sábado, 23 de dezembro de 2017

Feliz Natal

O clima do Natal que envolve a cidade, apesar de todos os desafios que enfrentamos, é capaz de diminuir a enorme desagregação e unir um pouco as pessoas.

A solidariedade, o olhar ao próximo e a afetividade presente deveriam permanecer o ano todo.

Se nessa época, emoções tão fortes preenchem nossas vidas é porque habitam em nós.

Em um exercício diário, tentando lidar com o atraso econômico, científico e tecnológico, e com todos os crimes cometidos contra a população, trazemos de volta esse clima para nossas vidas.

O Brasil é de todos, não poderá continuar a ser o de alguns e onde uma imensa população é esquecida diariamente.

Em um dia como hoje, fica claro que podemos ser pessoas melhores, merecedoras de um país melhor.   
Feliz Natal a todos e nos vemos em 2018!
Marbel

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

O Leblon Que Não Sai Na Mídia

A maioria das pessoas que compartilha nesta página coloca suas observações de modo afável e elegante, mas por vezes, por morar no Leblon, sou ridicularizada ou debochada por leitores que imaginam a minha vida em uma bolha de riqueza, enquanto o resto da cidade mergulha no inferno.

Resolvi contar algumas histórias de pessoas da minha proximidade. A começar pela minha redondeza, onde muitos moradores precisaram vender seus imóveis, devido ao alto custo do condomínio e do IPTU. Geralmente são pessoas idosas, não mais produtivas, e que viviam dessa “beleza” que se chama aposentadoria.

Muitos escolheram a Barra onde ficam isolados, sem automóvel e já mais velhos, a autonomia para sair chega ao fim. A essa tristeza deram o nome de gentrificação.

Igualmente difícil se tornou a vida para alguns moradores, profissionais liberais na faixa dos cinquenta anos, porque nessa miséria que colocaram o Rio, vender a própria moradia é uma aventura. As contas vão chegando, a cada dia mais caras e para pagá-las, juntamente com as escolas dos filhos, a opção pela sobrevivência é vender o carro, se deligar do plano de saúde, se tornar vegetariano etc.

Vários deles são ex-alunos de bons colégios, formados e até pós-graduados, e no momento em grave situação financeira.

Na era anterior à Manoel Carlos, que trouxe seus artistas que em nada contribuíram para o bairro, o Leblon era elegante pela simplicidade, majestoso por seus prédios pequenos e suas lindas árvores cheias de passarinhos, organizado com o estacionamento do lado esquerdo da rua, alegre e com a vizinhança educada.

Havia pouquíssimos restaurantes, mas muito bons, a doceria Petit Fours que acabou de fechar as portas, juntou-se a longa lista que inclui o Caneco 70, o Cinema do Leblon, Letras & Expressões e tantos outros.

Hoje, os passarinhos foram substituídos pela assustadora desordem auditiva dos bares como o Belmonte e as lindas ruas, principalmente as mais residenciais, serviram de escoadouro para o entulho de carros, micro-ônibus, vans, fretes e até caminhões que se alojam nas ruas.

A visão dos porteiros é obstaculizada. Sem nenhuma punição, os desordeiros cometem um crime ambiental, porque nos tiram o direito de ir e vir. Até as esquinas são tomadas e o panorama visual, outrora belo, se tornou sufocante.

Esse é o cenário do bairro atualmente, embora não tão agradável ainda é valorizado, muitos moradores antigos permanecem e tentam reverter alguns inconvenientes, há ótimas pessoas de todas as classes sociais, muito além dos estereótipos que povoam o imaginário dos cariocas.

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Nem Ódio Nos Une

Favorece ao projeto ambicioso e maníaco de poder do Presidente Temer essa confusão política em que o país se encontra. Bradando resultados econômicos e chamando para si o papel de gestor de reformas, algumas até estapafúrdias como o semipresidencialismo, Temer vai pavimentando seu caminho. Como todo governo autocrático, se apropria das festas natalinas, e enquanto a população se distrai tudo que lhe seja favorável é aprovado.

O Brasil é um país caracterizado pela injustiça, arrecada-se uma fábula em impostos da classe trabalhadora, mas a reversão desse dinheiro se esvai em roubos, gestões fraudulentas, falta de projetos a longo prazo, falta de lealdade ao povo, não chegando à população em termos de benefícios.

Enquanto essa fantástica e perversa manipulação de “melhoria Brasil” vai se infiltrando nas mentes brasileiras, é chocante a constatação de que milhões de vidas são perdidas devido ao sucateamento da saúde e da falência da segurança.

Perdemos o valor da vida, a dignidade humana, e as mortes passam a ser tratadas como algo cotidiano, banal, que não nos afetam porque são os outros que estão morrendo e não nós, até o dia que ela se apresente à nossa frente, seja pela violência ou pelo infortúnio de se depender do Estado. 

Alardeia-se que o desemprego está em queda, mas não se declara que 75% das vagas criadas são informais ou seja: dos 2,3 milhões de vagas, 1,7 milhão não têm carteira assinada, dados divulgados pelo IBGE. Poucos observam que estamos em época de festas e por isso mesmo os contratos são temporários. 

Não se cogita mencionar, e muito menos questionar, o aumento a cada dia, em progressão geométrica, da pobreza e da miséria brasileira que explode em nossos corações, enquanto 10% dos mais ricos detêm 43,4% dos rendimentos do país (dados do IBGE). A aceleração da desigualdade é acachapante.

A conta dessa balbúrdia presidencial geradora de tramoias, chega até nós, poucos investimentos, incertezas e uma tremenda violência. Nas redes sociais tanto faz direita ou esquerda, o ódio a Temer é enorme, mas isso não os une. A população está se odiando, brasileiros contra brasileiros, não se importando a classe social ou grau de instrução em um movimento autofágico.

É inacreditável que o foco, objeto de indignação e irritação, que deveria estar centrado em Brasília, esteja entre nós e essa desunião impede reações conjuntas. Enquanto isso em Brasília...