sexta-feira, 26 de abril de 2013

Quando a Violência Invade a Sala de Aula

A barbárie ao vivo
No cantinho da 1ª­ página do O Globo do dia 24 de abril nos foi dada uma velha notícia já conhecida por nós. Trata-se de uma pesquisa que nos revelou que 82% de nossa população reconhecem facilidades em descumprir regras e que 54% consideram que existem poucas razões para se obedecer às leis. O inusitado é a grandeza desse número de pessoas que funcionam ao arrepio da lei­, o que é de arrepiar.

Estamos falando de uma sociedade que pauta sua vida no imediatismo, na urgência da satisfação do desejo e de se obter o que se precisa a qualquer preço, de usar meios ilícitos para a aquisição de facilidades, de mentir com o objetivo de se livrar das responsabilidades etc.

Parece que estamos diante de uma sociedade infantil, pautada no princípio do prazer e na satisfação imediata. Esse tipo de atitude é inerente a todas as classes sociais e também à classe política.
Não é difícil, por conseguinte, perceber a existência de um modo de funcionamento onipotente, autoritário, dominador, narcísico no qual o outro nos é indiferente ou inexiste. Não há preocupação com o meio ambiente (o lixo e a degradação ambiental aí estão como uma prova contundente), com a valorização da vida, com a cidadania, com a ética e muito menos com a estética. Nada importa a não ser evitar a frustração.

Poderia oferecer centenas de exemplos, mas vou me limitar a alguns que penso serem do conhecimento de todos.

A violência familiar: os pais atuais desejam ser igualmente jovens como seus filhos. Os filhos os desrespeitam e até os ridicularizam, como se eles, filhos, ocupassem o lugar dos pais. A liderança e a autoridade dos pais acabam enfraquecidas ou diluídas e com esse desequilíbrio familiar, torna-se muito fácil a entrada da violência.

 O trânsito: é só alguém reclamar uma ultrapassagem arriscada  ­que, certamente veremos, na melhor das hipóteses, um gesto obsceno ou, na pior, um revolver.
Há algum tempo atrás os ônibus ligavam a seta, o (f@d#-$%), e mandavam ver. Agora, são mais práticos, mesmo que estejamos parados em um engarrafamento, eles vão passando, arrancando pedaços dos carros, confiantes na sua impunidade.

 A Escola: os professores sempre foram, das categorias profissionais, os mais respeitados. Frequentemente serviam como modelos a se seguir, funcionando como figuras substitutas dos pais. Atualmente, são espancados. Sinto uma enorme tristeza ao visualizar agressões tão violentas, como no caso de violência recente, onde uma professora por pouco não teve a visão prejudicada. Esses espancamentos se dão ou por discordância de nota ou por não ter o professor acedido à vontade do aluno. Parece que questionamentos, conversas não cabem mais em sala de aula. Parte-se para a agressão.

Estamos vivenciando uma grave crise de autoridade, falta de lideranças confiáveis e assistindo a impunidade surfando na onda do vale tudo.

Não é agradável fazermos parte de uma sociedade que, em sua maioria, se caracteriza pelo desamor, pela falta de gentileza e que está ultrapassando o problema da educação. Esse modo infantilizado de conviver, denota que está havendo uma incapacidade para reflexão diante de qualquer dificuldade. A ausência do pensamento traz consequências e essas consequências atingem também aos infratores. É uma questão de lógica, se a maioria das pessoas se comporta desse modo, não há espaço nem conforto condizentes com uma vida de melhor qualidade. Quando falha a capacidade de pensar falta saúde, paz, alegria. Porém temos de sobra o stress, doenças físicas, dores no corpo. 

É o século das dores e das drogas.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Os quatro tipos de Carioca


O carioquismo tem várias formas e cores. Esses diferentes perfis explicam em grande parte o atual estado da cidade. Vejam as quatro categorias:

Os ufanistas: o Rio é a melhor cidade do mundo, sua beleza é incomparável, seu povo é alegre, tira tudo de letra, ri da sorte e ri da dor. Até a desordem e o caos são criativos e interessantes, fazendo a apologia da miséria. Nenhuma crítica é permitida. Toda tentativa de organização é vista como fascismo! Os defensores de plantão aparecem imediatamente, dizendo: “praia, o futebol, o Carnaval, tudo isso junto numa cidade só é demais”. Qualquer reclamação se torna ultrajante, “Deus até castiga”. O Rio continua lindo... (Gil).

Os pessimistas: aqueles que não acreditam em nada.  Escarnecem de qualquer tentativa de protesto. Estes bradam: “Passeata contra a corrupção? E essa população alienada, que não é educada?”, “Nunca seremos primeiro mundo!”, “Não há pibão que dê jeito”, “Se eu pudesse iria embora!”, “Essa roubalheira não tem jeito...”. Para estes não há luz no final do túnel. Posso até entender o desânimo, porém não compactuo com esse modo de pensar. Ele é paralisante e contagia as pessoas demais. Sempre acho que há certo comodismo nessa atitude.

Os otimistas, estes acreditam que: a cidade terá grandes benefícios com esses eventos, não só econômicos, mas ficaremos ainda mais conhecidos, o mundo estará todo de olhos voltados para nós. Também poderemos ter o autódromo, os estádios à nossa disposição. Certamente toda a fortuna que gastamos voltará aos cofres públicos. É o morador que acreditou que “nadaria no Maria Lenk, que a Baía de Guanabara junto com a Lagoa Rodrigo de Freitas seriam despoluídas”. O culto à irrealidade fascina porque nada precisará ser feito, é só esperar que tudo se resolverá sem nenhum esforço.

Os realistas, grupo ao qual me incluo: que ama o Rio de Janeiro de verdade e acha que ele deveria ter o título de sua Majestade. Tendo o mar ao leste e ao oeste a floresta, em dias de céu azul é um esplendor só. Quem ama cuida, não finge que está tudo bem. A luta é grande, temos de enfrentar o tal jeitinho carioca, as transgressões, o slogan de um antigo Prefeito: “ilegal e daí?”, o problema dramático dos transportes, saúde, educação... A cidade não é perfeita, mas ela tem jeito, só que as coisas não se resolverão por conta própria. Penso que a população necessita se envolver mais, até porque a cidade na qual vivemos está doente e nos adoece.

E você, em qual categoria se encaixa?   

sábado, 13 de abril de 2013

O lixo que ninguém se lixa


Isso no Leblon, imagine no resto da cidade
Conheci um senhor que, ao chegar à sua casa, comunicou à família que ganhara o premio da loteria esportiva.  A alegria foi imensa.  No dia seguinte, todos desejavam saber quais os procedimentos que deveriam ser feitos para que pudessem receber o dinheiro.  O senhor, então, revelou que quisera dar uma noite feliz a todos. Ele não contava que a sua brincadeira  sádica pudesse provocar tamanha decepção e tristeza.

Algo semelhante acontecera comigo ao tomar conhecimento da multa do lixo. Fiquei felicíssima! É o início de uma coisa boa, porém no dia seguinte comecei a pensar: quem iria multar? Quantos fiscais seriam necessários para executar essa tarefa? Que papel a população poderia ter no auxílio a esta fiscalização?

Que população é essa que se comporta assim?
 
Estava envolta nesses pensamentos, quando me deparei com um mendigo abrindo os sacos de lixo em busca de alimento. Essa é uma das cenas do nosso cotidiano que mais me chocam e, fiquei imaginando, o quão ridículo e inoportuno seria dizer a esse coitado que não se deve sujar a rua, quando a sua premência era aliviar a fome. Andei mais um pouco e me deparei com uma elegante senhora jogando uma guimba no chão, portanto o problema do carioca vai além da educação e da classe social.

O que está se passando com as pessoas que vivem em sociedade e, em sua maioria, tem sérios problemas em aceitar regras, fazendo, cada um, a regra que melhor lhe convenha?

O que fazer com uma população que está aceitando e convivendo muito bem com o lixo? Isso é um fato irrefutável e comprovado, basta ver as nossas praias e o Carnaval, onde toneladas de detritos são recolhidos e todas as classes sociais, de A a Z, estão envolvidas.

Para não cair em depressão, lembrei-me dos fiscais do Sarney (aquele que é dono do Maranhão). A população acabara de sair da ditadura e enfrentava uma hiperinflação. O Presidente Sarney tabelou os alimentos e nomeou como seus fiscais a população do país. Seria preso quem não obedecesse à essas regras. Naquela época havia a noção do social. Lembro-me que um senhor em nome do PRESIDENTE conseguiu fechar um supermercado. Não durou uma semana porque a situação apresentava uma gravidade econômica grande e necessitava de outro tratamento. Pena que ele não correspondeu ao entusiasmo do povo.

No atual momento em que vivemos, sinceramente, temo que seja mais uma lei que não vai ser cumprida. Paira na cidade um clima de vale tudo, de impunidade, de falta de limites, como se isso fosse garantia de liberdade. A descrença nas autoridades é muito grande e quando há uma mobilização maior da sociedade como foi o pedido para que se fizesse outra linha de metro não foi aceito. O Governo estava preocupado apenas em atender os eventos próximos e também aos lucros advindos do planejamento inicial.

As nossas lideranças políticas se comportam de tal maneira que acabam por influir na desordem em que vivemos. O espírito público anda no esquecimento. Promessas são feitas e não cumpridas. A gastança é enorme, não só pela falta de planejamento, como também pela corrupção das empresas que executam obras de péssima qualidade e, na maioria das vezes, distantes das necessidades mais prementes. A ganância pela reeleição conduz à alianças políticas nefastas  e os cargos públicos acabam sendo leiloados.

Essa falta de amor pelo país, pela população, geram inconformismo e desânimo e até fúria. Isso para não falar que, muitas vezes, as próprias autoridades descumprem as leis.

Ficaria o papel de fiscalizador ao povo ou aos governantes? O povo, este que não cumpre e tem aversão a regras quando não lhe convém, só pensando em si mesmo ou aos nossos governantes que fazem a mesma coisa? Este papel caberia a ambas as partes, no entanto elas estão falhando lamentavelmente.

Se o povo é tratado como um lixo, acaba se acostumando com ele.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

A AMALEBLON revela o lado negro do bairro

 
Bonito assim só na foto... o acesso ao mirante encontra-se todo quebrado
A senhora +Evelyn Rosenzweig, presidente da Associação dos Moradores e da Associação Comercial do Leblon, publicou um informe na Revista Zona Sul do "O Globo", do dia 4/4/2013, sobre o lastimoso estado que o Leblon se encontra.

Concordamos plenamente com ela, afinal um bairro como este não merece tamanho mal trato. Assim sendo, ela como presidente de Associação dos Moradores, está certíssima quanto à sua preocupação. Atribuímos essa desordem a três grupos distintos:

O Metro Quadrado mais caro do Brasil...
1) Aos Moradores, que sujam as ruas colocando, em especial nas esquinas das ruas secundárias, entulhos de obras, sofás, cadeiras, móveis de todo tipo e etc. Estão tão certos da impunidade que nem respeitam as câmeras de segurança dos edifícios, colocadas especialmente para isso. Este comportamento tão disruptivo e ultrajante poderia ser evitado com cuidados básicos, como um simples telefonema para agendar com a COMLURB, que é responsável pela remoção destes objetos, o dia e hora da coleta, evitando assim o lixo acumulado durante dias nas nossas esquinas.

2) Aos Visitantes, que estacionam seus carros onde querem e como querem, não observando se estão na mão ou contra-mão. Torna-se impossível nossa travessia colocando em risco nossas vidas. Sendo o Leblon um bairro repleto de restaurantes e bares, onde se bebe à vontade, em respeito a Lei Seca e sobretudo à Vida, outro tipo de condução deveria ser privilegiado (ex. Taxi e etc), ainda mais com a recente diminuição de vagas no bairro.

Além do estacionamento irregular, outro grande problema é a falta de cuidado e respeito no trânsito, todos dias testemunhamos carros na contra-mão, velocidade exacerbada para ruas pequenas que tem estacionamento em ambos os lados. Parece que os cariocas só respeitam os limites quando há uma pena, uma punição. Precisaremos instalar pardais em todas as esquinas para que o respeito à velocidade seja cumprido? Uma experiência na Cruzada São Sebastião, aqui no nosso bairro, provou que quebra-molas tem sido eficazes na redução da velocidade, assim devemos colocar estes redutores em todo o bairro? Só assim as pessoas respeitariam a Vida? Chegamos a este ponto??

Temos também os bares se apropriando das calçadas e causando uma tremenda poluição auditiva. O objetivo do lucro ultrapassa qualquer consideração com as pessoas que aqui residem.

3) As Autoridades. A nossa pergunta é: será que nosso bairro só será contemplado com fiscalização e cuidados após 2016, quando terminarão os eventos? E as instituições como a COMLURB que sumiram daqui deixando um monte de sujeira espalhado pelas ruas, por dias e dias, e que por intercessão dos síndicos, são varridos pelos porteiros dos prédios? E o que dizer da Guarda Municipal que parece fazer um esforço seletivo, só estando presente em certas ruas e deixando outras totalmente abandonadas? Há diferenças gritantes entras certas ruas, chegando ao ponto que algumas nem parecem pertencer a Associação de Moradores do Leblon, tamanho o descaso.

Cremos que detectar o problema é muito importante, mas cabe um segundo momento que é de construir, sugerir algo. Talvez a senhora Evelyn possa obter junto a Associação Comercial, subsídios para confecção de panfletos que, através dos síndicos dos prédios, poderiam chegar aos moradores para que estes se conscientizem destas enormes agressões ambientais ao bairro. Também é importante que a Guarda Municipal não contrarie as normas da CET-Rio, que não permite estacionamento em esquinas. Cabe também aos bares e restaurantes a obediência às regras e o apreço pelo espaço que ocupam.

Viveremos neste estado de suspensão temporária dos serviços e da ordem até 2016? Sobrará algo até lá? Parece que o metro quadrado mais caro do Brasil não corresponde ao valor que se dá ao bairro.