Há muitos anos vivo aqui e, por isso, muitas histórias vêm à minha mente. Era um bairro simples, arejado, com alguns botequins, com a Casa Santa Cruz, que devida à nossa luta não cedeu à ânsia imobiliária e hoje se transformou em “Santa Cruz Objetos de Decoração”, com o açougue Talho Capixaba, que se tornou Padaria Talho Capixaba, cujos proprietários mantem o mesmo jeitinho carinhoso com que sempre trataram o Leblon, farmácias e vizinhos que amavam o bairro e lutavam por ele.
Inesquecível a jornada que fizemos quando o ex-Prefeito Luiz Paulo Conde sugeriu que passasse um túnel sob o Morro Dois Irmãos, com o objetivo de desafogar o trânsito. Muitas reuniões no Colégio Stella Maris que era pequeno para abrigar autoridades governamentais, vereadores que lutavam pelo bairro e um contingente enorme de moradores. Por fim, aí está o Morro Dois Irmãos majestoso, preservado, enfeitando a paisagem.
Assim podíamos ver o céu, árvores floridas, estacionamento de um lado só da rua, contribuindo para que o meio ambiente fosse harmonioso, agradável e não sufocante como hoje, depois da tomada de carros em esquinas, sem nenhum respeito pelo código de trânsito.
A população residente é outra, espírito individualista, se contenta em morar no Leblon e pronto. Não resido perto de nenhum bar, mas me compadeço das pessoas que não dormem, não podem ouvir música ou ver TV e todas as vezes que sou convocada para participar de alguma manifestação compareço, mas é sempre frustrante, a população reclama, mas não sabe lutar pelos seus direitos.
O espírito de união que fortalece qualquer reivindicação acabou. Não há espaço nas calçadas para ninguém. Muito doloroso foi presenciar uma jovem mãe passando com um carrinho duplo, com dois bebês pela rua Venâncio Flores, enquanto o bar fervilhava na calçada.
Fiscalização? Nenhuma, se tivesse o prefeito não se chamaria Eduardo Paes! Só o atual prefeito, com a sua equipe de “excelente de projetistas”, conseguiu transformar a Praça Antero de Quental em Chernobyl ou Navio Afundando, como dizem alguns. Sem árvores, sem aconchego, deveriam pedir perdão ao Indio da Costa que foi o autor do antigo projeto.
Saudosismo meu ou dificuldade de lidar com a ausência de posturas municipais, com a lei do silêncio, com estacionamento em qualquer lugar, com a desordem urbana? Esse é o Leblon que agrada ao prefeito, que o considera um bairro cosmopolita.
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