Vivemos uma semana de luto, a perda desnecessária de mais
uma vida pela violência nos deixa atônitos. Enquanto se exercitava na Lagoa, o
médico Jaime Gold, de 57 anos, foi brutalmente agredido à facadas para ter sua
bicicleta roubada. Segundo testemunhas, o agressor era um menor de idade, já
identificado e apreendido, com diversas passagens pela polícia, inclusive de
assaltos armados com a fatídica faca.
Tragédia essa anunciada, os assaltos na Lagoa Rodrigo de
Freitas voltaram a ser comuns, e há pouco tempo um jovem de 17 anos foi agredido
da mesma forma, com uma faca, em frente ao Clube do Monte Líbano.
Vivemos em uma cidade violenta e tentamos não pensar sobre o assunto para não enlouquecermos, mas só o pensamento nos ajudará a sair desse horror. O sítio da violência é
constante, até nos locais que julgávamos seguros, o medo voltou a imperar.
Shoppings, áreas de lazer e na até então “segura” zona sul, não se pode mais
andar sem a preocupação de que algo pode (ou vai) acontecer.
Muitos vêm questionando a consternação com o caso, julgando que
uma vida perdida na Zona Sul teria maior valor do que uma na baixada. A
violência na zona sul pode ter maior impacto pela proximidade dos locais em que
vivemos, mas para mim, que sou inteiramente voltada aos cuidados com vida, é um
grande sofrimento a morte trágica em qualquer lugar, seja aqui, na baixada ou
na Síria.
Sociólogos, psicólogos, educadores, secretário de segurança,
delegados discutem o quê fazer diante da violência e crueldade. É terrível
descobrirmos que se mata até por prazer. Muitas medidas precisarão ser tomadas,
mais segurança, por exemplo, é uma delas. Entretanto, pouco adiantará se não adotarmos
uma política de atenção às crianças desde a mais tenra idade, inclusive dando
responsabilidades às mães e também cuidando da punição à delinquência. Punição passou a ser vista como algo fascistóide, mas sem ela chegamos onde estamos, ou seja, na barbárie.
Em um país em que os legisladores pensam neles antes de tudo
e que fogem de todos os seus erros, o que estou escrevendo parece utopia, mas
medidas paliativas não resolverão esse problema gravíssimo. No Brasil, ser
bandido ainda vale a pena. É só prestar atenção ao fato de que o país não
dispõe nem de um sistema penitenciário decente e os poucos presídios são apenas
escolas de crime.
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