sexta-feira, 27 de junho de 2014

O custo para se salvar o Cinema Leblon

O Cinema Leblon, na Avenida Ataulfo de Paiva 391, 
foi inaugurado em 29/09/1951 e funcionou até 30/09/1975, 
quando foi substituído pelo Leblon 1 e Leblon 2. 
(fonte: http://www.fotolog.com/luiz_d/19654623/)
A notícia do fechamento do cinema Leblon trouxe grande inquietação aos corações e mentes dos admiradores da sétima arte. Sou uma cinéfila de carteirinha, amo cinema, em especial o cinema Leblon com a sua arquitetura, mesmo carecendo de conforto.

Sei que esse é um assunto sujeito a controvérsias, mas acho importante que a razão e a emoção possam estar em pleno funcionamento, pois do contrário, poderemos estar contribuindo para um desfecho puramente emocional ou até comercial, o que no meu modo de entender, seria dramático.

O jornal O Globo publicou, no dia 25/6/2014, um abaixo-assinado sob o título de SALVE O CINEMA LEBLON. Trata-se de um pedido ao nosso Prefeito Eduardo Paes para que se sensibilize e permita a construção de um edifício comercial que seria o financiador viável para a execução do projeto que conglomerariam três cinemas, uma livraria e um café.

Chamou a minha atenção não ser mencionado que estamos falando de um prédio tombado pelo Patrimônio devido ao se projeto arquitetônico e pertencer ao estilo art déco, especificamente mencionado na lei de 2001 que preserva o ambiente cultural do Leblon.

Os signatários dessa carta ao Prefeito são cinquenta e oito profissionais: vários cineastas, muitos artistas, alguns jornalistas, poucos médicos, um engenheiro de petróleo, empresários em número proporcionalmente maior e um arquiteto especializado em decorações de interiores.  Não foi nenhuma surpresa constatar que nenhum arquiteto ou nenhum urbanista participasse desse abaixo-assinado.

O bairro é constituído por um tripé formado pelo ambiente, moradores e a atividade comercial. Qualquer decisão tomada que indique a supervalorização de um aspecto em detrimento do outro ou dos outros estará cometendo um grave equívoco, comprometendo ainda mais o incipiente planejamento urbano do bairro.

Gostaria de tecer alguns comentários:

Creio que se torna necessário pensarmos, no momento, a cultura na qual estamos inseridos. Sou completamente fanática pela cinematografia e muito assídua às salas de exibição. Minha observação é de que o esvaziamento dos cinemas é chocante, os frequentadores semanais são, em maioria esmagadora, formados por pessoas idosas, em geral muitas mulheres e alguns casais. Os jovens vão pouco ao cinema, apenas nos grandes lançamentos. Assim todas as salas de cinema parecem estar operando com prejuízo, não se trata só do cine Leblon.

Um verdadeiro amante de cinema costuma rejeitar filme na TV, filme é no cinema! O delicioso clima intimista da sala de espera, a tela enorme e as maravilhas que a arte cinematográfica nos oferece, nos conteúdos, nos atores, trilhas sonoras, fotografias, costumes e todo o visual que compõem o filme não exercem suficiente atração nos jovens.

Nossos jovens, desde pequeninos, estão imersos na computação e poucos fazem uso dessa ferramenta para experimentar a sétima arte. Concomitante a isso, a TV marca sua presença com extensa programação fazendo com que a juventude se isole em suas casas, sem experimentar o aspecto coletivo de se estar no cinema. O terceiro concorrente, este no meu entender o pior deles, são os bares. Qualquer profissional da área de saúde mental sabe que é um desatino o excesso de bares com muita proximidade entre os mesmos. Só aqui no Leblon, há na Dias Ferreira, quatro bares colados, e pouco adiante, um maior conhecido pelo codinome de Terror dos Moradores. Os jovens preferem ver e serem vistos em bares, colocando fotos no Facebook e Instagram, do que irem à salas escuras com estranhos experimentar outras fontes de cultura.

Voltando a questão, a emoção não deve obscurecer a razão e nem os aspectos legais. Atos dessa natureza formam uma rede negra de consequências desastrosas para o Leblon. Só o Cinema Leblon teria direito a ser uma exceção?

A abertura desse precedente é perigosíssima e sombreia o nosso bairro, já tão desfigurado.  O Leblon possui centenas de prédios “apacados” que buscarão, sem sombra de dúvida, os mesmos direitos concedidos ao cinema Leblon. Seria uma tremenda arbitrariedade permitir um prédio comercial no cinema Leblon e deixar os outros sem igual tratamento.

O imediatismo para solucionar o problema do proprietário do cinema, que vê no seu terreno um potencial econômico maravilhoso (peço desculpas pela minha franqueza, mas deve haver outras saídas para o cinema que não seja essa), pode trazer consequências dramáticas para a vida de milhares de moradores desse bairro. 

O Leblon não tem mais por onde se alargar, o tecido urbano já foi esgarçado muito além do que era possível para um bairro de dimensões mínimas.

Na carta, há uma menção de que o Rio de Janeiro é exportador de cultura para o Brasil e para o mundo. Privilegiar a atividade comercial e permitir que os moradores sofram as consequências é um indicador de cultura? Compactuar com leis que fluam de acordo com a conveniência dos proprietários dos imóveis, mesmo que estejam provocando controvérsia? Será uma atitude culta se projetar um adensamento populacional, sem precedentes, caso haja revisão dos outros prédios?

A pressa pode impedir que se tomem atitudes corretas e justas. Nessa lista há alguns nomes de grande respeitabilidade, mas será que podem substituir uma apreciação dos que aqui residem? Aos que mencionaram a cultura, quero lembra-los que o respeito aos cidadãos desse bairro, faz parte de uma bagagem cultural.

Daqui a 50 anos, talvez não tenhamos mais nenhum cinema de rua ou de shopping, no entanto a decisão que for tomada agora pode significar: manter uma relíquia, uma verdadeira joia arquitetônica de um tempo passado, intacta para registro de nossa história, ou permitir a construção de mais um espigão num bairro que vem sendo marcado pela recente descaracterização. Essa solução é mais uma ação paliativa para tentar manter no “CTI” um grupo de cinema que passa dificuldades financeiras, a pergunta é quanto tempo ela ira durar e que preço pagaremos por isso.


sexta-feira, 20 de junho de 2014

O estranho caso do Cinema Leblon

O fechamento do cinema Leblon será, creio eu, um golpe muito grande para os amantes da sétima arte, entre os quais me incluo.  Compreendo perfeitamente que a família Severiano Ribeiro não deseje operar no prejuízo, mas a alteração do cinema, além dos entraves legais, isto é, o cinema é tombado pelo Patrimônio por se tratar de um prédio art déco, existem muitos motivos para que essa preservação se mantenha, mas tratarei de dois.

O primeiro se refere ao entrave ambiental e cultural: compete ao órgão que instituiu o tombamento do cinema cuidar da área do entorno, portanto, o que estiver próximo ao prédio não poderá ser descaracterizado de qualquer maneira. O Leblon não comporta a existência de novos prédios comerciais pela própria dimensão do bairro. Antes do início das obras do Metro, o volume de transeuntes pelas vias principais já era intenso. Podemos bem imaginar o adensamento populacional advindo da abertura das novas estações metroviárias.

O tombamento, quando indicado, tem objetivos determinados, mas não impede a venda do imóvel, trago o exemplo de duas grandes amigas que possuem casas em locais privilegiadíssimos e que estão lidando, com o tombamento das mesmas, da melhor maneira possível. A casa dos meus pais, em área muito valorizada, foi desapropriada; a situação de tombamento acarreta dificuldades inferiores a um bem sujeito à desapropriação, e assim foi feito.  Contra as decisões da prefeitura não se tem poder, porém nesta situação em questão há alguma influência externa?

O segundo entrave se refere ao impacto legal e ético: que privilégio é esse da família Severiano Ribeiro? Impossível que não percebam a situação complexa advinda dessa nefasta intenção. Os moradores dessa cidade só poderão visualizar duas situações: ou se procede ao destombamento geral com grande prejuízo para a história dos prédios, dos bairros e da cidade ou estaremos assistindo a mais uma arbitrariedade. 

Será que as leis funcionam de forma diferente de acordo com as pessoas? A ideia inicial da família Severiano Ribeiro sempre foi a de se construir pequenas salas de projeção, o que considerei uma ótima solução, mas no momento para que isso ocorra torna-se necessário a construção de um prédio de escritórios.

Quando se procedeu, no governo de Cesar Maia, o “apacamento” de prédios no Leblon surgiu como uma política de preservação do ambiente cultural. Esses prédios podem não ter grande valor arquitetônico, mas eles compõem o ambiente com grande harmonia e graça. Muitos proprietários tem mantido seus pequenos edifícios arrumadíssimos e são vendidos com excelente preço, até porque internamente são permitidas modificações. Os atuais donos de apartamentos se alvoroçaram diante dessa novidade e questionam a evolução desse caso para que não se cometam injustiças.

Essa fluidez das leis permite situações que são extremamente desagradáveis. Tenho recebido notícias de que à Rua Des. Alfredo Russel número 188 onde existe um prédio belíssimo que há quase vinte anos não recebe uma pincelada de tinta. Ele está em franca decadência, completamente diferenciado de outros pequenos prédios existentes na rua que são impecáveis. O que contam na rua, é que os moradores deste edifício aguardam um novo prefeito que poderá retirar o prédio da área de proteção cultural. A vizinhança fica chocadíssima, mas a visão econômica, ultimamente, ultrapassa tudo. O desleixo, a agressão ambiental e até a falta de consideração com a vizinhança, tudo isso se esvai quando a ambição é privilegiada acima de qualquer coisa. Talvez este seja o caso dos proprietários do cinema Leblon, o que seria uma pena, visto que a dedicação à cultura permeou suas vidas.

Cabe ao Conselho Municipal de Patrimônio examinar com cuidado essa proposta do Cinema Leblon. Não se pode esquecer que o bairro é área de preservação do ambiente cultural, de modo que qualquer ideia que surja quanto ao futuro do cinema deverá ser minuciosamente estudada para não se agredir mais uma vez a essa joia que foi o bairro do Leblon.

Essa é uma opinião pessoal, não sou presidente de nada, porém não posso deixar de lamentar a atitude da Presidente da AMALEBLON que abstraiu completamente que, só nosso bairro, há centenas de prédios “apacados”. A senhora +Evelyn Rosenzweig defende a alteração do imóvel, que além de “APACADO” é TOMBADO!  Esta opção infringiria as leis de preservação vigentes, abrindo precedentes jurídicos para que todos os prédios do Leblon recorram das decisões, dando sinal verde para novas demolições e descaracterizando mais ainda o bairro.

Sem nenhuma consulta prévia aos moradores, aplaude e se declara, por escrito, a favor da construção de um prédio comercial, no cinema Leblon, pois ganharíamos novas salas de projeção. Ela é e sempre foi a Presidente da Associação Comercial do Leblon, nada mais do que isso, ambiência não é com ela. Se alguém lhe perguntar o porquê dessa atitude, responderá que há demanda. Foi isso que ela fez constar neste blog quando ponderei que seria massacrante para o bairro a abertura de novos bares. É duro administrar tanta insensatez, tanto desprezo pelos moradores e tanta falta de sensibilidade legal e ambiental da Presidente da Associação dos Moradores do Leblon.


Abaixo segue o link para a lei de 2001 que regulamentou a APAC do Leblon que contém em detalhes as regras para alterações dos imóveis incluídos. Nele há duas categorias, os que são tombados, como no caso do Cinema do Leblon e os “apacados”.

http://www0.rio.rj.gov.br/patrimonio/apac/anexos/leblon_textos.pdf

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Dias Ferreira, a “bijuteria” da Coroa

Segundo matéria publicada no jornal O globo, os restaurantes da Dias Ferreira no Leblon estão enfrentando problemas porque não possuem o alvará de acordo com a finalidade a qual se destinam. Não fazem parte deste grupo o Sushi Leblon, o Zuka, Sawasdee, Manekineko e La Mole. O ex-prefeito Saturnino Braga sempre se preocupou em evitar o adensamento excessivo do bairro, que é muito pequeno, e conhecedor do profundo desastre dos outros bairros, assinou um decreto municipal 6.115, limitando a abertura de restaurantes no bairro.

Os empresários aterrissaram no Leblon vislumbrando excelentes negócios na área de bares e restaurantes, não se preocuparam em observar a legislação, até porque a confiança no jeitinho brasileiro é enorme.

O jeitinho acabou chegando, a prefeitura concedeu as licenças na base de atividade similar como bar, lanchonete e pizzaria, tentando evitar maiores prejuízos para os empresários. Como quase tudo que é feito na nossa cidade tem o timbre do imediatismo, parece que não resolveu o problema, causando até um mal estar a atitude do governo de remendar leis. Sinceramente, as leis aqui no Leblon precisam existir com clareza e para valer, evitando a degradação ambiental como mencionei na última postagem.

Na realidade, o restante dos estabelecimentos funcionam na ilegalidade, fazendo-se necessário a revisão do decreto, pois do jeito em que os restaurantes estão funcionando correm o risco de serem multados ou precisarão efetuar o pagamento da conhecidíssima propina. Não é recomendável que a licença do estabelecimento seja de lanchonete onde funcione um restaurante. Com base em experiências passadas, sabemos que onde uma infração é ignorada o surgimento de outra é facilitado.

A bagunça legislativa impera nesse logradouro, mas segundo a reportagem recente no jornal O Globo, a Rua Dias Ferreira seria a joia da coroa do Leblon, vou me permitir discordar dessa afirmação. Considero essa rua desprovida de encanto, o esgoto corre solto e as tubulações se encontram à beira de um ataque de nervos. Não há a menor preocupação com a parte ambiental e a paisagística anda há léguas de distância. Os bares colocam suas mesas e cadeiras impedindo a passagem de pedestre. A parte de exaustores falha e o cheiro de gordura banha o ar. A desconsideração com os moradores impera. Estamos chamando de joia para quem?

Em relação aos restaurantes, vou tomar como exemplo o Zuka e o Sushi Leblon de propriedade da senhora Carolina Gayoso que preside a Associação Comercial da Dias Ferreira. Esses dois recintos gastronômicos possuem bons chefes, porém os projetos arquitetônicos executados nas fachadas dos mesmos são desprovidas de qualquer encanto, fico até com vergonha de dizer que são muito feios mesmo, contribuindo para descaracterizar mais ainda a Dias Ferreira, tornando-a desagradável.

Os interiores funcionam como manda a moda atual, maior receita e menor conforto para os clientes, pois as mesas são juntinhas ganhando espaço e tirando completamente a privacidade. Geralmente vamos a um restaurante por um programa social ou profissional e não só para comer. Um ambiente agradável, do ponto de vista visual, e acolhedor justificaria a graduação que ele tem. Conversar parece proposta inviável, não há exigência de tratamento acústico e o barulho é ensurdecedor.

Não podemos esquecer que o preço não é barato, e para o que oferece considero caro. Posso até entender que os espaços são pequenos e os aluguéis são apimentados, mas é duro se contentar com qualquer coisa. Sobre o restaurante do chefe Troigros prefiro nem falar, tamanho o desleixo. Na minha apreciação, o Manekineko, embora avançando intensamente na calçada, o Sawasdee e o Celeiro, apresentam um ambiente agradável sem interferir agressivamente no ambiente e por incrível que pareça até o La Mole é bem arranjadinho.

Vivemos um dilema, ou seguimos leis que não se adequam mais, por isso vivem sendo remendadas ou simplesmente ignoradas, ou então teremos novamente que mudar as regras do joga com a bola rolando. Entendo que as leis sejam passíveis a mudanças, que a realidade da rua de 1980 não é a mesma de hoje, no entanto o Leblon está constantemente envolvido nessa excessiva troca de regras. Tomba-Destomba, APACA-DESAPACA, toda hora se modificam as leis que deveriam reger o bairro e proteger os moradores.


Se mudarem mais uma vez a lei que façam algo duradouro, com espaço para o futuro, sem pensar no imediatismo de quem agora se sente prejudicado e que nestes novos alvarás se pense no impacto que os restaurantes causam na vida população que hoje convive com calçadas lotadas de mesas e barulheira até altas horas da madrugada. A Rua Dias Ferreira, e o Leblon, não precisam de ser a joia da coroa, basta que seja organizado com respeito incondicional pelo meio ambiente.

sexta-feira, 6 de junho de 2014

14 Fotos: Do Desrespeito à Agressão

Moradores sem esquina.
Qualquer dia sem sala
As cenas de desrespeito se sucedem a todo instante em nossa cidade. O fotógrafo Luiz Claudio Marigo, após ter desmaiado dentro de um ônibus, foi levado pelo motorista, um homem certamente admirável, ao Instituto de Cardiologia em Laranjeiras E aí o inacreditável ocorreu: não recebendo nenhum tipo de socorro da equipe da referida instituição, Marigo veio a falecer. Não consigo imaginar tamanha displicência, tamanha falta de amor humano e omissão, tamanha agressão.  Penso que as autoridades não param para pensar nas consequências graves advindas desse tipo de comportamento que ultimamente norteia nossas vidas.

O que me proponho a relatar hoje certamente não possui a dimensão desse trágico acontecimento, mas segue a mesma linha da falta de respeito, da leniência, do abuso, do abandono e da omissão. Há muito observo um grave problema que vem ocorrendo em ruas internas do Leblon, precisamente, da Rua Dias Ferreira para dentro, incluindo Venâncio Flores, Des. Alfredo Russel, Gal. Urquiza e atualmente se expandido pelas Ruas João de Barros e Artur Ramos.

Creio que é esperado que um bairro devesse ser organizado para progredir. Lamentavelmente não é o que ocorre no Leblon. Doloroso para nós está sendo vivenciar um crescimento atabalhoado, sem nenhum tipo de planejamento. A Rua Dias Ferreira, repleta de atrações, carreou centenas de pessoas que circulam pelo bairro, juntamente com seus carros, que serão jogados de qualquer jeito, sem respeitar regras, nessas ruas secundárias, levando o problema das vagas para outra vizinhança.

Atualmente estamos diante de um novo fato que nos causa estranheza, ligado aos militares do vigésimo Terceiro Batalhão, situado à Rua Capitão Cesar de Andrade. Vindo de automóvel, estacionam seus carros particulares nas quatro esquinas, onde confluem as Ruas Gal. Urquiza e Des. Afredo  Russel. Não sou do tipo que tem horror à polícia, ao contrário, penso que ela executa uma atividade perigosa e muitos perdem suas vidas defendendo a sociedade. Como em todas as profissões encontramos pessoas corretas e outras nem tanto.

O que me parece absurdamente errôneo é que esses policiais, que possuem como objetivo o cumprimento das leis, sejam os primeiros a transgredi-las. A CET-RIO proíbe o estacionamento em esquinas, por motivos óbvios, transeuntes existem e precisam se locomover com segurança. Já perdi a conta do número de vezes que me deparo com carrinhos de compras vindo dos supermercados, ou carrinhos de bebês, procurando um jeito de sair dessa armadilha que plantaram para nós. Muitos podem achar que a ocupação das esquinas é um pequeno detalhe, que pouco influi na nossa segurança, mas pensem na vida de um cadeirante ou de um idoso como dificuldades de locomoção. Não há espaço entre os carros que bloqueiam a calçada, sem contar na visibilidade obstruída pelos carros.

O resultado é sempre o mesmo: as pessoas acabam andando pela rua porque não conseguem chegar à calçada, visto que os carros estão colados uns aos outros. Só falta instalarem uma placa: PASSAGEM PROIBIDA PARA PEDESTRES!

Acontece que os veículos entram na Alfredo Russel a toda velocidade, eu mesma já escapei de ser atropelada por pouco! Burlar regras de trânsito comprometendo a vida das pessoas pode ter inúmeros nomes: desrespeito, falta de sensibilidade e de vergonha, omissão e desvalorização da vida. Ninguém ignora que desordem chama desordem. Quando os policiais se retiram do serviço, aparecem a Valet Park com igual comportamento.

Para completar esse cenário de degradação ambiental surgem os mais inusitados veículos, todos comerciais, que não pertencem aos moradores, em busca de vagas: são caminhonetes de frete, vans de escola, vans de turismo, utilitários dos mais variados serviços e os taxis. Os estacionamentos são gratuitos e os veículos permanecem por vários dias ali, afinal encontraram as suas verdadeiras garagens particulares. As vans escolares passam as férias das crianças nessas ruas, durante quarenta e cinco dias seguidos! Isso para não mencionar as tralhas do botequim Tio Sam, que ele considera a sua contribuição ao acervo do Patrimônio da Humanidade...

O argumento para essa permissão indecorosa de estacionamento de viaturas comerciais em rua residencial é de que não há lei que o proíba. Chega ser patética essa justificativa, pois as leis são antigas e esses problemas não existiam. Alguém já viu frotas de vans escolares usando ruas residenciais como estacionamento privativo há alguns anos atrás?  O que havia eram ônibus escolares guardados nas escolas. Esse é um problema novo que precisa de solução.

Nós, moradores, pagamos nossos impostos e desejamos ser respeitados. Estamos constrangidos e revoltados com tamanha injustiça e impropriedade. Temos o direito como cidadãos de usufruir de nossas ruas, de conseguir um lugar para nós ou para nossos visitantes e a segurança na travessia, com nossas esquinas livres.  No entanto, somos confrontados com o uso comercial do espaço público residencial por estes veículos que abarrotam nossas vias.

As autoridades não podem se omitir a este ponto, não cabe nenhum tipo de favorecimento a A, B ou C ao custo de penalizar os que aqui residem e, muito menos, contribuir de forma a esgarçar o tecido ambiental. Essas ruas, outrora bucólicas, não podem ser depósitos de veículos comerciais, elas pertencem ao bairro do Leblon que, para quem não presta atenção ou ignora, é área de preservação do ambiente cultural da nossa cidade.


Com o fracasso do bom senso, temos que encontrar algum dispositivo legal que impeça essa agressão. Esconder o lixo embaixo do tapete, para a Rua Dias Ferreira ficar elegante, e acarretar para nós uma tremenda poluição visual, é uma indignidade.

Segue abaixo os flagras que registrei recentemente:

Com as rodas na calçada e na frente de uma garagem

Espaço super estreito e sem visibilidade graças a nova banca. Gal. Urquiza

Essa Kombi-Frete ficou ai durante 7 dias! Rua Alfredo Russel

Garagem particular de veículo comercial no espaço público! Rua Alfredo Russel

O reboque do Tio Sam que na verdade é um depósito móvel de barris de chope. Gal Urquiza

Esquina totalmente obstruída. Esquina da Artur Ramos

A raiz deixando as calçadas em péssimo estado...
Imagine passar ai com um cadeirante ou com muletas.
Rua Afredo Russel



A rua virou um pátio de estacionamento de veículos comerciais.
Noite e dia.. R. Alfredo Russel

Dia e noite esquinas obstruídas.
Esquina Alfredo Russel com Gal Urquiza


Não sobram vagas, nem espaços para travessia.

Carretas, vans, kombis - todo tipo de veículo, independente do tamanho para aqui.




A COMLURB fica 7 dias sem varrer as ruas.
Não há como limpá-las com essas vans. A rua chega a causar claustrofobia
 R. Alfredo Russel

R. João de Barros, à vontade