sábado, 4 de março de 2017

Carnaval no Bairro dos Outros é Refresco

A foto é de 2015, mas a cena acontece em todos
os dias de carnaval.
No domingo de carnaval o inacreditável aconteceu na rua Dias Ferreira, pequena rua abarrotada de bares e restaurantes e muitas residências. Pois bem, milhares de pessoas, procedentes de todos os bairros, desciam de metrô e saiam de todas as ruas rumo ao santuário do carnaval.

Desafiando as leis da física, vários corpos tentavam ocupar o mesmo espaço. Desnecessário dizer que se espalharam pelas ruas vizinhas, sempre de latinha na mão ou garrafa de alguma bebida, que depois eram solenemente largada nas ruas.

Na Dias Ferreira acontece de tudo: urina-se nas árvores de todas as ruas, o cenário libidinoso convida ao sexo explícito e o respeito passa longe desses jovens foliões que acabam com muito álcool na cabeça e poucos neurônios. Formam uma muralha humana, impedindo a passagem e completam esse programa com uma música enlouquecedora, como se todo o bairro pertencesse ao carnaval.

Vinte dias anteriores ao autoritário evento, os bairros já se encontram desfigurados com a proteção que se dá às jardineiras, porque senão passa-se por cima delas com a maior tranquilidade.
Sob o efeito do álcool os instintos vêm à tona e a responsabilidade sai de cena. Chamam a isso de alegria, se fosse genuína alegria não necessitariam de tanta bebida...

Moro afastada da Dias Ferreira o que não me impede de pensar nos que ali residem. Fico imaginando o desespero que deve ser no caso de alguma doença ou de se precisar de ambulância.
Vem, então, o desafio do dia seguinte à passagem de vossas majestades, os foliões: Como tudo no Rio de Janeiro é “vai que dá certo”, sem planejamento para suportar uma multidão, a rua é eleita o banheiro oficial e odor incrível precisa ser suportado compulsoriamente pelos moradores que não conseguiram fugir no feriado. Estes devem suportar tudo, bem caladinhos, afinal é carnaval.

A cidade é de todos, e não só dos carnavalescos. Fato incontestável é que não são três dias de festa, porém muitos dias antes e alguns depois da folia de Momo, mais um pouco e viraremos a Bahia. Hoje e amanhã desfilarão por essa cidade trinta e cinco blocos, ninguém aguenta.

Os moradores da Barra, nos arredores da praia do Pepe, conseguiram cancelar um bloco que sairia hoje, sábado. A reclamação foi feita à subprefeitura, após péssimas experiências com blocos anteriores.

Convido aos moradores do Leblon e aos de outros bairros que se sentirem cerceados a fazerem o mesmo. O carnaval de rua saiu do controle.

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