sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Desencantos com o Leblon - parte II

Como é que uma concessionária como a Light consegue prestar um serviço desta natureza no Leblon? Podem checar: Av. Bartolomeu Mitre, esquina com Alfredo Russel
Poste bizarro do Leblon -patrocínio da Light

Pequenas ruas como João de Barros, Artur Ramos e demais logradouros do Leblon recebem um tratamento digno. Respeitam-se as esquinas, não há carros com motores ligados em espera poluindo o ambiente, tudo como reza a cartilha da CET-RIO. Trata-se portanto de um modo agradável de se viver.

Rua João de Barros, onde as REGRAS DE TRÂNSITO SÃO RESPEITADAS

Outras como a Des. Alfredo Russel e as duas quadras finais da Gal. Urquiza foram agraciadas com o título de Lixo do Leblon. Tudo que se pode chamar de desordem urbana ali reside. Transformaram um local tão aprazível em lixo, no sentido literal do termo. Os carros estacionados em todas as esquinas dão cobertura aos vândalos para colocarem restos de obra e até mobiliário nas esquinas. O desrespeito impera e mesmo com essa ótima campanha do lixo zero continuam procedendo dessa forma. 

Ambas as esquinas: direita e esquerda totalmente ocupadas
Evidências do engessamento de um local outrora agradável 

Também contamos com estacionamento privativo de uma frota de vans escolares. São veículos de seis toneladas que param às nossas portas por 45 dias nas férias. Há demanda por vagas, mas não podemos dobrar as leis. Todos na rua desejam saber quem autorizou tamanha agressão ambiental e qual o motivo dessa incrível discriminação. A qualquer hora do dia ou da noite essa bagunça permanece.


Desde 2010 esse abuso e descaso da CET-RIO

A pequena praia do Leblon também perdeu os seus encantos. Virou quintal da Cervejaria Itaipava que não se sente nenhum um pouco constrangida ao colocar suas barracas, em número gigantesco, disputando um exíguo pedaço de areia com os banhistas. Também não se envergonha de exibir um fabuloso plástico azul como cobertura, gerando mais poluição visual na nossa tão linda praia. 

Em alguns lugares da praia os barraqueiros formam um paredão
com seus estabelecimentos a poucos centímetros um do outro.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Conquistas e desencantos (com fotos)

Conquistas: 


A visão da linda praça Baden Powell, graças ao trabalho
do Vereador Marcelo Queiroz na organização da rua.


As cadeiras e mesas retiradas da exígua calçada que sobrou dos
avanços absurdos da aberração mor que se chama Boteco Belmonte


Estando a cidade em obra, só posso parabenizar o Dr. Carlos Roberto Osório
que foi in loco comandar o caos que se instalou na cidade,
além de ter traçado estratégias para minorar o sofrimento da população.

Desencantos:


A ausência da COMLURB no que se refere às árvores:
o quê fazer com essas raízes tão protuberantes?
Passar nesse trecho da rua já é uma dificuldade para pessoas comuns,
imagine para um cadeirante! Um verdadeiro abandono...


A poda das árvores que só é feita quando atrapalha a fiação,
no mais deixa-se a erva-de-passarinho destruir essa maravilhosa árvore. 

Outra empresa também no topo da lista das aberrações absurdas é a Light,
além de faltar luz com frequência no Leblon, ainda precisamos conviver com dezenas
de postes enferrujados, alguns ameaçando cair.


O despreparo da Baía de Guanabara para as Olimpíadas
é indescritível. Em que século ela será despoluída?

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Rua Dias Ferreira: Passa-se o Ponto

O Troigros mesmo com sucesso de público
 não é uma garantia para 2014
O jornal O Globo dedicou, em 14-11-2013, uma página inteira intitulada: Passa-se o Ponto.
A reportagem versa sobre os estratosféricos preços exigidos para as lojinhas do Leblon, sabendo que estas contarão certamente com as calçadas (alias, a prefeitura poderia cobrar IPTU também pelas referidas calçadas desses estabelecimentos).

O que se tem observado, com frequência, é a intensa rotatividade dos estabelecimentos comerciais que ali se instalam e, fatalmente, após pouco tempo se tornam disponíveis para novo aluguel. O óbvio motivo é que receita e despesas acabam resultando em prejuízo.

Foram ouvidas várias pessoas relacionadas à situação comercial do Leblon. A senhora Evelyn Rosenzweig, atuante presidente dessa Associação, deu enfoque ao funcionamento do metrô, a  partir de 2016, como elemento propiciador de muita expectativa quanto à movimentação comercial no bairro. Como consequência desse fato os preços dos imóveis teriam disparado.

Gostaria de abordar outro ponto de vista a respeito da chegada do metrô ao bairro. Existe uma população, tanto na zona norte como na zona oeste, economicamente bem favorecida, que no meu modo de entender gasta até mais que os moradores da zona sul, que obviamente não usarão o metrô. Os mais ajuizados usarão táxi devido a essa maravilhosa Lei Seca, outros trarão seus carros, símbolos de sua ascensão, que serão entregues ao Valet Park que os estacionarão no primeiro buraco que encontrarem. Essa população já frequenta a tão famosa Dias Ferreira.

As pessoas que utilizam o metrô, não existe aí nenhum preconceito meu até porque considero  esse meio de transporte ecologicamente correto, não dispõem de recursos para aceitar os altos preços do Leblon. Precisaremos de muitos anos para que se tenha transporte público de qualidade e que a população consiga deixar de usar seus carros, como acontece em Nova Iorque onde as pessoas saem à noite usando o transporte público, independente da classe social.

Outra pessoa ouvida foi o senhor Wagner Figueiredo, Corretor de Imóveis Especiais, que relata que os preços altos cobrados pelos proprietários não atrapalham porque o mercado no Leblon “vai muito bem obrigado”. Não é essa a opinião de uma proprietária de várias lojas no bairro vazias, há bastante tempo, porque ela só deseja aluga-las para um tipo de comércio que atenda à classe AAA. Ela está certa, pois alugar não é muito difícil, o grande desafio é mantê-las.

A última opinião chamou muito a minha atenção e foi a de um homem simples, mas bom observador. São suas estas palavras: o comércio vive de altos e baixos, pois o pessoal quer novidade. Se não, o tempo passa e o lugar fecha. Ele está falando da inconstância do público que frequenta a Dias Ferreira. Há vários motivos para isso: Por exemplo, são pessoas, em sua maioria, cuja efervescência mental está diretamente relacionada ao estímulo externo, ansiando por novidades, por expectativas que lhes tragam muita emoção e alegria; há também aqueles que gostam de ver e serem vistos no pontos ditados pela moda do consumo. É de se esperar, então, que o estabelecimento novo comece bombando e rapidamente se torne velho e sem graça.


A reportagem mostrou, também, que nosso Prefeito, preocupado com o Leblon, Área de Proteção do Ambiente Cultural, apressou-se em oferecer ao bairro a garantia “da preservação de práticas e costumes do modus vivendi carioca”. Assim sendo, o alvará para o estabelecimento necessita de uma análise da Subsecretaria do Patrimônio Cultural. Gostaria de pedir, ou talvez a palavra seja implorar, para que seja colocada nesse alvará a preservação da pratica e do costume do nosso “modus vivendi” de DORMIR, porque o Leblon além de ser um bairro de bares, também é residencial. 

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Um Porto (não tão) Maravilha

O Prefeito Eduardo Paes pretende incentivar a construção de habitações na Zona Portuária. Foi enviado à Câmara dos Vereadores dois projetos que objetivavam oferecer incentivos fiscais aos investidores que desejassem atuar nesse local e construíssem moradias  no Porto Maravilha, assim como promoverem adaptações nas construções antigas que fazem parte da Apac Sagas (Saúde, Gamboa e Santo Cristo). A proposta seria a construção de 28000 habitações.

Para ter direito aos vários benefícios precisarão concluir os prédios do Porto Maravilha em 48 meses. Se os imóveis estiverem situados na Apac Sagas o prazo será de 24 meses.

O que me chamou a atenção é que para a Zona Portuária as unidades habitacionais poderão ser bem simples, por exemplo, não será exigido dos condomínios a existência de garagem, ou seja, algumas unidades TALVEZ tenham uma vaga. Não ter garagem, que certamente será a preferência dos investidores, é o que choca.

É do conhecimento de todos a lavagem cerebral a que nós somos submetidos através de todos os meios de comunicação para a aquisição de veículos e a consequente felicidade das montadoras, mesmo que quebremos a Petrobrás com a defasagem do preço da gasolina. O resultado é o que se vê hoje, engarrafamentos impensáveis.

Essa  escada é tombada pelo Patrimônio e fica no Leblon,
mas isso não a impediu de ser usada como garagem,
com direito a capa e tudo.
A oferta do Prefeito pode parecer a algum incauto que ele esteja na contramão dessa orgia predatória e esteja estimulando o transporte público, em vez do uso do automóvel, porem ele está contando com as ruas, as garagens serão as ruas. Todos os carros bonitinhos enfileirados no meio fio.

Por mais bela que seja uma cidade ela não resiste a estas manobras. Somos guiados por uma inconsciência ambiental que degrada, recaindo sobre as nossas políticas econômicas, sociais e ambientais.

Entendo que o Prefeito apostou muito no Porto Maravilha e não está obtendo o resultado esperado o que é bastante frustrador, mas para a cidade, no momento em que está se construindo algo novo, em pleno processo de gentrificação não é desejável que se pense só em termos de 2016, mas que seja estabelecido um planejamento a longo prazo. Nós sabemos que mesmo pessoas muito simples, de baixo poder aquisitivo, possuem o seu carrinho ou sonham em adquirir um. Qual a contribuição estética que, esses milhares de carros estacionados na rua, darão ao novo bairro que, por sinal, é apacado?

Não é justo que, nós que pagamos por tudo, que sofremos as agruras das obras, das obstruções das vias, da poeira, tenhamos como recompensa os restos mortais dos jogos Olímpicos. As transformações que desejamos são para além de 2016, como Barcelona que brilha 20 anos depois dos jogos.

A nossa cidade, como toda metrópole, está em processo de urbanização muito rápida. Considero imprescindível que nossos líderes municipais dialoguem com segmentos representativos da população tais como arquitetos, urbanistas, designers, ambientalistas e até ativistas de modo a dar conta das transformações sociais, econômicas e urbanísticas pelas quais estamos passando, com resultados favoráveis.

A estrutura física de um prédio ou da cidade não pode em hipótese alguma estar distanciada da 
população que nela reside, sob pena de graves consequências.

Essa intensa dissociação em que vivemos hoje acarreta aberrações difíceis de se conviver. Tome-se como exemplo uma rua em que exista um pequeno comércio e que dialoga de forma harmoniosa e feliz com seus moradores. De repente, a rua passa a abrigar dezenas de bares e restaurantes subjugando a população que lá reside , tratando-a como se fosse um mero objeto, tornando a situação tensa e conflituada. Não há exigências de que sejam ambientes fechados, com tratamento acústico, de forma que os moradores tenham direito ao seu repouso. Ao contrário, as exigências são de varandas, isto é mesas nas calçadas. Qual o nome que se dá a isso? Talvez perversão de um modelo urbanístico.

Parece ser norma, na cidade em que vivemos, tomarmos a parte no lugar do todo. O uso que se faz das águas de nossa linda Baía de Guanabara, despejando toda sorte de dejetos está matando os nossos golfinhos, que são o símbolo do Rio de Janeiro, estão se escasseando, mais uma vez se privilegia o lucro, a insensatez e se esquece da existência dos golfinhos, seres vivos. Talvez esperem que eles tenham a mesma resistência de aço que nós, desta cidade, precisamos adquirir para enfrentar tantas condições desfavoráveis.

Qualquer planejamento que se preze, precisa ter regras que priorizem a qualidade de vida da população local, assim como a agradabilidade, e porque não preservar a estética? Se não conjugarmos a população ao meio ambiente, nós estaremos construindo cidades desumanas, onde a mão do homem estará a serviço da destruição.