sexta-feira, 26 de junho de 2015

Quando os Ratos Abandonam o Navio...

Lula, nosso Capitão Schettino
As declarações incongruentes do ex-presidente Lula surpreenderam a nação.

No imaginário da população brasileira, Lula e o PT formam uma simbiose tão profunda que seria quase impossível separá-los, um sucumbiria com a ausência do outro.

O que se questiona são as motivações que levaram o ex-presidente, no atual momento, a criticar o PT e toda a política traçada pelo partido ao longo desses anos, como algo injustificável, que nunca fizera parte de sua ideologia e, portanto, merecedor de seu repúdio.

Lula parece desconhecer que as trajetórias, de seu governo e também o da Presidente Dilma, foram direcionadas à tomada de posições dentro do Estado Brasileiro de modo a garantir sua hegemonia e seu obsessivo projeto de poder.

O sistema idealizado precisou contar com o apoio de alianças políticas que cobravam ministérios, cargos e boquinhas. O ex-presidente sabia de tudo que se passava no país e nem por um momento criticou o modelo, ao contrário, esforçou-se loucamente pela reeleição de Dilma.

O ex-presidente sempre foi visto como o gênio da política, capaz de vencer qualquer eleição, com um carisma tremendo, um verdadeiro Deus. Com todo respeito, Lula, em minha opinião, não é um estadista. Não se preocupa em unir a nação, ao contrário, é capaz de provocar cisões gravíssimas, tais como o “nós contra eles” e parte do princípio que as apurações das irregularidades são atitudes revanchistas.

As declarações dele ao culpabilizar o PT e se denominar volume morto, convocando o partido a se renovar, não me parecem fruto de autocrítica, nem a sua famosa esperteza descobriu uma carta na manga.

Em minha opinião, o ex-presidente está se sentindo em perigo, em outras palavras, desesperado. Chegou ao ponto de criticar a presidente por não tentar obstruir a Lava-Jato e agora convoca o PT para desmoralizar a operação. Sua onipotência não admite que o governo tenha limites, porém ainda há instituições independentes, como a justiça por exemplo.

Lula está sofrendo uma humilhação sem precedentes, a criatura Lula está se deparando com a devastação econômica do país, a falta de rumo das instituições, a esquizofrenia que tomou conta do poder, e o fracasso de sua proposta política, a ruptura do PT e a perda de controle de seus fantoches.

A explosão de notícias e acontecimentos negativos o contaminou de tal modo que está vivendo o insuportável, para se aliviar joga o peso de sua irritação no PT, afinal os petistas deixaram rastros na execução dos malfeitos. Seu poderoso instinto de sobrevivência o impeliu a sacrificar uma parte dos seus companheiros roedores para se manter vivo.

sexta-feira, 19 de junho de 2015

A Cilada do Fies

Escola do Maranhão
Nós vivemos em um país que apresenta uma forma anômala de funcionar.

Há exemplos dessa afirmativa em profusão. Vou me limitar ao ingresso nas Universidades. Incentivado pelo poder público, o sonho da população é possuir um diploma do terceiro grau. As Universidades públicas são em número reduzido, as particulares caras e, nem sempre de excelência, então se criou o Fies. Em princípio uma saída bastante favorável. Os alunos que não pudessem arcar com o pagamento das mensalidades obteriam um empréstimo da Caixa Econômica para financiar seus estudos. O bolsista é invariavelmente surpreendido com tamanho da conta a ser paga no final e a inadimplência é grande.

É da norma do Fies que o candidato possua avaliação positiva. Para minha surpresa, este ano poderiam ser matriculados alunos com nota zero na redação, até que encontraram uma saída tentando ser honrosa, isto é zero não ia ser aceito, mas qualquer outro número sim, desde que perfizessem quatrocentos e cinquenta pontos.

 A consequência dessa anomalia é que os alunos estão despreparados para assumir o rigor científico que uma universidade deveria exigir. Para completar esse quadro patético, as universidades que acolhem esses alunos têm o faturamento garantido e muitas delas são vergonhosas em termos acadêmicos. Como quase tudo no Brasil não é fiscalizado elas estão no auge da felicidade e com pouca transparência.

Enquanto isso o Pronatec, destinado a alunos de nível médio, cujo objetivo é atender a educação profissional e tecnológica, está economicamente incapaz de manter os cursos, desviou-se recursos para o Fies. Também se constatou que muitos desses alunos não conseguem acompanhar os programas devido às falhas daquele que deveria ser a primeira preocupação de qualquer governo bem intencionado, o ensino fundamental.

A sequência desse texto mostra a anomalia. Cheguei por último ao local de onde deveria ter partido: a educação primária, que infelizmente, encontra-se em estado terminal. Nem currículos adequados e mais atraentes existem, as escolas em si são feias, maltratadas, pouco convidativas.

Espaço para atividades extracurriculares de modo a despertar o interesse e a descoberta de aptidões é puro sonho. Esse espaço, valioso e inexistente, seria uma oportunidade de se tirar as crianças das ruas e incentivar o convívio interpessoal. Crianças encaminhadas na vida estariam longe dos desvios de conduta, da marginalidade e aí sim, a democracia estaria sendo exercida de modo real. Todos deveriam ter os mesmos direitos e estariam preparados ou não para o ingresso ao nível superior.

Esse absurdo vem denunciando dia a dia a queda do padrão universitário. O país necessita de pesquisadores, de cientistas, de tecnologia de ponta e não de doutores de nada.

Entretanto, nossos maquiadores profissionais não se preocupam com a farsa que é o nosso ensino do fundamental ao terceiro grau. Os diplomas do curso superior estão nas mãos de quem mal sabe ler e escrever, quanto mais pensar, avaliar e ter juízo crítico. Esse é o retrato da inversão: tudo que um governo populista deseja! E os professores então, hein? Coitados!!!!

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Os Riscos do Piloto Automático

Feliz dia dos namorados
Estamos mergulhados no mundo da informação, ela nos chega via internet e mídias. Política, economia, guerras e violência, nacionais e internacionais e outros assuntos mais amenos são de domínio público. O mundo contemporâneo é complexo e quase incompreensível.

Nós não estamos sob o poder nefasto de um Estado Islâmico, mas as guerrilhas são diárias contra o tráfico, no trânsito, contra os maus políticos, homens que se julgam poderosos, cuja ideologia se traduz pelo poder do dinheiro, prevalecendo sobre os direitos da criatura humana. É vergonhoso constatar que senhores, de idade avançada, são pegos em transações ilícitas, se apossando do dinheiro do contribuinte cujo destino deveria ser o atendimento ao povo em suas necessidades mais básicas.  

O que fazemos com essa enxurrada de informações aberrativas que entulham as nossas mentes e têm a velocidade dos cliques da internet? Ficamos felizes por nos sentirmos informados e antenados? Evidentemente não nos aprofundamos em nada, não existe nem interesse nem tempo para uma reflexão mais profunda. Optamos pela superficialidade, se a informação oferecer mais de quinze linhas a ansiedade desponta, afinal estamos perdendo outras notícias.

Dizer que vivemos em um mundo virtual que toma conta de nossas vidas não é nenhum exagero. Nossos companheiros de cama e mesa são smartphones e toda a parafernália eletrônica que existe. Somos esmagados pelas notícias, robotizados, não existe tempo para pensarmos sobre o que nossos olhos viram, vivemos à base do sensorial.

Não posso deixar de reconhecer que a grande vantagem imediata desse tipo de vida é escapar dos nossos sofrimentos emocionais, que são intensos, acrescidos da descrença que se agiganta, bombardeados que somos por mentiras transformadas em verdade.

Como é possível alcançarmos alguma compreensão diante de duas lideranças políticas, suspeitas de envolvimento na Operação lava-Jato, que conduzem o nosso país, driblando o aprofundamento das investigações? É óbvio que esses dois figurões deveriam se ausentar até que tudo se esclarecesse. 

Entretanto, enquanto fugimos de nós mesmos, acabamos oprimidos, nossas mentes sucateadas por notícias sórdidas se tornam incapazes de processar nossa vida emocional, e descobrir soluções para nós. Tudo é mais do mesmo, e a estupidez impera.

A opressão mental inviabiliza o necessário escrutínio e a reflexão. Uma absurda inércia nos ataca e as bolhas de violência não encontram a natural válvula de escape. O que presenciamos é a violência cega, despropositada, saindo aos borbotões, de modo desembestado.

sexta-feira, 5 de junho de 2015

O Diabo Veste Toga


Temos notícias nada elogiáveis a respeito do judiciário. A imprensa mencionou alguns preocupantes acontecimentos a respeito do Superior Tribunal de Justiça, conhecido como “tribunal da cidadania”. Esse tribunal possui 33 ministros, 2930 cargos efetivos, sendo 1817 cargos de confiança ou funções gratificadas. Um staff fantástico de motoristas com carros de primeira linha que servem aos juristas; cozinheiros, copeiros, ascensoristas, além de uma grande diversidade de profissionais terceirizados, inclusive juazeiros, profissão que ninguém sabe do quê se trata, estão disponíveis para o mais completo conforto e atendimento.

As cifras despendidas são astronômicas, quase todas acima do teto institucional, claro que tudo bem legalizado, como deve ser no corpo judiciário, já que os aditivos não são considerados salários.

Para que ninguém morra de tédio, mais artimanhas nos prepararam os juízes do Tribunal de Justiça do Rio. Foi aprovada na Assembleia Legislativa a lei 7014/15 que concede bolsas de estudo aos filhos de juízes, desembargadores e servidores do Tribunal de Justiça do Rio. O valor estipulado é de R$ 953,47, quer eles estudem em escola pública ou particular. O texto aprovado na Assembleia incorporou dez emendas parlamentares, várias delas sugeridas pelo próprio Presidente do Tribunal de Justiçado Rio, Luiz Fernando Ribeiro de Carvalho. Tudo como é de se esperar, ou seja, a maior imoralidade dentro da mais perfeita legalidade.

Nós, brasileiros estamos acostumados com as notícias veiculadas através da mídia, de que determinadas classe profissionais se concedem direitos e prerrogativas que são negados aos demais contribuintes. A lei é igual para todos, mas nem todos são iguais perante a lei. O que me espanta é perceber que esse fato está tão encravado no DNA desses indivíduos que eles não se sentem pertencentes aos demais cidadãos, vivem em um universo particular e não se dão conta nem das graves distorções nem do atual momento recessivo.

Diante da série de violências que a população vem sofrendo, tentando lidar com tudo que presencia sem surtar, eis que surge o Ministro Luiz Fernando Ribeiro de Carvalho com a publicação de um artigo no O Globo, dia 3 de julho sobre outro tipo de violência, que são a série de assassinatos brutais na cidade cujo título é: “Até quando reféns de corrupção e violência?” São palavras de Sua Excelência: “é preciso cessar o festival de horrores”; “o tratamento de direitos humanos-exceto por demagogia- não serve apenas para proteger bandidos”; “Não se pode esquecer a vampiresca face da corrupção que nos atinge desde 1500”; “corrupção e violência são faces siamesas da barbárie que se banalizou.”

O Ministro conclama a reação dos diversos segmentos da sociedade assim como do Estado, pois a corrupção e a violência não podem continuar impunes até porque breve haverá filas nos cemitérios para enterrar os mortos.  

Vossa Excelência tem toda razão, ele sabe da importância da educação e o quanto ela será necessária como um dos pilares do combate à delinquência. Afinal, o que será do Brasil, se os filhos dos nossos heróis de toga não tiverem uma educação de qualidade? Sabemos das paupérrimas condições de vida que esses bravos homens, defensores da legalidade, enfrentam todos os dias, incluindo salários baixos. Avante Exmo. Srs. Cruzados na luta contra os sanguessugas e vampiros que se aproveitam do estado, mesmo que sejam vocês próprios!