sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Amor à Vida???

Até agora não entendi o nome dado à novela das 21 horas da Rede Globo.

A história, que por sinal possui excelentes atores, versa sobre uma série de cenas excessivamente perversas. Ali se cometem assassinatos, tentativas de homicídio, trapaças, infidelidades de um modo geral, crueldade, traições, enfim uma grande exibição de psicopatia. Parece-me que o autor especializou-se em trazer à tona o lado negro do ser humano.

O público assiste avidamente o desenrolar dos acontecimentos que ali se passam e vibram com a sofisticação das tramas maquiavélicas, em nada semelhante ao que se espera do que seja amor à vida.
Não poderia deixar de pensar na correlação entre a novela e o aumento da violência em nossa cidade. 

Como na novela, a vida do carioca está sendo submetida a um total desprezo. Os exemplos são inúmeros, pensei em alguns: um deles é o desvio dos recursos da saúde mesmo sabendo-se da precariedade do nosso sistema e deixando os pacientes em filas e mais filas para se marcar uma simples consulta a qual se realizará daqui a dois meses, e se for caso de cirurgia o tempo de espera se dilata. Muitas doenças, devido a esse absurdo, podem agravar o estado do paciente e leva-lo à morte.

Minha outra preocupação está ligada ao antediluviano meio de transporte e os terríveis engarrafamentos que fazem os seus usuários perderem quatro ou seis horas do seu dia, da sua vida ou do seu descanso e sempre com a ilusória promessa de felicidade, pois daqui a dois anos possuiremos mais barcas, mais trens, mais metrô o que nunca acontece. Qual a disposição que os trabalhadores terão para a vida depois de enfrentar essa forma de tortura?

Nossos governantes não se dão conta de que esses pesadelos, aos quais a população vive diariamente, têm consequências desastrosas para a vida. O estresse desencadeia violência, afeta a saúde física e mental e gera situações irracionais do tipo atear fogo aos ônibus ou quebrar trens, contribuindo, portanto, para uma maior degradação do transporte e prejudicando a si mesmo.

Através da encenação de situações da novela onde o desrespeito à vida impera, o cidadão transfere para os atores a sua própria vivência de uma qualidade de vida dolorosa que propulsiona impulsos violentos. Não raro, vemos no nosso cotidiano, pessoas repreenderem os artistas que representam papéis sádicos ou perversos, tamanha a identificação estabelecida e passam a criticá-lo, chegando às vezes a agredi-los.

Creio que amor à vida é algo completamente diferente. Cuidar do local onde se vive, construir ao invés de destruir, sair do seu narcisismo ou como se diz atualmente do seu “selfish”, lutar pela sua cidadania, pensar no nós ao invés do eu, ser solidário, respeitar o próximo e também exigir respeito.

Como um Novo Ano breve se inicia, o que desejo é que a amizade, o pensar no outro, o ser gentil, substituam o desamor, a descrença. Chega deste salve-se quem puder, como se o mundo fosse acabar amanhã. Precisamos escolher uma classe política identificada com esses atributos e as quadrilhas que hoje nos governam, com raras exceções, sejam banidas do poder, afinal 2014 é ano de eleição.


Desejo a todos um final de ano abençoado e que cada ano que vier supere o anterior.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

O ParCão da discórdia

Imagem do ParCão da Lagoa
Ao se instalar o ParCão na praça Claudio Coutinho, no Leblon, já era uma transferência do local anterior, pois neste os moradores não resistiram ao barulho emitido pelos latidos das dezenas de cachorros. A experiência, então sinalizava a inconveniência deste tipo de congregação de animais, mas por insistência dos donos dos cães, instalou-se um segundo ParCão na praça Claudio Coutinho, sem nenhuma consulta prévia aos que ali residem.

Era bem esperado que os moradores deste novo local não aceitassem conviver com esse barulho enorme que, de repente se instalou às suas portas. Não compreendi o porquê desta transferência, tendo em vista o insucesso anterior.

Possuo cachorro em apartamento e sei como é penoso para o bichinho este tipo de claustro, porém há de se arcar com as consequências deste ato e procurar um meio de aliviar os bichanos sem que para isso seja necessário dispor de um parque que incomode os residentes. Afinal, ter um animal de estimação é uma grande responsabilidade...

Ora se o tal ParCão foi removido originalmente por incomodar os vizinhos, o quê fez nossos administradores pensarem que não perturbariam  o sossego da população em outra localidade? Este parece ser o modus operandi do Leblon, se joga um problema de um lado para outro e até alguém reclamar. Já tivemos problemas semelhantes a este, não com o ParCão, mas sim com o estacionamento de carros, coleta lixo, limpeza urbana, pois certas ruas são protegidas enquanto outras largadas à sua própria sorte, até que alguém importante reclame...

Espero que esse insucesso tenha trazido algum aprendizado, não adianta varrer a sujeira para debaixo do tapete do VIZINHO. Esse jogo de batata quente com os problemas do bairro tem que parar. Quero acreditar que tais problemas decorreram por falta de visão dos nossos representantes, que precisam entender a comunidade como um todo e respeitá-la.

###

Agora uma singela homenagem ao grande homem que foi Nelson Mandela:


Nelson Mandela, um grande estadista e humanista, submetido a 27 anos de um aprisionamento implacável, emergiu do desterro e deu ao mundo uma lição de superação invulgar. Dotado de forte personalidade, própria de indivíduos cuja capacidade de amar supera em muito o ódio, foi capaz de conduzir seu povo, castigado pela humilhação e pela discriminação, a mitigar a revolta, procurar o perdão e lutar pelos seus direitos. Uma luta onde se evitou maior derramamento de sangue e plena de diálogo, vencendo a irracionalidade vigente. Uma perda dolorosa. O mundo precisa que novos Mandelas surjam para que ele se torne mais humanizado. Que finalmente descanse em paz.