sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Questionando a Impunidade

O resultado da ausência de autoridade (Foto O Globo)
Apesar de vivermos em um país onde se vende alegria, descontração, carnaval, shows, etc. sinto sempre que estamos em tempos de guerra e não de paz. São tantos os acidentes, as mortes no trânsito ou invalidez, tragédias, tantas vidas perdidas ou inutilizadas, que, se forem contabilizadas, revelarão números condizentes com um país em plena guerra.

Considero a situação do trânsito no Brasil de tremenda gravidade. Os problemas vão dos motoristas às estradas em estado deplorável, com graves problemas de segurança. Sem contar com as sinalizações pouco trabalhadas, parecendo que são executadas por técnicos despreparados.  

Além da maravilhosa Lei Seca, que funciona e é bem planejada, não podemos deixar de pensar que outras atitudes devam ser tomadas no intuito de combater esse grave problema. Podemos pensar na necessidade maciça de campanhas, porém isso precisa vir acompanhada de  pesadas multas quando houver infração, além da sempre ausente fiscalização.

Essa semana, um gravíssimo acidente chocou nosso país, um motorista na Linha Amarela cometeu três infrações: dirigia em local proibido (naquele horário), excedeu a velocidade permitida e ainda falava ao celular. Tão ocupado estava que não percebeu o deslocamento de ar provocado pela caçamba em pé e nem os avisos dos motoristas. A alternativa, que não queremos nem pensar, é que ele tenha levantado a caçamba para ocultar sua placa dos radares de velocidade.

Outro ponto central, que chegou a meu conhecimento através de fonte direta, é que quase ninguém paga multa. Muito menos fazem a vistoria que foi uma vitória, mas agora esvaziada pelo “jeitinho”. O risco que os inadimplentes correm é serem parados no trânsito, mas todos são PhD em resolver esse probleminha dando a boa e velha propina.

Há que se encontrar uma maneira de evitar essa aberração que se chama impunidade. Observando outros países, vemos formas mais eficientes de fiscalização, através de câmeras que leem placas, por exemplo, e punições aos infratores. A sensação de impunidade é que gera esse quadro aterrador, todos sabem que com o “jeitinho” conseguem driblar as consequências.

Desalentadora foi a atitude do Secretário de Transporte, Dr. Roberto Osório, pessoa a qual eu respeito muito, que preocupado com o pagamento do IPVA, no momento rareando propor que as multas sejam reduzidas à metade, e ainda em módicas prestações, convidando-os a pagarem o IPVA. Nós precisamos de AUTORIDADE EFICIENTE e não de atitudes paternalistas.

Com isso deu de uma vez só três tiros: sinal verde para que continuassem as infrações, preocupou-se com a arrecadação, mais uma vez não se importando com vidas que estão sendo perdidas, devido à guerra que se enfrenta no trânsito, deixando lares sem pais, sem filhos. O terceiro tiro foi para nós, otários, que esticamos nossos proventos para pagarmos tudo que nos cobram.    

A pressa em arrecadar, em resolver os problemas de qualquer maneira, sem observar as consequências dos atos, gera uma sensação de impunidade, de que tudo acaba se resolvendo e um convite a burlar as leis. O resultado dessas atitudes é um tremendo descrédito das nossas autoridades e um convite a se fazer o que bem se desejar, ou seja, cria-se uma sociedade infantil, descompromissadas com tudo e com todos.


Essa desordem, onde faltam planejamento, orientação e  autoridade, se reflete no pranto daqueles que hoje enterram seus entes queridos.

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