sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Miséria e Informalidade

Moradores de todos os bairros, seja da zona norte, sul ou oeste se queixam do abandono e da desordem urbana aos quais estamos submetidos. Há dezenas de descontentamentos, todos absolutamente pertinentes, mas vou me limitar a um que considero um grave problema, o mercado ambulante.

O drama do desemprego é algo que me toca profundamente, mas devemos ter cuidado com soluções que estamos acomodando. Corremos o risco de aumentar ainda mais o problema ao lançar mão de atalhos que são insustentáveis e que canibalizam o mercado de trabalho e comércio já tão combalidos. O comércio informal não paga impostos e é um canal de distribuição de produtos roubados.

Respeito e lamento o desemprego a que fomos condenados, mas é muito leviana a solução encontrada. A crise de identidade cultural é profunda, e estamos em uma regressão intensa, como cidade, como qualidade de vida e como pessoas.

O Secretário municipal de ordem pública, coronel Paulo Amêndola tem diante dele o problema da invasão de camelôs na cidade inteira. Não há bairro que escape à sujeira deixada por esse balcão de negócios, que usam nossas ruas, de modo irreverente. Sem nenhuma organização, padronização e higiene, acintosamente vendem bem à frente da Guarda Municipal.

Dos trens da SuperVia, que passou a se chamar Shopping SuperVia, às calçadas dos bairros, cujos camelôs formam duas filas paralelas, deixando a pequena parte central para a passagem de pedestres, se lamenta o ambiente degradante.

Enquanto as lojas que pagam impostos vão se fechando, e nós perdemos os espaços, os camelôs que estão ali porque não têm trabalho, ocupam as calçadas, dando à cidade um aspecto sufocante

Quanto às nossas praias, pontos atrativos de quem nos visita, elas estão presas nas malhas do atraso e do pouco cuidado com o ambiente. Foram tomadas por barracas pavorosas cobertas de plásticos azuis e panos pendurados com o nome dos donos, repletas de isopores sujos, que são desenterrados das areias pela manhã, vendendo bebidas e tudo que lhes aprouver.

Prefeito Crivella, os moradores desta cidade escolheram o senhor para cuidar do nosso Rio de janeiro, a primeira cidade do planeta a receber o título de Patrimônio Mundial como Paisagem Cultural Urbana. Essa cidade maravilhosa, que teve a honra de receber esse título, não pode se apresentar ao mundo e a nós, que aqui residimos, como uma cidade desorganizada em quase todos os itens que dignificam a vida urbana.

Sabemos das dificuldades econômicas que lhe apareceram, mas nosso descontentamento se refere à ausência de autoridade, de vigilância, de vontade política e de se fazer cumprir as leis que permitam uma vida em que se preze o compromisso com o meio ambiente e com o povo.

A decadência do Rio salta a olhos vistos, cultiva-se a desobediência das regras que tornam a cidade em um monumento ao desprazer. Sofremos com a economia, com o maltrato dos bairros e até com descuido das nossas lindas paisagens que ainda são de tirar o fôlego. Exportávamos para o mundo uma cidade maravilhosa, hoje vivemos no lixo.

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