sexta-feira, 30 de maio de 2014

Atenção ingleses: aqui é flecha, tiro, pancada e bomba

Ninguém esperava por essa!
Os ingleses resolveram sugerir aos seus torcedores que virão aos jogos da Copa no Brasil alguns cuidados que devem ser tomados durante essa estadia: preferir carro e avião como meio de transporte, evitar a exibição de material eletrônico, como também, visitas às comunidades, etc. Em suas cuidadosas e pragmáticas cabeças não foi levantada a hipótese de um surpreendente perigo: as flechas.

Enquanto, antropólogos e sociólogos discutem se esse equipamento pertence às armas brancas ou se trata de um objeto cultural, penso que é crucial lembrar que arco e flecha podem provocar sérios ferimentos e até morte. Quantas guerras foram travadas entre índios, tendo como material bélico o arco e a flecha?

Creio que é hora de se tomar uma atitude firme antes que outras pessoas sejam atacadas e não esquecer que a segurança da população está além de qualquer discussão desse nível, não devendo, portanto, ser protelada.

Situações dessa natureza exigem que, as cabeças pensantes do país encontrem uma solução comum, porque a demora na tomada das decisões acaba sendo confundida com permissividade. Até hoje ninguém sabe o quê fazer com os Black Blocs. O mundo não é estático e as nossas leis não acompanham sua evolução, espera-se, por conseguinte, que as autoridades, com bom senso, mostrem sua presença. Nas pequenas ou nas grandes decisões sentimos a ausência de lideranças e de governantes atuantes.

Afinal, estamos diante de uma grande onda de movimentos populares com diversos objetivos e naturezas. Nunca vimos tantas greves, passeatas, quebra-quebra, obstrução de rua e desordem. Qualquer grupo tem o poder de parar o trânsito, causando caos numa cidade cuja mobilidade já é problemática. A sociedade está explodindo em cólera.

Tivemos a sensação de ter tirado o bilhete premiado, petróleo no pré-sal, valorização das commodities, crescimento econômico espantoso (até 2008), Copa do Mundo e Olímpiadas. Ficamos tão inebriados e entusiasmados que não pensamos nas reais responsabilidades. O grande salto para frente não veio, o que restou foi a ressaca de uma festa que ainda não aconteceu.

Os gastos faraônicos desses eventos só aumentaram a dívida pública e em nada contribuíram para as cidades. Nem os aeroportos ficaram prontos a tempo, mas teremos estádio de um bilhão de reais em uma cidade que nem time de futebol possui.

Ninguém, em sã consciência, deveria ser contra a Copa, que poderia ser motivo de alegria. Temos um técnico impecável, com grande capacidade de liderança e autoridade, que optou por jogadores responsáveis, não aceitando os brilhantes que passam as noites nas boates. O que está acontecendo é que nos sentimos enganados, as obras entregues incompletas, os aeroportos de dar vergonha, a segurança falhando lamentavelmente. É muito desleixo para o meu gosto.

Ao recebermos nossos convidados em nossa casa, escolhemos a melhor louça, um cardápio bacana, usamos nossas melhores toalhas e procuramos oferecer um ambiente alegre e hospitaleiro. Não quero nem pensar no que vai acontecer quando nossos visitantes se depararem com arco e flecha, bombas de gás lacrimogênio, greves, obras inacabadas. Os governantes ao se “programarem” deveriam ter pensado em nós, evitando toda essa explosão de fúria a que estamos assistindo.

O velho pão e circo parece não funcionar mais, o governo atualmente fez um aperfeiçoamento na outrora estratégia de ouro, agora estamos na fase do “Pau e Circo”, como dito hoje mesmo por Nelson Motta no Jornal O Globo. Será que os ingleses estarão suficientemente preparados? 

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