Ninguém esperava por essa! |
Os ingleses resolveram sugerir aos seus torcedores que virão
aos jogos da Copa no Brasil alguns cuidados que devem ser tomados durante essa
estadia: preferir carro e avião como meio de transporte, evitar a exibição de
material eletrônico, como também, visitas às comunidades, etc. Em suas
cuidadosas e pragmáticas cabeças não foi levantada a hipótese de um surpreendente
perigo: as flechas.
Enquanto, antropólogos e sociólogos discutem se esse
equipamento pertence às armas brancas ou se trata de um objeto cultural, penso
que é crucial lembrar que arco e flecha podem provocar sérios ferimentos e até
morte. Quantas guerras foram travadas entre índios, tendo como material bélico o
arco e a flecha?
Creio que é hora de se tomar uma atitude firme antes que
outras pessoas sejam atacadas e não esquecer que a segurança da população está
além de qualquer discussão desse nível, não devendo, portanto, ser protelada.
Situações dessa natureza exigem que, as cabeças pensantes do
país encontrem uma solução comum, porque a demora na tomada das decisões acaba
sendo confundida com permissividade. Até hoje ninguém sabe o quê fazer com os Black
Blocs. O mundo não é estático e as nossas leis não acompanham sua evolução,
espera-se, por conseguinte, que as autoridades, com bom senso, mostrem sua
presença. Nas pequenas ou nas grandes decisões sentimos a ausência de
lideranças e de governantes atuantes.
Afinal, estamos diante de uma grande onda de movimentos populares
com diversos objetivos e naturezas. Nunca vimos tantas greves, passeatas,
quebra-quebra, obstrução de rua e desordem. Qualquer grupo tem o poder de parar
o trânsito, causando caos numa cidade cuja mobilidade já é problemática. A
sociedade está explodindo em cólera.
Tivemos a sensação de ter tirado o bilhete premiado,
petróleo no pré-sal, valorização das commodities, crescimento econômico espantoso
(até 2008), Copa do Mundo e Olímpiadas. Ficamos tão inebriados e entusiasmados
que não pensamos nas reais responsabilidades. O grande salto para frente não
veio, o que restou foi a ressaca de uma festa que ainda não aconteceu.
Os gastos faraônicos desses eventos só aumentaram a dívida
pública e em nada contribuíram para as cidades. Nem os aeroportos ficaram
prontos a tempo, mas teremos estádio de um bilhão de reais em uma cidade que
nem time de futebol possui.
Ninguém, em sã consciência, deveria ser contra a Copa, que
poderia ser motivo de alegria. Temos um técnico impecável, com grande
capacidade de liderança e autoridade, que optou por jogadores responsáveis, não
aceitando os brilhantes que passam as noites nas boates. O que está acontecendo
é que nos sentimos enganados, as obras entregues incompletas, os aeroportos de
dar vergonha, a segurança falhando lamentavelmente. É muito desleixo para o meu
gosto.
Ao recebermos nossos convidados em nossa casa, escolhemos a
melhor louça, um cardápio bacana, usamos nossas melhores toalhas e procuramos
oferecer um ambiente alegre e hospitaleiro. Não quero nem pensar no que vai
acontecer quando nossos visitantes se depararem com arco e flecha, bombas de
gás lacrimogênio, greves, obras inacabadas. Os governantes ao se “programarem”
deveriam ter pensado em nós, evitando toda essa explosão de fúria a que estamos
assistindo.
O velho pão e circo parece não funcionar mais, o governo
atualmente fez um aperfeiçoamento na outrora estratégia de ouro, agora estamos
na fase do “Pau e Circo”, como dito hoje mesmo por Nelson Motta no Jornal O
Globo. Será que os ingleses estarão suficientemente preparados?
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