sexta-feira, 2 de março de 2018

O FIM da APAC do LEBLON

Em 2001, pequenos prédios do Leblon foram apacados, isto é passaram a pertencer à APAC (área de proteção do ambiente cultural). No bairro se mesclavam construções não muito altas e outras menores, algumas bem projetadas e outras engraçadinhas.

A ideia era fazer do Leblon, que era pequeno, uma acomodação, uma conversa entre os prédios, as ruas e os moradores. Sempre preservando o ambiente de modo a evitar o aspecto sufocante de outros bairros, manipulado pelas construtoras.

Entretanto, nem todos são iguais perante às leis. No Brasil e no Rio a cada dia proliferam os poderosos, ou seja, contingente que funciona acima da lei. Eles submeteram um abaixo-assinado ao Prefeito Paes, que também não é de brincadeira, para que fosse permitido ao Cinema Leblon (uma jóia Art Deco) a construção de escritórios em caráter excepcional.

Esse abaixo-assinado englobava quinze pessoas, não moradoras do bairro, com exceção da presidente da AMA Leblon, que também é Presidente da Associação Comercial do Leblon (onde já se viu tamanha aberração?). O pedido era destinado ao Cinema Leblon, mas nós sabíamos que se tratava de um cavalo de Tróia.

Foi uma gritaria geral, somente após muitas lutas dos moradores conseguiu-se manter a fachada do cinema, mas por trás haveria um espigão de consultórios, que por sinal a obra ainda não deslanchou e está parada até hoje.

Lamentei muito essa decisão porque sempre lutei pela APAC e sabia da sanha desenfreada dos construtores pelo bairro. A largada foi dada e já se destruiu uma casa na Humberto de Campos, e em seu lugar foi construído um monumento à feiura. O prédio é todo cercado por um muro alto, e a garagem é vizinha à portaria, mas a grife é Mozak Engenharia.

Penso que muitos moradores ainda não se deram conta do que vem pela frente. Agora, o mais lindo prédio do bairro, na praça Baden Powell, motivo de postagem minha, encanto de milhares de pessoas que passam para admirá-lo, sofrerá a mesma enganação do cinema Leblon, mantem-se a fachada e um tijolão atrás. Outra construção da Mozak.

Nós que vivemos aqui estamos compreendendo que não temos história, nem passado e nem futuro, mas um presente sempre com alguma novidade contra a comunidade. Leis e decretos podem ser mudados de uma hora para outra. A preservação e o cuidado ambiental inexiste.

Enquanto isso, as redes quase centenárias de esgoto e iluminação, estão se arrebentando, basta olhar o que sai dos bueiros. Onde havia quatro famílias agora são dez ou vinte e temos de pular amarelinha nas calçadas para nos livrarmos dos dejetos.

O Rio está aniversariando e o Leblon ganhou esse castigo. A visão do entorno era paradisíaca, com o céu e o sol brilhando nas nossas cabeças, e que de certo modo aliviava os transtornos emocionais que a cidade nos oferece. Estamos perdendo a graça e as características.

É impressionante a degradação em todos os bairro, parece que nossos destinos é viver sob o manto da insensatez onde a esperteza é a tônica.

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