sexta-feira, 10 de maio de 2013

Linhas de Ônibus 171MORTE

Foto: de Carlo Wrede, "O Dia"


O problema dos ônibus vai muito além das transgressões e imprudências dos motoristas. Há uma falha estrutural das empresas no que se refere tanto aos ônibus quanto aos motoristas. Os veículos, todo mundo sabe, utilizam carrocerias de caminhão, são sujos e até baratas podem ser encontradas neles. Também vivemos numa cidade, cujo calor é senegalês, o que torna o ar condicionado imprescindível. Degraus altos, desconforto total.

É frequente a informação de que não há motoristas suficientes e não é difícil encontrarmos algumas causas: condições de trabalho perversas, distâncias longas a serem percorridas com engarrafamentos a qualquer hora do dia, no verão temperaturas altíssimas, dublê de motorista e trocador, horas extras para suprir a deficiência de mão de obra, salários baixos (como os da maioria dos profissionais brasileiros) e um custo de vida altíssimo, dificuldades próprias dos seres humanos e, por aí vai. Onde estão os motoristas? Será que optaram por recorrerem à Bolsa Família?

Diante de tantos problemas, fiquei surpresa quanto às providências tomadas pela Secretaria de Transportes: o prazo de um ano para que a Rio Ônibus recicle os seus profissionais. É pertinente a reciclagem dos motoristas, porém é obvio que a população está percebendo que eles poderão cometer as infrações que quiserem, pois o emprego estará garantido, não serão demitidos, pois não há mão de obra disponível. Diante de um fechar de olhos dos empresários e da falta de fiscalização por parte da Prefeitura, o resultado é o descalabro.

A Rio Ônibus oferece uma justificativa ridícula dizendo que, como o percurso dos ônibus é maior do que o dos carros, o número de multas precisa ser ponderado. Madame Natasha (Hélio Gaspari) traduziria da seguinte forma: os motoristas tem autorização para matar porque seus trajetos são enormes.

Outro ponto fundamental, que a população não se cansa de alertar, é o excesso de velocidade. Tanto faz que seja na zona norte ou sul, se não houver engarrafamento, poderemos ter certeza que os bólidos surgirão, ônibus, motos ou carros, tornando um risco o caminhar dos pedestres.

Os ônibus atravessam a cidade inteira, e dirigem como se estivessem no autódromo, de modo que a velocidade precisa ser controlada por equipamentos que serão acionados, quando a velocidade exceder os limites desejados para o perímetro urbano.

As calçadas da orla ou de qualquer zona da cidade vivem repletas de pessoas que estão sujeitas, seja por imprevisto ocorrido com os veículos ou com os motoristas, a serem mortas ou a ficarem mutiladas. Este fato, não é fruto de paranoia, ele é real e pode ser comprovado. Será que as autoridades são míopes e não enxergam os acontecimentos cotidianos de colisões, calçadas atingidas, portarias invadidas , atropelamentos, viaturas despencando de viadutos?

Pode-se até demorar um pouco mais nos percursos que fizermos, mas é melhor chegarmos vivos. É fator de estresse viver em um trânsito tão caótico, sem nenhuma segurança, sabendo que a qualquer minuto podemos ser vítimas de acidentes graves e até fatais.

A situação é muito grave e nossas autoridades precisam atuar verdadeiramente, atacando vários ângulos que sinalizem perigo para a população. A sociedade não está suportando mais o adiamento de providências urgentíssimas que nos garantam melhor qualidade de vida.

O professor Paulo Jorge Ribeiro da PUC-RJ disse, e eu o endosso, que não queremos saber de Porto Maravilha e sim de Cidade Maravilha.

Nenhum comentário:

Postar um comentário