"O que vale para os quadrúpedes deve valer para os bípedes" proferiu o Ministro durante o julgamento do mensalão |
Os brasileiros estão passando por sombrios momentos.
Turbulências políticas e explosões sociais diariamente invadem nossas vidas e
nos causam enormes transtornos. Nossas crianças são impedidas de comparecer às
aulas devido à greve dos professores que sempre lutam por melhores salários e
não são ouvidos; os vigilantes bancários, também com suas reivindicações, se
ausentaram e impedem que os bancos atendam normalmente A greve de alguns
motoristas de ônibus, mesmo sendo contrária aos sindicatos, inviabiliza a
chegada dos diversos trabalhadores aos seus locais de trabalho, comprometendo o
atendimentos à população; a polícia
civil também realiza greve de advertência.
A nossa sociedade cotidianamente tem de apelar para a sua
criatividade criando meios de conseguir conviver com tamanha desordem. Não
podemos nos esquecer dos ônibus queimados, barreiras nas ruas, impedindo a
passagem e criando caos no trânsito.
Em relação a política, não há um dia sem que escândalos que nos
assombrem, parece que as nossas mentes não conseguem guardar todos, devido ao
repúdio que essas notícias nos causam. A nossa mais valiosa empresa, a
Petrobrás foi dilapidada e quando pensei que a senhora Graça Foster, exemplar
funcionária, manteria seu pensamento sobre a Refinaria de Pasadena como um mau
negócio, ela cedeu às pressões e reformulou sua concepção. Temos de suportar
toda sorte de engodo para que a turma do planalto saia bem na foto.
É bem nítida a distinção entre um governo que trabalha para
o povo e um governo que trabalha para si. Os malabarismos para explicar o
inexplicável se sucedem cotidianamente, maquila-se tudo, com o objetivo de divulgar
a inflação muito abaixo do que constatamos. Como se isso já não fosse o
suficiente, ainda surgem os produtos que dançam dentro das embalagens, pois mantiveram
o preço, mas reduziram a quantidade. Para controlar o déficit público nossos
governantes são capazes até de mexer no FTGS dos empregados e por aí vai
Diante de tanta desordem é natural que a população esteja
conturbada emocionalmente, há uma insegurança enorme nos rondando, um
desamparo, desconfiança e muita violência. A natureza maravilhosa dessa linda
cidade está conspurcada por uma falsa democracia e uma prepotência sem limites
da classe política.
Ansiamos por alguma instituição que nos dê alguma esperança
que nos mostre que, nós brasileiros, poderemos saltar da montanha russa em que
estamos viajando, mas este sonho ainda precisará ser sonhado de novo, pois por
enquanto ainda estamos vivendo acordando assustados com os pesadelos. Desta vez
o protagonista foi o ministro do Supremo Tribunal Teori Zavascki que, sem ler
os processos da operação Lava-Jato, expede uma sentença de soltura para os
envolvidos nesse escândalo. O juiz Sérgio Moro, especialista em processos de
lavagem de dinheiro e, coerente com o juramento que fez para ocupar o cargo de
juiz, não soltou os acusados, lembrando ao ministro que isto poderia acabar em
fuga. O ministro recuou e soltou apenas ex –diretor da Petrobrás Paulo Roberto
Costa, envolvido em acusações de lavagem de dinheiro e corrupção, mantendo os
outros na cadeia.
O Dr. Teori Zavascki, Ministro da mais alta Corte do país,
procurou explicar seus motivos, mas parece-me que cada vez que o fazia
tornava-se mais difícil entendê-lo. Com uma atuação tão desconcertante virou assunto
da população, nas empresas, nas conversas informais, nas academias de
ginástica, nas faculdades, cada um teorizando as suas motivações, cada um
lamentando esse desfecho que leva às ruas Paulo Roberto Costa. O acusado, que
se aproveitou do cargo que ocupava na Petrobrás, orgulho do povo brasileiro,
desconstruiu uma das empresas petrolíferas mais valiosas do mundo para seu
próprio interesse e está livre, vestido de cidadão do bem.
Estamos assistindo as consequências da falência das
instituições levando o povo a agir de forma emocional, descontrolados, cuidando
cada um de si, fazendo suas próprias leis, num processo de desagregação social
e psicológico intensos. A vida, nas cidades mais atingidas, vai perdendo o
senso de ordem e a população acredita firmemente que conseguirá tudo que
necessita através de greve, tumultos e depredações.
A sociedade, vítima de uma série de violências praticadas
por seus governantes, através de promessas não cumpridas, resolve retaliar da
forma como pode, causando tumulto e transtorno para esta mesma sociedade.
Assim, aonde chegaremos?
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