sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Uma grande vitória com o Belmonte, e outras conquistas das ruas

Foi uma luta muito grande contra as irregularidades do Boteco Belmonte, minha paciência realmente  não esmoreceu após enorme espera, porém o resultado chegou. Veio aos poucos, primeiro tive a satisfação de ver a retirada das mesas, cadeiras e bancos nas árvores, naquele exíguo espaço.

A segunda conquista se deve à retirada do armário embutido da rua, deixando pequenos exaustores em cima, mas embelezaram o local com vasos de plantas, restringindo um pouco  o impacto causado pelo avanço do Boteco na calçada.

2012: Com equipamentos à mostra e avançando sobre a calçada


2014: Mudança positiva


Certamente o arquiteto Helio Pelegrino e o proprietário do Boteco respeitaram a rua e mostraram que há maneiras de se suavizar o que era degradante. Ainda falta muito para melhorar a obstrução da passagem e o barulho, mas vamos chegar lá.

Os moradores dos bairros precisam confiar que, quando suas reivindicações são justas, a favor do meio ambiente e da qualidade de vida, poderão ser atendidas desde que juntos lutemos por elas.

Outra batalha vencida, desta vez com a ajuda do vereador Marcelo Queiroz, foi a poda da raiz de uma árvore que inviabilizava a passagem dos pedestres e se não tivéssemos cuidado o tombo seria certo. Falta tirar a segunda árvore na mesma rua.



Um crime foi cometido contra a rua Des.Alfredo Russel. As autoridades permitiram estacionamento de longa duração para várias vans escolares, caminhonetes de frete à venda, Kombi velha e estacionamento nas esquinas! A ambientação da rua se tornou inteiramente desqualificada. Nossas autoridades deveriam tentar conciliar as necessidades da cidade e o respeito aos moradores das localidades onde são feitos esse desmandos.




Todos esses problemas ocorrem numa rua que já teve grande beleza, como podemos ver neste maravilhoso flamboyant florido, junto com outros, que resistem enfeitando a rua Des. Alfredo Russel mesmo com tantas ingerências negativas. 



sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Os Black Blocs e a Janela Quebrada

A morte absurda do cinegrafista Santiago Andrade banhou de tristeza a população da nossa cidade. Perdemos um profissional excelente, premiado duas vezes, que se embrenhava em lugares difíceis, com o intuito de nos trazer todo tipo de informação, contribuindo para o exercício de uma imprensa livre. Este cidadão se arriscava diariamente para nos levar onde normalmente não iríamos.

Santiago pode não ter sido, aparentemente, o alvo direto das ações terroristas do Black Bloc, mas todos sabemos do ódio que eles demonstram nutrir por jornalistas. Essa turma deseja ser “livre” para esbanjar o turbilhão de ataques violentos que inundam suas mentes e se inebriar com a volúpia que isso que isso lhes causa.

A morte de Santiago completou um assassinato anterior cometido por esse hediondo grupo. Eles mataram o sonho de milhões de brasileiros, jovens ou não, que saíram às ruas, clamando por um Brasil melhor. Era uma luta travada contra os abusos dos políticos, contra a corrupção obrigatória em todas as Instituições, contra a escandalosa desigualdade social e quanto a tudo que faz esse país, rico de potencialidades, permanecer, na escala mundial, nos últimos lugares em situações essências para o desenvolvimento.

Lamentei muito, em postagens anteriores, que os indivíduos do Black Bloc não foram levados a sério, pareciam até que estavam sendo bem-vindos, pois o barulho das ruas com suas bandeiras e reinvindicações, incomodava a inércia dos nossos políticos e os tirava do dolce far niente de suas vidas. Jamais vi a Câmara dos Deputados tão repleta.

Hoje, próximo à Copa, os políticos parecem estar correndo atrás do prejuízo de ter uma legislação que não aborda esse tipo de terrorismo que esses predadores da cidade, do Brasil e do povo cometem. Uma pergunta que não sai da minha cabeça é: a quem interessa essa violência? Pela revelação do Caio Silva de Souza, alguns desses vândalos são financiados, possivelmente, pelos próprios políticos.

Tenho acompanhado, apreensivamente, a escalada de atos violentos em nossa cidade. Pessoas que sofreram assaltos ou se sentiram ameaçados e prejudicados, nos dias de hoje, procuram justificativas para esta turbulência em nossas vidas: a primeira diz respeito aos marginais que, vendo seus tóxicos-negócios diminuírem, estão se transferindo para as calçadas desta cidade ou para outros municípios; a segunda se refere ao policiamento das UPP, que obviamente se faz necessário, porém esvazia o resto da cidade de recursos policiais. São hipóteses possíveis.

Gostaria de acrescentar mais uma: desde junho, com o aparecimento desse grupo destruidor, presenciamos ataques periódicos à cidade e à população, que culminaram com a morte de um dedicado profissional da área jornalística. A polícia, que ainda age nos moldes do aparelho repressor dos tempos da ditadura, também tem sua parte no rol de atitudes desumanas que destroem o senso de justiça e direto, mas hoje estamos falando especificamente dos manifestantes mal intencionados que saem de casa com a intenção de destruir e causar o caos.

Toda essa orgia de agressividade ocorreu, todo este tempo, sem nenhuma consequência. Será um convite a atos violentos? Os exemplos são inúmeros: assaltos de vários tipos, os ônibus, repletos de adolescentes, provenientes dos subúrbios com o intuito de provocarem arrastões nas praias.

E os rolezinhos? E a quantidade enorme de ônibus queimados? O que dizer de várias UPP em pé de guerra? Não estariam todos contando com essa aberração que existe no Brasil que se chama leniência?

Curiosamente, após a ditadura, qualquer tentativa de se estabelecer regras, fazer cumprir as leis é vista como repressão, coisas da direita, linha dura, arrocho, ditadura. Como se fosse possível, milhões de pessoas conviverem com toda essa desordem que existe sem escorregarem para a barbárie. 


Existe uma teoria sobre atos de menor potencial ofensivos que não são apurados. Estes podem ser o caminho de entrada para crimes mais graves. A Teoria da Janela Quebrada (Ou Partida) nos diz que uma janela quebrada aumenta as chances de que outra seja apedrejada, e que consequentemente a região se torne mais propícia a delitos mais graves. O mecanismo por trás deste fenômeno seria a demonstração de falta de estado ou policiamento, acendendo o sinal verde para criminalidade.

sábado, 8 de fevereiro de 2014

O paradoxo do estar plugado

O MINISTÉRIO DO DESPLUGAMENTO ADVERTE: O TEXTO ABAIXO PODE CAUSAR REFLEXÃO, ENJOO, INDIGESTÃO, MAS É NECESSÁRIO.

A busca do estar plugado, que é estar fechado em si mesmo, não é uma busca de entendimento interior, ao contrário este é evitado tenazmente de modo que não surjam emoções; é orientar-se pelo mínimo de contato com o mundo exterior. Auxiliado por várias causas emocionais, culturais e tecnológicas, esse fenômeno novo atinge de modo significante a capacidade de se aprofundar e perceber o mundo externo e interno com mais frequência.

Um dos reflexos são os relacionamentos de hoje que são tão superficiais e descartáveis, não há envolvimento pessoal, estes não sobrevivem ao primeiro atrito, e logo são substituídos, isso quando não já existe uma relação paralela servindo de salva guarda.

Existe uma busca por uma felicidade idealizada, onde não há frustrações, tristezas, dias ruins, desencontros e dificuldades. Há uma hipersensibilidade a qualquer coisa que impeça que seus desejos sejam realizados. Parece que fomos criados sob a ilusão do “felizes para sempre”, mas a realidade é muito diferente do que é mostrado no entretenimento. A felicidade não é um estado continuo, e sim uma alternância muito saudável, por sinal, entre estados mais alegres e tristes. Alias, atualmente não existe mais tristeza, só depressão, e para isso tomam-se remédios para que seja erradicada rapidamente (o que não acontece).

As consequências são muito sérias: as pessoas são imaturas, despreparadas para a vida acadêmica e profissional, onde a atenção é necessária. Estudar e trabalhar passam a ser um fardo terrível de modo que vivemos sempre na expectativa do lazer e dos feriados. Não se vive o momento, mas a espera do que está por vir.

Cito também como exemplo a vida comunitária, no bairro, na cidade e no país, pois não se luta para melhorar as condições ambientais ou sociais, como se esses indivíduos não fizessem parte do esquema, vivendo num isolacionismo doentio. A medida que a unidade chega a seu menor ponto, o individuo, este supõe que não precisa mais do suporte do grupo, e luta apenas pelos seus próprios interesses e direitos. O risco deste comportamento é a alienação ao outro, e a relativização do que é certo e errado, sempre favorecendo a si mesmo.

Há muitas possíveis causas para esse fenômeno:

o esvaziamento da vida familiar, que pode explicar grande parte da ausência do sentimento de comunidade e da solidão, mesmo em meio a multidão;

a rotina de trabalho exaustiva que separa os pais de seus filhos e gera um sentimento de culpa atenuado por bens materiais que por sua vez desencadeia uma sociedade baseada no consumo como forma de criação de identidade;

a aversão a dor, como se esta fosse algo não-natural, mas que na verdade tem grande importância no desenvolvimento dos indivíduos;

uma cobrança por estar informado, todos somos obrigados a ser obsessivamente informados sobre o que ocorre, apenas de modo superficial, é claro;

e muitas outras.