sexta-feira, 29 de julho de 2016

O Brasileiro Continua Sangrando

Não podemos esquecer o nosso protesto dia 31 de julho. A lava Jato está em grande perigo, pois o número de denunciados cresce a cada dia. A proposta do senador Renan não só restringe as investigações, denunciando que a equipe investigadora abusa da autoridade, como também usa seu cargo de senador para calar as investigações. O próprio juiz Moro alerta para isso. E para completar o ex-Presidente Lula, que corroborou para o caos em que vivemos, nos denunciou à ONU.

Sei que o clima é de festas devido às Olimpíadas, mas é imprescindível focar na grave situação política em que vivemos.
Acho que o país merece que nos dediquemos uma manhã a ele.

Progresso na economia é um fator importantíssimo, mas será inócuo se a crise ética e moral que abalou o Brasil continuar minando os tributos que, com sacrifício, pagamos.

Os trabalhadores brasileiros recebem seus salários e, se ganham acima de R$ 4.664.00, pagam de imposto de renda 27,5% sobre seus proventos. Será que devemos concordar que os 500 maiores devedores continuem sem pagar os 392 bilhões que devem à receita federal?

Para completar, essa semana o presidente do Bradesco foi pego na Operação Zelotes tentando comprar decisões do CARF (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), órgão da Fazenda responsável pelas análises das pendências fiscais.

Esse dinheirinho, esgotadas todas as sindicâncias, precisa urgente de estar à disposição do país e seria uma injeção e tanto no combalido Brasil.

Com as Olimpíadas chegando a pressão popular tende a diminuir, pois quando o ufanismo estoura na “praça”, esquecemos que há quinhentos anos somos um país de miseráveis. Medalhas no Brasil?  Só se forem nos indicadores sociais e são bem negativos. É um dos países mais desiguais do mundo, onde 71 mil brasileiros concentram 22% de toda riqueza.

Vivemos situações medievais onde uma classe imoral dita as normas e regras de moralidade e com isso a cada dia somos mais miseráveis. No século XXI funcionamos nos moldes de capitanias hereditárias.

sexta-feira, 22 de julho de 2016

O "Progresso" do Leblon

 O Leblon está completando 97 anos e é tido por muitos como o bairro mais nobre da cidade, e merecia ser tratado e cuidado de acordo.

Há muitos anos vivo aqui e, por isso, muitas histórias vêm à minha mente. Era um bairro simples, arejado, com alguns botequins, com a Casa Santa Cruz, que devida à nossa luta não cedeu à ânsia imobiliária e hoje se transformou em “Santa Cruz Objetos de Decoração”, com o açougue Talho Capixaba, que se tornou Padaria Talho Capixaba, cujos proprietários mantem o mesmo jeitinho carinhoso com que sempre trataram o Leblon, farmácias e vizinhos que amavam o bairro e lutavam por ele.

Inesquecível a jornada que fizemos quando o ex-Prefeito Luiz Paulo Conde sugeriu que passasse um túnel sob o Morro Dois Irmãos, com o objetivo de desafogar o trânsito. Muitas reuniões no Colégio Stella Maris que era pequeno para abrigar autoridades governamentais, vereadores que lutavam pelo bairro e um contingente enorme de moradores. Por fim, aí está o Morro Dois Irmãos majestoso, preservado, enfeitando a paisagem.

Saturnino Braga e Cesar Maia deram ótimas contribuições, o primeiro com o gabarito baixo e o segundo com reformas sensatas, cujo arquiteto era Indio da Costa que deixou o bairro lindo. Cesar Maia também criou a APAC (área de proteção do ambiente cultural) com o objetivo de impedir que os prédios pequenos fossem demolidos e também não podemos nos esquecer do Favela Bairro que ajudou muito as comunidades.

Assim podíamos ver o céu, árvores floridas, estacionamento de um lado só da rua, contribuindo para que o meio ambiente fosse harmonioso, agradável e não sufocante como hoje, depois da tomada de carros em esquinas, sem nenhum respeito pelo código de trânsito.


A vida muda, veio o que chamam de progresso, trazendo a gentrificação, novos moradores, muitos artistas, e o Leblon, bairro pequeno foi tomado de assalto por um comércio que muitas vezes não preza pelo bairro. Frequentemente, nos deparamos com algumas lojas de material construção que usam as ruas como quintal de suas casas. Surgiram bares e com isso muitos visitantes que se divertem, gritando e bebendo, e depois vão dormir em suas casas, enquanto nós, ficamos à mercê de calçadas e vias totalmente tomadas, e um barulho infernal a noite toda.

A população residente é outra, espírito individualista, se contenta em morar no Leblon e pronto. Não resido perto de nenhum bar, mas me compadeço das pessoas que não dormem, não podem ouvir música ou ver TV e todas as vezes que sou convocada para participar de alguma manifestação compareço, mas é sempre frustrante, a população reclama, mas não sabe lutar pelos seus direitos.

O espírito de união que fortalece qualquer reivindicação acabou. Não há espaço nas calçadas para ninguém. Muito doloroso foi presenciar uma jovem mãe passando com um carrinho duplo, com dois bebês pela rua Venâncio Flores, enquanto o bar fervilhava na calçada.

Fiscalização? Nenhuma, se tivesse o prefeito não se chamaria Eduardo Paes! Só o atual prefeito, com a sua equipe de “excelente de projetistas”, conseguiu transformar a Praça Antero de Quental em Chernobyl ou Navio Afundando, como dizem alguns. Sem árvores, sem aconchego, deveriam pedir perdão ao Indio da Costa que foi o autor do antigo projeto.

Saudosismo meu ou dificuldade de lidar com a ausência de posturas municipais, com a lei do silêncio, com estacionamento em qualquer lugar, com a desordem urbana? Esse é o Leblon que agrada ao prefeito, que o considera um bairro cosmopolita.

sexta-feira, 15 de julho de 2016

A Oportunidade Perdida

As Olimpíadas estão se aproximando e torço, sinceramente, para que possamos ter dias de festas, de ordem, de uma generosa recepção aos atletas mundiais que se esforçaram, durante anos, para nos mostrar a excelência de suas performances. Mas infelizmente, há poucos cariocas entusiasmados com os jogos que começam mês que vem.

Sabemos que serão dias difíceis para nós que moramos aqui, pois nossos deslocamentos estarão cerceados devido aos corredores olímpicos criados para o deslocamento dos atletas, assim como muitos feriados deverão ser agendados, tornando difícil o exercício de nossas profissões.

Não vou negar que senti muito desassossego ao ser informada de tantos eventos (Copa, Jornadas e etc.), terminando com as Olimpíadas. Logo me veio à cabeça os excessos que nossos governantes costumam fazer. Na ânsia de se exibir ao mundo como um país pródigo, com uma natureza abençoada, procedem à uma orgia de recursos que me trazem tristeza e revolta.

No entanto, deu-se um tiro no pé, já admitido pelo maior entusiasta do evento, nosso prefeito. Creio que os legados deste evento nos trarão muitos problemas, pois serão necessários R$ 100 milhões ao ano só para se manter os parques Olímpicos. Tantas promessas não foram cumpridas, como a despoluição da Baia de Guanabara.

Como esquecer do lago artificial feito em Deodoro para as Olimpíadas que custou R$20 milhões e que exige muita manutenção para ser útil à população? Todos sabemos o fim dessa história, um verdadeiro escárnio.

Penso que as euforias iniciais, daqui para frente, precisam ser confrontadas com a realidade. A cultura da conservação não existe. Chega de obras, daqui para frente só o que for de absoluto interesse da população.

Breve teremos outro prefeito e não poderemos mais concordar com o desrespeito ao nosso dinheiro. Precisamos exigir que se gaste em nosso benefício. O Rio precisa tanto de obras de saneamento, melhores salários para professores, hospitais que funcionem, médicos para nos atender, assim como obras de conservação, não só de viadutos como do mobiliário urbano.

Do outro lado a população também precisa colaborar. Não é possível que seu inconformismo com essa cidade desordenada, caótica, seja expresso destruindo o que encontram pela frente, sejam ônibus, trens, estações de BRT, praças e matando até pessoas. Verdadeira calamidade.

No último ano vimos como a pressão popular tem força sobre a política. Os cariocas precisam se unir e mostrar seu descontentamento, de forma pacífica, nas ruas e nas eleições que estão por vir.

sexta-feira, 8 de julho de 2016

As Lágrimas da Hidra

Por que chorou Eduardo Cunha diante dos telespectadores ao renunciar à Presidência da Câmara? Como é que aquele homem que se mostrou impassível diante das dúzias de impropérios que ouviu durante a sessão em que se procedia o impeachment da Presidente Dilma, conseguia manter a compostura e simplesmente dizia “seu voto deputado”, chorou ao renunciar à presidência do Congresso? Cunha é dotado de uma inteligência invulgar, conhecedor profundo do regimento da Câmara, exímio articulador político de seus pares corruptos, fisiológicos, ávidos por benefícios próprios e que através de mil subterfúgios prorrogavam a sua permanência na presidência da Câmara. Por um tempo, excessivamente longo, foi salvo de ser afastado pelo conselho de ética. Blindagem quase perfeita. O Presidente da Câmara se aferrava na impunidade que sempre assolou o Brasil, acreditava no poder de suas macabras manobras, e também sabia que a maioria dos políticos, com honrosas exceções, eram cobertos de atos ilícitos. Os escândalos se avolumavam, a pressão para que deixasse o cargo passou a ser constante e até o Presidente interino o aconselhou a renunciar. Em sua renúncia, lágrimas rolam pelo seu rosto, seria por sua família? Seus sentimentos recônditos estariam aflorando? Acho que não, Cunha chorou porque perdeu o que ele mais preza, o Poder. Poder que ele achava lhe dar o direito de estar acima das leis e da sociedade, poder de se sentir impune, blindado. Poder diante de um Congresso assustador, perdido nos meandros do egoísmo e da incompetência, com ele reinando com sua objetividade maquiavélica. O Poder perdido o confronta com o seu interior, a fragilidade, os limites que a vida nos impõem e a derrota da sua onipotência, e na queda expondo sua família de forma irreversível. Vamos esperar para ver o que acontece, Cunha como a Hidra de Lerna teve uma de suas cabeças cortadas, a de presidente da Câmara, mas ainda lhe restam muitas outras, a de deputado, pastor, financiador de campanha e etc.

sexta-feira, 1 de julho de 2016

Narizinho e o Marquês de Rabicó

"Propinal, por que eu mereço!" - Gleisi
A mais recente maracutaia descoberta é escandalosa até para os padrões do Brasil. A criatividade do mal não tem limites! Foi descoberta uma taxa dentro dos empréstimos consignados realizados por 800 mil funcionários públicos destinada ao financiamento de um grupo do PT e do PMDB.
Sobre o pagamento de cada parcela da dívida pesou uma taxa extra que irrigou os bolsos dos fraudadores. Esse dinheirinho do golpe que vem sendo aplicado há cinco anos, gerou a “insignificante” cifra de R$ 100 milhões! Tamanha aberração levou a prisão do ex-ministro Paulo Bernardo, marido da atual senadora Gleisi Hoffmann, mas foi libertado ontem mesmo pelo misericordioso ministro do supremo, Dias Tofolli, ex-advogado do PT.
Com a vida caríssima, os salários minguados, sempre crescendo abaixo da inflação declarada, o empréstimo consignado muitas vezes é única solução emergencial para um funcionário público.
Triste é descobrir que ainda precisa pagar um “pedágio” para abastecer fraudadores. Isso é roubar dos mais necessitados no seu momento de maior penúria. Este fato é tão escandaloso que parece até coisa de miliciano.
Tenho a impressão que o fator dinheiro assumiu tal proporção em mentes perigosas, que as manobras para ficar rico passaram a ser despudoradas. Pode-se esperar qualquer atitude indecente partindo dessa cabeças.
Vivemos um período negro, onde a sordidez tomou o lugar do amor humano, da lealdade, do fazer o bem, de ser íntegro. Nossas vidas são preciosas demais e não podemos aceitar que sejam vilipendiadas dessa maneira.
A minha preocupação com escândalos como este é que podem deixar a população tão acostumada com o absurdo que ela comece a utilizar o mecanismo da anestesia e ache tudo isso “normal”.
Necessitamos urgentemente de pessoas públicas acostumadas com valores mais elevados.