sexta-feira, 17 de abril de 2015

Chegou a modinha do Parklet!

Mais uma proposta  superficial que evita lidar com as questões que de fato são importantes e que apenas entretêm os desavisados.

Precisamos dinamizar o comércio interno? É fácil, o imediatismo ultrapassa qualquer visão das consequências, retira-se o IPI dos automóveis, aumentam-se o número de prestações e está resolvido o problema. Toda a população será devidamente motorizada e ainda damos alegria às montadoras e ao ex-presidente Lula. Entre um gole e outro, menciona que a classe média deve estar furiosa porque pobre também tem carro (os sentimentos dele são sempre transferidos aos outros).

Nossas ruas, estradas, avenidas continuam do mesmo tamanho, o resultado é um tremendo engarrafamento. A busca de uma vaga é outro pesadelo, as consequências são óbvias, pequenas ruas submersas por dezenas de veículos desrespeitando todas as sinalizações deixando em cada bairro um gosto amargo de feiura e desorganização.

Mas não perdemos por esperar, às segundas-feiras, como é de praxe do atual governo do Rio, os jornais trarão um comunicado da Prefeitura. Em relação aos estacionamentos já saíram vários. 

Primeiro foram os parquímetros. Equipes da Prefeitura estiveram na Europa e, encantados com a organização dos estacionamentos, acharam que se adequariam às nossas ruas, porém os preços deveriam variar de acordo com a localização das áreas.

Seria uma boa ideia? Sim, mas precisamos avaliar a maneira como a sociedade e a estrutura governamental interagem. Além de organizar a cidade, preparando-a para o estacionamento precisamos contar com a necessária fiscalização e, neste maravilhoso Rio de janeiro, tudo que depende desta atividade vai por água abaixo. Leis e regras acatadas definem o grau de desenvolvimento de uma cidade, mas infelizmente, as nossas funcionam como ornamento para nosso código e não costumam serem usadas nem pela cúpula governamental e muito menos pela população.

A população, habituada aos irrisórios dois reais cobrados pelos flanelinhas, iria desmaiar com os novos preços.

Nesta última segunda-feira foi alardeada uma nova ideia: teremos vagas exclusivas para o lazer, são os parklets. Construídos em áreas onde a velocidade não ultrapasse 50 km, fincarão pouso no espaço retirado do estacionamento de dois carros. Parece-me que no Rio pouquíssimos logradouros serviriam, salvo ruas de pedestres, pois nas demais os automóveis circulam a cem quilômetros e as motos a duzentos quilômetros por hora!

Vamos continuar, esses parklets serão construídos e conservados pela iniciativa privada. Os modelos são padronizados em decks de madeira, sendo as mesas e cadeiras do mesmo material com ombrelones brancos. Também não poderão ter serviço de bar. Plantas adornarão o ambiente.

Pensando na exequibilidade desse projeto, gostaria de perguntar: sabendo-se que os custos e a manutenção dependeriam do capital privado, qual a vantagem desse oferecimento gracioso à cidade? Os parklets tem um custo e a quem caberão os encargos da limpeza e manutenção desse espaço? Hoje em dia a COMLURB funciona exclusivamente para a coleta de lixo. Decks e mesas de madeira frequentemente necessitam serem envernizados. Quem fiscalizará a proibição do uso pelos bares? 

Estaríamos falando de espaço para lazer ou novo point regado à bebida? Vale também para point de homeless? Ah! Já sei, com o desemprego em alta e a velocidade de ação dos camelôs, breve teremos churrasquinho de gato (e cachorro) para serem consumidos à luz do luar.

Não sou contra espaços de lazer e tenho verdadeiro horror a obstrução das ruas por uma imensa quantidade de carros, mas esta certamente não é uma boa solução para o esvaziamento das ruas. Estão tentando fazer um “coreto contemporâneo” no meio do caos urbano que é nossa cidade.

Parece que os mandatários dessa cidade residem em Londres e tentam importar ideias totalmente incompatíveis com o modus vivendi do carioca. Nós infelizmente somos subdesenvolvidos, se não fossemos, estaríamos gritando contra essa Olimpíada que não temos condição de fazer, que está partindo a cidade e custando uma verba assombrosa. Está muito difícil conviver com todas as determinações da prefeitura sem que seja possível participarmos desse processo.


Em uma cidade que tem seu contorno entre o mar e a montanha, nunca se cogitou a construção de garagens subterrâneas. Este seria um ótimo método para permitir que as ruas fossem aproveitadas pelos pedestres. Dar um fim a um sem número de ônibus vazios que circulam pela Zona Sul pelo visto é proposta impossível. Vez por outra o Prefeito lança um factoide: “vamos diminuir o número de ônibus da zona sul e... nada”.

Mais uma proposta  superficial que evita lidar com as questões que de fato são importantes e que apenas entretêm os desavisados. 

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Ratos e Roedores no Congresso

Ratos tomam conta do Congresso Nacional e ontem soltaram os roedores, em uma inusitada experiência, que coincidiu com o depoimento do tesoureiro do PT, João Vaccari.

A perplexidade tomou conta dos deputados e rapidamente a paranoia costumeira se instalou com o PT acusando o PSDB da curiosa situação. Pelo menos desta vez a busca dos culpados não precisou recair na CIA.

A vivacidade e correria dos bichinhos assombraram "os nobres", acostumados a tantas benesses tais como: significativas verbas públicas, vários aditivos lançados em sua folha de pagamento, assim como direito aos hospitais de primeira grandeza, moradia, automóvel e etc. Nunca se esquecendo dos conchavos de modo a não serem pegos com as mãos na botija. Rapidamente foram apresentados ao que a sociedade pensa deles.

Nós, que fazemos parte da população desse imenso e pobre Brasil, nos sentimos atacados não por hamsters, mas pela voracidade de poderosos roedores que transformaram as riquezas desse país em pó. Condenaram-nos a um retrocesso, sem nenhuma perspectiva de melhora em médio prazo. O acontecimento da Câmara não foi uma mera brincadeira, mas a representação ao vivo da ladroagem.

Podemos dizer que o Brasil foi submetido a uma grande epidemia de roedores que se deliciaram com os recursos destinados aos serviços essenciais, deixando- os à míngua. Para nosso espanto, os que não pertenciam a essa de classe de animais, foram excluídos do círculo do poder.

Hoje, a Pátria Educadora, repleta de desafios a enfrentar, não possui verbas para limpeza das escolas que estão sem aula. Os Hospitais sucateados permanecerão do mesmo jeito, o transporte desafia as leis da Física, o sistema habitacional, fruto do Minha Casa Minha Vida, construiu moradias localizadas em lugares de acesso difícil, carecendo de infraestrutura. Muito teremos que aguardar até recompor nossa economia e devolver ao povo o que ele merece, pois não é mais aceitável que o dinheiro arrecadado dos impostos, fruto do nosso trabalho, esteja sendo dado de bandeja aos Ratos.


sexta-feira, 3 de abril de 2015

Vamos discutir a maioridade penal?

Diante de tantos crimes cometidos por jovens, menores de 18 anos, a Câmara debate a possibilidade de se alterar a faixa etária de modo que os infratores possam ser penalizados a partir de 16 anos.

A criminalidade no Brasil está tão intensa que ela permeia não só os mais altos escalões da República, chegando dos mais ricos aos mais pobres. Parece-me que o resultado certamente estará carregado de emoção e este é um assunto que merece muita reflexão. No Brasil, em que estamos vivendo, a pressa nessa lei é compreensível, mas há muito mais a se fazer.

Compreendo o absurdo que é ser morto pelo motivo mais torpe, por uma quantia ridícula, por uma briga de trânsito, pelo roubo de um celular ou por um jogo de futebol e a primeira coisa que aparece em nossa cabeça é o desejo de punição, pois o menor é inimputável. É óbvio que aos dezesseis anos o indivíduo é responsável, porém considero que seria imprescindível dar ordem ao caos. A lei por si só pouco mudará o quadro de violência, existem ações muito mais efetivas a serem tomadas que a mera alteração da idade penal.  

Como sempre se faz no Brasil, a lei da maioridade é mais uma tentativa de mostrar serviço, porém não de fazer o serviço. O estatuto da criança e do adolescente oferece medidas sócio educativas tais como: advertência, reparar os danos, prestar serviços à comunidade, liberdade assistida, regime de semiliberdade e internação em ambiente educacional. Este seria uma parte do serviço, no entanto nem isso é feito. As medidas já previstas na lei não são seguidas, seja por falta de estrutura ou pessoal, será mesmo que encarcerar esses jovens realmente irá mudar alguma coisa? Se seguíssemos a lei já existente, grandes avanços no combate à criminalidade seriam observados.

Quando os assassinos do fotógrafo Santiago Andrade saíram da prisão não havia tornozeleira para que pudessem ser monitorados E a lentidão da justiça? O crime são prescritos e... nada.

Se o Congresso desejasse fazer um serviço bem feito de verdade com o intuito de proteger as nossas crianças e a nós, que estamos diariamente submetidos à violência, a opção seria oferecer escolas em horário integral onde elas pudessem estudar (orientados por um currículo decente), se alimentar e praticar algum esporte.

Vão frequentar o colégio não porque a bolsa família quer, mas porque precisamos indicar um caminho novo, que além de educar a criança, estaria funcionando como elemento preventivo contra o crime. Os que não conseguissem se beneficiar com esses procedimentos e optassem pela criminalidade, então lhes caberia uma punição exemplar.

Outro ponto importante a se considerar é que a marginalidade é muito mais ágil do que nós, perdido que estamos em um país onde as pequenas regras de convivência humana não são respeitadas, e que perdemos a capacidade de planejar visando o bem estar da população e não o nosso bolso. Rapidamente os menores de dezesseis anos serão convocados para o crime. A vida na marginalidade começará mais cedo.

Utopia? Não, é só conter o saqueamento aos cofres público e trabalhar. Não consigo parar de pensar na dinheirama surripiada e o abandono a que o país está sujeito. Precisamos batalhar pela volta dos valores perdidos e que, sem eles a vida não tem sentido, a moralidade nos coloca no caminho certo sem a necessidade da coerção, pois sem ela a graça se torna desgraçada.