso de politização e corporativismo, parece estar cerceando corações, mentes e criação, as verdadeiras matérias primas da Educação.

A outra grande notícia da semana, o ataque à Bolsonaro é resultante de uma polarização eleitoral e de uma violência que reside na alma da população que está tornando a vida, um bem tão maravilhoso, quase insuportável.

O “Nós contra eles” veio para ficar. É perfeitamente compreensível que se desgoste de um candidato ou de outro, mas em nome desse desgosto surgem palavrões, impropérios, notícias horripilantes falsas e agora pedem licença para matar.

Uma das causas da insatisfação da população é o vergonhoso legislativo, que legisla em causa própria, ao qual é destinado verba vultosa. É desprezível constatar que nesse país qualquer mequetrefe tem carro oficial com motorista.

O brasileiro está angustiado, insatisfeito e submergindo, graças às crises morais, econômicas e institucionais. Verbas monumentais também são destinadas à corrupção e aos maus gestores, ao poder judiciário, repleto de mordomias, que vão muito além do seguro moradia.

Tenho certeza que o ódio e violenta agressividade só nos afunda e nos separa, impedindo-nos de berrar juntos a nosso favor.

Qual a próxima tragédia? 

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Causa e Efeito

“No Brasil até o passado é incerto” - frase proferida por Pedro Malan ex-ministro da Fazenda.

Eu acrescentaria que o presente é caótico e o futuro se desenha de modo temerário.

Boa parte da população brasileira não tem, do ponto de vista do pensamento, noção de causa e efeito. Muitos acabam presos ao último fato do presente, à situação emocional, à mitos e dogmas, ao apego ao consumo e à ideia de que é bacana ser intelectual e socialista.

Lula e o PT são casos marcados por esses atributos. Há dois anos o partido dos trabalhadores caiu em desgraça, devido a fatos chocantes de corrupção, gestões perigosas e fraudulentas, poderosos recursos enviados à países “amigos”, cisão política, financeira e ética de nossas Instituições.

Atualmente os institutos de pesquisa colocam o PT em primeiro lugar. Isso marca uma mudança de pensamento.
O que provocou essa mudança? Esqueceram um caminho anterior de desvario? Encontro algumas explicações: muitos provem da classe pobre, maravilhados com o consumo, que obtiveram no primeiro governo Lula, pois conseguiram adquirir uma TV de plasma ou até um carro.

Ninguém menciona o básico dos básicos: saneamento e moradia digna, 20% moram em comunidade, entre traficantes e milicianos. Os que têm carro (vários não conseguiram quitar o financiamento) levam quatro horas para chegar ao trabalho, pois o engarrafamento é monumental. Não anseiam por um transporte público qualidade? Nem falamos da saúde, educação e segurança em estado terminal.

Estranhamente existe um grupo que persiste alheio à realidade, formado por intelectuais e artistas. Possivelmente pelo narcisismo ferido, é raro encontrar alguém que confesse a sua frustração com o governo petista.

Consideram ser de bom tom mencionar que lutam pelos trabalhadores, como se fossem solidários, mesmo sabendo que esse trabalhador não tem saúde, nem escola para os filhos e uma péssima qualidade de vida. Parece que a solidariedade aplaca a culpa das diferenças. Afinal suas vidas são o oposto da classe pobre em tudo.

Os artistas que se deram muito bem com a lei Rouanet fazem parte deste grupo, mas não levaram cultura para as classes mais pobres. Preferiram se exibir na zona sul e continuam suas vidinhas de celebridades.

O último grupo é o dos milionários. Ah! Esses amam e são amados pelo PT. As desonerações fiscais são monumentais, até Coca-Cola e Ambev fazem parte desse grupo. É enorme a quantidade de pessoas jurídicas isentas de impostos, enquanto a classe média tem seu contracheque reduzido quase à metade para financiar essa baderna. Há montadoras isentas até 2030. Os lucros dos bancos se assemelham aos de xeiques árabes.

Parece que essas pessoas se esqueceram que a corrupção é assassina, que gestões incompetentes destroem as instituições e que os infratores estão sendo perdoados pelos amigos do Lula. Vivem um “faz de conta” de um mito acabado e preso. Não se importam que a conta que nos chegou seja do caos, do desemprego, da desesperança, da violência e do ódio entre irmãos.

Não adianta chorar por segurança, pois quem desconecta passado e presente acaba encontrando soluções errôneas que comprometem nossas vidas hoje e no futuro. O Brasil precisa aprender causa e efeito.

sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Os dois Lados da Moeda Populista

O diário do caos  nos trouxe três notícias:

1) Estado do Rio acumula dívida de R$ 6,2 bilhões só na saúde
2) Sem verbas, a Capes ameaça cortar 200 mil bolsas em 2019
3) A Medalha Fields, maior honraria da matemática, foi roubada do jovem iraniano em menos de 30 minutos após sua entrega

Enquanto isso na corrida eleitoral temos como os dois candidatos mais populares segundo os Institutos de Pesquisa: Lula e Bolsonaro.

O primeiro atualmente ocupa uma cela da Polícia Federal em Curitiba, condenado por lavagem de dinheiro e corrupção passiva, por enquanto. Mesmo inelegível pela lei de Ficha Limpa, é o único candidato do PT e não deseja indicar um substituído, pois não reconhece ninguém à altura do seu porte político e da sua capacidade de articulação.

Diga-se de passagem, trabalha febrilmente, mesmo atrás das grades, através de seus advogados que se prestam ao papel de pombos correios, manobrando seus companheiros desenhando o quadro político do Brasil.

O ex-presidente quer entrar para a História como perseguido político e não como responsável pela podridão que tomou conta do Brasil. Seu interesse é pessoal, aliás como sempre foi, agora o objetivo é salvar sua biografia e sair o mais rápido possível da cadeia.

O segundo mais bem colocado nas pesquisas é o capitão Jair Messias Bolsonaro que foi para a reserva ainda como capitão por estar insatisfeito com o salário dos militares e acusado de planejar um atentado com bombas para desestabilizar seu comandante.

Em 1989 entrou para a política, passando sempre a pleitear melhorias salarias para o exército, defendendo a categoria. Com essa fama conseguiu não só se eleger múltiplas vezes como também diversos membros de sua família.

Bolsonaro não está envolvido em corrupção o que é excelente, mas em 26 anos de atividade e 171 projetos de lei, só conseguiu aprovar DOIS.

O que me espanta é que o Brasil o elegeu como salvador da pátria. Ele que canta aos quatro ventos que detesta bandido, mas enquanto parlamentar, nenhum dos seus projetos relacionados à segurança pública e fronteiras foi aprovado, o que denota uma clara dificuldade de articulação política.

Quem o assistiu no Roda Viva percebeu sua falta de embasamento de economia, gestão pública e política. O candidato nem vice consegue. Sua falta de profundidade sobre os temas nacionais é clara.

Voltando às três notícias do diário do caos, entendemos que o nosso país ser pensado seriamente por um presidente que tenha planos e capacidade de aglutinar uma equipe de Ministros de primeira categoria.

Carregamos uma dívida interna absurda, ultrapassamos todos os limites de gastos possíveis, estamos em uma recessão como nunca vista com 13 milhões de desempregados, sem contar o mercado informal que não paga imposto, inferniza a cidade e fecha o comércio.

Em uma terra que parece o faroeste, Lula e Bolsonaro são os dois lados da mesma moeda. Ambos se apresentam como salvadores da pátria, mas cada um carrega com si o peso de um histórico questionável, um sujo e o outro inepto.

O país precisa de cérebros que saibam o que estão fazendo, que pensem que os jovens estão sofrendo e muitos estudantes acabam se suicidando, sem esperança e perspectivas.

Agora cabe ao povo brasileiro escolher o desfecho dessa história e quem será o mocinho – que até não precisa ser nenhum desses.

sexta-feira, 20 de julho de 2018

A População por um Fio

Vivemos uma situação inusitada em que o Brasil consegue estar capenga tanto nas áreas políticas, econômicas, sociais e jurídicas ao mesmo tempo.

Época das raposas tomando conta de galinheiro. Nós somos presas fáceis dessas subversões da ordem e da ética.

Podemos começar com a parte econômica que ainda lida com a maior recessão de nossa história e um desemprego sem precedentes. Motivados pela falta de recursos da União, Estado e Municípios, a falência da máquina pública afeta a todos.

Segundo Everardo Maciel, ex-diretor da Receita Federal, empresas foram desoneradas em 2017 em mais de 80 bilhões de reais, e apenas no primeiro trimestre de 2018 foram mais de R$24 bilhões.

Pensemos que mundialmente se propõe a abertura de mercado, enquanto o nosso patina e dança na abertura para a América Latina. Eta! Que pobreza abissal.

Outro motivo perigoso para a economia do país é a insegurança política e jurídica que conduz empresários estrangeiros a um clima, tão nebuloso, que qualquer investimento se assemelha a suicídio econômico. Ninguém confia em nós.

Inacreditável que os economistas só vejam salvação na reforma da Previdência. Tudo bem que se faça acertos na Previdência, mas o que nos espera é a seletividade de alguns setores e uma tunga poderosa nos trabalhadores. Enquanto
isso para eles...

Podemos continuar o caminho da perplexidade: o diretor da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) declara que essa não pode estar a serviço do consumidor. Afinal, as propostas estão à serviço de quem? Das empresas de saúde? Quem vai defender o consumidor? É lamentável perceber que agências reguladoras perderam a independência e estão politicamente aparelhadas.

E assim vamos vivendo um intrincado jogo político no judiciário onde a convicção em nossas leis passam a ser substituídas por firulas individuais, descortinando um assustador desequilíbrio emocional na população que não sabe o que pode acontecer no próximo minuto.

O turbilhão de resoluções de última hora, a delinquência política e o poder ilimitado do Estado têm consequências deletérias sobre a sociedade. Sofremos os efeitos de vivermos em um país atrasado, um Estado amarrado, ainda no tempo do “petróleo é nosso”, enquanto avança a tecnologia mundial em biodiversidade. 

A sociedade se fragmenta, cultiva ódio e fica impedida de discernir entre o bem e o mal, apegam-se a pensamentos rígidos na tentativa de evitar confusão. Parece que é melhor ter uma ideia fixa do que o vazio existencial.

Enfrentar essa desorganização social é muito desgastante, o cardápio é amplo: incertezas, insegurança diária, a angústia nossa companheira, violência no seu mais amplo sentido, desde a falta de amor e respeito à população até a barbárie explícita.

Estamos diante de componentes emocionais imbatíveis que corroem nossas defesas físicas e mentais e nos trazem doenças, algumas erradicadas há tempos, e que retornam triunfantes sobre nós.

sexta-feira, 13 de julho de 2018

E Nós os 67%?

O que fazem os 67% dos brasileiros não petistas?
Enquanto a maior parte da população levava sua vida distante da política, tentando lidar com as dificuldades, usando futebol, festas, carnaval, bandas de música como alívio para suas mazelas, a máquina petista trabalhava febrilmente.

O PT vem se preparando para tomar o poder há várias décadas. Basta olhar o Foro de São Paulo, criado em 1990 e que se reunirá em Havana na semana que vem. É uma iniciativa que une os partidos de esquerda Latino-Americanos que buscam disseminar no continente as características supostamente socialistas, embutindo claramente outros propósitos.

O partido dos trabalhadores sempre visou essa hegemonia continental. No Brasil, foram tomadas medidas com esse objetivo, como o aparelhamento do Estado, a incursão de petistas em todos as instituições necessárias, inclusive o judiciário. Tudo para dar prosseguimento ao obsessivo projeto de poder através de uma corrupção desvairada de modo a dar suporte econômico, político, social e cultural às suas propostas.

Entretanto esse arcabouço teórico e prático não imaginava que em 2013 iria surgir um grupo de juízes, procuradores do Estado, policiais federais, que iriam averiguar todo o esquema de corrupção e malversação do dinheiro público.

Era de se esperar uma violenta reação à Lava Jato. O espetáculo que foi a prisão de Lula, o grande líder dessa mixórdia, durou dias. Verdadeira apoteose! A consagração de um santo, a vítima da “inquisição” se vislumbrava diante do resto dos brasileiros atônitos.

Líder dissimulado, Lula que, segundo Antonio Ermírio, pede votos ao pobres e dinheiro aos ricos, pagos depois regiamente, digo eu, enquanto mantem os pobres esperando na miséria e na ignorância: seu grande reduto eleitoral.

A enxurrada de advogados, deputados e pessoas comuns entulhando o judiciário com habeas corpus já julgados, na esperança de encontrar juízes petistas, tinham a intenção de continuar a luta desvairada pelo poder.

O desembargador Favreto sabia muito bem que não havia nenhum fato novo, mas o enorme tumulto jurídico trouxe em seu bojo a vitimização do “paciente”. Isso é o que importa.

Temos no Brasil 33% de petistas, que estão paralisando a nação, sem o menor escrúpulo. Quero saber o que fazem os 67% de brasileiros, muitos deles desempregados, vilipendiados observando toda a infraestrutura de um país falindo e falhando escandalosamente. Os que possuem algum recurso econômico estão dispondo-o fora do Brasil, o que piora ainda mais a situação econômica.

Vamos continuar a ficar nas redes sociais enquanto o tecido brasileiro se esgarça a cada minuto? Vamos ficar gastando nossa criatividade fazendo memes e piadas, que apesar de muito bem-feitas, são inoportunas para os momentos de tanta inquietude?

Não podemos, após tantos anos perdidos de indolência, trabalharmos como o PT, mas precisamos nos mobilizar, indo às ruas e atendendo à chamada de grupos organizadores. Está na hora, quem sabe faz a hora, não espera acontecer.       

Obs: precisei me afastar por algumas semanas, mas estou de volta à nossa rotina semanal. 

segunda-feira, 14 de maio de 2018

O Brasil que Eu Não Quero

Diariamente vemos os vídeos da campanha da Globo sobre qual Brasil elas desejam. São diversas pessoas, de todos os lugares e classes, discutindo o Brasil que gostariam de ter. Eu aproveito a oportunidade para falar do país que eu NÃO quero ter.

Não quero viver em uma pátria onde acontecem 60 mil assassinatos por ano, número próximo de países em guerra, com menos de 1% de resolução. Raríssima é a descoberta dos assassinos porque não temos uma polícia investigativa preparada e equipada, já que falta ciência, tecnologia e serviço de inteligência eficazes. As séries na televisão, embora ficção, mostram aparelhagens que provocam inveja.

Não quero um país onde educação é negligenciada, onde os professores são vilipendiados e agredidos pelos alunos e não se reciclam. Muito menos admitir que as Universidades Públicas, que vivem às custas de nossos impostos, sejam reféns de ideologia não permitindo o diálogo. 

Restringe-se a capacidade dos alunos e impera um sistema educacional cuja ignorância é tão grande que muitas vezes professores que não compactuam do mesmo pensamento, algo essencial nas universidades, são expulsos das salas de forma truculenta. Todo essa ignominia está a serviço de um projeto de poder.

Não quero contribuir para um estado onde se pagam tributos escorchantes e ainda somos onerados com os custos absurdos de tudo que precisamos para vivermos com dignidade. 

Caminhamos para o extermínio da classe média. Marilena Chauí teve a coragem de dizer o que os governos do PT pensam. Para ela a classe média é uma abominação ética, política e cognitiva, também terrorista e fascista (sic). O projeto de poder foi eficiente, hoje estamos no processo para termos somente pobres e miliardários. A nova loja da McLaren, em plena crise, é prova disso.

Não quero fazer parte de um lugar onde os salários são baixíssimos. A miséria cresce junto com as favelas de forma vertiginosa. Hoje se contabilizam 763 comunidades só no Rio onde milhões vivem sem saneamento básico. 

Nesse descalabro, trabalhadores convivem com milicianos e traficantes sob chuva de balas. Há anos venho relatando o grave problema habitacional.  

Não quero viver em um Brasil onde a aposentadoria, dada pelo INSS, é mínima. Não satisfeitos, agora pretendem uma reforma seletiva, protegendo os militares e juízes. Quem não é favelado vai se tornar.

No cardápio das barbaridades temos um desemprego enorme que junto à salários vergonhosos, são responsáveis por um crime ambiental em nossa cidade. O Patrimônio da Humanidade foi transformado em um camelódromo a céu aberto e muita sujeira. Visão clara de uma cidade pobre, desorganizada e abandonada.

Não quero um país onde a corrupção e banditismo imperam, existindo um tremendo conluio entre o crime organizado, a classe política e o judiciário. Hoje quem manda e aterroriza é o poder paralelo.

Também faz parte do rol os que não respeitam as leis, a ausência de fiscalização e de conservação. O cenário cultural e histórico é lamentável.

Esse é um país onde a primazia é do roubo, da incompetência, da falta de amor humano e do mal caráter. Esse é o país que eu não desejo.

sábado, 5 de maio de 2018

Pávido Colosso

Durante muito tempo a maior parte da população do país mostrava-se avessa à política, fato claramente comprovado, visto que apenas as mais altas esferas do Brasil determinavam o nosso destino. Entretanto, essa omissão gerou graves problemas nacionais que foram se acumulando ao longo de todos esses anos.

A lista de erros clamorosos é infindável, coloquei alguns, mas essa mentalidade ignorante e mal caráter que assolou o país deixou marcas intensas e destruiu o pouco que tínhamos.

Atualmente o panorama descortinado pela operação Lava Jato, nos revela um esquema político criminoso que deixou a população atônita e estarrecida, e por conseguinte o foco passou a ser a política.

Os assuntos passaram a girar em torno de situações constrangedoras para o país entre a Odebrecht, por ex. com suas construções mal- feitas e o ciclo de propinas com o governo.

Um problema antigo, mas que estourou agora nos colocaram diante do perdão da dívida da Venezuela e Moçambique cujas cifras superam um bilhão.

Existe ainda a caixa preta tenebrosa que é o BNDES. O Banco que foi super saqueado em valores de bilhões para financiar as empresas aliadas ao governo e obras internacionais feitas pelas empreiteiras investigadas. Lembrem-se sempre que esse dinheiro é nosso, pago através de poderosos impostos, cujo rombo e extensão da corrupção ainda não vieram a luz.

De forma a controlar os demais poderes, o executivo distribuiu emendas parlamentares para comprar apoio e inúmeros penduricalhos em forma de benefícios ao judiciário, e agora ninguém mais sabe quem ganha, quanto ganha ou por que ganha.

O que têm feito a câmara e o senado? Nada é colocado em votação e ainda culpam a intervenção do Rio de Janeiro, mas bem antes, já estavam à disposição de defesas do Temer e deles mesmo. As leis recebem vários adendos de modo que os que estão implicados em falcatruas não sejam punidos.

No STF, vemos um malabarismo trabalhoso e sofisticado de alguns ministros que teimam em proteger bandidos e que nos causam profundo descontentamento e descrença. A suprema corte virou sinônimo de impunidade.

Soluções simplista e imediatas de última hora como a reforma da Previdência não conseguiriam dar ordem ao caos econômico, social e cultural que abateu sobre nós.

A falência das instituições públicas que nos governam é tão grande que cada vez mais estamos vendo pessoas defendendo uma reforma total do sistema. Algo preocupante e perigoso. O Brasil não irá se resolver num passe de mágica.

Para nós resta a tristeza, depressão, sentimento de perda, abatimento e dor moral diante da vida imoral criada pela ganância de poderosos.

sexta-feira, 27 de abril de 2018

No Rio nem jacaré se salva

A cidade do Rio de Janeiro vem sofrendo uma deterioração sem precedentes. É visível em cada morador a decepção, a tristeza e o inconformismo, frutos de corrupção, de políticos incompetentes e gestões temerárias que transformaram a cidade de maravilhosa, cuja beleza natural é inacreditável, em caótica. 

A crise econômica, social e cultural que se abateu sobre a cidade deixou rastros marcantes na paisagem e na vida dos cariocas e conduziram os moradores a um clima político como nunca vistos. Claro que buscamos freneticamente os culpados por essa derrocada.

Discute-se política o tempo todo, até o futebol está perdendo a majestade, porque queremos saber se os incapazes e inescrupulosos que governaram essa cidade serão punidos e como vamos sair dessa.

Basta olhar ao nosso redor, o centro da cidade, outrora agradável, se assemelha a uma cidade fantasma. Centenas de lojas e escritórios fechados e a balbúrdia de milhares de camelôs, constituem um cenário que nos choca. Seguem os bairros em um caminho semelhante, com a vida comercial local arrasada.

À noitinha, ninguém nas ruas, insegurança, falta de dinheiro para se pagar restaurantes e bares caríssimos, fora da realidade. Estes parecem que se esqueceram de que o Rio está falido, nossos impostos sumiram nas mãos da malandragem política carioca.

Nem gosto de pensar na orgia econômica feita por esses incompetentes governantes. Para os Jogos Olímpicos e Copa do Mundo construíram freneticamente, e sem necessidade, verdadeiros mausoléus que se transformaram em ônus para a cidade. Cadê o nosso Maracanã que custou 1,3 bi?

Recursos extraordinários foram inseridos na baía de Guanabara e ela continua poderosamente suja. Igualmente as lagoas da Barra onde a jacarés disputam espaço com sofás e geladeiras e que vão levar o biólogo Mario Moscatelli à loucura. Cidade abençoada por cenários cinematográficos que poderiam nos render um turismo e tanto, apenas nos mostram a imagem da degradação.

Com o olhar apenas na política e na esteira dos desastres sociais e econômicos, lá se vai a vida cultural da cidade. Não existe ânimo para o estudo e o trabalho, quando existe é sempre mal remunerado. Devido ao clima de violência e insegurança que reina na cidade, muitos congressos e exibições de música são transferidos para São Paulo.

Em dias de feriados a corrida para fugir desse triste cenário é grande, buscando lugares melhores, e o turismo, que é inexistente, deixa a cidade vazia e os poucos que se aventuravam na noite carioca desapareceram, então mais um martírio para comerciantes em geral.

Isso para não trazer um assunto tremendo que é o estado de sítio da cidade na guerra entre polícia, traficantes e milicianos.

sexta-feira, 20 de abril de 2018

Reinações da Narizinho

A senadora e presidente do PT Gleisi Hoffmann gravou um vídeo para a Rede de TV Al Jazeera, a maior rede de televisão do oriente médio, para denunciar ao “mundo árabe” que o Lula da Silva se encontra preso ilegalmente, condenado pela justiça do Brasil, e insinuando que essa prisão foi concedida sob pressão da Rede Globo.

Sem entrar no questionamento da emissora árabe, acho importante trazer dois assunto: o apelo às comunidades internacionais para que se posicionem a favor de Lula e a avaliação do comportamento de Gleisi.

Incansável na defesa do ex-presidente, acabou na Al Jazeera pedindo auxílio em nome da amizade de Lula junto ao oriente. A tese usada é a de sempre: preso político, condenado injustamente, de modo a não ser candidato à presidência da república.

Porta-voz de seu partido, apela e expõe os problemas brasileiros, o nosso lado triste, como se o mundo pudesse socorrê-la. O mundo também tem seus problemas sérios e os países precisam resolvê-los dentro de seus territórios e não mendigando ajuda aos países estrangeiros.

A senadora foi eleita pelo PT para trabalhar e contribuir para o nosso país, seu salário é pago por nós, e é fruto dos impostos nababescos que pagamos à união. 

Entretanto a senhora Gleisi parece não ter consciência de seu cargo e funciona como presidente do PT, ao lado de Lula, promovendo e incitando militantes do partido a acamparem nas portas da polícia federal. Também faz apelos para que, em todas as cidades, haja protestos a favor de Lula, sempre se apoiando na militância desordeira que ataca a justiça e picha prédios exaltando o dito socialismo.

Fica muito claro que ela não está a serviço do senado e nós estamos cobrando o desserviço que ela propõe à nação, cumprindo papéis ridículos, nada compatíveis a um cargo de suma importância em qualquer país, principalmente no nosso, mergulhado no caos.

Como é sabido, a senadora está, a pretexto de Lula, agindo em sua própria defesa. Existem sete processos contra ela, sendo que um deles, desde dezembro nas mãos do ministro Celso de Melo, o decano do STF, que prometeu levá-lo ao plenário este mês, portanto ela tem uma situação jurídica nada alvissareira.

Gleisi Hoffmann vem dando uma demonstração do que o seu socialismo pensa: o governo, o capital e o poder totalitário estão acima da lei, podem exibir sua supremacia sobre nós que devemos funcionar e pensar de acordo com as ordens estabelecidas.

A senadora está servindo de chacota nas redes sociais e a todos os momentos surgem vídeos a seu respeito, mas quem passa vergonha é mesmo o brasileiro, porque ela já deu todas as provas que isso ela não tem.

sexta-feira, 13 de abril de 2018

A Roda da Miséria

O Supremo Tribunal, como é do conhecimento de todos, vem mostrando ao público a sua divisão em dois grupos. O primeiro se vangloria que segue a Constituição religiosamente e, nesse sentido, desqualifica o segundo grupo que, segundo eles, vota ouvindo as vozes da população.

O Brasil vive um momento de degradação, vergonha e recessão alucinada. Não se trata só do monumental prejuízo da Petrobrás, e da quebra da Eletrobrás, mas de uma corrupção e um gerenciamento catastrófico em todos os segmentos do país. A Polícia Federal quase que diariamente nos mostra os mais variados golpes de roubalheira por este Brasil afora. 

A penúria brasileira impede o desenvolvimento do país e o seu crescimento. Não podemos funcionar capitaneados única e exclusivamente pelo agronegócio. Torna-se necessário que se se desenvolva a indústria, a ciência, a tecnologia etc.  Temos cientistas de primeira qualidade paralisados por falta de verba. Precisamos de empregos, de decência, de mentes que possam planejar e produzir, não de pelegos dominando o cenário brasileiro.

Para mim é muito claro que esse detalhamento constitucional supera qualquer entendimento, por conseguinte, seguindo as vírgulas da bendita constituição o que podemos esperar no dia seguinte? A impunidade! Os ministros do primeiro grupo apoiam que a condenação e a prisão só será possível se ocorrer o trânsito em julgado, baseando-se no princípio da inocência.

Sabem muito bem que o culpado poderá recorrer em liberdade durante anos, então gostaria de perguntar que inocência é essa? Não são suficientemente óbvios os delitos, após julgamentos de juízes e desembargadores da segunda instância? Qual o motivo de desqualificar processos tão bem feitos?  Será essa leitura da constituição a legalização da roubalheira? Parece um convite para que pessoas inescrupulosas voltem aos cargos principais do Brasil.

Votar contra a segunda instância é votar a favor da continuação da miséria que serve de reduto eleitoral, onde são vistas como grandes conquistas oferecidas por Lula: o celular, a entrada na Universidade, e até um carro que não conseguiram pagar. Deixam do lado de fora a educação de base que deveria ser bem-feita e seguem para o curso superior, atualmente sucateado.

Penso que a impunidade que esses juízes pretendem votar escancara as mortes por falta de atendimento médico, as crianças acolhidas pela bandidagem e não pelo Estado, sobra a insegurança por falta de tecnologia e de policiais. Afinal é esse “O Mecanismo” que prende o Brasil na roda da miséria.

Hoje o ministro Marco Aurélio denunciou aos jornais que voltamos ao período da inquisição, com torturas, isso porque não foi aceito o pedido de habeas corpus para o Palocci, que é incansável na delinquência. Tortura é a nossa, subjugados que estamos por uma máfia volumosa de infratores.

Chego à conclusão que os ministros que são contra a segunda instância não ouvem a voz da população porque a realidade escabrosa, que salta aos olhos até dos distraídos, é negada.

Envolvidos em uma aura de vaidade, representantes de um modo jurídico ultrapassado, onde os poderosos não podem ser punidos, não estão dando a devida atenção ao tsunami que estão cavando, até serem engolidos por ele.

sexta-feira, 6 de abril de 2018

"O Profeta"

Lula em 1979. Desde Sempre....
O PT é um partido coeso e numeroso a tal ponto que não existe dissidência de pensamento, Lula se diz perseguido pela Lava Jato, vítima de uma elite de direita, e ainda carrega sobre seus ombros a CIA, o imperialismo americano e a Globo!

O séquito de Lula o considera um Mito, e cada palavra dita, ao longo desses anos, se corporificou como verdade única e inquestionável. A cada indício de fraude nas instituições nas empresas como a Petrobrás, não se encontra espaço para contestação, questionamento, dúvidas e incertezas. Bebem e copiam cada vírgula do mestre e desconhecem quem quebrou o Brasil, mesmo que o tesouro tenha sido saqueado com empréstimos milionários aos países amigos do Rei e que nunca voltarão para os brasileiros

Esse tipo de pensamento onipotente, onisciente e infantil de seus seguidores não tem como permitir a existência de outros modos de pensar. Caso outras vertentes ou possibilidades apareçam no cenário, com provas materiais, elas serão negadas e repelidas com veemência. Fascismo eles dizem.

Não me parece pura figura de retórica, o “nós contra eles”, porque “eles” passam a ser adversários terríveis, que contam histórias mentirosas e, que se levadas a sério podem desconstruir o edifício fragilmente construído por Lula e que desaba com as intempéries.

Nesse momento, em que a verdade se impõe e aparece o ídolo do PT condenado à prisão por corrupção, há perplexidade, uma enorme injustiça, um atentado contra a democracia (como se fossemos um país realmente democrático). Como aceitar o que está acontecendo, se é falso? Surge uma desorganização mental e emocional no seu séquito e, como baratas tontas, tentam pensar o que fazer.

Os petistas, com raras exceções, não estão habituados a fazer uso de suas mentes, eles seguem seu líder messiânico fielmente e não esperavam uma ordem de prisão vinda de um juizeco. A solução? O exército de Stedile, os ovos jogados nas caras dos repórteres que estão trabalhando.

Assim sendo, o todo poderoso e carismático Lula e seus seguidores a cada dificuldade, a cada insucesso, saem correndo procurando as organizações internacionais de esquerda, denunciando a condenação e perseguição de um inocente, as injustiças cometidas ao Santo no Brasil. Estando seu líder ausente, passam a serem vagantes, pois perderam seu direito de apreciar e avaliar o país que teima em cair no abismo.

O ministro Gilmar Mendes teve a coragem de dizer que a prisão de Lula cairia muito mal internacionalmente. Por quê?  Fazer justiça é deletério? Quantos ex-presidentes foram presos? Lula evadindo da cadeia através de manobras judiciais e políticas levando com ele a fila de corruptos que aguardam julgamento (inclusive Aécio, Cunha, Cabral e cia), isso sim é sinônimo de subdesenvolvimento.

Lamentável que um ex-presidente da República, que teve tanta popularidade e tanta oportunidade de investir em saúde, educação, habitação, segurança, tenha virado as costas para a enorme população que o elegeu. Seus discursos atingiam seus objetivos de mostrar preocupação com os mais pobres, mas amigo mesmo foi dos ricos.

sexta-feira, 23 de março de 2018

A Impunidade Contra-ataca

Dizem que o Supremo Tribunal federal, aceitando o pedido de Habeas Corpus de Lula, no dia 22 de março, concedeu uma vitória à Lula e ao PT. Antes fosse só isso!

Com perplexidade vemos surgir a vitória da impunidade, a vitória da vaidade, a manutenção do establishment, da liberalidade, do poder da Suprema Corte sobre a Lava Jato, a vitória sobre juízes jovens, cuidadosos e competentes, preocupados com a decadência e a decência das instituições e com a população. Trabalharam muito para coibir o que de mais nefasto aqui existe: a corrupção e a impunidade.

É a vitória dos grandes advogados que, sedentos de fama, desejam defender pessoas que arruinaram o país. O mais sofrido dessa história é que ainda precisamos arcar com os custos desses profissionais. Afinal, de onde saem esses honorários altíssimos? Dos nossos impostos que foram saqueados.

Assistimos a malabarismos verbais, levantando-se firulas, para defender o indefensável. Foram buscar em Olga Benário Prestes, que estava grávida há oitenta anos atrás, o erro de não lhe ter concedido o Habeas Corpus, de modo que ela foi extraditada e executada em campo de extermínio.

Esqueceram de contar outros erros, inclusive que, do ano de 2000 até hoje, condenaram quatro casos, apesar das centenas de ações impetradas. Entretanto, em quatro anos, foram condenados pelas mãos de Sergio Moro, 114.  A vitória da competência e da lealdade à nação é acachapante. Ninguém é prestigiado graciosamente, o povo sabe quem luta por ele.

O decano Celso de Melo, o mais ardoroso defensor da constituição, pressiona, ostensivamente, Carmem Lucia para que se retome a discussão sobre o fim da condenação em segunda instância, com o objetivo de trazer de volta o trânsito em julgado, um entendimento jurídico que inexiste no mundo civilizado, e que posterga os julgamentos ad infinitum. Que tragédia para os brasileiros!

A OAB luta, também, para que o Supremo descredencie a segunda instância. Será por amor à presunção de inocência, ao direito de ir e vir? Será pouco o julgamento de dez juízes sobre Lula, responsáveis, meticulosos no exercício de sua profissão?

Certamente a pressão para trazer este assunto em pauta, traz em seu bojo, a abertura das portas das cadeias para os poderosos de colarinho branco, que esperam em fila, protegidos pelo foro privilegiado, a sua vez de serem julgados se não forem reeleitos. A primeira é Gleisi Hoffmann.

Sinto uma tristeza medonha ao constatar que sob a ótica da rigidez constitucional, não sobre um olhar, um sentimento de compaixão para o que aconteceu com o Brasil. O impagável preço da impunidade, nos trouxe desemprego, pobreza, miséria, abandono, gerando em pleno século XXI doenças arcaicas que foram erradicadas e que voltaram com força, exibindo o atraso e a indecência do país.

As togas que tornam os juízes, segundo a observação de alguns advogados, os tornam parecidos com Batman, e estariam sendo usadas como uma espécie de armadura contra a injustiça. Tomara que as vestes, um dia, façam jus à justiça.

sexta-feira, 16 de março de 2018

Entre a caneta e a bala

Dia desses um cientista político, Nelson Paes Leme, declarou que a Cidade Maravilhosa não possui tanta violência, ela é exagerada pela mídia, o que temos são gangsters na política. Não concordo, há muitas maneiras de submissão à violência e à insegurança. Não vou me referir aos mais dolorosos crimes que são os assassinatos e assaltos cotidianos, 60 mil assassinatos em um ano. Vamos falar de vários tipos de violência:

Acredito que estamos sitiados pelos dois crimes organizados, o do narcotráfico e os criminosos que usam a caneta. O que fazem da cidade e do país esses maravilhosos cavalheiros? Creio que eles nos devoram!

Os gangsters do asfalto permitiram durante décadas que 763 comunidades circundassem a Cidade Maravilhosa.  Para o tráfico, favela é um logradouro maravilhoso, inexpugnável, pois uma atuação ostensiva colocaria os moradores honestos em risco.

Não se tem notícia de políticas habitacionais que atendessem a necessidade dos moradores, condenados a viverem de modo inóspito, com ausência de saneamento básico e de políticas sociais. Hoje temos quase dois milhões de pessoas acotoveladas de maneira subnormal e às expensas do tráfico. Para mim, isso se chama violência.

A super dimensão das favelas denuncia um crime ambiental sem precedentes, um crime contra os direitos humanos, uma injustiça social tremenda. Cai no colo das forças armadas o resultado da inépcia, dos bilhões gastos de forma inútil, do vácuo entre poder público e população. 

Outra escabrosa violência é a situação de empresas prestadoras de serviço. Devido à guerra entre as facções, os Correios, a Net, a Light etc. não se aproximam das favelas. A maneira de aliviar essa situação é compensar os custos no asfalto, ou seja, precisamos contribuir para que as empresas continuem lucrando. As contas que nos chegam são exorbitantes, mas a inflação é tão baixinha, uma gracinha. Pagamos pelo o que não usamos, abuso inacreditável.

Os mafiosos do poder não param por aí, eles precisam de apoio para se reelegerem e então são distribuídas isenções fiscais a milhares de empresários. A desculpa é que os beneficiados geram emprego, como se só grandes empresários fossem capazes. Os bancos também são privilegiados, os lucros são exorbitantes, mas devem fortunas ao INSS.

Não há problema, sempre sai da cartola dos mágicos e psicopatas do governo a draconiana Reforma da Previdência. Tão fácil retirar dos desvalidos mais algum. Essa turma do poder não tem vergonha, jogam o jogo fácil, mentiroso, exercendo o domínio da violência contra o povo.

A maior violência contra a população do Rio de janeiro, também contra o Brasil, será a impunidade que está por vir. Essa miríade de políticos e governantes que desonraram os votos recebidos nas eleições está para ser liberta. Violência explícita contra os valorosos e corajosos juízes da primeira instância e contra os desembargadores do TRF-4, cujos minuciosos trabalhos deverão ser descartados. O STF anseia pelo trânsito em julgado, isto é, os bandidos da caneta ficarão livres, anos e anos, até o crime ser prescrito.

Para não se prender o ex-presidente Lula, serão soltos todos os políticos, empresários, verdadeiros malfeitores que jogaram a população no caos, na desordem econômica, moral e social.

Um país poderoso, uma Cidade Maravilhosa, cujos moradores vivem seus dias diante da expectativa do que poderá acontecer no Supremo Tribunal que a cada seis meses muda de ideia. Um país que possui uma insegurança jurídica dessa ordem é a imagem da violência.

O homicídio é a mais evidente forma de violência, mas os cariocas e os brasileiros estão sujeitos aos ataques dos dois tipos de bandidos.

PS: É com grande pesar que que recebemos a notícia do brutal homicídio que envolveu a vereadora Marielle e Anderson Pedro Gomes que estava trabalhando, provisoriamente, como motorista. Ele deixou uma criança pequena.

sexta-feira, 2 de março de 2018

O FIM da APAC do LEBLON

Em 2001, pequenos prédios do Leblon foram apacados, isto é passaram a pertencer à APAC (área de proteção do ambiente cultural). No bairro se mesclavam construções não muito altas e outras menores, algumas bem projetadas e outras engraçadinhas.

A ideia era fazer do Leblon, que era pequeno, uma acomodação, uma conversa entre os prédios, as ruas e os moradores. Sempre preservando o ambiente de modo a evitar o aspecto sufocante de outros bairros, manipulado pelas construtoras.

Entretanto, nem todos são iguais perante às leis. No Brasil e no Rio a cada dia proliferam os poderosos, ou seja, contingente que funciona acima da lei. Eles submeteram um abaixo-assinado ao Prefeito Paes, que também não é de brincadeira, para que fosse permitido ao Cinema Leblon (uma jóia Art Deco) a construção de escritórios em caráter excepcional.

Esse abaixo-assinado englobava quinze pessoas, não moradoras do bairro, com exceção da presidente da AMA Leblon, que também é Presidente da Associação Comercial do Leblon (onde já se viu tamanha aberração?). O pedido era destinado ao Cinema Leblon, mas nós sabíamos que se tratava de um cavalo de Tróia.

Foi uma gritaria geral, somente após muitas lutas dos moradores conseguiu-se manter a fachada do cinema, mas por trás haveria um espigão de consultórios, que por sinal a obra ainda não deslanchou e está parada até hoje.

Lamentei muito essa decisão porque sempre lutei pela APAC e sabia da sanha desenfreada dos construtores pelo bairro. A largada foi dada e já se destruiu uma casa na Humberto de Campos, e em seu lugar foi construído um monumento à feiura. O prédio é todo cercado por um muro alto, e a garagem é vizinha à portaria, mas a grife é Mozak Engenharia.

Penso que muitos moradores ainda não se deram conta do que vem pela frente. Agora, o mais lindo prédio do bairro, na praça Baden Powell, motivo de postagem minha, encanto de milhares de pessoas que passam para admirá-lo, sofrerá a mesma enganação do cinema Leblon, mantem-se a fachada e um tijolão atrás. Outra construção da Mozak.

Nós que vivemos aqui estamos compreendendo que não temos história, nem passado e nem futuro, mas um presente sempre com alguma novidade contra a comunidade. Leis e decretos podem ser mudados de uma hora para outra. A preservação e o cuidado ambiental inexiste.

Enquanto isso, as redes quase centenárias de esgoto e iluminação, estão se arrebentando, basta olhar o que sai dos bueiros. Onde havia quatro famílias agora são dez ou vinte e temos de pular amarelinha nas calçadas para nos livrarmos dos dejetos.

O Rio está aniversariando e o Leblon ganhou esse castigo. A visão do entorno era paradisíaca, com o céu e o sol brilhando nas nossas cabeças, e que de certo modo aliviava os transtornos emocionais que a cidade nos oferece. Estamos perdendo a graça e as características.

É impressionante a degradação em todos os bairro, parece que nossos destinos é viver sob o manto da insensatez onde a esperteza é a tônica.

domingo, 25 de fevereiro de 2018

Brasileiro Bestializado

A Agência de risco Mood’s reclassificou nosso país como de alto risco para investidores, entretanto o Brasil e Rio de Janeiro, em especial, têm demonstrado o alto risco que é viver aqui.

Nosso país é um adepto da teoria da relatividade, a empulhação é a mola mestra e aparece nos salários, nas leis, na retórica. Nada é e qualquer assunto pode ser ou não, vai depender dos ventos que soprarem. Isto significa que, de acordo com o freguês, as circunstâncias e os vereditos poderão variar.

As condutas contraditórias, esdrúxulas, mafiosas, inadequadas, corruptas por parte das mais altas patentes do país, permitem que o país funcione de modo precário, omisso e incapaz de ações construtivas para o bem-estar do povo. Basta ver a falência dos serviços públicos.

O resultado nefasto dessa politicagem de baixíssimo nível é grandioso. Os cérebros pensantes que faziam parte dos três poderes foram substituídos por mentes insignificantes, com raras exceções.

A população vivendo nesse clima de insegurança, violência, maus tratos, desrespeito, desordem, torna-se confusa, angustiada e violenta. As perturbações emocionais são de tal monta que sobrecarregam o psiquismo, aniquilando o pensamento. Assim sendo condutas patológicas dominam o cenário de nossas vidas. Bom exemplo é o atual Carnaval que de modo algum é uma festa de alegria, de música e felicidade, mas sim uma festa catártica de desvario. 

O Brasil está em pleno processo de involução. A cultura sinaliza um caminho de escuridão onde se privilegia o culto ao feio, em todos os setores quer seja na arte, na música, nas novelas, na TV, na moda que é chamada de cool ou informal, até no urbanismo onde os empresários da construção são os responsáveis por degradar a cidade e o país. E olhe que nós temos arquitetos e urbanistas dos bons.

No plano social meu desalento é enorme, onde o pobre, sem direito à infraestrutura básica, se tornou miserável, e os ricos miliardários. Temos setecentos e sessenta e três favelas, cercando o Rio de Janeiro. Em termos de habitação o problema é gravíssimo. Elas foram crescendo, se agigantando aos olhos indiferentes do poder público. Preocupados com o ridículo politicamente correto passaram a se chamar de comunidade.

Um país preocupado com o desenvolvimento procura focar nos atendimentos básicos, planejando, procurando especialistas nas diversas modalidades de habitação, ensino, educação, saúde e segurança e não políticos boçais.

Melhorar a vida da população marginalizada é urgente de modo a se criar pessoas saudáveis preparadas para o trabalho e para competir. Chega de resoluções toscas e paliativas.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Uma Nova Esperança

Dá para pensar que estamos sem saída, mas eis que uma notícia foi alvissareira: Surgiu nesse Rio de Janeiro, debilitado e em frangalhos, a iniciativa de se fazer um Laboratório de Análise de Orçamento e Políticas Públicas do Ministério Público do Rio de Janeiro. Pareceu-me algo bem inovador, cuja finalidade seria a prevenção de roubo, má gestão ou malversação de dinheiro.

Contrariamente ao nosso conhecido serviço público, pendurado de gente inútil, esse laboratório tem uma chefe Procuradora da Justiça, Marcia Maria Tamburini Porto, cinco técnicos e um pequeno grupo de apoio e nenhum “aspone”.

Esse Laboratório cuida das receitas e das despesas oficiais do Estado e do Município a cada mês. Destina-se a averiguar as Secretarias, as esferas públicas, hospitais, escolas e delegacias. Os recursos obtidos pelo contribuinte terão seus destinos avaliados quer sejam adequados ou não.

O Procurador-geral da Justiça, Eduardo Gussem, criou esse Laboratório no início do ano passado como uma maneira de debelar a corrupção.

Trata-se do Ministério Público em Mapas (www.mprj.mp.br)
O cidadão pode monitorar nesse ambiente digital, os gestores do dinheiro público e todos os políticos com mandato. Inclusive se há contas a prestar com a justiça e o andamento do processo.

Frequentemente os brasileiros reclamam da exorbitância dos impostos em contrapartida aos péssimos atendimentos recebidos. As instituições e empresas prestadoras de serviços, com raras exceções, totalmente esfaceladas, falham lamentavelmente e deixam milhões de cidadãos ao desamparo.

Estarrece-nos o número de pessoas de todas as partes do país envolvidas em fraudes, conchavos, manipulações, desvios de verbas, suborno, e toda sorte de manobras destinadas a lesar os cofres públicos.

Nada escapa à sanha devastadora dos espertalhões que resolveram enriquecer. Nem empresas que nos orgulhavam, nem bancos brasileiros, nem instituições ou fundos de pensão saíram ilesos dessa máfia.

Também a megalomania atacou governadores e prefeitos que nos brindaram com obras caríssimas, desnecessárias, verdadeiros Taj Mahal. Nem se conta a manutenção desses monumentos de insensatez que absorve somas altíssimas, insustentáveis para os momentos atuais.

Em meio a tanto desalento, mais um grupo de pessoas que se dispõem a lutar contra a corrupção.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Um para FRENTE dois para TRÁS

As pessoas que me acompanham sabem que que não defendo partidos e nem ideologias. Combato com muita força, os pilares que destruíram a nação. O caos econômico e social do Brasil para mim se deve a:

1) corrupção;
2) nomeação de políticos para cargos públicos que as usam em benefício próprio sem compromisso com o povo;
3) gestões dispendiosas e incompetentes;
4) total falta de ética;
e 5) impunidade.

Submersos que estamos em clima nebuloso, surgem três desembargadores do TRF-4. Concursados, minuciosos e competentes, pautados nos fatos demonstrando com convicção o que grande parte da população já suspeitava, havia no caso de Lula corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Também lamento muito que um presidente tão promissor como Lula estivesse sendo julgado exatamente por tudo que sempre condenou: a corrupção.

Não podemos esquecer que ele ainda é réu em outros processos, inclusive no bilionário esquema de corrupção da Petrobrás no qual deveria depor e vem adiando sempre. Lula cometeu graves erros contra o país, mas a síndrome de intocável, o impeliu a fazê-lo.

Não sou adepta de violência e não me agrada intimidação, acho que é maneira dos fracos se defenderem. É evidente que a gritaria e a revolta de Lula e do PT chegaram rápido. Inclusive a paranoia, segundo Lindbergh Farias a decisão do histórico dia 24 de janeiro tem participação dos Estados Unidos (!).

Como é que o Deus Lula vai ser julgado? O ex-presidente se levanta da derrota de 3x0 dado pelo TRF- 4 e proclama galhardamente que não vai obedecer à decisão judicial. Atitude esperada, pois egos inflados não autorizam a se dar conta da realidade e muito menos a aceitá-la.

A pergunta que me faço é, afinal quem deixou o Brasil nessa situação tão miserável, completamente saqueado, impune, desprestigiado internacionalmente, com uma gigantesca população desassistida, comprometendo a vida dos cidadãos? Ninguém? Todos são inocentes?
Entretanto esses jovens magistrados juntamente com a Polícia Federal e o Ministério Público que estão tentando tirar o ranço e as traças desse Brasil, já contabilizaram uma quantidade enorme de réus, fora as centenas dos que estão protegidos por essa indecência de foro privilegiado. Há muitas pessoas responsáveis pela tragédia brasileira.

Como já era de se esperar, o Supremo Tribunal Federal que havia decidido a prisão dos condenados em segunda instância e que deveria rever essa posição em setembro, está correndo rápido para decidir a questão “Lula”.

Nós que somos simples cidadãos e que vamos ser chamados para mais e mais sacrifícios, estamos de olhos, mentes e pensamentos voltados para este Supremo. O problema maior não é a liberdade ou prisão de Lula, mas o valor da legislação e a subsequente desmoralização dela.

Embora vários ministros tenham sido indicados pelo ex-presidente, existe um compromisso do judiciário para com a população, que paga seus salários, que é fazer com que as instituições funcionem de modo haja segurança e responsabilidade. Não podemos continuar a viver isolados e desamparados.

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

A Terra dos Aspones

Hoje está sendo um dia difícil para mim devido ao atropelamento da Avenida Atlântica, mas não poderia deixar de convocar os cariocas para a passeata dia 23, às 18h, na Avenida Atlântica posto cinco, em Defesa da Justiça. Acho, também, que seria uma forma de apoiar a esses jovens que desejam um país novo e, que de modo destemido, lutam tanto pelo Brasil.

Penso que é necessário que se atente para a Justiça, em um sentido mais amplo, e não só a condenação de Lula, Temer ou outro qualquer, pois nós estamos completamente massacrados pela politicagem existente que nos condenam a viver em um país onde a mediocridade impera.

Há muito tempo a palavra excelência não faz parte do nosso Brasil. Não temos políticos notáveis, competentes, não temos ministérios comandados por cidadãos criativos e experientes em gestão pública, não temos em postos-chaves da nação pessoas interessadas no progresso do país e dos brasileiros, nem técnicos de carreira são convidados para as chefias.

A meritocracia foi substituída pelo compadrio, todos são nomeados pelos caciques que apoiam o governo, haja visto a inundação de funcionários públicos, o quanto cresceu e o quanto ineficiente se mostrou nos últimos anos.

É difícil acreditar na finalidade de nossas leis quando os quatro vice-presidentes da Caixa Econômica, banco de alta importância, foram entregues pelos caciques do poder às pessoas investigadas pela justiça, apesar de ter sido determinado que esses postos seriam indicados pelo Conselho da Caixa.

A Caixa está junto com a Petrobrás no rol das estatais saqueadas por esquemas políticos de corrupção. Entretanto o presidente, professor de Direito Constitucional, continua na sua ânsia de poder não atendendo às solicitações do Banco Central.

Basta olhar os ministérios do Temer que são contundentes provas de descaso à lei da ficha limpa, e para completá-lo nomeou para o Ministério do Trabalho, Cristiane Brasil que está às voltas com a própria Justiça do Trabalho por não pagar aos seus motoristas o exigido por lei.

Essa sobreposição às leis, à ordem e à busca de padrões competentes para nos guiar, além de dar um exemplo hediondo aos jovens faz com que eles  não tenham motivação para estudar. A incompetência e a falta de planejamento levam o país ao improviso, ao imediatismo e a decadência operacional e moral.

Hoje, sofremos por falta de homens e mulheres probos e capazes, pessoas que ambicionam colocar esse país tão rico no patamar de primeiro mundo. É uma tremenda injustiça que se comete contra os brasileiros de bem coroar os sanguessugas com cargos importantes.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Miséria e Informalidade

Moradores de todos os bairros, seja da zona norte, sul ou oeste se queixam do abandono e da desordem urbana aos quais estamos submetidos. Há dezenas de descontentamentos, todos absolutamente pertinentes, mas vou me limitar a um que considero um grave problema, o mercado ambulante.

O drama do desemprego é algo que me toca profundamente, mas devemos ter cuidado com soluções que estamos acomodando. Corremos o risco de aumentar ainda mais o problema ao lançar mão de atalhos que são insustentáveis e que canibalizam o mercado de trabalho e comércio já tão combalidos. O comércio informal não paga impostos e é um canal de distribuição de produtos roubados.

Respeito e lamento o desemprego a que fomos condenados, mas é muito leviana a solução encontrada. A crise de identidade cultural é profunda, e estamos em uma regressão intensa, como cidade, como qualidade de vida e como pessoas.

O Secretário municipal de ordem pública, coronel Paulo Amêndola tem diante dele o problema da invasão de camelôs na cidade inteira. Não há bairro que escape à sujeira deixada por esse balcão de negócios, que usam nossas ruas, de modo irreverente. Sem nenhuma organização, padronização e higiene, acintosamente vendem bem à frente da Guarda Municipal.

Dos trens da SuperVia, que passou a se chamar Shopping SuperVia, às calçadas dos bairros, cujos camelôs formam duas filas paralelas, deixando a pequena parte central para a passagem de pedestres, se lamenta o ambiente degradante.

Enquanto as lojas que pagam impostos vão se fechando, e nós perdemos os espaços, os camelôs que estão ali porque não têm trabalho, ocupam as calçadas, dando à cidade um aspecto sufocante

Quanto às nossas praias, pontos atrativos de quem nos visita, elas estão presas nas malhas do atraso e do pouco cuidado com o ambiente. Foram tomadas por barracas pavorosas cobertas de plásticos azuis e panos pendurados com o nome dos donos, repletas de isopores sujos, que são desenterrados das areias pela manhã, vendendo bebidas e tudo que lhes aprouver.

Prefeito Crivella, os moradores desta cidade escolheram o senhor para cuidar do nosso Rio de janeiro, a primeira cidade do planeta a receber o título de Patrimônio Mundial como Paisagem Cultural Urbana. Essa cidade maravilhosa, que teve a honra de receber esse título, não pode se apresentar ao mundo e a nós, que aqui residimos, como uma cidade desorganizada em quase todos os itens que dignificam a vida urbana.

Sabemos das dificuldades econômicas que lhe apareceram, mas nosso descontentamento se refere à ausência de autoridade, de vigilância, de vontade política e de se fazer cumprir as leis que permitam uma vida em que se preze o compromisso com o meio ambiente e com o povo.

A decadência do Rio salta a olhos vistos, cultiva-se a desobediência das regras que tornam a cidade em um monumento ao desprazer. Sofremos com a economia, com o maltrato dos bairros e até com descuido das nossas lindas paisagens que ainda são de tirar o fôlego. Exportávamos para o mundo uma cidade maravilhosa, hoje vivemos no lixo.

sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Analgesia

Costumo dizer que a paixão do carioca por festa transcende aos maiores contratempos que estamos enfrentando na nossa cidade. Mais de 2 milhões de pessoas em Copacabana, sendo 604 mil turistas brasileiros e 93 mil estrangeiros, esbanjando felicidade. Estes dados desafiam qualquer lógica, mesmo assim tentaremos explicar esse fenômeno.

O clima de alegria, de festa, de cumplicidade diante de dias festivos, é espetacular, mas totalmente dissonante de uma vida cotidiana, onde impera a violência, o descuido dos bens comuns de cidade, a agressão à natureza, ao meio ambiente e aos próprios indivíduos entre si. 

É escandalosa a violência no trânsito, meios de transportes são queimados ou destruídos, estações de BRT quebradas e fechadas, inutiliza-se o pouco conforto adquirido, pois a ausência de verbas impossibilita o conserto. Impera um horroroso clima de anarquia.

A festa do Ano Novo em contraste com a violência cotidiana me faz pensar que, após décadas de miséria, onde bolsa família é um presente notável, a população se acostumou a esse tipo de vida.

Não sei se por descrença, por conformismo, por sobrevivência do dia a dia ou falta de credibilidade de que mudanças são possíveis, o fato é que se omitem e não lutam por uma cidade melhor. Procuram as festas que lhes dão alegrias imediatas e são oferecidas ao povo.

Brasileiro é obcecado por tudo que seja “de graça” e, por algumas horas todas as angústias, discrepâncias sociais, desconforto interno e externo somem e cedem lugar ao paraíso, a um imenso prazer.

Após esse banho de imersão na fantasia, os trezentos e sessenta dias do ano se apresentarão nus e crus e os frutos de um poder político alarmante, atrasado e corrupto se perpetuarão, amargurando nossas vidas. O destino dessa sobrecarga emocional certamente será um caudaloso rio de violência.   

Ficaria imensamente feliz se essa maravilhosa multidão que esbanja felicidade levantasse a bandeira da cidadania, e fosse às ruas em uma demonstração inequívoca de que não desejamos uma classe política recheada de corruptos e delinquentes destruindo nossa cidade e nosso país.

Nem desejamos malas de dinheiro desviadas Brasil afora, fruto de impostos escorchantes que nos são cobrados, cujos destinos espúrios invalidam o retorno à população.

Seria uma ótima solução que a força dessa multidão tão coesa pudesse provocar mudanças consistentes e banir a violência de nossas vidas.