sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Os Black Blocs e a Janela Quebrada

A morte absurda do cinegrafista Santiago Andrade banhou de tristeza a população da nossa cidade. Perdemos um profissional excelente, premiado duas vezes, que se embrenhava em lugares difíceis, com o intuito de nos trazer todo tipo de informação, contribuindo para o exercício de uma imprensa livre. Este cidadão se arriscava diariamente para nos levar onde normalmente não iríamos.

Santiago pode não ter sido, aparentemente, o alvo direto das ações terroristas do Black Bloc, mas todos sabemos do ódio que eles demonstram nutrir por jornalistas. Essa turma deseja ser “livre” para esbanjar o turbilhão de ataques violentos que inundam suas mentes e se inebriar com a volúpia que isso que isso lhes causa.

A morte de Santiago completou um assassinato anterior cometido por esse hediondo grupo. Eles mataram o sonho de milhões de brasileiros, jovens ou não, que saíram às ruas, clamando por um Brasil melhor. Era uma luta travada contra os abusos dos políticos, contra a corrupção obrigatória em todas as Instituições, contra a escandalosa desigualdade social e quanto a tudo que faz esse país, rico de potencialidades, permanecer, na escala mundial, nos últimos lugares em situações essências para o desenvolvimento.

Lamentei muito, em postagens anteriores, que os indivíduos do Black Bloc não foram levados a sério, pareciam até que estavam sendo bem-vindos, pois o barulho das ruas com suas bandeiras e reinvindicações, incomodava a inércia dos nossos políticos e os tirava do dolce far niente de suas vidas. Jamais vi a Câmara dos Deputados tão repleta.

Hoje, próximo à Copa, os políticos parecem estar correndo atrás do prejuízo de ter uma legislação que não aborda esse tipo de terrorismo que esses predadores da cidade, do Brasil e do povo cometem. Uma pergunta que não sai da minha cabeça é: a quem interessa essa violência? Pela revelação do Caio Silva de Souza, alguns desses vândalos são financiados, possivelmente, pelos próprios políticos.

Tenho acompanhado, apreensivamente, a escalada de atos violentos em nossa cidade. Pessoas que sofreram assaltos ou se sentiram ameaçados e prejudicados, nos dias de hoje, procuram justificativas para esta turbulência em nossas vidas: a primeira diz respeito aos marginais que, vendo seus tóxicos-negócios diminuírem, estão se transferindo para as calçadas desta cidade ou para outros municípios; a segunda se refere ao policiamento das UPP, que obviamente se faz necessário, porém esvazia o resto da cidade de recursos policiais. São hipóteses possíveis.

Gostaria de acrescentar mais uma: desde junho, com o aparecimento desse grupo destruidor, presenciamos ataques periódicos à cidade e à população, que culminaram com a morte de um dedicado profissional da área jornalística. A polícia, que ainda age nos moldes do aparelho repressor dos tempos da ditadura, também tem sua parte no rol de atitudes desumanas que destroem o senso de justiça e direto, mas hoje estamos falando especificamente dos manifestantes mal intencionados que saem de casa com a intenção de destruir e causar o caos.

Toda essa orgia de agressividade ocorreu, todo este tempo, sem nenhuma consequência. Será um convite a atos violentos? Os exemplos são inúmeros: assaltos de vários tipos, os ônibus, repletos de adolescentes, provenientes dos subúrbios com o intuito de provocarem arrastões nas praias.

E os rolezinhos? E a quantidade enorme de ônibus queimados? O que dizer de várias UPP em pé de guerra? Não estariam todos contando com essa aberração que existe no Brasil que se chama leniência?

Curiosamente, após a ditadura, qualquer tentativa de se estabelecer regras, fazer cumprir as leis é vista como repressão, coisas da direita, linha dura, arrocho, ditadura. Como se fosse possível, milhões de pessoas conviverem com toda essa desordem que existe sem escorregarem para a barbárie. 


Existe uma teoria sobre atos de menor potencial ofensivos que não são apurados. Estes podem ser o caminho de entrada para crimes mais graves. A Teoria da Janela Quebrada (Ou Partida) nos diz que uma janela quebrada aumenta as chances de que outra seja apedrejada, e que consequentemente a região se torne mais propícia a delitos mais graves. O mecanismo por trás deste fenômeno seria a demonstração de falta de estado ou policiamento, acendendo o sinal verde para criminalidade.

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