sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Uma Lei feita por 1,3 milhão de Bêbados

O Brasil ainda está em festas, mas notícias abrumadoras teimam em manchar o cenário de alegria.

A lei da Ficha Limpa, uma das maiores conquistas da sociedade, com 1,3 milhão de assinaturas, aprovada pelo Congresso em 2010 e considerada constitucional em 2012, está com seus dias contados. Sem faltar ao respeito, o Ministro Gilmar Mendes joga pesado quando se refere à Ficha Limpa da seguinte maneira “parece que a lei foi feita por bêbados”. Se existe falhas na lei, elas poderiam ser consertadas, nunca inutilizadas.

Na medida em que o Supremo libera a maioria dos prefeitos considerados inelegíveis pelo Tribunal de Contas e, portanto, sem condições de concorrerem às eleições, e se transfere para as Câmaras Municipais o direito de aprovarem as contas dos candidatos, estaremos de volta com os corruptos mandando no país.

Para se ter uma ideia, o Legislativo, que se intitula como eficiente, ainda não votou as contas do governo Executivo de 1988! Agora imaginem as Câmaras Municipais de todo Brasil... Conferir aos vereadores essa tarefa que, certamente não farão, conhecendo o corporativismo que assola os vereadores e também seus calcanhares de Aquiles, podemos concluir que todos os corruptos estarão de volta, sempre fantasiados de homens sérios.

A lei da ficha Limpa trouxe rápidos avanços na higienização da classe política. Graças a ela 4,8 mil candidatos das próximas eleições foram impedidos de concorrer. No entanto, com o novo entendimento do STF os casos de improbidade não serão impeditivos e estes representam 84% das candidaturas impugnadas.

Essa lei revolucionária foi uma grande arma no combate à corrupção neste país. Essa mesma corrupção, que parece estar em todos os lugares, suga os recursos e impostos que nós pagamos e os desviam CONTRA nós. Afinal, grande parte da roubalheira é feita para se manter no poder. Enquanto isso vemos gerações e gerações de miseráveis, sem escola, sendo cooptados pelo crime, tantos perdendo a vida, sem futuro e cujo único objetivo é escapar da polícia.

O STF nessa canetada intempestiva arrancou de nós grande parte dessa frágil esperança de que estávamos melhorando o sistema eleitoral e caminhando para um futuro mais justo. Em outubro estarão de volta às urnas milhares de corruptos.

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

A Mais Nova Crise do Bondinho

Hoje vamos falar sobre a nova crise que vive o Bondinho de Santa Teresa. Ainda não encontrei um adjetivo capaz de ilustrar a balbúrdia e os milhões gastos a rodo, sem recorrer à uma palavra imprópria. O bondinho, como todas as obras, foi entregue às empresas que apresentaram só o projeto inicial.

Em 1877, portanto em uma época sem grandes avanços tecnológicos, foi criado o bondinho que em 1896 passou a ser elétrico e funcionou até 2011. A Secretária de Transporte, liderada por Júlio Lopes, o deixou em situação lastimável. Por falta de freios, seis pessoas perderam a vida e cinquenta e seis se feriram.

Há cinco anos estamos observando as obras de recuperação, tempo exageradamente longo que por si só é um absurdo. Nós, os contribuintes, merecemos uma explicação para os valores gastos. O orçamento inicial era R$ 58,6 milhões, e após sete aditivos passou a custar R$ 125 milhões.

A Secretaria Estadual de Transporte justificou os gastos adicionais com a necessidade de obras para remanejar tubulações e melhorar a captação de água pluvial.

Esses aditivos têm o nome de VERGONHA! O projeto básico não compreendia todas as especificações da obra. Com a certeza da possibilidade dos aditivos, vai-se usando e abusando de verbas públicas.

Esse encanto que é o bondinho agora tem as obras paradas. O Estado não tem recursos nem para pagar os funcionários que estão vivendo dias de penúria.

Como todos os arquitetos sabem, os empreiteiros precisam apresentar ao governo um projeto bem detalhado e estudado, sabendo-se de antemão tudo que será necessário fazer. Idealmente, deveria haver um seguro que opere fiscalizando os trabalhos e garantido o custo original da obra.

O povo precisa exigir dos governos que qualquer obra só poderá ser executada depois de bem analisada. Esse país de miseráveis não pode dar cheque em branco para empreiteiras irresponsáveis que tomam o nosso dinheiro e devolvem aberrações como a obra parada do bondinho.

120 anos depois do bondinho elétrico, com inúmeros avanços tecnológicos, parece que perdemos o elemento mais essencial: a moralidade pública.

domingo, 7 de agosto de 2016

O Brasil em que eu quero viver

Este é o Brasil em que eu gostaria de viver. O espetáculo de abertura das Olimpíadas encheu minha mente, cansada de batalhar por uma vida melhor, de esperanças.

Rosa Magalhães, Débora Colker, e toda a equipe que trabalhou nessa apoteótica apresentação, deram um show. Planejamento, disciplina, muito trabalho árduo, pontualidade, elogiável criatividade e, usando tecnologia de ponta, desvendaram ao mundo a nossa história.

A artista plástica, cenógrafa e figurinista Rosa parece que escolheu a dedo o melhor de nossas canções, homenageando Ari Barroso, Tom Jobim e Vinicius e emocionou a plateia quando trouxe nosso hino tocado e cantado por Paulinho da Viola.

Os bailarinos de Débora nos edifícios deram um show de graciosidade e coragem. E a gracinha que foi o 14-bis? Para mim um dos pontos fortes foi não se ter abusado da sensualidade, tão clichê quando se fala de Brasil.

Espetáculo harmônico, cabendo perfeitamente dentro de nossa situação econômica, mostrou ao Brasil como se pode fazer maravilhas sem esbanjar os nossos escassos recursos.

Os homenageados foram bem escolhidos, como Guga nosso eterno tricampeão em Roland Garros na Pira Olímpica e Rosa Célia, médica maravilhosa que construiu um hospital para crianças cardíacas, exemplo de mulher à serviço de sua profissão.

As delegações de jovens atletas entraram no ritmo da alegria contagiante e praticamente caíram no samba. A Equipe Olímpica de Refugiados levantou o Maracanã, um dos momentos mais bonitos.
Lamento que muitos Chefes de Estado não vieram prestigiar seus atletas devido ao clima de medo que se instalou no país.

Não me canso de dizer que o Brasil tem profissionais do mais alto gabarito, dos cientistas, aos arquitetos, paisagistas, médicos, economistas, funcionários, etc. cujo trabalho dignifica a profissão e nos faz prosperar.

Enquanto milhares de voluntários estão oferecendo seus esforços, de graça, para contribuir para o sucesso do Brasil nessa festa, nós temos na contramão milhares de políticos que ganham e roubam muito para dar marcha ré no país.

O Brasil tem muito a mostrar ao mundo e precisamos sair da posição de vira-lata, não é complexo não, somos realmente motivo mundial de chacota. E ainda convivemos com essa classe fantasiada de poderosos, mas quase toda bichada, mandando e desmandando e que eternamente nos deixará com o pires na mão.