sexta-feira, 13 de março de 2015

O Cerco da Máfia

"Uma minoria organizada não pode mais explorar uma maioria desorganizada"

Foto do jornal O Globo
Precisou uma turista, vindo do Paraná em visita ao Porto Maravilha, para se abordar um assunto completamente apagado, mas que é uma tremenda aberração: a rede de fiação elétrica aérea, completamente exposta. Nem o perigo dos fios de alta tensão, rodeando nossas cabeças, mobiliza as concessionárias que só funcionam de olho no lucro.

Dias atrás, em um temporal, a queda de uma árvore trouxe ao chão um fio de poderosa voltagem, matando um homem. Na telefonia, só de abordar o assunto dá apagão mental.

Venho fotografando e tratando desses problemas há algum tempo. Os postes enferrujados estão escorados por vários tubos de outras concessionárias, todas incapazes de usarem o subsolo, totalmente alheios aos prejuízos que causam ao meio ambiente e à segurança.

A Light recorreu ao STF para escapar do decreto do prefeito Eduardo Paes em 2011. O decreto determinava que toda nova obra deveria ter cem por cento da fiação subterrânea. Uma liminar veio rapidamente favorecendo à concessionária carioca e às outras operadoras.

Fiquei me questionando qual seria o motivo favorecedor da alienação ambiental. Será que a beleza natural do Rio, tão comentada, é o suficiente para amaciar o ego do carioca?

A visão das árvores, tão encantadora, em uma promiscuidade indecente com o emaranhado de fios, impedindo a visibilidade do céu, a contemplação da arquitetura dos edifícios, poluindo a natureza, passa despercebida?

Ou será que estamos à mercê de algumas empresas mafiosas que usam nosso dinheiro sem a devida correspondência de bons serviços? E por falar em máfia, parece que nós vivemos em estado de sítio, cercados por elas de todos os lados. Da máfia dos maus políticos à máfia de alguns empresários delituosos, dos flanelinhas aos milicianos, dos bandidos fantasiados de policiais,  que em vez de dar bom exemplo, se beneficiam, ferindo as leis, espalhando terror, ameaçando a população.

Sem falar nos proprietários de restaurantes abusando das calçadas, com seus Valet Park obstruindo nossas esquinas. Podemos incluir a máfia dos traficantes e também a do MST que, pelo visto, possui um exército paralelo. Todas muito bem organizadas, com forte liderança e bem financiadas. Essas são só alguns exemplos.

Creio que, envolvidos com a constatação de que nós estamos perdendo nossa cidadania, assistindo nossos sagrados direitos, descritos na constituição, descendo ladeira abaixo, sentimo-nos decepcionados, frustrados e muito desamparados. 

A população não tem quem a defenda, então cabe à sociedade civil abandonar o medo paralisante e se unir, pois o contingente de pessoas decentes é muito maior que o dos malfeitores. Uma minoria organizada não pode mais explorar uma maioria desorganizada.

Mesmo que o poder público se encontre refém dos mafiosos, as leis não devem se tornar objeto de desprezo, lei é o que não falta nesse país, aliás, repetindo alguém, direi que “o Brasil só precisa de uma lei, com um único artigo: artigo 1º cumpra-se a lei”. O descumprimento desse artigo é responsável pela melancolia que toma conta das pessoas. Sem leis não há segurança e a leniência é cúmplice da violência.

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