sexta-feira, 14 de junho de 2013

Bolsa Família – peixe ou pescaria?

Um colunista do jornal O Globo publicou uma matéria sobre a péssima qualidade dos serviços em geral.
Realmente, ele tem toda razão. É dificílimo encontrarmos mão de obra qualificada que execute as tarefas com esmero.

Normalmente, o que se encontra são profissionais que não dominam as técnicas necessárias para os seus ofícios, também fica claro que não possuem a desenvoltura daqueles que sabem o que estão fazendo. Parecem aprendizes, aprendem com o olhar, observando alguém que sabe fazer e copiam.

O problema é de uma complexidade extrema e não é minha intenção esgotar o assunto, porem vou me permitir levantar algumas hipóteses:

O problema da educação. Esses profissionais pouco aprenderam no ensino fundamental , não foram incentivados a frequentar cursos profissionalizantes, até porque só atualmente apareceram novas escolas técnicas, embora o número delas seja insuficiente. Quando se aventuram nesses cursos, seu despreparo é tão grande que não conseguem acompanhar o currículo e acabam por desistir.

Salários não muito convidativos, assim a lógica de oferta e demanda do mercado explica o comportamento observado. As remunerações oferecidas não são atraentes. O trabalho parece castigo, talvez a herança escravocrata tenha contribuído para a nossa cultura que tem muita dificuldade em valorizar o trabalho.

À criação do Bolsa Família: indiscutivelmente trata-se de uma ideia maravilhosa, porem sem acompanhamento está se tornando um desastre com consequências imprevisíveis. Tenho notícias de mães que obrigam seus filhos a irem à escola, não por preocupação em educa-los , mas para garantirem o recebimento da Bolsa.

Estamos na 3a. geração de brasileiros que recebem essa ajuda, inclusive as igrejas também contribuem para a distribuição de alimentos. Isso implica que a geração anterior continua dependendo do Estado e me pergunto: até quando essa muleta será necessária? Não estaremos incentivando essa dependência? 

Há pouco tempo surgiu uma pesquisa sobre jovens entre 18 e 24 anos e nos foi revelado que o número dos que não trabalhavam e nem estudavam era tão grande que nocauteava qualquer um. Podemos concluir que a base do programa perdera as suas características e se tornara um convite ao ócio. O ócio é doença que pega, ninguém quer sair dele. A Bolsa parece que se tornou um desestímulo ao trabalho e ao progresso.

Não considero que se deva acabar com o programa que trouxe benefícios a milhões de pessoas, mas se torna necessário fazer avaliações contínuas no intuito de concedê-las aos mais necessitados. Está na hora, penso eu, de se iniciar a busca pelo mercado de trabalho. Esse é sem dúvida um momento crítico visto que os eternos bolsistas se encontram totalmente despreparados para exercerem qualquer atividade. Caberá então aos governantes a tarefa de torna-los cidadãos, capacitando-os ao trabalho.

Quem tiver a coragem de mexer neste vespeiro e se propuser a resolver este problema tremendo nunca será eleito. Não é do interesse dos bolsistas nenhum tipo de mudança, principalmente se a proposta for sair do ócio. Temos, portanto, um problemão a resolver.

O colunista reclamava, também, que as empresas não preparavam os seus funcionários, daí o atendimento ser péssimo. Eu mesma já tratei deste assunto quando se discutiu o despreparo dos motoristas de ônibus; a mão de obra disponível é mínima, é pegar ou largar e o pior é que não existe tempo suficiente para um bom preparo, visto que a carência de funcionários é grande.

A ausência e a ineficiência dos serviços devem ser motivo de grande preocupação porque compromete o desenvolvimento do país. Breve necessitaremos de, além dos médicos, importar mão de obra qualificada.
Essa perversão das Bolsas traz enorme prejuízo para os cofres públicos e uma inescrupulosa captação de votos que é perigosa para o país.

Podemos resumir essa exposição com a metáfora usada pelo ex-Presidente Lula, ou seria o atual?, é preciso ensinar a pescar e não oferecer o peixe.

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