Calçada tomada por fregueses do Pippo |
Felipe Bronze e Miguel Pinto Guimarães publicaram no jornal
O Globo matéria sobre o novo bar de nome Pippo, situado à Rua Dias Ferreira, de
propriedade do primeiro com projeto de arquitetura de autoria do segundo.
Em princípio pareceu-me que se
tratava de propaganda do bar, porém comecei a pensar que se anteciparam a
possíveis controvérsias que poderiam existir relativas à organização e
estrutura do bar, valendo-se de manobras defensivas, exibindo-se como pessoas
extremamente preocupadas com a cidadania, politicamente corretas, tanto que
seguiram as atuais determinações da prefeitura que proíbem o uso de cercados e
correntinhas.
Uma quinta-feira qualquer no Belmonte |
Amparados pelo aval da prefeitura,
transformaram o local em um bar aberto e, em consideração à calçada e não às
pessoas é claro, prometem recolher o mobiliário à saída do último cliente. Tudo
muito respeitador e sedutor.
Especificaram, também, que dois terços do local seriam destinados
à COZINHA, seis grandes mesas preencheriam o resto do espaço e oito ficariam na
calçada. Segundo eles, carioca adora varanda (calçada virou varanda).
Esse conto de fadas escondeu a bruxa. O pequeno espaço que
restou aos transeuntes, evidentemente será ocupado por clientes que aguardam
mesas e, enquanto isso, serão servidos por garçons volantes, além de poderem
deixar rolar o voyeurismo-exibicionismo tão em voga nesses ambientes badalados.
Imediatamente me veio à cabeça a imagem daquela aberração que se chama
Belmonte, agora com a grife Felipe Bronze.
Proprietários desses estabelecimentos amam declarar que a Rua
Dias Ferreira é um grande happy hour, um lugar de vanguarda para o lazer,
inteiramente alheios às 6853 reclamações feitas por moradores à SEOP, entre
2011 e 2013, devido ao tumulto, excesso de barulho e a impossibilidade de
dormir, mesmo que sejam utilizados vidros antirruídos. Vale notar que a própria
SEOP emitiu 9707 multas por ocupação irregular do espaço público, entre 2009 e
2013. Atualmente, há 17 bares e restaurantes que respondem a processos no
Ministério Público Estadual contra este grande a tremenda desordem instalada no
Leblon.
O Dr. Washington Fajardo, Presidente do Instituto Rio
Patrimônio da Humanidade, ciente do cargo que ocupa, entende que a prefeitura
liberou as calçadas, mas o espaço público precisa ser preservado. Como será
possível conseguirmos esta maravilha?
Cabe alguns questionamentos à prefeitura: como conciliar a
posição do Dr. Fajardo, pessoa respeitável , com o que nos deparamos no Leblon
de hoje? Qual a utilidade da SEOP, afinal não é a prefeitura que acha bacana o
uso das calçadas? Pelo visto, ela não tem a menor utilidade já que emite multas
e tudo continua o mesmo. Será que o prefeito considera que existe ordem pública
no Leblon?
Será que ele já ouviu histórias que eu ouço, aos montes, de idosos e
pessoas doentes que não conseguem repousar devido ao grande tumulto que está
tomando conta do bairro e que, mesmo querendo vender seus apartamentos, não
conseguem compradores? Será que os apelos, as reclamações em número
elevadíssimo, não lhe dizem nada?
Na ânsia de arrecadar e de se mostrar festeiro, o prefeito
se alheia aos milhares de queixas dos moradores deste bairro outrora
residencial e que é atualmente o campeão do desrespeito e da invasão de
privacidade.
Essa é a maneira da prefeitura operar na nossa cidade,
sempre colocando os interesses mais escusos em primeiro lugar, enquanto os
cidadãos de bem ficam a mercê de alguns inescrupulosos empresários que, de forma
predatória, exploram nossa cidade até que nada reste. A Prefeitura finge que
trabalha e os restaurantes fingem que acatam suas regras, impossível não pensar
que existe algum tipo de acerto por trás disto tudo.
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