sexta-feira, 21 de junho de 2013

A Revolta do Outono Carioca

A mocidade viva na ruas
Nossos jovens acordaram, deixaram o futebol, a Copa das Confederações, o barzinho, o chope gelado e partiram para as ruas, em grande número, com o objetivo de cobrarem das autoridades deste país os trilhões arrecadados em impostos e que, de modo algum, puderam ser revestidos para uma qualidade de vida satisfatória.

Acordaram para um custo de vida altíssimo que sobe sem parar, sempre acima da inflação, para uma economia sem rumo e para seus parcos salários, totalmente incompatíveis com a carestia que ora se apresenta.

Como é possível que médicos e professores recebam R$1580.00 por mês? Tratam-se de profissionais que lidam com a saúde da população e com o difícil encargo de educarem crianças. A que se deve esse despropósito? Na passeata dos jovens, havia um cartaz com a seguinte frase: “Quero que o professor ganhe como um deputado e que as escolas tenham os moldes da FIFA.”.

Acordaram para protestar contra a maioria dos políticos que abandonaram o povo, deixando a nossa cidadania comprometida. Suas mentes são ocupadas com conchavos e com blindagens que deverão protegê-los de punições advindas dos meandros da corrupção. Realmente conseguiram conquistar nossa ojeriza e repúdio.

Vivemos em uma estranha democracia. É claro que o Executivo necessita de apoio parlamentar para governar, entretanto os 39 ministérios, os 20 mil de cargos em comissão, o mensalão, são moedas de troca para que se instale uma base política que garanta a aprovação de leis que nem sempre tem apoio da população.

Exemplo disso é a PEC-37 que retira do Ministério Público, incansável na sua luta contra a corrupção, o direito de investigar crimes que lesem o patrimônio da união. Isto significa que estão pretendendo escancarar as portas para que a volumosa corrupção engorde mais ainda e que todos os malfeitos sejam imunes à punição.

E por falar em corrupção, nunca se viu no Brasil um monstro tão gigantesco como esse que se instalou em todos os poderes, em todas as instituições e que trouxe gravíssimas consequências para o país. Ela é impeditiva ao desenvolvimento do país, ao atendimento da saúde, educação, transporte, moradia, infraestrutura e planejamento, enfim a tudo que possa contribuir para que a população tenha um IDH que dignifique o ser humano.

Corrupção é a imagem da destruição, do desamor, do desrespeito à sociedade, da falta vergonha, da traição. O desvio do dinheiro público poderia muito bem ser considerado hediondo, com severa punição.

Incensados pelos resultados dos institutos de pesquisa que indicam popularidade em alta, os dirigentes brasileiros entram em clima maníaco, ou seja, com a falsa ideia de que são maravilhosos e que estão agradando em cheio, podem subir nos seus saltos altos à vontade.

Tão envaidecidos estavam que não perceberam o desconforto na vida e na alma da nossa gente. Há políticos que até agora não perceberam a dimensão desse movimento e eu assisti pela TV declarações incríveis, como por exemplo, alguns mencionarem que não estavam entendendo o teor desse movimento (como passam a vida pensando neles não podem entender o mundo da realidade) e não estavam se fazendo de bobos, não entendiam mesmo.
O abuso do poder é outro inimigo da democracia: a sociedade não é ouvida, somos apenas participados de que se gastou no Rio de Janeiro uma fabulosa quantia na construção do nosso Taj Mahal (Maracanã) enquanto que a população gostaria mesmo é de ter uma qualidade de vida melhor.
Não são só os 20 centavos que estão nos irritando, estes foram a gota d´água de um copo bem cheio. Poderosas empresas dirigem o nosso sistema de transporte de modo aviltante e com o beneplácito das autoridades. Trens, ônibus, metro, barcas, sempre lotados com a população no seu ir e vir enfrentando longas distancias e engarrafamentos. Incomoda a insensibilidade do poder público que não torna obrigatório o ar condicionado e ainda por cima unifica as passagens, de modo que os que têm ar condicionado vão retirá-los. Quanto ao metro, sempre chegarão novos trens daqui a dois anos, só que com menos assentos, de modo a caber mais sardinhas nas latas.
Nós precisamos de uma classe política e de governantes comprometidos com o povo, cumprindo o seu dever durante o mandato com dignidade, tendo como meta a melhoria das condições de vida da população, respeitando o sacrificante pagamento dos impostos.
Não podemos esquecer que a classe política funciona como modelo para nossos jovens e hoje, convivemos com a nefasta influência dos maus políticos. Nunca se viu tamanho desrespeito às regras sociais, a agressividade impera, é só olhar o tenebroso espancamento dos professores, a cordialidade tornou-se rara e a solidariedade, nem pensar.
Mas...
"Ontem começamos a escrever um capítulo na história do Brasil. É com fé que vamos continuar nessa batalha pela construção de um lugar melhor. Chega de violência, de abuso de poder. Saudemos os corajosos que representam todo o país."

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