Moradores sem esquina. Qualquer dia sem sala |
As cenas de desrespeito se sucedem a todo instante em nossa
cidade. O fotógrafo Luiz Claudio Marigo, após ter desmaiado dentro de um
ônibus, foi levado pelo motorista, um homem certamente admirável, ao Instituto
de Cardiologia em Laranjeiras E aí o inacreditável ocorreu: não recebendo
nenhum tipo de socorro da equipe da referida instituição, Marigo veio a
falecer. Não consigo imaginar tamanha displicência, tamanha falta de amor
humano e omissão, tamanha agressão.
Penso que as autoridades não param para pensar nas consequências graves
advindas desse tipo de comportamento que ultimamente norteia nossas vidas.
O que me proponho a relatar hoje certamente não possui a dimensão
desse trágico acontecimento, mas segue a mesma linha da falta de respeito, da
leniência, do abuso, do abandono e da omissão. Há muito observo um grave problema que vem ocorrendo em ruas
internas do Leblon, precisamente, da Rua Dias Ferreira para dentro, incluindo
Venâncio Flores, Des. Alfredo Russel, Gal. Urquiza e atualmente se expandido
pelas Ruas João de Barros e Artur Ramos.
Creio que é esperado que um bairro devesse ser organizado
para progredir. Lamentavelmente não é o que ocorre no Leblon. Doloroso para nós
está sendo vivenciar um crescimento atabalhoado, sem nenhum tipo de
planejamento. A Rua Dias Ferreira, repleta de atrações, carreou centenas de
pessoas que circulam pelo bairro, juntamente com seus carros, que serão jogados
de qualquer jeito, sem respeitar regras, nessas ruas secundárias, levando o
problema das vagas para outra vizinhança.
Atualmente estamos diante de um novo fato que nos causa estranheza,
ligado aos militares do vigésimo Terceiro Batalhão, situado à Rua Capitão Cesar
de Andrade. Vindo de automóvel, estacionam seus carros particulares nas quatro
esquinas, onde confluem as Ruas Gal. Urquiza e Des. Afredo Russel. Não sou do tipo que tem horror à polícia,
ao contrário, penso que ela executa uma atividade perigosa e muitos perdem suas
vidas defendendo a sociedade. Como em todas as profissões encontramos pessoas corretas
e outras nem tanto.
O que me parece absurdamente errôneo é que esses policiais, que
possuem como objetivo o cumprimento das leis, sejam os primeiros a transgredi-las.
A CET-RIO proíbe o estacionamento em esquinas, por motivos óbvios, transeuntes
existem e precisam se locomover com segurança. Já perdi a conta do número de
vezes que me deparo com carrinhos de compras vindo dos supermercados, ou carrinhos
de bebês, procurando um jeito de sair dessa armadilha que plantaram para nós. Muitos
podem achar que a ocupação das esquinas é um pequeno detalhe, que pouco influi
na nossa segurança, mas pensem na vida de um cadeirante ou de um idoso como
dificuldades de locomoção. Não há espaço entre os carros que bloqueiam a
calçada, sem contar na visibilidade obstruída pelos carros.
O resultado é sempre o mesmo: as pessoas acabam andando pela
rua porque não conseguem chegar à calçada, visto que os carros estão colados
uns aos outros. Só falta instalarem uma placa: PASSAGEM PROIBIDA PARA
PEDESTRES!
Acontece que os veículos entram na Alfredo Russel a toda
velocidade, eu mesma já escapei de ser atropelada por pouco! Burlar regras de
trânsito comprometendo a vida das pessoas pode ter inúmeros nomes: desrespeito,
falta de sensibilidade e de vergonha, omissão e desvalorização da vida. Ninguém
ignora que desordem chama desordem. Quando os policiais se retiram do serviço,
aparecem a Valet Park com igual comportamento.
Para completar esse cenário de degradação ambiental surgem
os mais inusitados veículos, todos comerciais, que não pertencem aos moradores,
em busca de vagas: são caminhonetes de frete, vans de escola, vans de turismo, utilitários
dos mais variados serviços e os taxis. Os estacionamentos são gratuitos e os
veículos permanecem por vários dias ali, afinal encontraram as suas verdadeiras
garagens particulares. As vans escolares passam as férias das crianças nessas
ruas, durante quarenta e cinco dias seguidos! Isso para não mencionar as
tralhas do botequim Tio Sam, que ele considera a sua contribuição ao acervo do Patrimônio
da Humanidade...
O argumento para essa permissão indecorosa de estacionamento
de viaturas comerciais em rua residencial é de que não há lei que o proíba.
Chega ser patética essa justificativa, pois as leis são antigas e esses
problemas não existiam. Alguém já viu frotas de vans escolares usando ruas
residenciais como estacionamento privativo há alguns anos atrás? O que havia eram ônibus escolares guardados
nas escolas. Esse é um problema novo que precisa de solução.
Nós, moradores, pagamos nossos impostos e desejamos ser
respeitados. Estamos constrangidos e revoltados com tamanha injustiça e
impropriedade. Temos o direito como cidadãos de usufruir de nossas ruas, de conseguir
um lugar para nós ou para nossos visitantes e a segurança na travessia, com
nossas esquinas livres. No entanto,
somos confrontados com o uso comercial do espaço público residencial por estes veículos
que abarrotam nossas vias.
As autoridades não podem se omitir a este ponto, não cabe
nenhum tipo de favorecimento a A, B ou C ao custo de penalizar os que aqui
residem e, muito menos, contribuir de forma a esgarçar o tecido ambiental. Essas
ruas, outrora bucólicas, não podem ser depósitos de veículos comerciais, elas
pertencem ao bairro do Leblon que, para quem não presta atenção ou ignora, é
área de preservação do ambiente cultural da nossa cidade.
Com o fracasso do bom senso, temos que encontrar algum
dispositivo legal que impeça essa agressão. Esconder o lixo embaixo do tapete,
para a Rua Dias Ferreira ficar elegante, e acarretar para nós uma tremenda
poluição visual, é uma indignidade.
Segue abaixo os flagras que registrei recentemente:
Com as rodas na calçada e na frente de uma garagem |
Espaço super estreito e sem visibilidade graças a nova banca. Gal. Urquiza |
Essa Kombi-Frete ficou ai durante 7 dias! Rua Alfredo Russel |
Garagem particular de veículo comercial no espaço público! Rua Alfredo Russel |
O reboque do Tio Sam que na verdade é um depósito móvel de barris de chope. Gal Urquiza |
Esquina totalmente obstruída. Esquina da Artur Ramos |
A raiz deixando as calçadas em péssimo estado... Imagine passar ai com um cadeirante ou com muletas. Rua Afredo Russel |
A rua virou um pátio de estacionamento de veículos comerciais. Noite e dia.. R. Alfredo Russel |
Dia e noite esquinas obstruídas. Esquina Alfredo Russel com Gal Urquiza |
Não sobram vagas, nem espaços para travessia. |
Carretas, vans, kombis - todo tipo de veículo, independente do tamanho para aqui. |
A COMLURB fica 7 dias sem varrer as ruas. Não há como limpá-las com essas vans. A rua chega a causar claustrofobia R. Alfredo Russel |
R. João de Barros, à vontade |
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