sexta-feira, 21 de agosto de 2015

"Jovem no Brasil nunca é levado a sério"?

A passeata do dia 16 deixou clara a ausência da população jovem.  O que fazem os nossos jovens de hoje tão diferentes da aguerrida mocidade que conhecíamos há décadas atrás?

A contemporaneidade trouxe mudanças muito intensas. As pessoas, de um modo geral, passaram a se preocupar muito mais consigo, o coletivo deixou de fazer parte da vida. O espírito cívico, o amor pelo país e pelas pessoas que aqui vivem não fazem parte do cardápio da modernidade. A conectividade produz uma falsa ideia de congraçamento, mas escapa como um relâmpago.

Acostumados a viverem em um ritmo frenético uma boa parte de jovens são compromissados com o saber, buscam não só o conhecimento como também anseiam por um emprego que lhes garanta um salário razoável. Sabem que para consegui-lo a disputa será acirrada.

Ansiando pela garantia econômica deixam para trás o valor da vida, da amizade e da solidariedade. A maioria se encontra profundamente desencantada com a política e escandalizada com os políticos. Erroneamente os jovens se afastaram e nem desconfiam o quanto precisamos deles para arejarem o infecto submundo da política. Nem desconfiam que uma sociedade sem líderes competentes e honestos, preocupados com o bem-estar da população, deságua em um mundo inóspito para ricos e pobres.

O segundo grupo é composto de jovens universitários ou estudantes de grau médio que se engajam nos diretórios estudantis, professam ideologias obsoletas, e passam o tempo nas redes sociais mencionando as injustiças sociais. Fecham-se nos seus pontos de vista, repetindo que as elites são responsáveis por todos os males do país. São tão doutrinados que nem descobriram que o governo que defendem é o grande protetor das elites.

Essa mocidade jamais participaria de uma passeata dita golpista, afinal as elites estarão lá. Vale notar que a classe média que carrega o país nas costas é “elitista”. Essa juventude é altamente preconceituosos e não distingue empresariado sério de bandidos e se alguém, como é o meu caso, luta pela preservação do meio ambiente contra a desordem urbana sou chamada de elitista. As mentes são tão massificadas que repetem estereótipos não percebendo que, em qualquer bairro, o cuidado com o meio ambiente favorece a vida.

O terceiro grupo, de um modo geral, pouco estuda, não trabalha, ou se o faz não tem objetivo de melhorar a vida. Eles podem até saber que a nossa situação política e social está em plena turbulência, mas o pensamento mágico funciona: “sempre deu certo porque irá dar errado agora, no fim tudo se ajeita, já tivemos dias piores”. Com esse discurso aliviam a culpa de não lutarem pelo país e entregam-se de corpo e alma às praias, futebol, às noites nos bares, buscando novidades, novos points, o importante é fugir do tédio, afinal vida vazia custa a passar.


Parece que a juventude não acredita que um país se constrói no presente e não no futuro. O Brasil sempre foi um país do futuro que nunca aconteceu. Talvez seja esse o motivo que leva os jovens à descrença. Diferente do que Charlie Brown Jr. em sua música dizia, é o jovem que não leva o Brasil a sério.

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