sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Um Prefeito de olhos bem fechados

25 de setembro às 7h30min: Deus existe mesmo!
Quando prefeitos do Rio de Janeiro, Saturnino Braga e Cesar Maia procuraram dar atenção às causas ambientais, o primeiro promulgou uma lei vedando, no Leblon e Ipanema, a construção de prédios acima de oito andares, e Cesar Maia foi o criador da APAC (Área de Proteção do Ambiente Cultural). A preocupação de ambos era pertinente, pois não desejavam que esses dois bairros sofressem os mesmos grandes danos causados à nossa Copacabana.  A preocupação ambiental dos dois prefeitos tornou os bairros muito agradáveis para se viver.

Sempre fui favorável à APAC e possuo familiares que residem nesses prédios e, mesmo antes da existência da APAC, nós resistimos bravamente à especulação imobiliária. Considero que nem todos os pequenos prédios tem um valor arquitetônico, porém são graciosos e conversam muito bem com as ruas e o Leblon, bairro de diminuta extensão. A sensação é de leveza e confere uma identidade ao local.

Atualmente, esses pequenos edifícios possuem normas bem rígidas determinadas pela prefeitura quando qualquer obra se faz necessária, mesmo sendo difícil a aquisição de material, compatível com o antigo, de modo a compor o prédio. Compreendo perfeitamente as exigências da prefeitura, afinal de concessão em concessão, os prédios perderão as suas características e como há uma lei nesse sentido deve ser respeitada.

Era de se esperar que a prefeitura evidenciasse o mesmo critério rigoroso quando concede seus alvarás aos estabelecimentos comerciais. Surpreendentemente não foi o que aconteceu.  Assim vemos, de repente, a Rua Dias Ferreira, onde residem centenas de moradores, repletas de “inferninhos”.

Outro exemplo de degradação ambiental é a construção desenfreada de prédios comerciais enormes, com centenas de escritórios minúsculos, totalmente incompatíveis com a área do bairro. Além da superpopulação flutuante, não podemos esquecer a nossa rede de esgoto, em frangalhos , pedindo socorro e que vive se arrebentando, exalando um mau cheiro horrível. Obras de infraestrutura são mais difíceis de serem feitas e os prefeitos ainda pensam que o povo é tão ignorante que não valorizaria a atenção que o saneamento merece. O resultado é que os remendos passam a serem os únicos cuidados que a rede de esgoto merece. Eu já presenciei, atônita, a um conserto na Rua João de Barros oito vezes no mesmo lugar. Dá para acreditar?

A miopia em questões ambientais também atinge a escadaria com azulejos antigos que existe no final da Rua Gal. Urquiza, tombada pelo patrimônio, e que fica totalmente encoberta pelos carros que estacionam como se estivessem em uma garagem. Será que, em algum país do mundo, uma beleza arquitetônica estaria soterrada no fundo de uma garagem?  Pois no Leblon isso acontece e quem quiser pode conferir a existência desse local. Existe aberração maior?

Não é aceitável que novos bares e restaurantes possam sufocar ainda mais a paisagem do Leblon. Qualquer espaço disponível chega a me dar arrepio, pois já espero um comércio desse tipo. E pensar que dispomos de três livrarias e uma casa de flores. Pode se chamar a isso área de preservação do ambiente cultural?

Gostaria de sugerir ao prefeito que, a exemplo das farmácias, proibidas de abrirem novas unidades­­­, devido ao já elevado número delas, que se utilizasse os mesmos critérios em relação a bares e restaurantes. O Leblon não pode mais ser sucateado, nós não queremos e nem podemos nortear o rumo do nosso bairro como um barco sem comandante e de acordo com as intempéries e correntezas dos interesses comerciais. ­­­­­

Prefeito, a coerência deve e precisa ser a marca do seu governo! Se os moradores são tratados com o rigor necessário para que o bairro mantenha as suas agradáveis características ambientais não é compreensível tanta leniência com os empresários.

Eduardo Paes começou cedo a sua carreira política, com muito entusiasmo e levou muitos votos meus e dos meus familiares; tem um futuro político pela frente e é trabalhador, mas precisa se cuidar quanto ao excesso de vaidade. A vaidade cobre os seus olhos e a sua mente com uma cortina de fumaça embriagadora, impedindo-o de observar os prejuízos que sua política arrecadatória causa ao meio ambiente.

Seu gabinete de trabalho, quando se trata da questão ambiental, parece ser localizado no Acre, enquanto isso as ervas daninhas estão se proliferando no Rio de Janeiro.

Sempre contando com a Providência Divina
Sei que os desafios são enormes, conheço a cidade; os problemas estão se avolumando, não é possível que a concentração da prefeitura esteja de forma obsessiva ligada somente a três projetos. A sociedade clama pela sua qualidade de vida, e já que estou falando em preservação da vida, dia 25 de setembro tombou uma árvore gigantesca quando eu passava pela Praça Baden Powell, aliás, é a segunda vez que isso acontece, a outra foi na Gal. Urquiza. As árvores estão todas doentes, ameaçando nossas as vidas. Devo me dirigir a quem? Talvez ao Papa, um ser humano incrível, que nesse vandalismo em que vivemos atrás de bens materiais se preocupa com a vida dos seres humanos, com o que sentem e com o que pensam.


Prefeito Eduardo Paes é hora de abrir os olhos!

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