sexta-feira, 31 de julho de 2015

A COMLURB É PODA...

Árvores e Fios perigosa combinação
As "coisas pequenas" da cidade que, não precisam de licitação e não aparecem nos jornais quando são inauguradas, são fundamentais para o bom funcionamento da cidade. Essas miudezas como bueiros, podas de árvores, estacionamento irregular e calçadas são imprescindíveis, porém desprezadas pela atual administração.

Não consigo entender qual o motivo da entrega das árvores da cidade à COMLURB. A empresa que, há alguns anos, era exemplo de eficiência, hoje não consegue dar conta nem do lixo e da varredura das ruas, trabalho que atualmente é executado pelos porteiros, quanto mais responder pela poda das árvores.

Os funcionários não têm preparo para a realização desse tipo de tarefa e nem possuem instrumental necessário, assim sendo, quando conseguem efetuar alguma poda, o que é raríssimo, o resultado é um grande desastre. As árvores se tornam desfiguradas, cortam os galhos embaixo e deixam a copa lá no alto, magrinha e abandonada.

A última atuação dessa aberrante empresa chegou a ser hilária. Após dezenas de súplicas minhas, um Secretário do Município, Marcelo Queiroz, condoído pela minha tristeza de perder duas lindas árvores cobertas de erva-de-passarinho, além de uma terceira que adentrava pela casa de uma família, solicitou à COMLURB para que nos atendesse.

Após um ventinho, mais uma vítima da falta de poda
Em um sábado ouço o barulho dos funcionários da empresa que estavam todos paramentados, inclusive com escada, para proceder aos trabalhos e cortar os gigantescos  galhos que insistiam em entrar nos apartamentos carregando gambás e macacos.

Vários moradores apareceram para assistir ao milagre, mas os trabalhos foram feitos pela metade. Podaram somente um pedaço, a área em frente à uma garagem, pois nas outras áreas havia carros estacionados. A logística necessária para esse procedimento, que consiste em colocar placas com aviso de proibição ao estacionamento na véspera, não fora executada.

Pensam que o show do absurdo terminou? Próximas a esta árvore, que foi semi-atendida, estão outras tomadas pelas ervas daninhas que poderiam ter sido cuidadas, porem os valorosos funcionários foram embora felizes e tranquilos, e nunca mais voltaram.

Essa é a história do carioca, não possui histórias agradáveis para contar sobre o meio ambiente, talvez os moradores dessa cidade nem se deem conta da maravilha que é viver em uma cidade onde a ambiência é fator fundamental e levada a sério.

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Aniversariante do Mês: O Leblon

O Leblon está completando 96 anos, de um pequeno bairro residencial, dono de um requinte simples, transformou-se em um bairro efervescente, repleto de bares, restaurantes e comércio desproporcional ao seu tamanho. É considerado, por muitos, bem charmoso. Sou apaixonada pelo Leblon, e por isso mesmo, me dou ao direito de mostrar o que não deu certo.

A crítica que faço ao Leblon se deve à forma como as mudanças foram realizadas. Poderia dizer que o nosso bairro estava preparado para dar uma bonita festa para cinquenta convidados, porém convidaram mais cem pessoas. Não se preocuparam em preparar o jardim, com toldos e cadeiras, com o objetivo de que todos ficassem confortáveis.

Portanto, o que faltou ao nosso maravilhoso bairro foi a capacidade do governo de planejar, de pensar que, tamanha modificação, necessitaria de uma infraestrutura que comportasse as mudanças, o que não foi feito, portanto como dizem os arquitetos, esgarçou-se o tecido urbano.

Perdemos a oportunidade de construir  garagens subterrâneas. Como embelezaria o bairro, livrando-nos do aspecto sufocante da absurda quantidade de carros que atravancam nossas ruas. Se for uma bela rua interna, aí sim, joga-se a sujeira em cima do tapete. Não se respeitam esquinas nem garagens, os motoristas ligam o motor em espera e lá permanecem. Em época alguma se presenciou tanta complacência com os micro-ônibus escolares, estacionados e escondidos, as férias inteiras nessas ruas, às portas de nosso edifícios. Poluição visual e ambiental fazem parte dos pacotes que nos obrigaram a engolir.

Não nos incomodaria a existência de bares e restaurantes, caso as regras fossem respeitadas, se nos fosse possível transitar pela calçada e a lei do silêncio estivesse sendo rigorosamente obedecida. Nós moramos, andamos e vivemos aqui, acima de cada imóvel que abriga um tipo de comércio existe um edifício residencial.

Sei muito bem que o bairro atravessa um período difícil devido as obras do Metrô, mas não consigo entender, e muito menos aceitar, o terrível abandono a que estamos submetidos, nós e todos os bairros. Nosso Prefeito Olímpico que embevecido com o fato de ser o Poderoso Chefão do Circuito Olímpico, esqueceu-se dos moradores que o elegeram. Aliás, no item abandono, a COMLURB merecerá uma postagem especial. Tenho boas histórias para contar...

Por enquanto, está a salvo o Cinema Leblon, que ainda não veio abaixo porque o momento econômico não convida, nosso alcaide não se importa com essas bobagens de tombamento e muito menos com o densamento populacional.

Os factoides não param de chegar, teremos parquímetros, o nosso canal da Avenida Visconde de Albuquerque está com o projeto pronto, as ruas receberão melhor asfalto. Tudo não passa de uma simples promessa ao desprestigiado aniversariante.

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Deitado Eternamente

Tartarugas Avante!
Há muitos anos questiono o atraso que existe no nosso país, mas o discurso vigente em vários grupos tentava amortecer a minha inquietação, afinal o Brasil ainda era jovem, nascera há 515 anos. Jamais concordei com argumento tão absurdo.

O dinamismo de países evoluídos, sempre me encantou e o contraste se acirra diante da pobreza, dos casebres, crianças abandonadas, sem o mínimo necessário para uma vida digna. Nosso orgulho se vangloriava de sermos a sétima economia do mundo, afinal, nossos ricos possuem uma riqueza poderosa. Fico perplexa ao constatar que se passaram 515 anos e, no atual momento, milhares de pessoas comemoraram o que chamam de distribuição de renda.

Há uma infindável lista impeditiva que colabora para manter o país carregando a lanterninha em vários segmentos fundamentais para o acesso ao desenvolvimento, mas só citarei alguns.

Podemos começar por uma sistêmica corrupção que certamente desestrutura qualquer país. Hoje mesmo se tem notícia de que, em uma pequena cidade no município do Rio cujo hospital está totalmente desabastecido de medicamentos e profissionais, existe um prefeito que ama Ferraris, helicópteros e desfila pelas ruas, confiante na legalidade de seu projeto, que é ser rico à custa do erário.

Faz parte da lista, o populismo e políticas imediatistas, que não valorizam o saber, mas os gráficos numéricos indicadores de sucesso dos governantes. A educação, baluarte de um país que se preocupa com as crianças e com um futuro promissor, é mais do que lamentável, é insustentável. O verdadeiro objetivo da escola que é preparar as crianças para a vida, através de um ensino que privilegie o raciocínio, o julgamento e a capacidade criativa, está a léguas de distância. O número de cabeças brilhantes no país deveria ser bem maior.   

Com 515 anos, esse nosso Brasil é a imagem do atraso, pois possui grande extensão sem saneamento básico. A queixa de engenheiros e arquitetos em relação à execução de qualquer tipo de obra é o desalento em relação a uma burocracia descomunal, como se isso fosse impedir atos ilícitos, parece que é ao contrário, servem para fortalecê-los.

Para exemplificar esse fato, o engenheiro Francis Bogossian, Presidente do Clube de Engenharia, faz referência aos órgãos reguladores que não se comunicam entre si.  É claro que esses pareceres são da mais alta importância, mas um entrosamento se faz necessário, pois evitaria embargos, ou ao contrário a permissão de obras que, por pressões políticas, não deveriam acontecer. Sempre me preocupo com o dispêndio absurdo de dinheiro que não reverterá em benefício para a população.

Investidores que se interessam pelo país precisam estar preparados para mudanças repentinas, inúmeras vezes se muda a regra do jogo, no meio do jogo. Caso recente aconteceu no Porto Maravilha. Este local havia sido escolhido para que fosse instalada a Mídia estrangeira, entretanto de repente, pensaram que na Barra da Tijuca a localização seria melhor e uma mudança radical se processou.   

Essa insegurança política e até jurídica, não por falta de leis, mas sempre por inúmeras interpretações da lei, afastam pessoas que desejariam aqui investir, mas que temem não obter o retorno esperado do seu investimento.

Considero significativa a falta de conservação do que aqui existe, quer se trate de bens tombados ou até pracinhas. Desleixo também é símbolo do atraso.

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Desocupando a mente

Diante de um mundo circundante tão desconjuntado, torna-se difícil enfrentar as turbulências emocionais que invadem nossas vidas. A reação mais imediata é a tentativa de evasão, se afastar dos acontecimentos, afinal o que os olhos não veem os corações não sentem. Quem sabe, com essa manobra, aquietamos a ansiedade que teima fervilhar em nossas almas e evitamos sermos invadidos pela insuportável dor psíquica?

A busca obsessiva pela internet é um dos caminhos. O sujeito tem a ilusão de que está se informando, participando de tudo, buscando o contato, na medida em que rapidamente devora pequenas notícias que congestionam e deformam a mente. O pensamento é alijado e a saída é a repetição de tudo que lemos e nada processamos. A aparência é de que temos o mundo aos nossos pés, mas no meu modo de entender, estamos a perder o nosso mundo pessoal.

Servem, também, como rota de fuga, o futebol, odiado no momento, porque de forma impiedosa está sempre revivendo o 7x1,  não oferecendo renovo à população. Festas, práticas obsessivas de exercício físico, e toda sorte de entretenimento funcionam como uma espécie de droga que acalma, temporariamente, o nosso sofrimento subjacente.

O nosso pensamento reflete um automatismo que se afasta de um raciocínio lógico, o  movimento é de fragmentação, compatível com um aparelho psíquico desatento. Sobra inércia psíquica, falta criatividade e soluções. O país parou: Política? Nem pensar.