sexta-feira, 19 de junho de 2015

A Cilada do Fies

Escola do Maranhão
Nós vivemos em um país que apresenta uma forma anômala de funcionar.

Há exemplos dessa afirmativa em profusão. Vou me limitar ao ingresso nas Universidades. Incentivado pelo poder público, o sonho da população é possuir um diploma do terceiro grau. As Universidades públicas são em número reduzido, as particulares caras e, nem sempre de excelência, então se criou o Fies. Em princípio uma saída bastante favorável. Os alunos que não pudessem arcar com o pagamento das mensalidades obteriam um empréstimo da Caixa Econômica para financiar seus estudos. O bolsista é invariavelmente surpreendido com tamanho da conta a ser paga no final e a inadimplência é grande.

É da norma do Fies que o candidato possua avaliação positiva. Para minha surpresa, este ano poderiam ser matriculados alunos com nota zero na redação, até que encontraram uma saída tentando ser honrosa, isto é zero não ia ser aceito, mas qualquer outro número sim, desde que perfizessem quatrocentos e cinquenta pontos.

 A consequência dessa anomalia é que os alunos estão despreparados para assumir o rigor científico que uma universidade deveria exigir. Para completar esse quadro patético, as universidades que acolhem esses alunos têm o faturamento garantido e muitas delas são vergonhosas em termos acadêmicos. Como quase tudo no Brasil não é fiscalizado elas estão no auge da felicidade e com pouca transparência.

Enquanto isso o Pronatec, destinado a alunos de nível médio, cujo objetivo é atender a educação profissional e tecnológica, está economicamente incapaz de manter os cursos, desviou-se recursos para o Fies. Também se constatou que muitos desses alunos não conseguem acompanhar os programas devido às falhas daquele que deveria ser a primeira preocupação de qualquer governo bem intencionado, o ensino fundamental.

A sequência desse texto mostra a anomalia. Cheguei por último ao local de onde deveria ter partido: a educação primária, que infelizmente, encontra-se em estado terminal. Nem currículos adequados e mais atraentes existem, as escolas em si são feias, maltratadas, pouco convidativas.

Espaço para atividades extracurriculares de modo a despertar o interesse e a descoberta de aptidões é puro sonho. Esse espaço, valioso e inexistente, seria uma oportunidade de se tirar as crianças das ruas e incentivar o convívio interpessoal. Crianças encaminhadas na vida estariam longe dos desvios de conduta, da marginalidade e aí sim, a democracia estaria sendo exercida de modo real. Todos deveriam ter os mesmos direitos e estariam preparados ou não para o ingresso ao nível superior.

Esse absurdo vem denunciando dia a dia a queda do padrão universitário. O país necessita de pesquisadores, de cientistas, de tecnologia de ponta e não de doutores de nada.

Entretanto, nossos maquiadores profissionais não se preocupam com a farsa que é o nosso ensino do fundamental ao terceiro grau. Os diplomas do curso superior estão nas mãos de quem mal sabe ler e escrever, quanto mais pensar, avaliar e ter juízo crítico. Esse é o retrato da inversão: tudo que um governo populista deseja! E os professores então, hein? Coitados!!!!

Nenhum comentário:

Postar um comentário