sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Turismo em Terra de Bala Perdida

Segunda-feira, dia 25 de setembro, me deparei com a seguinte notícia no jornal O Globo: “União anuncia R$ 200 milhões para eventos na cidade. O calendário turístico de 2018 terá cerca de 100 atividades”.

A largada dessa brincadeira será na virada do ano e teremos doze dias de carnaval. Muito bacana! E atinge em cheio aos objetivos políticos...

Não é preciso dizer que quase desmaiei, mais uma Olimpíada é muito para mim, ainda mais essa que é para o ano inteiro. Não posso deixar de esclarecer que o Rio não teve lucro algum com as Olimpíadas, mas sim muito prejuízo!

Vamos lá, cinco ministros vieram ao Rio e, juntamente com o governador e o prefeito, se uniram à três empresários, entre eles Roberto Medina para preparar o calendário turístico. Tenho o maior respeito pelo Medina cujo Rock in Rio é sempre muito bem preparado e, portanto, o sucesso é garantido.

Sei que intenção é alavancar o turismo, criar empregos, manter a economia em ascensão, entretanto vender a cidade do jeito em que ela se encontra, à base de fuzis e metralhadoras, é um tiro no pé.

Penso que qualquer recurso que se receba, mesmo sendo pequeno, deveria ser injetado na cidade. Poderíamos mitigar um pouquinho as enormes carências que sofremos quer sociais, educacionais ou ambientais. Não estaríamos assim preparando a cidade para os cariocas, os visitantes e fornecendo empregos? Já pensaram em despoluir as belíssimas lagoas da Barra?

O que fazem as cidades europeias que são tão vibrantes e acolhedoras? Primeiro cuidam da cidade e da população e o turismo é consequência de uma cidade organizada, bem tratada e razoavelmente segura. Esse é o cartão de visitas e a propaganda de países desenvolvidos.

A cidade que carece de serviços essenciais, os mais básicos possíveis, chegando ao cúmulo de retirar o vale transporte dos professores que apanham dos alunos, apanham do governo com salários baixíssimos, por falta de recursos e vai gastar essa fortuna?

Achei graça na origem do dinheiro: 150 milhões das estatais (parece que estatal não significa dinheiro da União) e 50 milhões serão usados pela Embratur e pelo Ministério do Turismo para propaganda da cidade no Brasil e no exterior.

Claro que também pensei em mim e nos outros pobres trabalhadores desse país que sustentam essa insanidade tipo “casinha de sapê com janela de vidro” para se locomoverem diante dessa jornada de eventos.

Certamente será como nas Olimpíadas, muito dinheiro jogado fora, muitos feriados para acalmar a cidade e dar vazão ao fluxo e, de vez em quando, chamar as Forças Armadas para segurar as guerras nas comunidades.

Objetivo é garantido: tirar o carioca dessa mania de criticar o governo, ficar de olho nos políticos e suas artimanhas, parar de querer que se faça justiça e que se entre na alienação total. Afinal a, turma do Rio, ama uma festa.

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