sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Mais um vexame Olímpico

“Tem rio cantando, pedrinha rolando,
Mas você não vê
Garoa de prata, chorando na mata, 
Mas você não vê”
Esse é o início de uma música feita por uma senhora, hoje nos seus 90 anos, e desde a sua juventude percebeu a necessidade de a população deixar entrar em suas veias a beleza de um ambiente bem cuidado e a leveza de um ar não poluído. O homem e a natureza contracenando de forma harmoniosa, teriam como resultado uma insuperável qualidade de vida.
O meio ambiente sempre se constituiu, sem dúvida, um dos guardiões de uma vida física e psíquica saudável. Se a nossa natureza estonteante já nos ofereceu tanto, a mão do homem deveria se cercar de toda a sua inteligência e tecnologia disponível para saudá-la, reverencia-la e mantê-la em plena dignidade.
Próximo às Olimpíadas esse assunto me parece fundamental. Em um momento em que provas náuticas estarão para acontecer, lamento profundamente o estado da nossa esplendorosa Baía de Guanabara. É bem constrangedor oferecer aos atletas mundiais, um cenário degradante e que coloca em risco a saúde dos competidores.
A agência de notícias Associated Press divulgou, ao mundo o resultado dos exames que confirmam que existem nessas águas vírus e bactérias, em níveis muito mais altos do que os desejados, e que podem contribuir para doenças como hepatite e rotavirus. É do conhecimento público que alguns atletas americanos sofreram problemas de saúde ao se exercitarem na baía.
É evidente que a despoluição da baía sempre foi um desafio, porém quem se candidata a um desafio deve enfrentá-lo e não maquiá-lo.
Há mais de vinte anos, se brinca com o meu dinheiro (visto que sou uma contribuinte) e nada de concreto foi efetuado para devolver à cidade este cenário maravilhoso, ideal para esportes náuticos. Como seria fantástico a população dos bairros do Flamengo e Botafogo se pudessem usufruir de duas ótimas praias, abençoadas pelo Pão de Açúcar.
A resolução desse problema sempre se deveu ao dinheiro, aliás ao tal do dinheiro que nunca faltou quando a proposta é a construção de qualquer coisa que seja grandiosa, bem gênero Dubai, mas se for para o meio ambiente ele some. Impossível dissociar ambiente da vida, mas aqui os dois se assemelham a inimigos.
Thomas Weber, vice-presidente do Búzios Convention & Visitors Bureau, sugere que as provas sejam efetuadas em Búzios, belo cenário, acostumado a receber esportes náuticos. Afinal, a cidade pertence ao Estado do Rio de Janeiro e ainda conta com a vantagem das embarcações e seus atletas não serem acompanhadas pelo lixo.
Creio que a proposta é bem sensata não há necessidade de exportarmos para o mundo uma grandiosa baía, beleza natural extraordinária, contaminada com lixo e esgoto. É melhor que os jogos aconteçam em Búzios, assim evitamos mais um vexame internacional, mas pelo visto eles serão realizados aqui mesmo, negando a realidade.

Será que, se nós passarmos por um vexame mundial, mesmo assim tudo continuará igual?

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