sexta-feira, 6 de março de 2015

Dilma, nossa Maria Antonieta

"Como na França, às vésperas das Revolução Francesa, o governo atira brioches àqueles que têm fome. No nosso caso, os sem teto receberão elevadores."

Os novos prédios do programa Minha Casa Minha Vida deverão ter um gabarito de três andares e, para facilitar a mobilidade, o governo pagará os elevadores. No Leblon há um bom número de encantadores edifícios cujo acesso aos andares é feito através de escadas. A maioria deles é habitada por antigos moradores que são idosos e que convivem com isso.

A minha pergunta é: quando os elevadores enguiçarem quem providenciará os consertos? Qualquer pessoa que possua mais de um neurônio, responderá: ficarão parados “ad infinitum”. Os moradores desses apartamentos são pessoas de baixa renda e os custos de manutenção e conserto dos elevadores são bem caros. Não me canso de me escandalizar com a insensatez e, quando a proposta provem da mais alta figura do país, a Presidente Dilma, fica escancarado o clima de desorientação ao qual estamos submetidos.

Certamente esses devem ser os brioches que Maria Antonieta, rainha da França, mandou oferecer à multidão que, faminta, clamava pelo pão.

Qual é o problema de se morar no terceiro andar sem elevador? Com organização, é possível destinar-se às famílias mais jovens à parte superior do prédio e aos mais idosos os andares inferiores. Pode-se fazer muitas coisas, só não é permitido deixar a insanidade transbordar.

Todas as vezes em que o dinheiro público é usado de forma impensada, e ainda mais em um momento de recessão, estamos deixando de atender milhares de situações urgentíssimas, tais como deficiências graves na saúde e na educação.

Ao tomar conhecimento do problema do Colégio de Aplicação da UFRJ que não pode iniciar o ano letivo porque faltou verba para o pagamento do pessoal da limpeza e que os professores do Paraná estão em greve devido aos atrasos nos seus proventos, juro que uma notícia dessa natureza, a dos elevadores nesse projeto, soa como escárnio e me tira do sério.

Tão grave quanto a corrupção, que promove uma sangria absurda nas finanças do país, existe outro problema de igual gravidade. Refiro-me à ineficiência escancarada de gestão. Tanto Marina Silva, quanto Aécio, procuraram mostrar que o Brasil pode funcionar muito bem com boa administração, bom planejamento e lisura.

Um sem número de obras que consumiram recursos inacreditáveis estão paralisadas, hospital construído em cima de lixão desativado, por exemplo. O que pensar do monumental aquário do ex. Governador Cid Gomes, em plena orla cearense, obstruindo a visão do mar, sem perspectiva de término?

O povo está cansado de presenciar o apelo a recursos antiquados de aumento de impostos e cortes de salários, onde a repetição substitui qualquer processo criativo. Aperta-se o contribuinte e gasta-se à vontade. O resultado é esse aí, desemprego, perda do poder de compra que gera estagnação da indústria e do comércio, uma inflação alta, dívida interna enorme e o mais triste de tudo, ver um país tão rico sempre atrasado em quase todas as áreas necessárias à vida, principalmente nos índices sociais.

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