sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Eduardo Saboia Snowden e a (Não) Cassação do Donadon

Uma triste cena...
Mais uma vez a Câmara dos Deputados cumpriu a sua nefasta tarefa de defensora dos marginais, permitindo que o deputado-presidiário Natan Donadon mantivesse o seu mandato. 133 deputados votaram contra a cassação, 41 se abstiveram de votar, sem contar os faltosos, numa clara determinação do absurdo que é o voto em aberto. Essa batalha pela manutenção tem outros objetivos, um deles seria evitar a cassação dos deputados do mensalão e outro, o de evitar as próprias cassações.

A Câmara se tornou cega e surda ao repúdio que a população nas ruas ostenta contra a impunidade. Um presidiário não pode ser eleito deputado, mas o paradoxo ultrapassa a barreira da vergonha. O povo voltará às ruas e não haverá Black-Block que manchará as nossas jornadas, lutando por um país melhor.

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A dor de vencer barreiras
É verdade que o diplomata Eduardo Saboia, encarregado dos negócios da embaixada do Brasil na Bolívia, não respeitou a hierarquia e auxiliou o Senador Roger Pinto Molina, asilado político no Brasil, a fugir da perseguição política no seu país.

Entretanto, vale considerar que o Senador ficara 455 dias num pequeno quarto, aprisionado, com eventual banho de sol, sem poder circular pela embaixada, aguardando o salvo-conduto que o governo da Bolívia protelava.

A presidente Dilma, tão defensora dos direitos humanos, sabendo que esse claustro comprometia a saúde física e mental do Senador, rendeu-se aos encantos do governo de Evo Morales, cedendo à protelação do salvo-conduto. 

Angustiado, por compartilhar cotidianamente essa tortura, o diplomata Eduardo Saboia o trouxe para o Brasil.

Esse fato desencadeou a demissão do nosso ministro do exterior Antonio Patriota que diga-se de passagem já não estava agradando ao governo.

Um dos episódios mais triste desta história foi o telefonema da nossa presidente a Evo Morales, comunicando a demissão do ministro. Francamente, que tragédia este conluio!

Vale a pena mencionar que o Eduardo Saboia desafiou a autoridade e a hierarquia do Ministério das Relações Exteriores agindo por conta própria. Para alguns suas ações podem ser consideradas até como um ato de traição à pátria pela celeuma que foi criada, no entanto suas ações foram norteadas por um bem maior do que o organograma do serviço público.

Em tempos de “whistleblowers” como Edward Snowden, fomos agraciados com Eduardo Saboia que valorizou a vida do outro acima acima da própria, sem nenhum ganho pessoal, num tremendo gesto humanitário. Eduardo Saboia não se rendeu a banalidade do mal.

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