sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Amor à Vida???

Até agora não entendi o nome dado à novela das 21 horas da Rede Globo.

A história, que por sinal possui excelentes atores, versa sobre uma série de cenas excessivamente perversas. Ali se cometem assassinatos, tentativas de homicídio, trapaças, infidelidades de um modo geral, crueldade, traições, enfim uma grande exibição de psicopatia. Parece-me que o autor especializou-se em trazer à tona o lado negro do ser humano.

O público assiste avidamente o desenrolar dos acontecimentos que ali se passam e vibram com a sofisticação das tramas maquiavélicas, em nada semelhante ao que se espera do que seja amor à vida.
Não poderia deixar de pensar na correlação entre a novela e o aumento da violência em nossa cidade. 

Como na novela, a vida do carioca está sendo submetida a um total desprezo. Os exemplos são inúmeros, pensei em alguns: um deles é o desvio dos recursos da saúde mesmo sabendo-se da precariedade do nosso sistema e deixando os pacientes em filas e mais filas para se marcar uma simples consulta a qual se realizará daqui a dois meses, e se for caso de cirurgia o tempo de espera se dilata. Muitas doenças, devido a esse absurdo, podem agravar o estado do paciente e leva-lo à morte.

Minha outra preocupação está ligada ao antediluviano meio de transporte e os terríveis engarrafamentos que fazem os seus usuários perderem quatro ou seis horas do seu dia, da sua vida ou do seu descanso e sempre com a ilusória promessa de felicidade, pois daqui a dois anos possuiremos mais barcas, mais trens, mais metrô o que nunca acontece. Qual a disposição que os trabalhadores terão para a vida depois de enfrentar essa forma de tortura?

Nossos governantes não se dão conta de que esses pesadelos, aos quais a população vive diariamente, têm consequências desastrosas para a vida. O estresse desencadeia violência, afeta a saúde física e mental e gera situações irracionais do tipo atear fogo aos ônibus ou quebrar trens, contribuindo, portanto, para uma maior degradação do transporte e prejudicando a si mesmo.

Através da encenação de situações da novela onde o desrespeito à vida impera, o cidadão transfere para os atores a sua própria vivência de uma qualidade de vida dolorosa que propulsiona impulsos violentos. Não raro, vemos no nosso cotidiano, pessoas repreenderem os artistas que representam papéis sádicos ou perversos, tamanha a identificação estabelecida e passam a criticá-lo, chegando às vezes a agredi-los.

Creio que amor à vida é algo completamente diferente. Cuidar do local onde se vive, construir ao invés de destruir, sair do seu narcisismo ou como se diz atualmente do seu “selfish”, lutar pela sua cidadania, pensar no nós ao invés do eu, ser solidário, respeitar o próximo e também exigir respeito.

Como um Novo Ano breve se inicia, o que desejo é que a amizade, o pensar no outro, o ser gentil, substituam o desamor, a descrença. Chega deste salve-se quem puder, como se o mundo fosse acabar amanhã. Precisamos escolher uma classe política identificada com esses atributos e as quadrilhas que hoje nos governam, com raras exceções, sejam banidas do poder, afinal 2014 é ano de eleição.


Desejo a todos um final de ano abençoado e que cada ano que vier supere o anterior.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

O ParCão da discórdia

Imagem do ParCão da Lagoa
Ao se instalar o ParCão na praça Claudio Coutinho, no Leblon, já era uma transferência do local anterior, pois neste os moradores não resistiram ao barulho emitido pelos latidos das dezenas de cachorros. A experiência, então sinalizava a inconveniência deste tipo de congregação de animais, mas por insistência dos donos dos cães, instalou-se um segundo ParCão na praça Claudio Coutinho, sem nenhuma consulta prévia aos que ali residem.

Era bem esperado que os moradores deste novo local não aceitassem conviver com esse barulho enorme que, de repente se instalou às suas portas. Não compreendi o porquê desta transferência, tendo em vista o insucesso anterior.

Possuo cachorro em apartamento e sei como é penoso para o bichinho este tipo de claustro, porém há de se arcar com as consequências deste ato e procurar um meio de aliviar os bichanos sem que para isso seja necessário dispor de um parque que incomode os residentes. Afinal, ter um animal de estimação é uma grande responsabilidade...

Ora se o tal ParCão foi removido originalmente por incomodar os vizinhos, o quê fez nossos administradores pensarem que não perturbariam  o sossego da população em outra localidade? Este parece ser o modus operandi do Leblon, se joga um problema de um lado para outro e até alguém reclamar. Já tivemos problemas semelhantes a este, não com o ParCão, mas sim com o estacionamento de carros, coleta lixo, limpeza urbana, pois certas ruas são protegidas enquanto outras largadas à sua própria sorte, até que alguém importante reclame...

Espero que esse insucesso tenha trazido algum aprendizado, não adianta varrer a sujeira para debaixo do tapete do VIZINHO. Esse jogo de batata quente com os problemas do bairro tem que parar. Quero acreditar que tais problemas decorreram por falta de visão dos nossos representantes, que precisam entender a comunidade como um todo e respeitá-la.

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Agora uma singela homenagem ao grande homem que foi Nelson Mandela:


Nelson Mandela, um grande estadista e humanista, submetido a 27 anos de um aprisionamento implacável, emergiu do desterro e deu ao mundo uma lição de superação invulgar. Dotado de forte personalidade, própria de indivíduos cuja capacidade de amar supera em muito o ódio, foi capaz de conduzir seu povo, castigado pela humilhação e pela discriminação, a mitigar a revolta, procurar o perdão e lutar pelos seus direitos. Uma luta onde se evitou maior derramamento de sangue e plena de diálogo, vencendo a irracionalidade vigente. Uma perda dolorosa. O mundo precisa que novos Mandelas surjam para que ele se torne mais humanizado. Que finalmente descanse em paz.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Desencantos com o Leblon - parte II

Como é que uma concessionária como a Light consegue prestar um serviço desta natureza no Leblon? Podem checar: Av. Bartolomeu Mitre, esquina com Alfredo Russel
Poste bizarro do Leblon -patrocínio da Light

Pequenas ruas como João de Barros, Artur Ramos e demais logradouros do Leblon recebem um tratamento digno. Respeitam-se as esquinas, não há carros com motores ligados em espera poluindo o ambiente, tudo como reza a cartilha da CET-RIO. Trata-se portanto de um modo agradável de se viver.

Rua João de Barros, onde as REGRAS DE TRÂNSITO SÃO RESPEITADAS

Outras como a Des. Alfredo Russel e as duas quadras finais da Gal. Urquiza foram agraciadas com o título de Lixo do Leblon. Tudo que se pode chamar de desordem urbana ali reside. Transformaram um local tão aprazível em lixo, no sentido literal do termo. Os carros estacionados em todas as esquinas dão cobertura aos vândalos para colocarem restos de obra e até mobiliário nas esquinas. O desrespeito impera e mesmo com essa ótima campanha do lixo zero continuam procedendo dessa forma. 

Ambas as esquinas: direita e esquerda totalmente ocupadas
Evidências do engessamento de um local outrora agradável 

Também contamos com estacionamento privativo de uma frota de vans escolares. São veículos de seis toneladas que param às nossas portas por 45 dias nas férias. Há demanda por vagas, mas não podemos dobrar as leis. Todos na rua desejam saber quem autorizou tamanha agressão ambiental e qual o motivo dessa incrível discriminação. A qualquer hora do dia ou da noite essa bagunça permanece.


Desde 2010 esse abuso e descaso da CET-RIO

A pequena praia do Leblon também perdeu os seus encantos. Virou quintal da Cervejaria Itaipava que não se sente nenhum um pouco constrangida ao colocar suas barracas, em número gigantesco, disputando um exíguo pedaço de areia com os banhistas. Também não se envergonha de exibir um fabuloso plástico azul como cobertura, gerando mais poluição visual na nossa tão linda praia. 

Em alguns lugares da praia os barraqueiros formam um paredão
com seus estabelecimentos a poucos centímetros um do outro.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Conquistas e desencantos (com fotos)

Conquistas: 


A visão da linda praça Baden Powell, graças ao trabalho
do Vereador Marcelo Queiroz na organização da rua.


As cadeiras e mesas retiradas da exígua calçada que sobrou dos
avanços absurdos da aberração mor que se chama Boteco Belmonte


Estando a cidade em obra, só posso parabenizar o Dr. Carlos Roberto Osório
que foi in loco comandar o caos que se instalou na cidade,
além de ter traçado estratégias para minorar o sofrimento da população.

Desencantos:


A ausência da COMLURB no que se refere às árvores:
o quê fazer com essas raízes tão protuberantes?
Passar nesse trecho da rua já é uma dificuldade para pessoas comuns,
imagine para um cadeirante! Um verdadeiro abandono...


A poda das árvores que só é feita quando atrapalha a fiação,
no mais deixa-se a erva-de-passarinho destruir essa maravilhosa árvore. 

Outra empresa também no topo da lista das aberrações absurdas é a Light,
além de faltar luz com frequência no Leblon, ainda precisamos conviver com dezenas
de postes enferrujados, alguns ameaçando cair.


O despreparo da Baía de Guanabara para as Olimpíadas
é indescritível. Em que século ela será despoluída?

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Rua Dias Ferreira: Passa-se o Ponto

O Troigros mesmo com sucesso de público
 não é uma garantia para 2014
O jornal O Globo dedicou, em 14-11-2013, uma página inteira intitulada: Passa-se o Ponto.
A reportagem versa sobre os estratosféricos preços exigidos para as lojinhas do Leblon, sabendo que estas contarão certamente com as calçadas (alias, a prefeitura poderia cobrar IPTU também pelas referidas calçadas desses estabelecimentos).

O que se tem observado, com frequência, é a intensa rotatividade dos estabelecimentos comerciais que ali se instalam e, fatalmente, após pouco tempo se tornam disponíveis para novo aluguel. O óbvio motivo é que receita e despesas acabam resultando em prejuízo.

Foram ouvidas várias pessoas relacionadas à situação comercial do Leblon. A senhora Evelyn Rosenzweig, atuante presidente dessa Associação, deu enfoque ao funcionamento do metrô, a  partir de 2016, como elemento propiciador de muita expectativa quanto à movimentação comercial no bairro. Como consequência desse fato os preços dos imóveis teriam disparado.

Gostaria de abordar outro ponto de vista a respeito da chegada do metrô ao bairro. Existe uma população, tanto na zona norte como na zona oeste, economicamente bem favorecida, que no meu modo de entender gasta até mais que os moradores da zona sul, que obviamente não usarão o metrô. Os mais ajuizados usarão táxi devido a essa maravilhosa Lei Seca, outros trarão seus carros, símbolos de sua ascensão, que serão entregues ao Valet Park que os estacionarão no primeiro buraco que encontrarem. Essa população já frequenta a tão famosa Dias Ferreira.

As pessoas que utilizam o metrô, não existe aí nenhum preconceito meu até porque considero  esse meio de transporte ecologicamente correto, não dispõem de recursos para aceitar os altos preços do Leblon. Precisaremos de muitos anos para que se tenha transporte público de qualidade e que a população consiga deixar de usar seus carros, como acontece em Nova Iorque onde as pessoas saem à noite usando o transporte público, independente da classe social.

Outra pessoa ouvida foi o senhor Wagner Figueiredo, Corretor de Imóveis Especiais, que relata que os preços altos cobrados pelos proprietários não atrapalham porque o mercado no Leblon “vai muito bem obrigado”. Não é essa a opinião de uma proprietária de várias lojas no bairro vazias, há bastante tempo, porque ela só deseja aluga-las para um tipo de comércio que atenda à classe AAA. Ela está certa, pois alugar não é muito difícil, o grande desafio é mantê-las.

A última opinião chamou muito a minha atenção e foi a de um homem simples, mas bom observador. São suas estas palavras: o comércio vive de altos e baixos, pois o pessoal quer novidade. Se não, o tempo passa e o lugar fecha. Ele está falando da inconstância do público que frequenta a Dias Ferreira. Há vários motivos para isso: Por exemplo, são pessoas, em sua maioria, cuja efervescência mental está diretamente relacionada ao estímulo externo, ansiando por novidades, por expectativas que lhes tragam muita emoção e alegria; há também aqueles que gostam de ver e serem vistos no pontos ditados pela moda do consumo. É de se esperar, então, que o estabelecimento novo comece bombando e rapidamente se torne velho e sem graça.


A reportagem mostrou, também, que nosso Prefeito, preocupado com o Leblon, Área de Proteção do Ambiente Cultural, apressou-se em oferecer ao bairro a garantia “da preservação de práticas e costumes do modus vivendi carioca”. Assim sendo, o alvará para o estabelecimento necessita de uma análise da Subsecretaria do Patrimônio Cultural. Gostaria de pedir, ou talvez a palavra seja implorar, para que seja colocada nesse alvará a preservação da pratica e do costume do nosso “modus vivendi” de DORMIR, porque o Leblon além de ser um bairro de bares, também é residencial. 

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Um Porto (não tão) Maravilha

O Prefeito Eduardo Paes pretende incentivar a construção de habitações na Zona Portuária. Foi enviado à Câmara dos Vereadores dois projetos que objetivavam oferecer incentivos fiscais aos investidores que desejassem atuar nesse local e construíssem moradias  no Porto Maravilha, assim como promoverem adaptações nas construções antigas que fazem parte da Apac Sagas (Saúde, Gamboa e Santo Cristo). A proposta seria a construção de 28000 habitações.

Para ter direito aos vários benefícios precisarão concluir os prédios do Porto Maravilha em 48 meses. Se os imóveis estiverem situados na Apac Sagas o prazo será de 24 meses.

O que me chamou a atenção é que para a Zona Portuária as unidades habitacionais poderão ser bem simples, por exemplo, não será exigido dos condomínios a existência de garagem, ou seja, algumas unidades TALVEZ tenham uma vaga. Não ter garagem, que certamente será a preferência dos investidores, é o que choca.

É do conhecimento de todos a lavagem cerebral a que nós somos submetidos através de todos os meios de comunicação para a aquisição de veículos e a consequente felicidade das montadoras, mesmo que quebremos a Petrobrás com a defasagem do preço da gasolina. O resultado é o que se vê hoje, engarrafamentos impensáveis.

Essa  escada é tombada pelo Patrimônio e fica no Leblon,
mas isso não a impediu de ser usada como garagem,
com direito a capa e tudo.
A oferta do Prefeito pode parecer a algum incauto que ele esteja na contramão dessa orgia predatória e esteja estimulando o transporte público, em vez do uso do automóvel, porem ele está contando com as ruas, as garagens serão as ruas. Todos os carros bonitinhos enfileirados no meio fio.

Por mais bela que seja uma cidade ela não resiste a estas manobras. Somos guiados por uma inconsciência ambiental que degrada, recaindo sobre as nossas políticas econômicas, sociais e ambientais.

Entendo que o Prefeito apostou muito no Porto Maravilha e não está obtendo o resultado esperado o que é bastante frustrador, mas para a cidade, no momento em que está se construindo algo novo, em pleno processo de gentrificação não é desejável que se pense só em termos de 2016, mas que seja estabelecido um planejamento a longo prazo. Nós sabemos que mesmo pessoas muito simples, de baixo poder aquisitivo, possuem o seu carrinho ou sonham em adquirir um. Qual a contribuição estética que, esses milhares de carros estacionados na rua, darão ao novo bairro que, por sinal, é apacado?

Não é justo que, nós que pagamos por tudo, que sofremos as agruras das obras, das obstruções das vias, da poeira, tenhamos como recompensa os restos mortais dos jogos Olímpicos. As transformações que desejamos são para além de 2016, como Barcelona que brilha 20 anos depois dos jogos.

A nossa cidade, como toda metrópole, está em processo de urbanização muito rápida. Considero imprescindível que nossos líderes municipais dialoguem com segmentos representativos da população tais como arquitetos, urbanistas, designers, ambientalistas e até ativistas de modo a dar conta das transformações sociais, econômicas e urbanísticas pelas quais estamos passando, com resultados favoráveis.

A estrutura física de um prédio ou da cidade não pode em hipótese alguma estar distanciada da 
população que nela reside, sob pena de graves consequências.

Essa intensa dissociação em que vivemos hoje acarreta aberrações difíceis de se conviver. Tome-se como exemplo uma rua em que exista um pequeno comércio e que dialoga de forma harmoniosa e feliz com seus moradores. De repente, a rua passa a abrigar dezenas de bares e restaurantes subjugando a população que lá reside , tratando-a como se fosse um mero objeto, tornando a situação tensa e conflituada. Não há exigências de que sejam ambientes fechados, com tratamento acústico, de forma que os moradores tenham direito ao seu repouso. Ao contrário, as exigências são de varandas, isto é mesas nas calçadas. Qual o nome que se dá a isso? Talvez perversão de um modelo urbanístico.

Parece ser norma, na cidade em que vivemos, tomarmos a parte no lugar do todo. O uso que se faz das águas de nossa linda Baía de Guanabara, despejando toda sorte de dejetos está matando os nossos golfinhos, que são o símbolo do Rio de Janeiro, estão se escasseando, mais uma vez se privilegia o lucro, a insensatez e se esquece da existência dos golfinhos, seres vivos. Talvez esperem que eles tenham a mesma resistência de aço que nós, desta cidade, precisamos adquirir para enfrentar tantas condições desfavoráveis.

Qualquer planejamento que se preze, precisa ter regras que priorizem a qualidade de vida da população local, assim como a agradabilidade, e porque não preservar a estética? Se não conjugarmos a população ao meio ambiente, nós estaremos construindo cidades desumanas, onde a mão do homem estará a serviço da destruição.

sábado, 26 de outubro de 2013

Vitória! Estamos reconquistando as calçadas!!

Novos canteiros do Belmonte, agora sim!
Parece um avanço ridículo, mas as mesas e cadeiras retiradas da calçada do bar Belmonte, assim como as grades colocadas ao redor das árvores, patrimônio da natureza e que antes serviam de assentos pare seus clientes, foram uma conquista no meio dessa luta incessante contra esse bar.

O proprietário do Belmonte, de modo incivilizado, atua onde quer que estabeleça esse templo de mau gosto e agressão ambiental ao seu bel prazer.

A sua irreverencia,  o desrespeito aos moradores, as transgressões às leis vigentes, a sua omnipotência, são motivos de irritação e desgosto para nós moradores.

Muito ainda há a fazer, pois continuamos com o barulho infernal e um volumoso número de pessoas se amontando nas calçadas tomando o meio da rua, inteiramente inebriadas com chopes, caipirinhas e conversas de tal modo que além de não conseguirem perceber o perigo que correm devido aos carros, não conseguem nem se mexer quando pedimos passagem. São completamente alheios a tudo e a todos como convém depois de várias bebidas.

Essa foi uma pequena vitória, mas creio que poderíamos conseguir vitórias ainda maiores desde que os moradores que se sintam prejudicados e sofrendo com essa série de transgressões que o Leblon vem passando, pudessem se congregar para que juntos levássemos efeito as nossa reivindicações.

É muito triste que se faça necessário o embate tão acirrado entre os moradores e os estabelecimentos comerciais. Tal dinâmica parece ser a norma atual, pouco refletimos sobre o impacto que temos nas vidas dos demais, não estou falando só do comércio, mas também das pequenas transgressões que cometemos devido a alienação a vida sócio-cultural que vivemos hoje. Essa alienação é traiçoeira, pois cria um ambiente favorável  àqueles que querem se dar bem e abusar das leis. Além de criar a ilusão de que podemos viver em ilhas e não depender dos demais.

Precisamos refletir mais sobre o impacto que temos na vidas dos outros e precisamos lutar mais por nossos direitos.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Evelyn Rosenzweig: Em defesa dos Moradores ou Empresários?

Evelyn e Dudu, tanta intimidade, mas pouco resultado...
 A Sra. Evelyn Rosenzweig, em sua última coluna quinzenal da Revista Zona Sul de O Globo de 9/10/2013, mostrou-se muito decepcionada com ausência dos moradores às reuniões, apesar de terem sido convocados.

Podemos pensar que alguns fatores são os causadores desse absenteísmo, porém o que nos parece o possível é que as duas Associações raramente terão interesses convergentes, e no meu modo de entender,  o fato delas serem presididas por uma mesma pessoa é até patológico e antiético.

Cito como exemplo os proprietários dos bares e restaurantes do Leblon: comportam-se, com raras exceções, de uma maneira frenética, tentando se apoderar do máximo de espaço, disponível ou não que puderem, usando meios lícitos e ilícitos, degradando o ambiente, provocando desordem, desprezando os moradores, fixados nos lucros que poderão obter.

Os moradores não são contrários a que os empresários trabalhem, frutifiquem o seu capital e que sejam felizes, mas não podemos concordar com a proposta deles de que o céu é o limite, modulando o seu comportamento como se estivéssemos no tempo das Capitanias Hereditárias.

Tutti Buona Gente!
Não podemos concordar com o uso abusivo das calçadas, das festas particulares dos clientes como se o espaço público fosse extensão de suas casas, com muita bebida, muito barulho e até carro de som. Não há lei que seja respeitada. A nossa cidadania está tão atingida que perdemos até o direito de dormir, já que as baladas, em plena rua, terminam ao raiar do dia.

Nós, moradores desse bairro, bonito por natureza e destruído com certeza, já mencionamos em postagem recente, as milhares de reclamações feitas à SeOP sobre esse descalabro. Nada mudo. Poucos fiscais? Talvez. Muita corrupção? Pode ser. A verdade é que grande parte dos moradores não se sente representada pela associação ou tem pouca credibilidade em sua função. Qualquer vitória é de iniciativa pessoal do morador e com muito sacrifício.

Causou-me estranheza que Troigros, dono do sofisticado Olympe, esteja na Rua Dias Ferreira, no CT Boucherie comandando a mais nova falta de estética e de ética da Rua, desrespeitando os que aqui residem com a sua nova decoração: o seu espaço da calçada é cercado por cestos com plantas medonhas e as cadeiras “aguardando clientes” enfileiradas sob a marquise da loja vizinha. Um espetáculo degradante.  E o que faz a AMALEBLON? Nada...Vale tudo, afinal a AMALEBLON parece subordinada a Associação Comercial do Leblon.

Acabamos de ganhar mais um presente, o Bar do Tom, na Avenida Bartolomeu Mitre, vermelhinho, fechadinho e, mas certamente com clientes em espera na calçada e com serviço de bar os atendendo. Não há mais discriminação de locais, os bares entram pelas ruas que bem entenderem. Essa mesmice, de bares, chega ser cansativa, além de provocar a desconstrução de um bairro residencial.

A pergunta que faço é como poderá a senhora Evelyn, presidente da Associação Comercial, pleitear junto aos órgãos do governo que se cumpram as leis e que se impeçam novas licenças? Esse procedimento não deveria ser difícil ser conseguido pelo bairro, pois já temos o exemplo das farmácias, que estão proibidas de estabelecerem novas unidades, mas certamente este fato não se deveu a Associação das Farmácias...

Por três vezes a senhora Evelyn se movimentou. A primeira foi para evitar que a linha do Metrô atingisse o Leblon, apoiada pelos moradores. A segunda foi em defesa da ideia de que pequenos ônibus deveriam circular pelo bairro para evitar engarrafamentos. E a Terceira, sua luta contra a construção de uma escola, na Rua Timóteo da Costa, local onde ela reside, já que tumultuaria o fluxo dos veículos e o barulho seria incômodo. Infelizmente nenhuma das propostas foi concretizada.

O que dizer de nós bombardeados pelo fluxo de um comércio barulhento que cresce de modo sufocante, já que novos bares e restaurantes se instalam em qualquer rua, num bairro tão pequeno. E o trânsito? Pelo visto é livre. O Leblon esta parecendo uma favela, onde cada buraquinho é ocupado por um barzinho que vira um barulhão. Não temos um plano diretor nem um planejamento sério que cuide de um bairro que é área de preservação do ambiente cultural.

A Associação Comercial do Leblon deve merecidos aplausos a Senhora Evelyn, assim como a CAL que esta senhora preside cuja atividade é apoio às famílias de dependentes químicos que podem ser reunir na região administrativa. Porém nós moradores fomos relegados ao abandono devido à contradição em termos a nossa presidente, que deveria zelar pelos moradores, também defendendo os interesses, em grande parte conflitantes, dos empresários que tanto nos incomodam e são uma das grandes fontes de problemas do bairro.


Por muitos e muitos anos sofremos com a falta de uma liderança local inspiradora, que congregue os moradores em prol das causas do bairro. Sabemos que isso é difícil, mas não impossível. Bem próximo ao nosso bairro, temos um exemplo de luta e resposta com o apoio dos moradores. Não basta ficar reclamando nos jornais que os moradores não se interessam por nada, tem que se entender o porquê da falta de engajamento. Talvez a resposta tenha um gosto amargo...

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

O SEPE e a Síndrome de Estocolmo

A educação precisa de socorro
É inacreditável que o SEPE considere os Black Blocs verdadeiros defensores da categoria na luta contra os policiais.

Lamento muito que essa frase fosse emitida por educadores. Veio para comprovar a ruína da educação brasileira devida ao estresse diário e à indefinição de suas vidas. Essa menção de gratidão aos Black Blocs só pode ser entendida como uma inversão e uma manifestação da Síndrome de Estocolmo.

Há muitos anos a classe de educadores, vem sendo alijada em todos os sentidos: salários baixíssimos, prédios escolares carecendo de conservação, degradados , excesso de alunos na sala de aula. Cabe a eles a administrar o ensino e até a educação, pois muitos pais são ausentes. Sofrem atentados físicos por parte dos alunos, ameaças sofridas pelos pais, quando existe necessidade de punição, aos seus filhos etc. São inúmeras as violências sofridas.

Reinvindicações sem Black Bloc
Pelo visto, os professores se identificaram com todo essa violência a qual é representativa dos Black Blocs e se justificam pelo grande estresse pelo qual estão passando, após tanta desvalorização dessa categoria profissional  e tantas negociações infrutíferas. Qualquer tentativa de aumento salarial é sempre escalonado e durante cinco anos, em um país cujas regras do jogo mudam a cada instante ao bel prazer do governo.

O Black Bloc é o que há de mais perverso, violento, destruição por puro prazer, prejudicial a tudo e a todos e depois ainda se gabando de sua ideologia. Destroem prédios públicos, propriedades privadas, cujos donos, geralmente não estão prejudicando a ninguém, os nossos infelizes, porém necessários ônibus, abrigos de ônibus, lixeiras, destruindo o pouco que temos.

Concordo que, para o professor, que ainda trabalha em casa, preparando aula e corrigindo trabalho escolar, lidando com alunos, muitas vezes desinteressados, quer por dificuldades emocionais ou a devido a um currículo antediluviano que em nada ensina a pensar, e que precisa, também,administrar sua vida pessoal, o desgaste é enorme.

Desejamos, porém, que mesmo diante de tantas dificuldades, os professores consigam parar para pensar e voltar ao seu equilíbrio porque este país já assistiu a cenas degradantes e uma classe tão respeitada e apoiada pela população, não pode estar ligada aos Black Blocs. Essa mancha precisa ser dissipada.

Notícias do mensalão:


O Ministro Joaquim Barbosa, um homem defensor de sua pátria e consciente de suas atribuições de Presidente da mais alta Corte do país, agiu corretamente ao resolver se distanciar de mais um julgamento do mensalão. Lutou bravamente, a custa de muito sofrimento físico, durante o julgamento e presenciou a um desfecho chocante. Seu lugar, Excelência, é na Corte e não em um picadeiro.  

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Suspeitas sobre o Ministro Luis Roberto Barroso e as aberrações da Semana

$úbita mudança de opinião?
O Ministro do STF Luis Roberto Barroso confidenciou aos jornalistas, ao tomar posse do cargo de Ministro, que o mensalão já havia sido votado, de modo que ele não se sentia confortável para contrariar os votos dados, explicou também que era completamente contrário à julgamentos prolongados. O Ministro, ao que parece, mudou de opinião. No momento do julgamento, não encontrei o motivo, porém, surpreendemente, no Diário Oficial deparei-me com o seguinte: 

Extrato de Inexigibilidade de Licitação Nº 103/2013-UASG 910809 - Nº processo IN 011-3-0103. Trata-se da contratação pelo valor de R$ 2.050.000,00 (dois milhões e cinquenta mil reais) por prestação de serviços através de Luis Roberto Barroso E Associados - Escritório de Advocacia. A conferir no D. O.U. do dia 12/08/2013, página 143. Em 11/09/2013 lá estava o Ministro pedindo a reabertura do processo. É muito melancólica essa constatação.


O eterno patrulhamento do PT, vaiando os artistas que compareceram de preto, em sinal de luto, pelo desfecho do julgamento do mensalão, veio provar porque de dez palavras que a nossa presidente fala, três são democracia.

A passeata dos professores está trazendo muito trabalho para nossas autoridades, e quando isso começa a aborrecer, a solução é imediata: convoquem o Black Blocs. Chega de diálogo e blá, blá, blá. O efeito é imediato, violência legitimada e a opinião pública mudando de lado.

A Polícia Militar continua fora do contexto. Parece bem despreparada para atuar no mundo atual e a sua ineficiência é uma constante, em vez de segurança, sentimo-nos bem inseguros. Talvez sirva para plantar provas em inocentes ou torturar e ocultar um cadáver.

Não há uma semana sequer que não se leia nos jornais contundentes reclamações sobre esta aberração que se chama Boteco Belmonte. Enquanto isso a prefeitura fechará dois bares em Ipanema pelo uso das calçadas. Dois pesos e duas medidas ou corrupção? Podem escolher o nome.


E por fim, como Gilberto Scofield Jr. disse, tolerância zero para carros sobre as calçadas, nas esquinas, embaixo de sinalização indicando proibição, nas faixas de pedestres e avanço de sinal a qualquer hora do dia e da noite. São pequenos desvios, que parecem ter menor importância, mas se acumulam e são verdadeiras violências contra  a população como eu venho falando há muito...

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Um Prefeito de olhos bem fechados

25 de setembro às 7h30min: Deus existe mesmo!
Quando prefeitos do Rio de Janeiro, Saturnino Braga e Cesar Maia procuraram dar atenção às causas ambientais, o primeiro promulgou uma lei vedando, no Leblon e Ipanema, a construção de prédios acima de oito andares, e Cesar Maia foi o criador da APAC (Área de Proteção do Ambiente Cultural). A preocupação de ambos era pertinente, pois não desejavam que esses dois bairros sofressem os mesmos grandes danos causados à nossa Copacabana.  A preocupação ambiental dos dois prefeitos tornou os bairros muito agradáveis para se viver.

Sempre fui favorável à APAC e possuo familiares que residem nesses prédios e, mesmo antes da existência da APAC, nós resistimos bravamente à especulação imobiliária. Considero que nem todos os pequenos prédios tem um valor arquitetônico, porém são graciosos e conversam muito bem com as ruas e o Leblon, bairro de diminuta extensão. A sensação é de leveza e confere uma identidade ao local.

Atualmente, esses pequenos edifícios possuem normas bem rígidas determinadas pela prefeitura quando qualquer obra se faz necessária, mesmo sendo difícil a aquisição de material, compatível com o antigo, de modo a compor o prédio. Compreendo perfeitamente as exigências da prefeitura, afinal de concessão em concessão, os prédios perderão as suas características e como há uma lei nesse sentido deve ser respeitada.

Era de se esperar que a prefeitura evidenciasse o mesmo critério rigoroso quando concede seus alvarás aos estabelecimentos comerciais. Surpreendentemente não foi o que aconteceu.  Assim vemos, de repente, a Rua Dias Ferreira, onde residem centenas de moradores, repletas de “inferninhos”.

Outro exemplo de degradação ambiental é a construção desenfreada de prédios comerciais enormes, com centenas de escritórios minúsculos, totalmente incompatíveis com a área do bairro. Além da superpopulação flutuante, não podemos esquecer a nossa rede de esgoto, em frangalhos , pedindo socorro e que vive se arrebentando, exalando um mau cheiro horrível. Obras de infraestrutura são mais difíceis de serem feitas e os prefeitos ainda pensam que o povo é tão ignorante que não valorizaria a atenção que o saneamento merece. O resultado é que os remendos passam a serem os únicos cuidados que a rede de esgoto merece. Eu já presenciei, atônita, a um conserto na Rua João de Barros oito vezes no mesmo lugar. Dá para acreditar?

A miopia em questões ambientais também atinge a escadaria com azulejos antigos que existe no final da Rua Gal. Urquiza, tombada pelo patrimônio, e que fica totalmente encoberta pelos carros que estacionam como se estivessem em uma garagem. Será que, em algum país do mundo, uma beleza arquitetônica estaria soterrada no fundo de uma garagem?  Pois no Leblon isso acontece e quem quiser pode conferir a existência desse local. Existe aberração maior?

Não é aceitável que novos bares e restaurantes possam sufocar ainda mais a paisagem do Leblon. Qualquer espaço disponível chega a me dar arrepio, pois já espero um comércio desse tipo. E pensar que dispomos de três livrarias e uma casa de flores. Pode se chamar a isso área de preservação do ambiente cultural?

Gostaria de sugerir ao prefeito que, a exemplo das farmácias, proibidas de abrirem novas unidades­­­, devido ao já elevado número delas, que se utilizasse os mesmos critérios em relação a bares e restaurantes. O Leblon não pode mais ser sucateado, nós não queremos e nem podemos nortear o rumo do nosso bairro como um barco sem comandante e de acordo com as intempéries e correntezas dos interesses comerciais. ­­­­­

Prefeito, a coerência deve e precisa ser a marca do seu governo! Se os moradores são tratados com o rigor necessário para que o bairro mantenha as suas agradáveis características ambientais não é compreensível tanta leniência com os empresários.

Eduardo Paes começou cedo a sua carreira política, com muito entusiasmo e levou muitos votos meus e dos meus familiares; tem um futuro político pela frente e é trabalhador, mas precisa se cuidar quanto ao excesso de vaidade. A vaidade cobre os seus olhos e a sua mente com uma cortina de fumaça embriagadora, impedindo-o de observar os prejuízos que sua política arrecadatória causa ao meio ambiente.

Seu gabinete de trabalho, quando se trata da questão ambiental, parece ser localizado no Acre, enquanto isso as ervas daninhas estão se proliferando no Rio de Janeiro.

Sempre contando com a Providência Divina
Sei que os desafios são enormes, conheço a cidade; os problemas estão se avolumando, não é possível que a concentração da prefeitura esteja de forma obsessiva ligada somente a três projetos. A sociedade clama pela sua qualidade de vida, e já que estou falando em preservação da vida, dia 25 de setembro tombou uma árvore gigantesca quando eu passava pela Praça Baden Powell, aliás, é a segunda vez que isso acontece, a outra foi na Gal. Urquiza. As árvores estão todas doentes, ameaçando nossas as vidas. Devo me dirigir a quem? Talvez ao Papa, um ser humano incrível, que nesse vandalismo em que vivemos atrás de bens materiais se preocupa com a vida dos seres humanos, com o que sentem e com o que pensam.


Prefeito Eduardo Paes é hora de abrir os olhos!

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Entre a Lei e a Justiça

Nós brasileiros estamos de luto
Há muito tempo acompanho o mensalão e o julgamento dos réus envolvidos neste triste espetáculo que se desenvolveu no país, cujo objetivo era fortalecer o poder vigente, colocando em risco o nosso já 
abalado processo democrático.

Durante as sessões do Supremo Tribunal Federal, foram exibidas provas bastante incisivas que convergiam para a condenação da maioria dos réus.

Os juízes professavam seus votos de maneira clara e de forma contundente. Entretanto, chamou a minha atenção, e até me deixou surpresa, as expressões duríssimas enunciadas pelo Ministro Celso de Melo, tais como “nunca presenciei um caso em que o delito se apresentasse tão nitidamente caracterizado”. “A essa sociedade de delinquentes o delito penal brasileiro dá um nome, o de quadrilha ou bando” o ministro prossegui:  “esses atos significam uma tentativa imoral e ilícita de manipular criminalmente, à margem do sistema funcional, o processo democrático”. Achando que ainda era insuficiente, completou: “esse processo revela um dos episódios mais vergonhosos da história política de nosso país”. “Os réus são marginais do poder, quadrilha de bandoleiros de estrada, verdadeiros assaltantes dos cofres públicos”, concluiu o juiz Celso de Melo.

Essas palavras foram proferidas em sessão plenária do Supremo Tribunal durante o julgamento do mensalão e presenciado por milhões de brasileiros ao vivo. Com essa veemência e eloquência, e confiante nas provas encontradas, o Ministro Celso de Melo condenou alguns dos réus pelo crime de formação de quadrilha.

O Ministro não se encontrava em uma conversa entre amigos em um bar, creio também que não foi por leviandade que usou palavras tão fortes. Era visível a sua indignação, mas não me pareceu mera catarse. Suas palavras transmitiam firmeza e crença nas suas convicções. Aliás, Vossa Excelência sempre se mostrou minucioso nas questões das leis, o que é um mérito.

Pareceu-me, entretanto, paradoxal alguém que condena os réus de forma categórica, votar a favor dos embargos infringentes. Posso até compreender seu notório saber a respeito de leis, porém, sem desejar lhe faltar ao respeito, jamais pensei que o seu olhar pudesse ser tão fatiado (palavra em voga) e que votasse a favor dos embargos infringentes.

 O Ministro fez uma leitura parcial da situação, esqueceu-se de olhar o Brasil, para a população que anseia por um país melhor. Não desejamos fazer pressão, nem um Ministro deve votar simplesmente para agradar à população, porém ter um olhar mais abrangente, evitando a dissociação entre o coração e a mente, e focando nas graves consequências desse voto.

É do conhecimento de Vossa Excelência os embargos dos embargos, é do seu conhecimento que há novos ministros no tribunal e um deles já fez pronunciamentos contra a dureza desse processo. Acredito que ele também conheça a corrupção bárbara que assola o país e que apesar da tributação excessiva, que arrecada quatro meses do salário do brasileiro por ano, os índices sociais são de envergonhar qualquer um. A sétima economia do mundo deixa sua população a mercê de serviços essenciais deprimentes.

O desencanto e a frustração a que fomos submetidos trouxe de volta a falta de credibilidade nas Instituições. Estamos falando da mais alta corte do país que indiretamente votou a favor da impunidade.

Entre a veracidade dos fatos, a coerência, a lucidez, a sensibilidade, venceu, na melhor das hipóteses, a técnica ou a política. Perderam milhões de brasileiros sufocados por “malfeitos” que ocorrem diariamente em todos os níveis de todas as instituições e que são torturados cotidianamente quando necessitam utilizar serviços essenciais degradados sempre por falta de verba. Venceu a corrupção bem robustecida por sinal, com o pomposo nome de caixa dois. Acham bacana ter caixa dois.

O Ministro teve de pesar a legalidade do processo e arcar com o custo social de sua escolha, afinal, a mensagem que o STF enviou a todo Brasil é de que nesta terra tudo é permitido. Nosso decano optou observando as regras e as ciências jurídicas, obedecendo as leis em um país sem leis. Com isto, a impunidade é quase certa para os grandes nomes deste julgamento que mais uma vez escapam e poderão continuar fazendo seus estratagemas hediondos, rindo de nossa cara estupefata com o resultado do julgamento. Essa é a diferença entre nós e eles, nós cidadãos de bem, seguimos as regras de um jogo, enquanto estes que como peixes ensaboados, escorregam da justiça sem nenhum apreço pela moral e ética.


Muitos Ministros lutaram contra a impunidade. Outros lhes faltaram a sabedoria, aliás, é penosa a existência de sábios sem sabedoria.  

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Os Delírios dos Black Blocs

Violência mata tudo.
Seja qual for a ideologia dos Black Blocs, ouvi dizer que, entre as suas funções, estaria a de evitar a barbárie dos policiais. No entanto, suas ações nos causam espécie, pois tem como principal alvo as instituições públicas e bens privados, e não a proteção à população. Escondidos sob as máscaras fazem de cada pedaço da cidade um palco de horror e destruição, usando a onde protestos como cortina de fumaça para suas ações.

Imbuídos dos instintos mais primitivos, não conseguiram perceber que, os milhares de pessoas que ocuparam as ruas do Brasil no inesquecível dia 20 de junho, bradavam contra a violência que então se instituiu e não a favor dela.

A resposta dada pela quase totalidade de brasileiros que participaram da passeata em junho foi a ausência, não acatando a convocação para o dia 7 de setembro, nem mesmo quando Caetano Veloso, formador de opinião, pelo visto nem tanto, conclamou a todos que saíssem às rua se fizessem uso de máscaras. A clara posição tomada pela população deu indicações de que desejávamos um protesto pacífico. Ninguém suporta mais violência. Viver no Brasil, quer seja nas grandes cidades ou pequenas cidades, significa estar sujeito à uma ampla variedade de violências, claro que com peculiaridades diferentes, de acordo com cada local. Sofremos agressões de cunho político, ambiental, social, psicológicas e ético-moral, e agora mais uma, as dos Black Blocs.

É tão despropositada a ação desse pessoal, que logo surge a pergunta: a quê vieram? Para quê destruir vidros dos bancos milionários? E quebrar banca de jornaleiros que são trabalhadores madrugadores para nos trazer as notícias? As ações do grupo são tão discrepantes que não sinalizam para nenhum tipo de objetivo.

Do ponto de vista de violência, traz a marca de um descontrole da agressividade, beirando a perversidade, o exibicionismo e, por conseguinte inibindo o pensamento, tornando-se, portanto pessoas de alta periculosidade. É de espanto geral a prepotência. Não conseguem enxergar o esvaziamento do movimento e a impressão sempre crescente de que estão navegando contra os anseios da população. Sempre me perguntei por que a polícia foi tão passiva quando o bando tentou destruir 
Ipanema e Leblon, durante a cobertura da mídia.

Acompanhando os movimentos dos nossos políticos e governantes fica claríssimo que continuam muito a vontade exercendo seus mandatos como sempre, de costas para o povo, buscando freneticamente a melhor maneira de se protegerem de eventuais dolos.

Como sou extremamente otimista espero que essa sombra negra e obtusa que desceu sobre o Brasil e, em especial sobre Rio de Janeiro, se dissipe e que ceda lugar aos protestos dos jovens e também dos não tão jovens por um país melhor. Não é possível que nós brasileiros não tenhamos compaixão ao assistirmos a classe trabalhadora menos favorecida sofrer tanto com os transportes, saúde, educação etc.

Nosso gol deve ser a favor da população e não contra, portanto, sem BLACK BLOC.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Felipe Bronze e suas promessas vazias

Calçada tomada por fregueses do Pippo
Felipe Bronze e Miguel Pinto Guimarães publicaram no jornal O Globo matéria sobre o novo bar de nome Pippo, situado à Rua Dias Ferreira, de propriedade do primeiro com projeto de arquitetura de autoria do segundo.

Em princípio pareceu-me que se tratava de propaganda do bar, porém comecei a pensar que se anteciparam a possíveis controvérsias que poderiam existir relativas à organização e estrutura do bar, valendo-se de manobras defensivas, exibindo-se como pessoas extremamente preocupadas com a cidadania, politicamente corretas, tanto que seguiram as atuais determinações da prefeitura que proíbem o uso de cercados e correntinhas.

Uma quinta-feira qualquer no Belmonte
Amparados pelo aval da prefeitura, transformaram o local em um bar aberto e, em consideração à calçada e não às pessoas é claro, prometem recolher o mobiliário à saída do último cliente. Tudo muito respeitador e sedutor.

Especificaram, também, que dois terços do local seriam destinados à COZINHA, seis grandes mesas preencheriam o resto do espaço e oito ficariam na calçada. Segundo eles, carioca adora varanda (calçada virou varanda).

Esse conto de fadas escondeu a bruxa. O pequeno espaço que restou aos transeuntes, evidentemente será ocupado por clientes que aguardam mesas e, enquanto isso, serão servidos por garçons volantes, além de poderem deixar rolar o voyeurismo-exibicionismo tão em voga nesses ambientes badalados. Imediatamente me veio à cabeça a imagem daquela aberração que se chama Belmonte, agora com a grife Felipe Bronze.

Proprietários desses estabelecimentos amam declarar que a Rua Dias Ferreira é um grande happy hour, um lugar de vanguarda para o lazer, inteiramente alheios às 6853 reclamações feitas por moradores à SEOP, entre 2011 e 2013, devido ao tumulto, excesso de barulho e a impossibilidade de dormir, mesmo que sejam utilizados vidros antirruídos. Vale notar que a própria SEOP emitiu 9707 multas por ocupação irregular do espaço público, entre 2009 e 2013. Atualmente, há 17 bares e restaurantes que respondem a processos no Ministério Público Estadual contra este grande a tremenda desordem instalada no Leblon.

O Dr. Washington Fajardo, Presidente do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade, ciente do cargo que ocupa, entende que a prefeitura liberou as calçadas, mas o espaço público precisa ser preservado. Como será possível conseguirmos esta maravilha?

Cabe alguns questionamentos à prefeitura: como conciliar a posição do Dr. Fajardo, pessoa respeitável , com o que nos deparamos no Leblon de hoje? Qual a utilidade da SEOP, afinal não é a prefeitura que acha bacana o uso das calçadas? Pelo visto, ela não tem a menor utilidade já que emite multas e tudo continua o mesmo. Será que o prefeito considera que existe ordem pública no Leblon? 

Será que ele já ouviu histórias que eu ouço, aos montes, de idosos e pessoas doentes que não conseguem repousar devido ao grande tumulto que está tomando conta do bairro e que, mesmo querendo vender seus apartamentos, não conseguem compradores? Será que os apelos, as reclamações em número elevadíssimo, não lhe dizem nada?

Na ânsia de arrecadar e de se mostrar festeiro, o prefeito se alheia aos milhares de queixas dos moradores deste bairro outrora residencial e que é atualmente o campeão do desrespeito e da invasão de privacidade.


Essa é a maneira da prefeitura operar na nossa cidade, sempre colocando os interesses mais escusos em primeiro lugar, enquanto os cidadãos de bem ficam a mercê de alguns inescrupulosos empresários que, de forma predatória, exploram nossa cidade até que nada reste. A Prefeitura finge que trabalha e os restaurantes fingem que acatam suas regras, impossível não pensar que existe algum tipo de acerto por trás disto tudo.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Eduardo Saboia Snowden e a (Não) Cassação do Donadon

Uma triste cena...
Mais uma vez a Câmara dos Deputados cumpriu a sua nefasta tarefa de defensora dos marginais, permitindo que o deputado-presidiário Natan Donadon mantivesse o seu mandato. 133 deputados votaram contra a cassação, 41 se abstiveram de votar, sem contar os faltosos, numa clara determinação do absurdo que é o voto em aberto. Essa batalha pela manutenção tem outros objetivos, um deles seria evitar a cassação dos deputados do mensalão e outro, o de evitar as próprias cassações.

A Câmara se tornou cega e surda ao repúdio que a população nas ruas ostenta contra a impunidade. Um presidiário não pode ser eleito deputado, mas o paradoxo ultrapassa a barreira da vergonha. O povo voltará às ruas e não haverá Black-Block que manchará as nossas jornadas, lutando por um país melhor.

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A dor de vencer barreiras
É verdade que o diplomata Eduardo Saboia, encarregado dos negócios da embaixada do Brasil na Bolívia, não respeitou a hierarquia e auxiliou o Senador Roger Pinto Molina, asilado político no Brasil, a fugir da perseguição política no seu país.

Entretanto, vale considerar que o Senador ficara 455 dias num pequeno quarto, aprisionado, com eventual banho de sol, sem poder circular pela embaixada, aguardando o salvo-conduto que o governo da Bolívia protelava.

A presidente Dilma, tão defensora dos direitos humanos, sabendo que esse claustro comprometia a saúde física e mental do Senador, rendeu-se aos encantos do governo de Evo Morales, cedendo à protelação do salvo-conduto. 

Angustiado, por compartilhar cotidianamente essa tortura, o diplomata Eduardo Saboia o trouxe para o Brasil.

Esse fato desencadeou a demissão do nosso ministro do exterior Antonio Patriota que diga-se de passagem já não estava agradando ao governo.

Um dos episódios mais triste desta história foi o telefonema da nossa presidente a Evo Morales, comunicando a demissão do ministro. Francamente, que tragédia este conluio!

Vale a pena mencionar que o Eduardo Saboia desafiou a autoridade e a hierarquia do Ministério das Relações Exteriores agindo por conta própria. Para alguns suas ações podem ser consideradas até como um ato de traição à pátria pela celeuma que foi criada, no entanto suas ações foram norteadas por um bem maior do que o organograma do serviço público.

Em tempos de “whistleblowers” como Edward Snowden, fomos agraciados com Eduardo Saboia que valorizou a vida do outro acima acima da própria, sem nenhum ganho pessoal, num tremendo gesto humanitário. Eduardo Saboia não se rendeu a banalidade do mal.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Essa Semana: El Cid, Médicos Cubanos e Noblat Surtou

A piada do ano se chama El Cid (Hélio Gaspari). O todo poderoso governador do Ceará usa e abusa da viúva. Deslumbrado com o cargo que ocupa, esqueceu que mora no Ceará, estado localizado no Brasil e não em Dubai. Dentre as suas peripécias estão: o pagamento à Ivete Sangalo pela sua participação na inauguração de um hospital, que por sinal, nem está funcionando, devido à sua péssima construção, as viagens com a família, incluindo a sogra, às custas do governo, a construção de um aquário milionário, a contratação de um super buffet, pelo módico preço de R$300.000,00 por mês e 
ainda conta que come arroz, feijão, carne e frango. Enquanto esses delírios acontecem, o Ceará padece com a violência, fome e degradação.

O governo brasileiro está trazendo 4000 médicos cubanos, sem promover a validação dos diplomas e sem compromisso com o domínio da língua. Além disso, toda a remuneração será entregue ao governo de Cuba o qual destinará os proventos aos médicos. O mais curioso é que os petistas não aceitam a terceirização, mas qual o nome que se dá a isso? E os pacientes? Isso merecia um capítulo à parte.
Sempre considerei que a resolução de um problema necessita de um planejamento prévio. Entretanto, nosso governo, com PhD em ações demagógicas e sem saber como resolver as questões que surgem, tomam as direções mais esdrúxulas possíveis Quando a resolução é de coração será mal feita, mas tormentoso mesmo é quando envolve ganhos escusos.  O problema da saúde no Brasil é tão grave que não se resolverá dessa maneira, aos trancos e barrancos, alheio a todas as sugestões dadas por quem trabalha na saúde que são os médicos.

Considero que o ministro Joaquim Barbosa se excedeu ao criticar o ministro Lewandowsky, porém não posso concordar com o colunista Ricardo Noblat, pessoa a quem muito admiro, a respeito de considerações contundentes, muito agressivas e até preconceituosas ao ministro Joaquim Barbosa tais como “ há negros que padecem do complexo de inferioridade. Outros assumem uma postura radicalmente opostas para reagir à descriminação”. O ministro também foi acusado de “que lhe falta grande conhecimento de assunto de Direito, opinião quase unânime de juristas de primeira linha”.

Não sei o que aconteceu ao colunista, os leigos diriam que ele surtou ao fazer tais comentários, mas além de serem palavras duríssimas, foram de um tremendo mau gosto.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Mensalão - Mais que um julgamento

Estamos assistindo ao prosseguimento do julgamento do mensalão e grande preocupação está tomando conta de nós, brasileiros.

Acredito que a aprovação dos embargos infringentes, que podem reverter a pena concedida aos réus, será um grande golpe para os cidadãos deste país. A tese levantada de que outros partidos também cometem infrações é completamente equivocada. Se todos os partidos têm membros que apresentam desvios de conduta, todos deverão ser punidos, incluindo os petistas que acabaram de ser julgados.

É óbvio que a condenação deles não está significando uma caça às bruxas e sim que a sociedade necessita saber que, onde houver corrupção comprovada, que as sanções sejam permitidas.

O caso do mensalão é deveras emblemático. Primeiro por que a atuação dos réus foi minuciosamente examinada pelo Procurador Geral da República e pelo Supremo Tribunal Federal. Segundo é o absurdo da proposta deles que seria comprar deputados com  o objetivo de que eles pudessem legislar a favor do governo. Portanto, o cidadão brasileiro estaria completamente alijado. Nem por um instante o povo é levado em consideração, o que constitui um tremendo ataque à democracia e à ética.

Evitar punições é um ato gravíssimo que escancara as portas para que os contumazes larápios dos recursos públicos continuem a varrer os cidadãos do mapa e abocanhem dinheiro e poder, caminhando, para uma devassidão   que supera qualquer entendimento. O maior objetivo do mensalão é a perpetuação do poder no governo, utilizando meios escusos para garantir o apoio da base aliada.

O Brasil está nas ruas em demanda por educação, saúde e erradicação da pobreza, não através de assistencialismo eleitoreiro, mas sim do engajamento das pessoas no mercado de trabalho. Os elevados impostos, decorrente dos recursos desviados, impedem a qualificação de profissionais, o desenvolvimento da ciência e da tecnologia.  Com tantos braços e cérebros, a carência de profissionais qualificados é chocante, chegando ao ponto de importarmos profissionais.

Nós não suportamos mais conviver com essa casta que desconhece o povo, seus anseios e necessidades, porque estão vidrados na ganância pelo dinheiro e poder obtidos pelos meios ilícitos. Essa corja de mandatários que ai está não percebeu o nefasto exemplo que está dando.

A sociedade, sentindo-se desamparada pelas instituições e perplexa quanto ao usurpador quadro montado pelos governantes, entrega-se à violência cotidiana, ao desespero, à falta de confiança e de perspectiva e à ambição desregrada pelo dinheiro. Diante da falha do poder público em nos assegurar condições para uma melhor qualidade de vida, os cidadãos procuram por seus próprios meios se defender à maneira que conseguem: uns constroem muros, outros blindam seus carros e há também aqueles que se protegem através de conexões de amizades. O espírito cívico, coletivismo, nem pensar. Salve-se quem puder.

Porem, algo maravilhoso aconteceu: o brasileiro já entendeu que esse modo de viver está nos adoecendo, contaminando nossas vidas, e saiu às ruas, lutando contra a corrupção e a impunidade e por lideranças políticas competentes.Há uma luz no final do túnel.


Dizer que cadeia não resolve corrupção e o modo de evitá-la seria através de reforma política não é verdade. Ambas não se excluem e nosso povo espera que a roubalheira seja punida e uma reforma seja realizada.