O MINISTÉRIO DO DESPLUGAMENTO ADVERTE: O TEXTO ABAIXO PODE CAUSAR REFLEXÃO, ENJOO, INDIGESTÃO, MAS É NECESSÁRIO.
A busca do estar plugado, que é estar fechado em si mesmo, não é uma busca de entendimento interior, ao contrário este é evitado tenazmente de modo que não surjam emoções; é orientar-se pelo mínimo de contato com o mundo exterior. Auxiliado por várias causas emocionais, culturais e tecnológicas, esse fenômeno novo atinge de modo significante a capacidade de se aprofundar e perceber o mundo externo e interno com mais frequência.
A busca do estar plugado, que é estar fechado em si mesmo, não é uma busca de entendimento interior, ao contrário este é evitado tenazmente de modo que não surjam emoções; é orientar-se pelo mínimo de contato com o mundo exterior. Auxiliado por várias causas emocionais, culturais e tecnológicas, esse fenômeno novo atinge de modo significante a capacidade de se aprofundar e perceber o mundo externo e interno com mais frequência.
Um dos reflexos são os
relacionamentos de hoje que são tão superficiais e descartáveis, não há envolvimento
pessoal, estes não sobrevivem ao primeiro atrito, e logo são substituídos, isso
quando não já existe uma relação paralela servindo de salva guarda.
Existe uma busca por uma
felicidade idealizada, onde não há frustrações, tristezas, dias ruins,
desencontros e dificuldades. Há uma hipersensibilidade a qualquer coisa que
impeça que seus desejos sejam realizados. Parece que fomos criados sob a ilusão
do “felizes para sempre”, mas a realidade é muito diferente do que é mostrado
no entretenimento. A felicidade não é um estado continuo, e sim uma alternância
muito saudável, por sinal, entre estados mais alegres e tristes. Alias, atualmente não existe
mais tristeza, só depressão, e para isso tomam-se remédios para que seja erradicada
rapidamente (o que não acontece).
As consequências são muito sérias:
as pessoas são imaturas, despreparadas para a vida acadêmica e profissional,
onde a atenção é necessária. Estudar e trabalhar passam a ser um fardo terrível
de modo que vivemos sempre na expectativa do lazer e dos feriados. Não se vive
o momento, mas a espera do que está por vir.
Cito também como exemplo a vida
comunitária, no bairro, na cidade e no país, pois não se luta para melhorar as
condições ambientais ou sociais, como se esses indivíduos não fizessem parte do
esquema, vivendo num isolacionismo doentio. A medida que a unidade chega a seu
menor ponto, o individuo, este supõe que não precisa mais do suporte do grupo,
e luta apenas pelos seus próprios interesses e direitos. O risco deste
comportamento é a alienação ao outro, e a relativização do que é certo e
errado, sempre favorecendo a si mesmo.
Há muitas possíveis causas para
esse fenômeno:
o esvaziamento da vida familiar, que
pode explicar grande parte da ausência do sentimento de comunidade e da solidão,
mesmo em meio a multidão;
a rotina de trabalho exaustiva
que separa os pais de seus filhos e gera um sentimento de culpa atenuado por bens materiais que por sua vez desencadeia uma sociedade baseada no consumo
como forma de criação de identidade;
a aversão a dor, como se esta
fosse algo não-natural, mas que na verdade tem grande importância no
desenvolvimento dos indivíduos;
uma cobrança por estar informado,
todos somos obrigados a ser obsessivamente informados sobre o que ocorre, apenas
de modo superficial, é claro;
e muitas outras.
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