Agência "O Dia" |
Qualquer cobrança é, de um modo geral, vista com desagrado e a primeira tentativa é de se livrar dela. Entretanto, ela traz em seu bojo uma perigosa situação. Foi o caso da PM ao tentar desalojar os jovens da esquina da Delfim Moreira com Aristides Espínola. O primeiro impulso foi repeli-los em vez de ouvir, pensar e refletir sobre o que a população está lhe dizendo.
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Eu particularmente, ao ouvir o anúncio tão festejado destes eventos, senti grande inquietação, pois os riscos de que o saldo seja positivo são bem remotos, tanto nos retorno dos recursos gastos, quanto na utilidade de muitas destas obras, além de não privilegiar obras de grande necessidade para a cidade.
Também é perturbador que sempre as mesmas empreiteiras ganhem as licitações apresentando orçamentos baixos e acabem por se comportar do mesmo jeito de sempre, ou seja: uma enorme defasagem entre a previsão dos gastos e os gastos reais. Esse fato levanta suspeita de que não houve um planejamento e um detalhamento sério das obras, mas um "vai levando e pedindo cada vez mais dinheiro" que faz com que o orçamento inicial seja apenas uma fração do valor final que nós pagamos.
Todos questionam sua relação com o dono da construtora Delta, que deveria ser profissional e não social, de modo a não permitir que se levante suspeitas sobre a lisura das obras.
É isso que os jovens estão lhe falando, estão chocados com o excesso de suas viagens ao exterior durante a sua administração, os jantares em restaurantes caríssimos (lá em cá), enquanto a população chafurda na miséria sem esgoto.
Causou também grande insatisfação o tratamento dado a Cia do Metrô, que só visando lucros, insistiu na linha única até a Barra da Tijuca. Não foram ouvidos protestos de Ipanema e Leblon que anteviram grandes congestionamentos nos trens. Mais uma vez a população será penalizada.
Mais impressionante, em termos da falta de diálogo, pode-se mencionar que nem a mudança do acesso a metrô de Ipanema pode ser reavaliado, retratando o clima de autoritarismo que impera, beneficiando o Metrô.
Um verdadeiro governante precisa se identificar com o povo que o elegeu como chefe do governo do nosso estado. É preciso imaginar o que é viajar, uma grande extensão, espremido até a alma. É bem diferente do seu deslocamento feito por helicóptero.
No Brasil, os políticos se apossam de seus cargos como se fossem outorgados para sempre, numa espetacular inversão de papéis. É preciso lembrar governador que nós o colocamos nesse posto e pagamos o seu salário para que seu trabalho reverta em benefício da população.
O Ocupa Delfim é o resultado do cansaço que nos invade sobre o exposto acima.
A tentativa destes jovens é sinalizar que nós existimos e que essa enorme distância entre governo e população é inoperante e desastrosa. Concluímos que esse movimento não deva ser repelido a custa de bala de borracha e gás lacrimogênio, e sim que todas as tentativas de diálogo sejam preservadas.
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