segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Entendendo o Rolezinho

Foto do Blog do Estado de São Paulo
Aparentemente o rolezinho não dá indícios de preocupações. São jovens frequentando os templos de consumo, o que sempre existiu. Entretanto há algo de diferente acontecendo que são as convocações através das redes sociais para esses encontros. É sabido que os jovens gostam de andar em grupo porque se sentem fortalecidos, mas um grupão é bem diferente.

No grupão há vários tipos de jovens, o nível social é mais ou menos o mesmo, e eles são de uma classe social menos favorecida. O que, provavelmente, difere é o nível de escolaridade e a constituição familiar. Há também jovens que trabalham ou estudam e outros que não exercem nenhum tipo de atividade. O traço comum a todos é que estão inseridos em uma sociedade que privilegia o poder econômico ou qualquer tipo de poder, e onde o apelo ao consumo esmaga a capacidade de pensar.

Os valores gastos pela classe rica nos shoppings são cifras inimagináveis para esses jovens, que por sua vez, também sonham com os tênis grifados e objetos eletrônicos, entre outras coisas, mas que são de difícil aquisição para o seu poder econômico. Aí mora o perigo, pois quando eles se juntam o nível de insatisfação, de injustiça, de exclusão social e de frustração se potencializa e explode. 

Animados e exaltados, no grupão eles se sentem mais fortes, a auto censura cede, percebem que a sociedade se assusta,o que lhes dá muito prazer, e que outro tipo de poder emerge: o oprimido se torna opressor, a identidade grupal é muito poderosa e dispersa o senso de responsabilidade individual. A partir daí, qualquer coisa pode acontecer.

Podemos ver neste movimento um eco das políticas sociais brasileiras dos últimos 20 anos. Temos tratado os mais pobres como coitados e incapazes, através de políticas assistencialistas que não levam à independência, nem ao crescimento de cada um. Temos justificado seus erros e desvios como de culpa da sociedade. Esta falta de cobrança e responsabilidade, gerou uma geração que acha que o sucesso lhe é devido por direito e justiça, sem nenhum esforço. Retiramos o mérito da equação do sucesso. Apenas cantar em prosa e verso que existe inclusão social é pura demagogia.

Mas é importante salientar que a o número de milionários, que cada vez aumenta mais, certamente sabendo-se que nem todos enriquecem às custas de seus trabalhos, mas sim de ações pouco recomendáveis, representa a outra parte do problema, onde mais uma vez sucesso e mérito não andam juntos. O vácuo entre a população que trabalha e essa casta aumenta em progressão geométrica.

Considero esse movimento muito preocupante, que, certamente, precisa ser tratado com cautela. Os shoppings são propriedades privadas e, como tal, devem ser preservadas.  A população que os frequenta também necessita de proteção, assim como esses jovens. Espero que o bom senso, o diálogo e as ações equilibradas prevaleçam.

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