sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Os efeitos da Internet nas Crianças

Um mundo de facilidades e imediatismo passa a fazer parte da vida infantil através da Internet e age na mente da criança como se fosse uma filmadora girando em grande velocidade. Ao chegar à escola o ritmo cerebral precisa ser mudado, os livros didáticos exigem concentração, as equações matemáticas necessitam de tempo para serem resolvidas, não existe tecla para mudar o assunto tedioso.

Ao observar o desempenho dos alunos não posso deixar de atribuir ao nosso sistema escolar uma parcela de responsabilidade do que vem ocorrendo no ensino. A escola apresenta às crianças um currículo muito ultrapassado com um conteúdo informativo maçante e exaustivo e que não desenvolve o pensamento, a curiosidade e muito menos o interesse pela pesquisa. Também os professores são despreparados e desmotivados até porque os salários são de arrepiar.

Entretanto, considero que o abuso da internet seja um elemento auxiliar na decadência escolar. Desde os primórdios da infância a criança é apresentada ao mundo online pelos pais, não só por ser um instrumento de grande valia, como também para manter as crianças ocupadas.

Não está em discussão a internet como um fabuloso sistema de facilidades, que nos auxilia profissionalmente e até de modo pessoal, que em segundos nos conecta com o mundo, e que vem influenciando nossas vidas, quer no âmbito pessoal, quer na vida social. O que pretendo lembrar é o resultado do uso abusivo da internet em idade escolar no que se refere à escolaridade. Deixo de lado também o isolamento já que muitas crianças se abstêm de brincar no horário livre, optando pela internet.

O mundo online é muito diferente do que ocorre na vida escolar de uma criança. É o mundo da velocidade, das respostas imediatas, de milhares de assuntos, de notícias obtidas em frações de segundo. A diversidade de opções que a internet nos oferece, sem sairmos do lugar, é capaz de tomar nossa atenção por horas a fio e temos a possibilidade de, em um clique, mudarmos o assunto e manter o tédio afastado.

Um mundo de facilidades e imediatismo passa a fazer parte da vida infantil através da Internet e age na mente da criança como se fosse uma filmadora girando em grande velocidade. Ao chegar à escola o ritmo cerebral precisa ser mudado, os livros didáticos exigem concentração, as equações matemáticas necessitam de tempo para serem resolvidas, não existe tecla para mudar o assunto tedioso.

Mesmo quando o assunto é pesquisa é comum vermos cópia do assunto, não há nenhuma interpretação do que foi pesquisado que demonstre a compreensão do que é lido e que permita a contribuição pessoal do aluno, o tempo é curto.


A internet vem contribuindo para uma modelagem da atenção que privilegia assuntos rápidos e curtos, mas não desenvolve maiores capacidades de leitura analítica, interpretação e acima de tudo paciência para se dedicar ao que nem sempre é agradável. A nova geração parece muito propensa a se frustrar com facilidade, uma vez que o mundo nem sempre gira na velocidade ou da forma como eles estão acostumados.

Como tudo, a internet deve ser usada com equilíbrio. Mais uma excepcional ferramenta que pode fazer nossa civilização avançar muito em pouco tempo, mas que seu abuso pode ter consequências graves ainda não totalmente estudadas. Especial atenção deve ser dada ao fato de que esse período da infância é crítico, pois é nele que os alicerces da cognição são moldados.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

As aberrações dos homens de toga

Gostaria de saber qual a novidade metodológica da psicologia ou da psiquiatria utilizada pelos juízes que permitiram, em um segundo julgamento, inocentar o Sr. Paulo Maluf no caso de superfaturamento da construção do túnel Ayrton Sena que custou aos cofres públicos cerca de duzentos milhões de reais.

Segundo os juízes, a absolvição se deu após minucioso estudo do psiquismo do Sr. Maluf de que não houve ato de improbidade de forma dolosa, isto é, com intenção de cometer o delito, assim sendo, a sua ficha continuará limpa e seu novo mandato garantido.

A comunidade científica precisa conhecer essa nova técnica que é capaz de julgar com tamanha certeza o mundo consciente e inconsciente dos indivíduos.

Quanto à avaliação feita pelo Ministro da Controladoria Geral da União (CGU) de que, no caso da Petrobrás, não ocorreu um mau negócio ou um erro de avaliação, e sim má-fé mesmo, ou seja, dolo. Concluo que nesse caso os métodos de avaliação foram os tradicionais. Agora precisamos torcer para que não haja mais uma sessão de “psiquismo” quando o processo dos políticos chegar ao STF.

E por falar em judiciário entendo que os juízes ainda são como nós. Portanto sujeitos a alterações emocionais. Entretanto essa volatilidade não pode impactar o exercício da magistratura que deve ser exercida com cuidado, seguindo as leis, a ética e sem perder a razão.

No entanto o noticiário vem sendo recheado de aberrações envolvendo os homens de toga:

Ao chegar atrasado ao embarque em Brasília, um juiz desejava que fossem parados os procedimentos de decolagem para que ele pudesse entrar na aeronave. Sendo impedido pelos funcionários, Sua Majestade dirigiu-se aos aeroviários com a seguinte frase: “quietinhos, os senhores estão presinhos”.

Uma aventura esperava uma policial ao tentar multar um juiz que dirigia seu carro sem placa e sem documentos, também não apresentou documentos pessoais. Como ela disse que ele não era Deus e sim juiz foi processada, sendo declarada culpada, e ainda por cima deveria pagar uma indenização.

Esperamos que em 2015 a sanidade volte ao normal. 
Um feliz Natal para todos!

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Bola de Neve

O país vive em clima de tanta instabilidade e insegurança que foi organizada uma grande passeata em São Paulo protestando contra o governo. É do conhecimento de todos que vinte e sete por cento da população votou em branco ou não foram às urnas, e trinta e cinco por cento em Aécio. A nossa presidente foi eleita legalmente, mas os indicadores não lhe são favoráveis, apenas trinta e oito por cento dos votos totais lhe couberam.

As informações diárias que recebemos são desalentadoras, a corrupção há muito tomou conta do país, corruptos e corruptores desfilam sem nenhum constrangimento diante do assalto aos cofres públicos, e  se pertencerem ao partido do governo, ainda recebem aplausos e “medalhas” por excelentes serviços prestados

Nossa presidente segue a regra de que prometer mudança é bem mais simples do que mudar e, funciona nos mesmos moldes tão conhecidos dela. Nobres deputados são obsequiados com as quantias que eles determinam para a aprovação dessa aberração que é alterar a LDO, comprometendo a lei de responsabilidade fiscal.

Os ministérios serão distribuídos entre cabeças despreparadas a quem ela deve por relevantes serviços prestados à sua campanha. Em contrapartida os quadros técnicos estão sujeitos a submissão de suas determinações políticas que são determinantes, de suma importância, no momento de escolher os mandatários dos ministérios.

Diante de uma realidade tão dolorosa de ser digerida, nossas emoções estão a flor da pele, reina a insatisfação, revolta, insegurança, descrédito, receio em relação ao que nos espera, a intranquilidade e o medo quanto ao rumo político e econômico de nosso país. Os boatos, com fundamento ou sem ele, explodem nas redes sociais incrementando ainda mais a o clima de desarmonia que adentra em nossas vidas.

O descompasso emocional reinante na população brasileira em conjunção com uma liderança política fragilizada leva a um desamparo. A frustração e desencanto surgiram ao presenciarmos a desorganização que se instalou em todas as esferas do país, o desprezo pela moralidade pública, a falta de civismo, a perda de nossa cidadania e a decadência desse gigante chamado Brasil.

Encarar as verdadeiras questões do nosso país não é tarefa fácil para ninguém (haja divã de analista), mas somos nós que temos de tolerar as nossas decepções, lutar pela democracia e rejeitar qualquer tipo de dominação seja da esquerda ou da direita. Não existe mágica nem salvadores da pátria e sim participação e atenção de todos nós.


E hoje, para confirmar a minha ideia de que nossa participação e vigilância são os verdadeiros guardiões do Brasil, mais uma triste notícia surgiu: uma empresa americana confessou ter pagado propina a FAB e ao gabinete do ex-governador de Roraima. MAIS UMA ABERRAÇÃO PARA NOSSA LISTA.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Os escorpiões do Congresso Nacional

Esta semana mais um capítulo sórdido da corrupção do Congresso Nacional chocou os brasileiros. A revisão dos critérios da Lei de Diretrizes Orçamentárias é uma afronta aos mais básicos princípios morais: não se altera uma lei para tornar um ato, já cometido, legal. A princípio houve resistência até da base aliada, mas esta logo foi desmascarada quando suas verdadeiras intenções se revelaram: cargos e dinheiro. No fim o projeto foi aprovado junto com um gordo pacote de emendas parlamentares que apaziguou os ânimos e os bolsos dos “par-lamentáveis”.

A fraude passou a ser incorporada à vida do cidadão brasileiro. Diante deste espetáculo da LDO era para a população sair às ruas, mas a corrupção parece fazer parte do sangue. Pequenos exemplos comprovam: os produtos farmacêuticos inventam de tudo para manter o sobre preço travestido de preço normal. É bem comum encontrarmos embalagens grandes, antigas, contendo um diminuto frasco de remédio ou uma cartela com vinte e oito comprimidos quando a dosagem indicada é de um mês.

Diminui-se a largura da folha do papel higiênico e a espessura, os pacotes de molhos ou alimentos de meio quilo passam trezentas gramas, e a dança dentro das embalagens é frenética. O conluio se estabelece, os fornecedores lucram e o governo tenta as custas dessas trapaças mostrar que a inflação está sob controle. Embute-se tudo nos preços para burlar a população, até colégios praticam esse desatino pedindo às crianças do Jardim de infância resmas e resmas de papel A4 que terão outro destino e não o da sala de aula.

Os que há anos lutaram contra a ditadura, acreditando no valor da democracia, hoje fazem parte da cúpula do governo, porém estão trazendo à nossa mente a identidade dos escorpiões.

Certa vez um escorpião desejava atravessar um rio, mas temia morrer afogado. Ao encontrar uma rã pediu que ela o carregasse em suas costas para que a travessia fosse possível. A rã ponderou que não confiava nele, acabaria sendo mordida. O escorpião, na sua doce fala, retrucou que a sobrevivência dela estaria garantida, pois se a picasse eles morreriam juntos.

Confiante a rã seguiu em frente e, já na outra margem, foi picada pelo escorpião. Agonizante a rã disse que não fora esse o combinado. O escorpião respondeu-lhe: essa é a minha natureza.


sexta-feira, 28 de novembro de 2014

A realidade bate à porta do Palácio do Planalto

Toda a campanha do PT se baseou na crítica exacerbada ao candidato da oposição, Aécio, e ao seu futuro Ministro da Fazenda Armínio Fraga. Destilou-se terror, nas camadas sociais mais pobres, com argumentos diabólicos sobre o futuro negro que se abateria sobre eles, do tipo “vai faltar comida na mesa do pobre”.

O que fez nossa presidente agora?  Apelou para o economista Joaquim Levy, pessoa de inegável competência, colaborador de Armínio Fraga na elaboração do programa econômico do candidato Aécio. Nada demais, em um país democrático, que pessoas competentes possam pertencer aos quadros de outros partidos e sejam convidados para compor os Ministérios, alias é o recomendado, sempre que a preocupação com o povo ultrapasse qualquer pretensão de poder. Pena que este caso é a exceção e não a regra.

O que é constrangedor nessa história é o comportamento da Presidente. Ao tentar a reeleição fez a apologia da grande gestora que fora, exibiu a sucateada Petrobrás como uma maravilha brasileira, promoveu verdadeiros contorcionismos na matemática para encontrar um superávit positivo. Apesar de toda a construção ilusória de um modelo de governo que não ocorreu, ela sabia que um perigoso monstro a ameaçava: o escandaloso esquema de corrupção. Precavida, foi avisando que faria o diabo para vencer.

Ao se deparar com a verdadeira realidade do país e faltando-lhe o preparo teórico e técnico como economista, sem estratégias que pudessem fortalecer a economia diante da grave crise que se instalou na indústria, no comércio nacional e exterior, acabou engessada em um labirinto sem saída. Sua onipotência cedeu diante da constatação que vários companheiros de chapa, após doze anos de doutorado em corrupção, não possuíam as necessárias credenciais para ocupar o cargo de Ministro da Economia.

Alguns intelectuais do PT se manifestaram contra essa indicação temendo um retrocesso e um aperto nas políticas sociais. Entendem que Joaquim Levy não gosta de jogar nem dinheiro, nem conversa fora, fazendo demagogia e que fará tudo que for preciso para sairmos do atoleiro em que nos encontramos.

Parece que nossos intelectuais desconhecem que a inclusão social depende da economia que gera recursos para que o país se desenvolva como um todo. A preocupação com o fator econômico virou crime para os militantes do PT. Matemática não é o forte dessas pessoas, pois quem dispõe de zero não pode distribuir nada. Quando os recursos vão escasseando, como é nosso caso, até a bolsa família entrará em colapso.

A população brasileira necessita muito mais do que alimento na mesa dos pobres. O atraso em infraestrutura, no meu modo de entender, é arrepiante e relega grande parte da população a viver assoberbada sob tremendo estresse sem condições de alcançar uma vida digna. O povo brasileiro não merece essa indigência.

Apesar das recentes boas escolhas de Ministros, sempre temo que novos pacotes de “maldade”surjam, como por exemplo a flexibilização da lei de responsabilidade fiscal.

Difícil é ser um "militonto" neste momento em que a Presidente contradiz tudo que foi dito na campanha a respeito da política econômica. Haja criatividade e dissonância cognitiva.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Preconceito: Um Atalho para o Ódio

“A classe média é uma abominação política porque é fascista, é uma aberração ética porque é violenta, é uma aberração cognitiva porque é ignorante.” Este preconceito foi externalizado por uma professora de filosofia e, certamente, não pertence à esfera do racional. No caso, a intelectual se dirigia às pessoas da classe média que, através de seu grupo social, econômico, suas crenças, sua ideologia, se organizam para viver em sociedade.

Apesar de ser uma característica dos filósofos o pensamento racional, a filósofa sucumbiu ao identificar, na classe média, a expressão de comportamentos diferentes dos dela colocando em risco os seus paradigmas, desequilibrando-a, permitindo uma explosão emocional desconcertante o que nos indica a dificuldade da professora tolerar suas próprias frustrações.

O preconceito é proveniente das características pessoais do indivíduo entremeadas pelo meio familiar, completada pela cultura e tem na sua essência a agressividade que varia da sutileza a uma fúria incontrolável. Não existe preconceito gentil.

Nós vivemos em um país onde há tremenda diversidade de modo que o preconceito tem ao seu dispor miríades de possibilidades que lhe permite ser expresso em situações banais. É do universo social o funcionamento discriminatório, e se aloca até nas trivialidades da vida cotidiana.

Encontramos essa discriminação nas escolas onde o “bullying” fere os corações, estigmatizam crianças causando profundas mágoas e rancores, comprometendo a vida emocional das crianças e adolescentes, que chegam à vida adulta, muitas vezes, marcados por dores inesquecíveis.

Quando a discriminação é exercida de forma muito intensa, como em assassinatos a homossexuais ou “bullying” muito violento, nos revelam que autores desses atos macabros possuem uma mente extremamente doentia.

Geralmente são pessoas com transtornos de personalidade bem graves, onde a fúria e a violência imperam, e que possivelmente foram submetidos a situações traumáticas de vida. Nestes casos, o descontentamento com seu infortúnio, o se sentir diferente, as dificuldades de inserção no grupo social são vivências intoleráveis. A população gay, muitas vezes maltratada, surge como um alvo fácil para o exercício de uma verdadeira catarse emocional de mentes perigosas.  

Por outro lado, no combate ao preconceito, há de se ter cuidado para não gerar situações de desigualdade e por consequência se apelar para outra discriminação, como as cotas nas Universidades. Os afrodescendentes têm preferências nas classificações porque são pretos, pobres ou não, e não porque não tiveram acesso às escolas de bom nível. Para os preconceituosos são considerados inferiores.

O preconceito parece, também, estar a serviço de um atalho cognitivo que nos permite resolver situações rapidamente, sem utilização de maiores recursos mentais. Em seu livro mais recente, Daniel Kahneman fala dos dois sistemas que usamos: o Rápido e o Devagar, o primeiro sendo automático de pouco custo mental e o segundo mais demorado e demandante das nossas capacidades.


Precisamos trazer a discussão do preconceito para o sistema “Devagar”, para repensarmos nossas posições e evitarmos conclusões automáticas. 

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

"A Beleza do Brasileiro não tem Espelho na Feiura das Cidades"

Mais uma bela rua enfeiada pela desordem urbana.
Os aviões saem lotados do Brasil transportando milhões de brasileiros rumo ao primeiro mundo. Lá se encantam com cidades onde o tratamento urbanístico contempla os nossos olhos com uma beleza contagiante. O transporte é confortável quer seja de trens, metrô, ou ônibus. Também podemos usufruir dessa maravilha que é andar a pé sem levar tombos incríveis ou romper ligamentos. O ambiente também é protegido desse horror que se chama transporte individual que polui a cidade e esgarça nosso sistema nervoso com horas de engarrafamentos. Pelo visto, os brasileiros gostam de conforto e beleza e organização.

Entretanto chama a minha atenção, nas conversas com vários amigos, quer sejam da classe intelectual ou não, mais abastados ou menos, a inexistência de questionamentos sobre urbanismo ou melhor, a falta dele nas nossas cidades. Acabo sempre me sentindo solitária nas reflexões que costumo fazer sobre o grave problema urbanístico que encontramos no Rio.

O que me incentivou a escrever sobre esse assunto é que arquitetos e urbanistas, através de artigos nos jornais, vêm alertando as autoridades e a nós os descaminhos que estão sendo traçados em nossas cidades carecendo de uma visão científica que possa dar guarida a uma população urbana, beirando os quarenta ou cinquenta milhões de pessoas.

O último desses artigos, o do Dr. Washington Fajardo no O Globo, me emocionou de tão real, iluminando os aspectos negativos que encontramos nessa cidade que, ao que me parece, não estão nas preocupações nem das autoridades nem dos moradores.

As pessoas buscam freneticamente a beleza e as indústrias de cosméticos movimentam bilhões, mas em relação à cidade em que vivemos a opção é pela desordem urbana. A natureza majestosa dessa cidade não está resistindo aos maus tratos da mão humana e está se tornando feia. As praias repletas de quiosques e barracas pavorosas, além do estacionamento de vans, é um monumento ao desencanto.

No Leblon, por exemplo, determinadas ruas internas tem sua arborização doente e desabando e o que era antes uma maravilhosa harmonia se tornou uma opressora muralha de carros, caminhões, fretes e vans com a conivência da Guarda Municipal.

As calçadas são tomadas por mesas, cadeiras, muito salgadinho e bebidas. Não há lugar para os residentes do bairro. São palavras do Dr. Washington entre muitas advertências: “a beleza do brasileiro não tem espelho na feiura das cidades, precisamos revitalizar, reciclar edifícios, criar e inovar”.

É impressionante como, ao deixar o bairro ou a ruas, sufocantes, sujos, desorganizados e desconvidativos a opção é ficar mais em casa. O ambiente hostil desencadeia processos internos de mudança que podem ser observados na forma como decoram seus pequenos ou enormes apartamentos. Qualquer cantinho funciona como jardim, a parte de lazer recebe televisões gigantescas, na varandinha ou no varandão surge uma churrasqueira, tudo arranjadinho para se fugir da desordem praticada por nós mesmos. Ainda existe, para os de maior poder aquisitivo, quatro ou cinco viagens ao ano curtindo a vida ao ar livre.


Eu gostaria que a consciência ambiental brilhasse na cabeça dos cidadãos da nossa cidade para que pudéssemos ser mais felizes aqui também, afinal é aqui que passamos a maior parte das nossas vidas. Conviver com o agradável, com a beleza da natureza e a harmonia ambiental não deve ser primazia dos ricos, mas uma exigência de todos.

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

As Urnas mandaram sua Mensagem (3%)

Após doze anos de governo, o PT, partido que apregoava a ética, o zelo pela população, o desejo de acabar com a fome no Brasil, vem mergulhando em um rio caudaloso assoreado por toda sorte de entulho formado pela corrupção e condutas muito pouco democráticas. Sempre se valendo e se jactando de ser o partido que mais contribuiu para erradicar a pobreza, reinou  absoluto por muitos anos. A população parecia aplaudi-los, de modo que não havia oposição forte que questionasse a série de irregularidades e, quando se insistia em apurá-las, tudo acabava em pizza.

Entretanto, o gosto pelo poder, a vaidade, a prepotência, as manobras políticas, o autoritarismo, foram substituindo o Lulinha Paz e Amor e as antigas propostas do partido por uma volúpia de se manter no poder a qualquer preço. Exercitaram-se de modo chocante na tarefa de destruir qualquer candidato que aparecesse pela frente.

O Brasil assistiu a cúpula do PT e os seus militantes desencadearem uma campanha assombrosamente escabrosa, passeando entre os discursos demoníacos às tramoias de não entregarem a propaganda de Aécio, boicotada pelo Correio em Minas. Todo o Ministério parou de trabalhar para reeleger a presidente Dilma que, diga-se de passagem, obteve pequena margem de diferença de votos.

A campanha que assistimos não trazia em seu bojo nenhuma preocupação com o país, neste delicado momento em que se encontra, era simplesmente uma campanha destilando ódio e destruição ao adversário.

A vitória do PT pode ser considerada uma vitória amarga, ou quase derrota, até sua bancada de deputados diminuiu. Metade da população brasileira, que apoiou Aécio, sofreu um duro golpe pela deslealdade da campanha e pela ausência de espírito cívico em um momento tão importante de nossas vidas. As marcas e as mágoas são profundas e estamos em pleno processo de elaborarmos o nosso luto e nosso sofrimento que certamente passarão. De nossas mentes mais calmas e esclarecidas surgirá algo que o PT não vê há muito: uma oposição forte e vigilante, não vingativa, mas atenta, não concordante com os desmandos costumeiros.

A presidente não percebeu ainda que o seu reinado acabou, tanto que, no dia seguinte à eleição, após falar em diálogo, ela enviou o projeto dos “conselhos populares” à Câmara, sendo negado imediatamente. Ela se esqueceu de que o Brasil agora mudou. Mantendo o respeito que cabe à Presidente da República, a população clama por exercer seu direito de não concordar com todas as aberrações que ela propõe.

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Semeando o Ódio entre as Classes

Estamos vivendo nessa eleição um momento muito grave. Trata-se do fomento da divisão entre nós brasileiros. O ex-presidente Lula e a atual presidente, além de inverdades, injustiças e distorções, mencionam fatos com o objetivo de provocar a cisão da população onde duas classes de brasileiros aparecem como inimigas entre si.

Com frequência há referências às elites e ao povão, entre nós e eles, entre os habitantes do  nordeste e os do sul, na tentativa de acirrar os ânimos entre as classes sociais, incrementando ódio e preconceito entre nós, como se só uma parte dos brasileiros, os pertencentes à  estrela vermelha, fossem dignos de representarem o povo brasileiro. Não é por mero exercício de retórica que de dez palavras faladas, oito se referem à democracia, justamente porque este tipo de comportamento fere à democracia.

Nestes comícios o ex-presidente retira o seu terno Ricardo Almeida, usado em palestras ou em momentos onde era homenageado, e se veste como o metalúrgico, utilizando um vocabulário chulo, como se fosse bacana, entre as classes menos favorecidas, proceder desta maneira. Os autoelogios proliferam, subvertendo os fatos por eles criados durante doze anos, como por exemplo, as recentes condenações pelo STF como sendo um reflexo de maior transparência e capacidade investigativa do próprio partido, o que é um descalabro. Após o comício, o ex-presidente procura, para não abandonar seus hábitos elitistas, repousar na suíte presidencial do Copacabana Palace. Deve ser cansativo conciliar o papel de pai dos pobres com seus hábitos requintados e aos luxos aos quais se acostumou. Um pequeno detalhe, estes pobres há doze anos não saem da linha de pobreza, até porque se deixarem de ser pobres para quem o ex-presidente falará?

A vitimologia também faz parte do enredo de comícios do ex-presidente; o marqueteiro do PT planta histórias escabrosas na mídia; e os seus militantes também procedem deste mesmo modo através do telefone e das redes sociais, destilando um ódio pavoroso. Posteriormente, ao encontrarem reação por parte de Aécio, passam a se referir a ele como se fosse um delinquente que desrespeita e agride a presidente.

Essa bandeira do ódio e desejo de vingança manipula os fatos e as mentes, profetizando perdas significativas, instaurando um clima de medo à qualquer mudança. Contamina e afeta a população que passa a desenvolver ojeriza ao candidato adversário. As pessoas se tornam impermeáveis ao que realmente ocorre. Desvinculados do que é real, o processo consciente efetuado para a escolha do candidato se torna prejudicado. Uma verdadeira esquizofrenia coletiva.

A desintegração enfraquece o país, mas legitimiza o desejo de poder, mesmo que isto custe caro a uma significativa parcela da população que foi vilanizada: a tal da elite branca.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Uma Mentira contada mil vezes...

"Uma Mentira contada mil vezes,
 torna-se uma verdade" -Joseph Goebbels
O PT cumpre a sua campanha para a presidência da República nos mesmos moldes de sua carreira política, isto é, louvando os seus méritos e conquistas inusitadas, e se articulando com ataques agressivos na tentativa de sair da desqualificação em que se encontram. A proposta é atribui-la ao candidato adversário, revertendo a perspectiva. Em um pleito desta natureza o que nós, povo brasileiro, gostaríamos de presenciar seriam as metas a que cada candidato se propõe e a logística para atingi-las.

Infelizmente, a ânsia pelo poder ultrapassa todo entendimento, quer nos debates, quer nas mensagens de propaganda da presidente e candidata Dilma enviadas, via televisão. O arsenal de acusações e inverdades prima pela falta de ética e de respeito ao candidato Aécio e a nós. Acho chocante a propositada linguagem facial da presidente, ora denotando desprezo, ora enfado, ora ódio, incompatíveis com o cargo que ocupa.

A marca da propaganda petista tanto nos debates, como na propaganda eleitoral, não é baseada, como tem chegado ao meu conhecimento, na desconstrução do candidato adversário, porque quando se apela para a desconstrução mantem-se as partes, assim sendo torna-se possível a reconstrução. Entretanto a frente ofensiva do PT se propõe a destruir o candidato, isto é fulmina, estabelecendo a meta de não deixar vestígios do que existiu.

A população, de um modo geral, tem a percepção superficial do que vem ocorrendo durante a gestão da nossa presidente. Entretanto está longe de enveredar pelos meandros da política e perceber o clima perverso instalado nos mais altos escalões para manter o domínio. Aqui não me refiro só a recursos econômicos que prestam bons serviços aos bolsos dos políticos, mas principalmente ao que se fez com a educação durante doze anos com o objetivo de manter os olhos do povo bem fechados.

O grande contingente formado por essas pessoas caba sendo atingida por uma propaganda tremendamente enganosa, sujeitos a uma verdadeira lavagem cerebral. Conheço pessoas graduadas que fizeram a opção de votar na presidente, devido ao risco da Petrobrás ser estatizada.

Com voz soturna e grave anuncia-se um futuro aterrador para quem pretenda votar em Aécio através de mensagens tais como: a Bolsa Família será cancelada, os bancos do governo cortarão o crédito, a Petrobras será privatizada (pensei que já tivesse sido privatizada pelo PT) e Armínio Fraga, um “verdadeiro bandido” será ministro da fazenda. Nem Pablo Escobar seria tão nefasto à nação.

O que vem à minha mente, diante do comportamento da presidente e da violenta campanha, é que essa equipe do PT não tem muito a oferecer até porque se tivessem competência para administrar o Brasil, sob a visão de uma política desenvolvimentista já o teriam feito nos doze anos que aqui estão.

Só posso desejar que Aécio reaja, não aceite a reversão dos papeis, retruque com firmeza, porém sem essa chocante agressividade e que possa oferecer ao povo o resultado da elaboração do seu programa e a viabilidade para executá-lo. 

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Das Cinzas ao Segundo Turno

Quem viu na Band o debate entre os candidatos presenciou a solidão de Aécio Neves e o abandono a que foi submetido pelos políticos. Com a rápida subida de Marina que chegou a trinta e cinco por cento nas intenções de voto, colocando Aécio em terceiro com quatorze por cento, seus parceiros não hesitaram e alçaram voo em busca do ninho de Marina. Enquanto Dilma e Marina estavam cercadas de pessoas que as acompanhavam na plateia, durante o debate, não havia ninguém do PSDB, prestigiando Aécio. Seu candidato à vice deixou o recinto antes mesmo de se iniciar o debate. Fiquei chocadíssima com esse fato.

No dia seguinte, lá estavam seus correligionários, incluindo o ex-presidente Fernando Henrique, como a oferecer apoio do PSDB à Marina. Fui eleitora do nosso intelectual Presidente que teve uma equipe econômica excelente. Impossível esquecer a inflação avassaladora que corroía nossos salários, a posterior conquista da estabilização da nossa moeda, assim como a contribuição de seus vários Ministros competentes e corretos. Entretanto, no meu modo de entender, o ex-presidente não mantinha e nem mantem um bom diálogo com o povo. Encastela-se na sua intelectualidade e profere alguns comentários pouco sensíveis e que ferem as pessoas. Mais de uma vez trouxe embaraços à candidatura de Aécio. Parece que o ex-presidente Fernando Henrique se esqueceu do que dizia Garcia Marques: só se tem o direito de olhar um homem de cima para baixo para ajudá-lo a levantar-se. O que se viu foi um empurrão para desacreditarmos na candidatura de Aécio.

Desejo abordar as enormes dificuldades que Aécio, como candidato, passou ao se perceber completamente só, em um incrível estado de abandono, presenciando a retirada dos companheiros que pleiteavam a sua candidatura à Presidência da República. Era um revés e tanto, capaz de deprimir, de enfraquecer qualquer um. Ressurgir das cinzas é bem difícil, mas ele virou uma fênix. 

Sozinho retoma sua batalha, confiante em sua carreira política de governador de Minas Gerais, onde obteve boa avaliação e como senador também aprovado. Empenhou-se em sua campanha e o seu telefone que já não recebia chamadas teve o seu destino mudado. Passou a funcionar, prestando “relevantes serviços”, atraindo novamente a classe política, mostrando-se vivo e disposto a lutar, levando alento e confiança à sua equipe assim como a necessidade de prosseguir em campanha.

Obviamente Aécio deveria estar muito humilhado com a atitude de seus correligionários que, além de não incentivá-lo, considerando-o perdedor bandearam-se para o lado de Marina oferecendo o talento dos técnicos do PSDB. Justiça seja feita à Armínio Fraga que não compactuou com esse movimento. Não tiveram nem tempo de pensar o que estava acontecendo e o que poderiam fazer para reverter aquele quadro desolador. Não compreenderam que perdedores eram eles que consideraram a batalha perdida antes da hora.  Como crianças acreditaram no fenômeno Marina, pode-se até pensar que o objetivo seria retirar o PT do poder, mas é claro que também procuravam um ninho para pousar.

Na campanha de Aécio parece que era proibido se referir a qualquer deficiência de Marina, pois ela precisaria ser poupada para se eleger. Ela, Marina poderia criticar Aécio, mas ele não, uma proposta maluca para quem está competindo. Foi nesse momento que ele decide se tornar um competidor e mencionar o comportamento de Marina, principalmente nas idas e vindas do seu programa. De candidato acuado, passou a apresentar uma desenvoltura compatível com a sua vontade de vencer, sem as amarras que pudessem prejudicar Marina.

A sua subida nas pesquisas foi lenta, mas cada pontinho lhe dava força, até que, sem nenhuma cola saiu-se muito bem no debate da Rede Globo, evidenciando o conhecimento que tem do país que deseja governar e muito preocupado com os rumos da economia. Conseguindo quase   empatar com Marina, Aécio percebeu a plateia do último debate preenchida, inclusive por Fernando Henrique. A essa altura, diante do seu ótimo desempenho, a revoada de pássaros  retornou.

Aécio demonstrou várias características psicológicas que são importantes para o cargo de Presidente da República: um grande espírito de luta, resiliência, confiança e esperança para prosseguir mesmo a frente do mais sombrio desfecho, pois se acreditava que Marina iria lhe tirar votos até dos mais leais seguidores em função do voto útil. Aécio conseguiu administrar as injunções psicológicas oriundas das humilhações e do desprezo que lhe impuseram. A confiança em se sentir o candidato mais bem preparado para ocupar a presidência foi um fator individual importantíssimo que permitiu a retomada de sua campanha. Apesar de toda essa trajetória sofrida, agiu com elegância nos debates, evitando agressões contundentes e tem se portado com a dignidade que o mais alto cargo do país merece.


Agora é continuar na tentativa de livrar o Brasil de um pesadelo.   

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

A Insistência no Erro

Como se explica que a corrupção seja fator quase inócuo no momento de se decidir uma eleição? Sempre imaginei que uma tenebrosa corrupção, nos mais altos escalões governamentais, poderia desfavorecer e até impedir a eleição de um candidato. Entretanto, parece que não existe correlação entre o desvio de vultosas quantias, de escândalos diários, do comprometimento de quase todas as Instituições em falcatruas e a nossa Presidente, que se diz não saber de nada, estar se mantendo em primeiro lugar.

Não posso deixar de levar em conta que a classe menos favorecida foi contemplada com algumas melhorias. Entretanto, se os recursos que foram surrupiados estivessem direcionados a favorecer todas as áreas que compõem o IDH, imagino o gigantesco salto em qualidade de vida que poderia ser alcançado por todos nós cidadãos brasileiros.

Levanto a hipótese de que estas pessoas passam a se agarrar ao pouco que têm com medo, diante da assustadora propaganda política, de que vão lhes tirar todos os benefícios (acredito que um deles deva ser deixar de tomar iogurte). Estudos apontam que as pessoas se tornam mais avessas ao risco quando estão em situações de falta ou escassez.

A escolaridade da nossa população é mantida a ferro e fogo nos mais baixos padrões. Não existe preocupação alguma com o ensino justamente para manter boa parte do povo nas mãos de políticos populistas. A proposta dos governantes é impedir que a população alcance um nível de instrução que lhes permita pensar o Brasil de um modo maior, onde haja significativo desenvolvimento do país na sua totalidade, beneficiando a todos nós.

Já me perguntaram se o povo é conformado e eu acho que é paralisado.

Segundo uma pesquisa realizada, a população que reside em favelas respondeu que se sente muito feliz em residir lá e não desejam se mudar de jeito nenhum (os gastos com serviços inexistem é verdade). A preocupação é com o dia a dia, desconhecem o significado da palavra cidadania e não percebem que contribuem para a monumental arrecadação tributária. São trilhões arrecadados que não lhe são devolvidos sob a forma de serviços essenciais básicos.

A cultura tem sido extremamente beneficiada nesse governo e lhe presta grande devoção. Aplacam a sua consciência referindo-se à inclusão social, à distribuição de renda e fecham a consciência diante de tudo que é surrupiado e que poderia ter sido evitado como a falência da saúde, transporte, habitação, infraestrutura e etc.

Torna-se totalmente incompreensível para mim que pessoas da classe intelectual, ditas da esquerda, não se envergonham de compactuar com os inimagináveis recursos que abastecem as contas bancárias dos tais protetores dos pobres que se fartam de mordomias esdrúxulas. Ou os nossos intelectuais não pensam ou odeiam a população carente e desejam que ela fique do jeito que está para que eles não percam, na escala social, o lugar de classe média.

Há um grupo de pessoas esclarecidas que veem e não veem a corrupção. Para elas é necessário manter, a todo custo, a sua crença de que o PT é o único partido que é capaz de se preocupar com o social e a pobreza. Não cabe, na sua realidade psíquica, a constatação da verdade de que esses anos todos eles têm apoiado um erro.

Na lista dos quarenta por cento que apoiam a nossa presidente estão os maus empresários, aqueles que superfaturam obras, que desconhecem a palavra planejamento, com o intuito de arrecadarem o máximo que puderem e sempre oferecendo o mínimo, com obras de péssima qualidade, algumas até desabando. Oferecem fortunas nas campanhas, sempre de olho no retorno deste investimento que é muito rentável.

Enigmática é a posição dúbia de Frei Beto que, fazendo parte do governo, se desincompatibilizou do cargo que ocupava por não concordar com as trapaças. Ele tem plena consciência da corrupção transcendental que assola o nosso país. Difícil é tirar o PT de dentro dele.     

Essa maneira de governar, mentindo, enganando o povo, fazendo uma campanha dolorosamente vergonhosa e traz consequências morais sérias. Hoje em dia não há a preocupação com o próximo, com a qualidade dos serviços prestados, com os preços exorbitantes cobrados, com o vale tudo institucionalizado. O negócio é ficar rico.


O exposto acima é uma tentativa de explicar os quarenta por cento da população que opta por votar no PT. Tento entender o que se passa nas cabeças dessas pessoas que insistem em apoiar um partido que se move através de esquemas criminosos fazendo de tudo para se manter no poder e que ironicamente surgiu como o partido da ética.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Os Formadores de Nem-Nem

Aluno veio do latim alumnus, “criança de peito,
lactente, menino” e, por extensão de sentido,
“discípulo”.  O verbo ao qual se liga é 
alere,
“fazer aumentar, nutrir, alimentar” e contrário
ao conhecimento popular não quer
dizer "sem luz". Fonte
Anda patinando em solo pantanoso a resolução do problema que envolve os cinco milhões e trezentos mil jovens na faixa etária entre 18 e 29 anos os que não estudam, não trabalham e não procuram emprego, formando uma vasta comunidade dos nem-nem.

As causas encontradas para esse preocupante fato, vão do governo aos pais, das escolas às empresas. Penso que realmente são Instituições que não estão cumprindo seus papéis a contento, mas uma delas que, sem dúvida alguma, encontra-se na base desta pirâmide, agonizando há décadas.

É bastante claro que muitos desses jovens foram criados em lares onde os pais também não trabalham, não se especializaram em nenhuma atividade e servem de modelos para as crianças. Esses pais contam com o auxílio do governo que não só os captura eleitoralmente como também evitam fazer parte do enorme contingente de desempregados, aumentando as estatísticas que mais atormentam o governo que é a do desemprego.

No meu modo de entender, a maior vilã dessa tragédia de jovens ociosos é a escola:

Estrutura física dos prédios deficiente, educação formal distante da realidade, socialização inexistente, o coletivo superando em muito a individualidade de cada aluno, ausência de práticas esportivas  engrossam a fileira da falta de atrativos escolares, levando à prática de atos violentos entre alunos e entre estes e os professores.

A violência é bastante sintomática, parecendo que estudar virou motivo de muito estresse para os alunos, com conteúdos maciços, acima do que as crianças possam aguentar, além de professores muito pouco entusiasmados e bastante exauridos.

Não é possível que profissionais pertencentes à área de Educação não percebam a grande farsa que estão representando e permaneçam nessa inércia, deixando os alunos despreparados, vivendo em um mundo cognitivo fechado, sem possibilidades. Há muitos anos, as professoras formadas no Instituto de Educação, recebiam de seus pais um anel onde havia uma pedra preta, ônix, com uma estrela incrustada, significando a proposta de levar luz, onde havia trevas. Acho que, no momento atual, essa metáfora só pode ser motivo de riso.

Torna-se urgente que especialistas em educação pensem que em um país desta dimensão um currículo nacional, centralizado, falha por não captar as diferenças e especificidades de cada região e de cada estado. Precisamos dar maior autonomia pedagógica para que as secretarias estaduais possam moldar currículos capazes de atender às crianças que residem em regiões tão diversas e que também tornem possível a experimentação de novos modelos. É preciso transformar uma escola velha em uma instituição moderna, renovada, que consiga modificar o tormento a que a escola se transformou não só para os alunos como também para os professores.

A prova do ENEM demonstra que o país inteiro tem que se preparar única e exclusivamente para o vestibular, alienando conteúdos de grande relevância regional. Se os jovens não se preparam na escola, fatalmente o emprego será difícil até porque as aptidões não puderam nem florescer, portanto seria desenvolver o que não existe.

Atualmente gastamos mais com o ensino superior do que com o ensino médio, uma verdadeira distorção do verdadeiro objetivo da educação. Gastamos mais para menos, mais uma vez o estado brasileiro é um Robin Hood às avessas, tirando dos mais pobres e dando aos mais ricos.

Não consigo parar de me estarrecer quando os candidatos a todos os cargos eletivos se propõem a cuidar da educação, repetindo maquinalmente suas promessas de verbas, de horário integral, creches e nem param para pensar no besteirol que estão prometendo, sem se dar conta de que o sistema educacional está no CTI.

Não dá mais para tampar o sol com a peneira porque os resultados aí estão: baixíssima eficiência do primeiro grau ao ensino médio, atingindo a universidade. Doutores que redigem mal, que não sabem pensar, que não tem crítica, que grunhem em vez de falar, mas que cursaram o terceiro grau para satisfazer os traumas do ex-presidente Lula.

Uma vida mental pouco criativa, sem interesses intelectuais e com excesso de ansiedade são presas fáceis da interconectividade, que dá a impressão de muito conhecimento imediato, mas sem nenhuma profundidade e que são deletados na próxima esquina, um simples acúmulo de informações inúteis para a aquisição de um pensamento conceitual.

Quando se negligencia a educação, o resultado é o que estamos presenciando: o despreparo para o trabalho, já que os jovens leem mal, escrevem mal e não têm um mínimo de capacitação técnica para o trabalho, sem falar no despreparo para a vida.

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

A Desarmonia Urbana de Eduardo Paes

Quando o Brasil foi escolhido para sediar os eventos esportivos, comecei a pensar nos anos de abandono que a cidade sofreria devido ao foco exclusivo às obras milionárias, falhando em todos os itens relativos ao bom andamento das instituições, resultando em um atendimento deficiente à população em áreas vitais básicas.

Lamentei os transtornos ambientais, é claro, devido ao gigantismo das obras, tremi quanto aos gastos faraônicos devido ao tipo de planejamento feito, isto é, sem planejamento, percebi o enorme rio de corrupção que desembocaria nas contas dos políticos. 

Passados cinco anos as contas chegaram às nossas mãos, um Rio de Janeiro desconfortável, violento, maltratado em todos os sentidos, fazendo com que a população, mesmo endividada, viaje sem parar com o objetivo de aliviar o estresse.

Eu acredito que somente a Secretaria de Obras esteja trabalhando, e pelo que tenho visto mal, haja visto o transtorno que o tatuzão provocou rachando alguns prédios da Rua Barão da Torre, causando pânico aos moradores. Acho inacreditável que mesmo sendo do conhecimento dos engenheiros de que se tratava de um terreno arenoso, não tomaram as precauções necessárias.

Hoje, entre outras mil coisas desagradáveis que tenho presenciado, gostaria de perguntar se a CET-RIO foi extinta. A razão é que as antigas vans escolares, que moravam em nossas ruas, foram substituídas por micro-ônibus Mercedes Benz com vinte e um lugares (já que não existem gastos com estacionamentos, a frota desta empresa se sofistica todo ano).

Esses veículos passam fins de semanas inteiros ocupando grande parte das vagas, em frente às nossas casas, prejudicando a segurança devido à perda da visibilidade. É uma visão aterradora ter sua rua transformada em estacionamento comercial. Essa desordem, fruto de vista grossa, contraria todas as regras e se trata de um atentado ao urbanismo que parece ser a marca deste governo.

Alguém sabe qual o objetivo da Seconserva?  Acredito que seja acolher apadrinhados. Além das árvores que já caíram aos montes no Leblon, e nesta semana no resto da cidade, podemos perceber pela foto o desespero desta maravilhosa amendoeira tomada totalmente pelas ervas-de- passarinho. Não há político que consiga convencer à Seconserva que precisamos salvar esta maravilha fadada ao tombamento, e o pior é que este é o único tombamento definitivo da cidade.
Outra aberração foi fotografada em um domingo de inverno no Leblon. No calçadão da praia existem dois quiosques feiíssimos, cor de abóbora, bem grandes, suficientes para a população, mas como no Leblon a aposta é quanto mais brega melhor, completava o cenário, duas barracas na areia, igualmente pavorosas e próximas do quiosque. Como é que a Secretaria de Ordem Pública autoriza esse horror? 


Por último, o Muro de Berlim do Leblon: Humberto de Campos, esquina da Rua Gal. Urquiza. Fiquei tão impactada com o projeto deste muro, que circunda o novo prédio, que comecei a observar os vários transeuntes que por ali passavam olhando incrédulos a última aberração do bairro. É bem claro para mim que nossa cidade, nas últimas décadas, vem sendo submetida a uma urbanização selvagem, mas com isso eu não contava.

E por falar em urbanização selvagem, hoje tivemos a tristeza de constatar que Eduardo Paes, nosso impulsivo Prefeito, não levou em consideração o parecer do Conselho do Patrimônio inteiramente contrário ao destombamento do cinema Leblon. Na esteira desse ato, consequências gravíssimas podem ocorrer. Existe uma população que aqui reside e que está sendo muito atingida em seus anseios e expectativas quando vê as suas representações amplamente ignoradas pelo Prefeito.

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Marina Silva: Entre o Discurso e a Prática

Marina que era do PV, depois foi para a REDE e
agora no PSB,enquanto lhe favorecer 
Quando um país se desorganiza econômica, moral e socialmente, instala-se um clima de tanta insegurança, de desesperança e de angústia que se cria um terreno extremamente apropriado para a busca de um salvador. Chegou a nossa vez de buscarmos a nossa Salvadora, Marina Silva, fruto emocional de uma população, cansada de ser  explorada por governantes, cujos únicos objetivos são eleitoreiros.

Em repetitivo mote “como Presidente trilharei o caminho de uma nova política”, a candidata do PSB ou da REDE, não consegui entender muito bem ainda, não deu nenhum tipo de explicação sobre como procederá para que se configure uma nova política. Ela deixa a cargo do imaginário popular o sonho de que a partir dela, na Presidência, vai ressurgir um novo Brasil.

De um país eivado de graves deficiências surgirá uma Shangri-lá. Nisso não existe nenhuma originalidade própria de Marina, pois esta visão em muito se parece com a de seu mentor político, o ex- presidente Lula, "aquele que inventou o Brasil". Vale lembrar que toda a trajetória política de Marina foi ao lado do PT, fazendo inclusive parte do governo do ex-presidente.

Creio que a ideia de uma nova política surgiu após o movimento de 2013, onde a população indignada revoltou-se contra a política e contra os políticos, assim como execrou a corrupção endêmica, os desvarios da Câmara e do Senado com seu toma” lá da cá “,a impunidade, as falências em diversas áreas essenciais à vida e ao desenvolvimento do país.

Esse intenso descontentamento foi creditado, também, a uma suposta nova forma de governar, cujo objetivo era permanecer no poder durante quarenta anos. Toda a equipe governamental se envolveu de tal maneira com esse projeto que acabou se esquecendo de problemas gravíssimos que ainda infernizam a vida dos cidadãos.  

Eis que diante deste caldo de amargura, surge a Profetisa Marina trazendo a mensagem de novos e maravilhosos caminhos, recheando de entusiasmo o vazio de quem tanto odiava os velhos caminhos.

À primeira vista, pareceu-me que a população se contentou com a nova política e os novos caminhos, sem precisar questionar em que tipo de aventura entraríamos. Penso, entretanto, que muitos desses revoltados, dentre os quais me incluo, desejam saber como isso será feito.

Retirando da pauta o mundo mágico de Marina, posso visualizar uma pessoa inteligente, bem articulada, com excelente fluência verbal, determinada a vender o seu pacote.  Por mais que se esforce por ser uma pessoa simples, a sua postura de superioridade política, pessoal e intelectual é chocante, como se ninguém se comparasse à sua integridade moral e competência.

Estranhamente na última eleição para presidente, Marina teve uma votação pífia em seu estado natal, o Acre. Quando confrontada com o fato, na entrevista do Jornal Nacional, ela afirmou que o baixo desempenho nas urnas se deu ao fato de que “havia contrariado o interesse de grupos locais”. Ora, se tal aconteceu, este é mais um motivo para que o povo votasse a seu favor, já que ela os teria defendido e protegido contra interesses “privados”.

Marina vende uma pureza patológica. A arte da política consiste, também, em fazer acordos que beneficiem o país, mas ela teme se macular ao conversar com políticos que, segundo a sua conceituação, não são da sua  estirpe. Mesmo que Marina possua boas ideias e, certamente, ela as terá principalmente no que concerne ao meio ambiente, precisará de ser sustentada por uma base política. Mas com tantas idiossincrasias, como poderá governar?

Procura se escudar de tamanha aberração com a seguinte frase: isso foi acordado com o Eduardo, não vou a tal palanque. O problema referente ao proprietário do avião também foi do partido que o contratou e com isso se isenta de qualquer responsabilidade. Marina Silva se esquece de que não é mais candidata à Vice- Presidência, mas à Presidente da República e precisa fazer uso das atribuições que lhe couberem.

Governar esse gigante não é tarefa simples, é bem diferente de discursar e de fazer promessas. Exige humildade para enfrentar tantos desafios,  amadurecimento psicológico, capacidade de liderança sem ofuscar a sua equipe, planejamento intenso, transitar entre os justos e os pecadores, isto é, lidar com um congresso viciado em benesses pessoais, formar equipes competentes e honestas e ter compaixão pelos milhões de brasileiros que simplesmente sobrevivem. 



   

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Marina e o Poder

A repentina e dolorosa morte de Eduardo Campos e o seu concorrido e divulgadíssimo enterro levou à Recife uma classe política heterogênea, deixando de lado as suas divergências, para se despedir de um jovem homem público que muito poderia contribuir para um Brasil melhor. É uma pena que Eduardo Campos só tenha sido descoberto, pela maioria dos brasileiros, após seu falecimento, até então a população sequer sabia da existência desse valioso candidato.

Impossível não sermos tocados por uma emoção deveras contagiante, uma grande sensação de perda e de perplexidade nos invadiu, colocando-nos mais ainda na rota de muitas incertezas.


A pesquisa do Datafolha realizada neste contexto de comoção geral, após a despedida de Eduardo Campos cujo enterro fora tão politizado, certamente trouxe os reflexos e um aumento de votos para o PSB e para Marina, uma consequência da forma emotiva com que o brasileiro vota.

A candidata Marina teve ótima votação nas eleições passadas, representando o seu antigo Partido Verde. Aparecia como uma pessoa honesta e uma alternativa para a política tradicional, preocupada com a sustentabilidade e o meio ambiente, fatores considerados relevantes mundialmente.

Entretanto um candidato que pretende trilhar a terceira via precisa bem mais do que isso. O Brasil possui dimensões gigantescas e, infelizmente, encontra-se em um atraso de dar dó. Além dos lastimáveis retrocessos nas tão conhecidas áreas de educação, saúde, transporte, habitação, podemos agregar o infortúnio de uma vasta população vivendo sob perigosa ameaça devida à ausência de saneamento básico.

Tudo isso se passa em um país que é a sétima economia do mundo, fato que muito me envergonha. Há falta de portos, ferrovias e rodovias. Perdemos em competitividade e em crescimento econômico, pois nossas mercadorias não conseguem ser escoadas. O agronegócio tão necessário quanto à preservação do meio ambiente demandam um trabalho político exímio de entendimento, de conciliação.

O que quero acrescentar é que, diante do tamanho de nossos problemas me parece muito difícil aceitar uma candidata que é individualista e centralizadora. Ela deixou seu Partido Verde após o malogro da oficialização da Rede de Sustentabilidade dirigindo-se ao PSB sem nenhuma comunicação aos seus correligionários. Mesmo que essa comunicação esteja sendo refeita através da intermediação do PSB, as sequelas de uma atitude que não contou com a anuência de seus correligionários não se extinguem com tanta facilidade. Falta, também, à candidata experiência administrativa que tanto Aécio apresenta quanto Campos demonstrou.

Marina Silva se diz cristã praticante, ela é evangélica, mas parece desconhecer passagens da Bíblia, onde o Mestre procurava conversar, livremente, com os seus seguidores e também com pecadores. A candidata se fecha como uma concha quando se depara com os que não comungam das suas ideias ou com os quais não simpatiza. O isolacionismo desvirtua a possibilidade de congraçamentos, alianças e impede uma desenvoltura política necessária a quem pleiteia o mais alto cargo do país.

Sua postura de não se macular com a presença de alguns políticos pode ser aplaudida por um eleitorado jovem, mostrando a sua obstinada coerência com o que acredita isto é, não ceder em nada. Considero extremamente preocupante e arriscada qualquer conduta baseada em radicalismo, como a que a candidata vem apresentando.

Eu penso que ela deveria aproveitar esse tempo que antecede as eleições para o exercício do diálogo, de certa tolerância, buscar incessantemente o seu crescimento e sair da cristalização que marca o seu perfil. Seu partido era o Verde, mas ela não pode estar verde para ocupar a Presidência da República.

Há divergências no próprio PSB que, a todo o momento, vem sendo dadas como resolvidas, mas não sabemos ao certo o que se passa. Ontem mesmo, dia 21 de agosto, o Secretário Geral do PSB e Coordenador da campanha, Claudio Siqueira, figura importante do partido, pediu demissão, incompatibilizando-se com a postura autoritária de Marina, diante de toda a cúpula de um partido que a acolheu. Também pediu exoneração o Coordenador de mobilização e articulação Milton Coelho. Resolver de forma satisfatória essas crises internas seria uma grande demonstração de capacidade política de Marina.

O Presidente da República necessita de dialogar com o congresso para poder governar. O Brasil é ingovernável sem o apoio do Congresso Nacional, onde mora grande parte dos problemas e da podridão da política. Estará Marina Silva preparada para enfrentar tudo aquilo que, nos últimos anos, encontramos manchando o nosso Congresso? Além de governar, o presidente precisa ser uma figura articuladora, capaz de conciliar diferentes interesses. Seu encapsulamento e sua postura de comando é tão entranhada em sua personalidade que automaticamente se evidencia. Ela não chega a perceber a existência de seus interlocutores, vai atuando e quando se dá conta fica difícil voltar atrás.

Caso a candidata não perceba a tempo a necessidade de ouvir, discutir, opinar, pensar, e muitas vezes ceder, sua mensagem enviada ao país não será a concebida por Eduardo Campos “Não vamos desistir do Brasil”, e sim “Não vamos desistir de mandar no Brasil”, substituindo a bela frase.

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

O Trauma dos Indecisos

Pesquisas de opinião nos trazem informações muito preocupantes. Significativa parcela da população está inteiramente descrente de qualquer candidato, preferindo não votar. As mesmas pessoas, que em 2013 saíram às ruas proclamando aos sete ventos a grande insatisfação com a política atual, parecem estar alheias e não confiam na possibilidade de sairmos da tenebrosa situação em que nos encontramos.

Há décadas convivemos com as mesmas caras dos políticos com suas manobras maquiavélicas, sempre usando o poder em benefício próprio, corrompendo até o “é dando que se recebe” de São Francisco de Assis, trabalhando três dias na semana quer na Câmara de Deputados quer na dos Vereadores. Dão um show de desconhecimento e de distância do povo que os elegeu e quando alguma mudança desponta nesse cenário, certamente será feita na base das capitanias hereditárias.

No meio desse joio encontramos algum trigo e, então, surgiram duas lideranças jovens se propondo a mudanças e se candidatando à Presidência da República: Aécio Neves e Eduardo Campos. Traziam alguma experiência em administração, pois ambos já foram governadores e também não estão cegos em relação às carências existentes da população no quesito infraestrutura. Não me pareciam dois maus candidatos.

Lamentavelmente perdemos Eduardo Campos, o que foi uma pena, pois há muito não surgiam no horizonte pessoas com propostas mais arejadas, sem o ranço da velha política. Certamente, caso não conseguisse se eleger como Presidente em outubro deste ano, ao que tudo indicava sua carreira pública ainda seria muito exitosa.

A causa desse torpor nacional parece estar ligada à descrença na classe política. Verdadeiro trauma tomou conta dos brasileiros e, como em qualquer situação traumática, surge a dificuldade em erradicá-la. Parece que fomos submetidos a um abuso e, diante da possibilidade de novos agressores, a fuga é o mecanismo mais indicado, conheço pessoas que nem abrem os jornais.

Creio que a solução encontrada por essa população, que deseja abster-se de votar, seria não se envolver com a política em nosso país. Em uma tentativa desesperada de evitar a dor, qualquer candidato será olhado com desconfiança e até indignação.

O nojo que a população criou da política nos afasta de qualquer debate ou iniciativa de envolvimento com os problemas da nação. A palavra político se tornou sinônimo de ladrão, o que se configura como um grande desrespeito àqueles que ocupam cargos eletivos e são honestos, afastando pessoas de bem da vida pública, abrindo caminhos para outros inescrupulosos, em um inestimável prejuízo à nação.

Falta informação quanto ao voto em branco ou nulo, muitos acreditam que se mais de 50% votarem deste modo, as eleições seriam anuladas.  Infelizmente não é este o caso, todos os votos brancos ou inválidos são removidos do coeficiente eleitoral, o que na prática diminui a necessidade de votos válidos para o primeiro colocado das eleições ser eleito.

Apesar de tudo, de ano após ano persistindo a maneira velha e escandalosa de nossos governantes exercerem o poder, penso que a fuga das urnas nos fragiliza e nos torna incapazes de reconduzir os pensamentos na direção construtiva de novos caminhos, novos ares, não só no crescimento econômico, mas também no social e ambiental. 

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Grupo Estação, Tubulações, Asfalto e etc.

Floração do jambo - Beleza da natureza
Cinéfilos encontram-se diante da possibilidade do Grupo Estação manter as portas abertas, o que é uma notícia maravilhosa. Foi realizado um acordo entre o Grupo e os credores que aceitaram receber 25 por cento da dívida, sendo o restante perdoado.

Penso que os cinemas estão nadando contra a correnteza, já que no momento atual, televisão, computador, netflix, bares e baladas se tornam divertimentos preferenciais em detrimento da sétima arte. É realmente lamentável que esse fato esteja ocorrendo. Entretanto, vamos lutar até o fim para manter viva, no Rio, essa arte maravilhosa, desde que esta batalha não vá de encontro às ponderações do Conselho do Patrimônio (vide o caso do Cinema Leblon).

Como empresa particular, o Grupo Estação tentou resolver seu problema sem necessitar envolver a Prefeitura. Vivemos atualmente em uma recessão, assim sendo, os empresários procuram administrar da melhor maneira possível o seu infortúnio.

Outra grande notícia se deve à possibilidade de se entender a malha do nosso subsolo. Após tristes acontecimentos, como as explosões dos bueiros que mostraram os riscos que a população corria diante de total desconhecimento do subsolo, foi dada uma atenção maior ao GEOVIAS (Sistema de Gestão de Obras em Vias Públicas). Qualquer prospecção do subsolo levava à escavações, causando enormes transtornos.

A participação da Geovoxel, empresa criada na Incubadora da COPPE-UFRJ,  dispõe de uma tecnologia geo-radar de modo a mapear as tubulações da CEG, Light, CEDAE, Oi e Embratel. Dispondo deste conhecimento, será possível obter informações sobre as tubulações e suas localizações com maior segurança evitando explosões e acidentes. Custamos a obter informação tão preciosa!  Foram décadas de atraso, mas graças à COPPE, estamos correndo atrás do tempo perdido. Aliás, a COPPE-UFRJ, devido à sua grande competência, deveria ser ouvida com mais frequência...

Quanto às más notícias: são inacreditáveis as constantes queixas dos moradores da cidade quanto ao asfalto das nossas vias. A Delfim Moreira, no posto 12, recebeu um asfaltamento tão precário que chega a se esfarinhar, um caso típico de serviço que nem de graça nos interessaria, quanto mais pagos a peso de ouro! As maiores façanhas das empreiteiras podem ser vistas nas ruas internas do Leblon, onde o asfalto não chega o meio fio, de modo que, em um bom pedaço se visualiza o paralelepípedo. 

Diante de tão belos serviços prestados, o Senado deverá revogar a lei 8666 e avalizar o projeto PLS559, no qual, expande o poder das empreiteiras, criando facilidades. Assim, os projetos ficarão inteiramente a cargo dos empresários de obras, cujas planilhas muitas vezes não são capazes de satisfazer aos requisitos de arquitetos e urbanistas. Quanto a nós, temos de conviver com serviços de qualidade inferior com custos estratosféricos.

O Rio está enfrentando, também, uma batalha jurídica. Sucessivas liminares, tentam manter a publicidade em espaço público,  resistindo aos decretos da prefeitura que buscam manter a cidade limpa. Não consigo entender a opção pelo que é desagradável, feio e capaz de manchar paisagem tão bela.


sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Aécio, queremos uma explicação

Nos últimos doze anos deste governo, marcas profundas ficaram em minha mente, dolorosas recordações dos malabarismos que tinham como objetivo encobrir a verdade. O que era óbvio, documentado, comprovado nas incríveis falcatruas foi submetido a distorções tão intensas que os falsários acabavam no colo do governo como grandes vítimas da oposição, simples perseguidos políticos.

Qualquer governante é passível de cometer erros e, em se tratando de uma a máquina pública gigantesca, é facílimo a ocorrência de desvios. Caberia a um governo sério, sempre que ocorressem fatos nocivos ao erário, se desculpar perante a nação, apurar os fatos e punir os responsáveis. Esperamos, em vão, que isso acontecesse.

O candidato à Presidência Aécio Neves tem sofrido várias especulações a respeito da construção do Aeroporto em Cláudio, enquanto governador   de Minas Gerais. A população brasileira clama por mudanças, são várias as que precisamos, mas existe uma que pode marcar um grande diferencial.

Trata-se de se dar explicações bem pensadas, tranquilas e se houveram equívocos relativos a esse acontecimento que sejam esclarecidos. Considero um fato grave ultrapassar esse momento em que explicações se fazem necessárias, apelando para o fato de que o dinheiro gasto no Aeroporto é ínfimo comparado aos bilhões que vem sumindo do erário.

Nenhuma subversão do dinheiro público, independente do tamanho,  se equivale a outra. A discussão de quem roubou mais ou menos não os tornariam menos culpados, caso as suspeitas que recaem sobre Aécio sejam verdadeiras.

As estruturas da confiabilidade, da correção administrativa, do respeito ao dinheiro do povo, do investimento maciço em infraestrutura e que nos moveria do lamaçal da descrença para a esperança não poderão ser perdidas neste momento.

Não desejamos um santo, nem tampouco um salvador, mas um ser humano que pode até errar, mas que se responsabilize perante à nação pelos seus erros. Não existe nada que dignifique mais um homem do que admitir equívocos.

A desesperança de encontrar pessoas compromissadas com a sociedade está impedindo nossos jovens de votar. Será que existe cenário mais desolador para um país do que esse? Tenho ouvido com frequência a frase: "não vou votar porque é mais do mesmo".

Não estou mencionando esse fato devido ao escândalo e proveito político que o PT pensa que vai tirar da construção do aeroporto em Cláudio. A janela de vidro do PT não tem tamanho, é incomensurável. Reduzir a disputa eleitoral a qual candidato é menos desonesto seria afastar ainda mais esse gigante que é o Brasil do caminho da moralidade.

Nessa linha de marcar as diferenças, estará um programa de governo capaz de dar conta dos estragos, sem enganação. É comum no ardor das campanhas surgirem promessas impossíveis de serem cumpridas até pela poderosa Angela Merkel. A população precisa acreditar no que é real e possível e não em delírios e fantasias do impossível.   

A crise moral na qual estamos inseridos, devido ao relativismo moral, traz consequências perversas: “se o Presidente não precisa seguir as leis, por que eu deveria fazê-lo?” É o típico pensamento do brasileiro, e com esse tipo de conduta não existe contenção dos impulsos. Passamos a viver em uma sociedade agressiva e sempre com receio de retaliações. Voltamos à barbárie.