sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Os Mascarados que não são Desmascarados

Foto: Pedro Kirilos. Só falta o serviço de chá e café.
A passeata dos jovens foi um movimento lindo, uma tentativa pacífica de protestar contra os desmandos dos políticos e governantes, uma manifestação que reclamava da intolerável cisão entre o poder público e a população. 

Foi muito doloroso para nós, brasileiros, o resultado dessa dicotomia. A falta de percepção do andar de cima do que ocorria com o povo, deixou um rastro de ressentimento, revolta injustiça e horror à politicagem barata. Nossos sentimentos precisavam ser explicitados, ouvidos e acatados.

Chocou-me, no entanto, que junto a essa massa de pessoas bem intencionadas, surgiram criaturas usando máscaras ou panos de modo a encobrir suas faces. Esse grupo era bem unido e contrastava com os outros manifestantes.

Seus objetivos eram bem diferentes. Bastava qualquer convocação de passeata e lá estavam eles, sempre à frente, ávidos apenas para depredar o patrimônio publico e privado.

O episódio do Leblon, que presenciei, coroou a minha perplexidade: a depredação e os saques foram feitos sob o plácido olhar da polícia, a qual só interveio quando a quebradeira já avançara. Comecei a pensar que os policiais, de tão criticados pelos excessos cometidos na passeata inicial, talvez tivessem optado pela omissão. Mas logo percebi, observando outras passeatas, que esse grupo continuava mascarado e que não era responsabilizado por todos os seus atos de vandalismo.

O meu espanto foi aumentando até que saiu uma foto no jornal O Globo desses indivíduos, sentados comodamente dentro da Câmara dos Vereadores, com o aparato policial por perto, e ainda assim com suas intocáveis máscaras. Só faltou serviço de chá e café.

A quem ou a quê esses indivíduos estão servindo?

Não poderia deixar de pensar que o objetivo era anarquizar as passeatas, aterrorizar todo mundo e impedir o livre movimento de protesto. Suas condutas, tipicamente de vândalos, tinham como alvo a contaminação da passeata, fazendo com que elas de pacificas se confundissem com passeatas de baderneiros. Assim sendo, a reivindicação e os protestos não poderiam ser levados a sério, porque se trataria, simplesmente, de movimentos de arruaceiros.

O clima de anarquia urbana esvazia o discurso, as reivindicações e a própria legitimidade do movimento afastando quem de fato “estava adormecido”. Tirando do palco o cidadão médio, apenas permanecem aqueles extremistas com pautas muito pouco democráticas.  

Causa-me espécie o fato desses mascarados não serem identificados, nem mesmo depois do ataque á Câmara dos Vereadores. Com policiais à paisana disfarçados, e até agentes da ABIN, como até agora não se identificaram e prenderam esses criminosos? Cadê o trabalho 
da inteligência? Essa ineficiência parece ser proposital...

Desvirtuar o que está acontecendo é de grande interesse dos políticos, o que é absolutamente lamentável e fere o espírito cívico da população outrora criticado por não existir. Colocar a opinião pública contra as manifestações, fato que ainda não ocorreu segundo pesquisas, é mudar o foco da questão, das pautas e absurdos cometidos para os arruaceiros a e a desordem urbana.

Citando o nosso ilustre visitante, o Papa Francisco, que diz pouco conhecer nossa situação, mas aparenta entender muito de mobilizações, os jovens precisam questionar e lutar, pois são “a janela aberta para o futuro”, no entanto é preciso que eles fiquem atentos para que não sejam manipulados por interesses escusos.

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