O resultado da ausência de autoridade (Foto O Globo) |
Apesar de vivermos em um país onde se vende alegria,
descontração, carnaval, shows, etc. sinto sempre que estamos em tempos de
guerra e não de paz. São tantos os acidentes, as mortes no trânsito ou
invalidez, tragédias, tantas vidas perdidas ou inutilizadas, que, se forem contabilizadas,
revelarão números condizentes com um país em plena guerra.
Considero a situação do trânsito no Brasil de tremenda
gravidade. Os problemas vão dos motoristas às estradas em estado deplorável,
com graves problemas de segurança. Sem contar com as sinalizações pouco
trabalhadas, parecendo que são executadas por técnicos despreparados.
Além da maravilhosa Lei Seca, que funciona e é bem
planejada, não podemos deixar de pensar que outras atitudes devam ser tomadas
no intuito de combater esse grave problema. Podemos pensar na necessidade
maciça de campanhas, porém isso precisa vir acompanhada de pesadas multas quando houver infração, além da
sempre ausente fiscalização.
Essa semana, um gravíssimo acidente chocou nosso país, um
motorista na Linha Amarela cometeu três infrações: dirigia em local proibido (naquele
horário), excedeu a velocidade permitida e ainda falava ao celular. Tão ocupado
estava que não percebeu o deslocamento de ar provocado pela caçamba em pé e nem
os avisos dos motoristas. A alternativa, que não queremos nem pensar, é que ele
tenha levantado a caçamba para ocultar sua placa dos radares de velocidade.
Outro ponto central, que chegou a meu conhecimento através
de fonte direta, é que quase ninguém paga multa. Muito menos fazem a vistoria
que foi uma vitória, mas agora esvaziada pelo “jeitinho”. O risco que os
inadimplentes correm é serem parados no trânsito, mas todos são PhD em resolver
esse probleminha dando a boa e velha propina.
Há que se encontrar uma maneira de evitar essa aberração que
se chama impunidade. Observando outros países, vemos formas mais eficientes de
fiscalização, através de câmeras que leem placas, por exemplo, e punições aos
infratores. A sensação de impunidade é que gera esse quadro aterrador, todos
sabem que com o “jeitinho” conseguem driblar as consequências.
Desalentadora foi a atitude do Secretário de Transporte, Dr.
Roberto Osório, pessoa a qual eu respeito muito, que preocupado com o pagamento
do IPVA, no momento rareando propor que as multas sejam reduzidas à metade, e
ainda em módicas prestações, convidando-os a pagarem o IPVA. Nós precisamos de
AUTORIDADE EFICIENTE e não de atitudes paternalistas.
Com isso deu de uma vez só três tiros: sinal verde para que
continuassem as infrações, preocupou-se com a arrecadação, mais uma vez não se
importando com vidas que estão sendo perdidas, devido à guerra que se enfrenta
no trânsito, deixando lares sem pais, sem filhos. O terceiro tiro foi para nós,
otários, que esticamos nossos proventos para pagarmos tudo que nos cobram.
A pressa em arrecadar, em resolver os problemas de qualquer
maneira, sem observar as consequências dos atos, gera uma sensação de
impunidade, de que tudo acaba se resolvendo e um convite a burlar as leis. O
resultado dessas atitudes é um tremendo descrédito das nossas autoridades e um
convite a se fazer o que bem se desejar, ou seja, cria-se uma sociedade
infantil, descompromissadas com tudo e com todos.
Essa desordem, onde faltam planejamento, orientação e autoridade, se reflete no pranto daqueles que
hoje enterram seus entes queridos.
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