sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Os escorpiões do Congresso Nacional

Esta semana mais um capítulo sórdido da corrupção do Congresso Nacional chocou os brasileiros. A revisão dos critérios da Lei de Diretrizes Orçamentárias é uma afronta aos mais básicos princípios morais: não se altera uma lei para tornar um ato, já cometido, legal. A princípio houve resistência até da base aliada, mas esta logo foi desmascarada quando suas verdadeiras intenções se revelaram: cargos e dinheiro. No fim o projeto foi aprovado junto com um gordo pacote de emendas parlamentares que apaziguou os ânimos e os bolsos dos “par-lamentáveis”.

A fraude passou a ser incorporada à vida do cidadão brasileiro. Diante deste espetáculo da LDO era para a população sair às ruas, mas a corrupção parece fazer parte do sangue. Pequenos exemplos comprovam: os produtos farmacêuticos inventam de tudo para manter o sobre preço travestido de preço normal. É bem comum encontrarmos embalagens grandes, antigas, contendo um diminuto frasco de remédio ou uma cartela com vinte e oito comprimidos quando a dosagem indicada é de um mês.

Diminui-se a largura da folha do papel higiênico e a espessura, os pacotes de molhos ou alimentos de meio quilo passam trezentas gramas, e a dança dentro das embalagens é frenética. O conluio se estabelece, os fornecedores lucram e o governo tenta as custas dessas trapaças mostrar que a inflação está sob controle. Embute-se tudo nos preços para burlar a população, até colégios praticam esse desatino pedindo às crianças do Jardim de infância resmas e resmas de papel A4 que terão outro destino e não o da sala de aula.

Os que há anos lutaram contra a ditadura, acreditando no valor da democracia, hoje fazem parte da cúpula do governo, porém estão trazendo à nossa mente a identidade dos escorpiões.

Certa vez um escorpião desejava atravessar um rio, mas temia morrer afogado. Ao encontrar uma rã pediu que ela o carregasse em suas costas para que a travessia fosse possível. A rã ponderou que não confiava nele, acabaria sendo mordida. O escorpião, na sua doce fala, retrucou que a sobrevivência dela estaria garantida, pois se a picasse eles morreriam juntos.

Confiante a rã seguiu em frente e, já na outra margem, foi picada pelo escorpião. Agonizante a rã disse que não fora esse o combinado. O escorpião respondeu-lhe: essa é a minha natureza.


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