sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Gilmar versus Edson

“Nesse caso, imagino seu drama pessoal. Ter sido ludibriado por Miller et caterva deve impor um constrangimento pessoal muito grande (...) certamente tão poucas pessoas na história do STF correm o risco de ver o seu nome e da própria Corte conspurcados por decisões que depois vão se revelar equivocadas”.

Estas foram as palavras ditas pelo Ministro Gilmar Mendes, em uma reunião da segunda Turma, ao Ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato, que autorizou as delações da JBS, cujos empresários, posteriormente, omitiram fatos importantes.

Essa mensagem foi proferida em rede aberta de televisão e transcritas também no jornal O Globo. O tom era um misto de repreensão, desprezo e vitória de alguém que julga deter o saber jurídico.

Fiquei muito preocupada com uma crítica tão forte e, na minha opinião, destrutiva, de cunho depreciativo, desmoralizando um colega que trabalhou seguindo os autos. Esse triunfo entre pares acaba colocando o Supremo à vista e mal visto.

Assistimos a todo instante situações que fragilizam o Supremo, nossos sentimentos são como o de órfãos de pais vivos, pouco confiáveis, que disputam holofotes e vaidades. Parece que não se preocupam com o destino que se configura para nós: incerteza, descrença e medo.

Creio que o juiz Moro, juntamente com o Ministério Público e a Polícia Federal, turma jovem, brilhante, cheia de coragem, preocupada com o nosso destino, apoiados pela imensa população, pode, de verdade, despertar grande desconforto em espíritos mais competitivos.

Nesses casos, sentimentos negativos muito profundos e provavelmente inconscientes, podem emergir e provocar verdadeiros desastres, colocando pólvora em baluartes de nossas vidas.

Estamos cansados, desanimados, perplexos, e até violentos diante de tanta coisa degradante que jogam sem nenhuma piedade em nossos ombros.

As atitudes do Ministro Gilmar têm sido altamente contrárias ao que se espera de um Ministro do Supremo e ninguém se espanta. Seus rompantes autoritários não encontram resposta à altura.

A Corte precisa mostrar o que é tão falado pela ministra Carmem Lúcia, o combate inclemente à corrupção e não o seu aval.

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