sexta-feira, 13 de junho de 2014

Dias Ferreira, a “bijuteria” da Coroa

Segundo matéria publicada no jornal O globo, os restaurantes da Dias Ferreira no Leblon estão enfrentando problemas porque não possuem o alvará de acordo com a finalidade a qual se destinam. Não fazem parte deste grupo o Sushi Leblon, o Zuka, Sawasdee, Manekineko e La Mole. O ex-prefeito Saturnino Braga sempre se preocupou em evitar o adensamento excessivo do bairro, que é muito pequeno, e conhecedor do profundo desastre dos outros bairros, assinou um decreto municipal 6.115, limitando a abertura de restaurantes no bairro.

Os empresários aterrissaram no Leblon vislumbrando excelentes negócios na área de bares e restaurantes, não se preocuparam em observar a legislação, até porque a confiança no jeitinho brasileiro é enorme.

O jeitinho acabou chegando, a prefeitura concedeu as licenças na base de atividade similar como bar, lanchonete e pizzaria, tentando evitar maiores prejuízos para os empresários. Como quase tudo que é feito na nossa cidade tem o timbre do imediatismo, parece que não resolveu o problema, causando até um mal estar a atitude do governo de remendar leis. Sinceramente, as leis aqui no Leblon precisam existir com clareza e para valer, evitando a degradação ambiental como mencionei na última postagem.

Na realidade, o restante dos estabelecimentos funcionam na ilegalidade, fazendo-se necessário a revisão do decreto, pois do jeito em que os restaurantes estão funcionando correm o risco de serem multados ou precisarão efetuar o pagamento da conhecidíssima propina. Não é recomendável que a licença do estabelecimento seja de lanchonete onde funcione um restaurante. Com base em experiências passadas, sabemos que onde uma infração é ignorada o surgimento de outra é facilitado.

A bagunça legislativa impera nesse logradouro, mas segundo a reportagem recente no jornal O Globo, a Rua Dias Ferreira seria a joia da coroa do Leblon, vou me permitir discordar dessa afirmação. Considero essa rua desprovida de encanto, o esgoto corre solto e as tubulações se encontram à beira de um ataque de nervos. Não há a menor preocupação com a parte ambiental e a paisagística anda há léguas de distância. Os bares colocam suas mesas e cadeiras impedindo a passagem de pedestre. A parte de exaustores falha e o cheiro de gordura banha o ar. A desconsideração com os moradores impera. Estamos chamando de joia para quem?

Em relação aos restaurantes, vou tomar como exemplo o Zuka e o Sushi Leblon de propriedade da senhora Carolina Gayoso que preside a Associação Comercial da Dias Ferreira. Esses dois recintos gastronômicos possuem bons chefes, porém os projetos arquitetônicos executados nas fachadas dos mesmos são desprovidas de qualquer encanto, fico até com vergonha de dizer que são muito feios mesmo, contribuindo para descaracterizar mais ainda a Dias Ferreira, tornando-a desagradável.

Os interiores funcionam como manda a moda atual, maior receita e menor conforto para os clientes, pois as mesas são juntinhas ganhando espaço e tirando completamente a privacidade. Geralmente vamos a um restaurante por um programa social ou profissional e não só para comer. Um ambiente agradável, do ponto de vista visual, e acolhedor justificaria a graduação que ele tem. Conversar parece proposta inviável, não há exigência de tratamento acústico e o barulho é ensurdecedor.

Não podemos esquecer que o preço não é barato, e para o que oferece considero caro. Posso até entender que os espaços são pequenos e os aluguéis são apimentados, mas é duro se contentar com qualquer coisa. Sobre o restaurante do chefe Troigros prefiro nem falar, tamanho o desleixo. Na minha apreciação, o Manekineko, embora avançando intensamente na calçada, o Sawasdee e o Celeiro, apresentam um ambiente agradável sem interferir agressivamente no ambiente e por incrível que pareça até o La Mole é bem arranjadinho.

Vivemos um dilema, ou seguimos leis que não se adequam mais, por isso vivem sendo remendadas ou simplesmente ignoradas, ou então teremos novamente que mudar as regras do joga com a bola rolando. Entendo que as leis sejam passíveis a mudanças, que a realidade da rua de 1980 não é a mesma de hoje, no entanto o Leblon está constantemente envolvido nessa excessiva troca de regras. Tomba-Destomba, APACA-DESAPACA, toda hora se modificam as leis que deveriam reger o bairro e proteger os moradores.


Se mudarem mais uma vez a lei que façam algo duradouro, com espaço para o futuro, sem pensar no imediatismo de quem agora se sente prejudicado e que nestes novos alvarás se pense no impacto que os restaurantes causam na vida população que hoje convive com calçadas lotadas de mesas e barulheira até altas horas da madrugada. A Rua Dias Ferreira, e o Leblon, não precisam de ser a joia da coroa, basta que seja organizado com respeito incondicional pelo meio ambiente.

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