A mocidade viva na ruas |
Acordaram para um custo de vida altíssimo que sobe sem
parar, sempre acima da inflação, para uma economia sem rumo e para seus parcos
salários, totalmente incompatíveis com a carestia que ora se apresenta.
Como é possível que médicos e professores recebam R$1580.00
por mês? Tratam-se de profissionais que lidam com a saúde da população e com o
difícil encargo de educarem crianças. A que se deve esse despropósito? Na
passeata dos jovens, havia um cartaz com a seguinte frase: “Quero que o
professor ganhe como um deputado e que as escolas tenham os moldes da FIFA.”.
Acordaram para protestar contra a maioria dos políticos
que abandonaram o povo, deixando a nossa cidadania comprometida. Suas mentes
são ocupadas com conchavos e com blindagens que deverão protegê-los de punições
advindas dos meandros da corrupção. Realmente conseguiram conquistar nossa
ojeriza e repúdio.
Vivemos em uma estranha democracia. É claro que o
Executivo necessita de apoio parlamentar para governar, entretanto os 39
ministérios, os 20 mil de cargos em comissão, o mensalão, são moedas de troca
para que se instale uma base política que garanta a aprovação de leis que nem
sempre tem apoio da população.
Exemplo disso é a PEC-37 que retira do Ministério
Público, incansável na sua luta contra a corrupção, o direito de investigar
crimes que lesem o patrimônio da união. Isto significa que estão pretendendo
escancarar as portas para que a volumosa corrupção engorde mais ainda e que todos
os malfeitos sejam imunes à punição.
E por falar em corrupção, nunca se viu no Brasil um
monstro tão gigantesco como esse que se instalou em todos os poderes, em todas
as instituições e que trouxe gravíssimas consequências para o país. Ela é
impeditiva ao desenvolvimento do país, ao atendimento da saúde, educação, transporte,
moradia, infraestrutura e planejamento, enfim a tudo que possa contribuir para que a população tenha um IDH que dignifique o ser humano.
Corrupção é a imagem da destruição, do desamor, do
desrespeito à sociedade, da falta vergonha, da traição. O desvio do dinheiro público
poderia muito bem ser considerado hediondo, com severa punição.
Incensados pelos resultados dos institutos de pesquisa
que indicam popularidade em alta, os dirigentes brasileiros entram em clima maníaco,
ou seja, com a falsa ideia de que são maravilhosos e que estão agradando em
cheio, podem subir nos seus saltos altos à vontade.
Tão envaidecidos estavam que não perceberam o desconforto
na vida e na alma da nossa gente. Há políticos que até agora não perceberam a
dimensão desse movimento e eu assisti pela TV declarações incríveis, como por
exemplo, alguns mencionarem que não estavam entendendo o teor desse movimento (como
passam a vida pensando neles não podem entender o mundo da realidade) e não
estavam se fazendo de bobos, não entendiam mesmo.
O abuso do poder é outro
inimigo da democracia: a sociedade não é ouvida, somos apenas participados de
que se gastou no Rio de Janeiro uma fabulosa quantia na construção do nosso Taj
Mahal (Maracanã) enquanto que a população gostaria mesmo é de ter uma qualidade
de vida melhor.
Não são só os 20 centavos que
estão nos irritando, estes foram a gota d´água de um copo bem cheio. Poderosas
empresas dirigem o nosso sistema de transporte de modo aviltante e com o
beneplácito das autoridades. Trens, ônibus, metro, barcas, sempre lotados com a
população no seu ir e vir enfrentando longas distancias e engarrafamentos.
Incomoda a insensibilidade do poder público que não torna obrigatório o ar
condicionado e ainda por cima unifica as passagens, de modo que os que têm ar
condicionado vão retirá-los. Quanto ao metro, sempre chegarão novos trens daqui
a dois anos, só que com menos assentos, de modo a caber mais sardinhas nas
latas.
Nós precisamos de uma classe
política e de governantes comprometidos com o povo, cumprindo o seu dever
durante o mandato com dignidade, tendo como meta a melhoria das condições de
vida da população, respeitando o sacrificante pagamento dos impostos.
Não podemos esquecer que a
classe política funciona como modelo para nossos jovens e hoje, convivemos com
a nefasta influência dos maus políticos. Nunca se viu tamanho desrespeito às
regras sociais, a agressividade impera, é só olhar o tenebroso espancamento dos
professores, a cordialidade tornou-se rara e a solidariedade, nem pensar.
Mas...
"Ontem começamos a escrever um
capítulo na história do Brasil. É com fé que vamos continuar nessa batalha pela
construção de um lugar melhor. Chega de violência, de abuso de poder. Saudemos
os corajosos que representam todo o país."
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