Segundo Merval Pereira, nosso ótimo jornalista, nas
comemorações dos dez anos do PT, Marilena Chaui mostrou sua versão sobre o que
é a classe média, na presença do ex. Presidente Lula: “A classe média é o
atraso de vida, (...) é estupidez. É o que tem de reacionário, ignorante,
conservador, petulante, arrogante, terrorista (...) a classe média é uma
abominação ética, porque ela é violenta, é uma abominação cognitiva, porque é
ignorante”.
Com a eleição do Presidente Lula, uma nova religião se instalou
no país. Os deuses chegaram com seus poderes, dogmas e uma doutrina
incontestável. São seguidos por milhões de pessoas tanto da classe média, incluindo
muitos intelectuais, como os da classe menos favorecidas, todos marcados por
uma fé inabalável.
Travestidos de protetores dos pobres e oprimidos, adotaram um
discurso político que tinha como meta salvar o Brasil das mãos de políticos
incompetentes e comprometidos com as elites. Segundo José Dirceu, eles trilhariam
um caminho desértico como fez Moisés e para isso ficariam 40 anos no poder.
Precisariam reinventar o Brasil.
Atraída por poderes
tão mágicos, nossa população, que em sua grande maioria ama um Salvador, com
verdadeira devoção, não hesitou em dizer amem a qualquer coisa que os deuses
ordenassem, visto que a menor contestação seria um verdadeiro vitupério.
Poucos escaparam dessa visão quase messiânica que assolava o
país. O que mais me chamou a atenção foi classe artística, sempre tão
participativa, não ousou esboçar uma palavra sequer, mesmo diante do ataque aos
cofres públicos, diante do mensalão e do descaso à Lei da Ficha Limpa, nada
aconteceu.
Revelar que coisas graves
estão ocorrendo não significa que nada presta, é um dever dar aos governantes
um sinal do que a população vislumbra como perigoso para o desenvolvimento do
país e as consequências danosas para a população, mas optaram por continuar a
reverenciar os deuses. E assim deu-se autorização para que o reinado
continuasse.
Este modo de governar é um grande ataque ao
pensamento da população, porque paralisa, inebria, tanto que uma onda de
perplexidade permeou a mente dos políticos. Ninguém imaginava que a classe
média vivendo num país de clima messiânico onde tudo é maravilhoso, onde todos
são alegres e felizes, invejados por americanos e europeus, passasse a
reivindicar a diminuição do abismo entre os deuses e a população, e mostrasse a
sua inquietude com os rumos do Brasil.
O grande medo da Marilena Chaui que justificasse tantos
insultos à classe média se materializou com os protestos vindos das ruas de
todas as pessoas que se sentem espoliadas. Seu ataque peçonhento é diretamente
proporcional às mudanças que poderão advir de uma classe que pensa e não é
comprometida com o poder. O Brasil não quer mais, quer o que há muito tempo não
existe: qualidade de vida.
Não suporto mais ver hospitais degradados, o povo em pé nos
transportes sem poder se mexer, os professores adoecendo devido à violência, além
de salários perversos, o loteamento de cargos técnicos ocupados por políticos
incompetentes, que ama
m se locupletar e tem sede de poder.
Portanto está na hora dos nossos políticos governarem com mais responsabilidade e menos com os marqueteiros. É preciso, também, retirarem o manto
da divindade e a coroa e se tornarem homens e mulheres como nós, lutando para
que esse gigante que é o Brasil tenha índices nas áreas sociais compatíveis com
a sua arrecadação tributária gigantesca.
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