Uma triste cena... |
Mais uma vez a Câmara dos
Deputados cumpriu a sua nefasta tarefa de defensora dos marginais, permitindo
que o deputado-presidiário Natan Donadon mantivesse o seu mandato. 133
deputados votaram contra a cassação, 41 se abstiveram de votar, sem contar os
faltosos, numa clara determinação do absurdo que é o voto em aberto. Essa
batalha pela manutenção tem outros objetivos, um deles seria evitar a cassação
dos deputados do mensalão e outro, o de evitar as próprias
cassações.
A Câmara se tornou cega e surda
ao repúdio que a população nas ruas ostenta contra a impunidade. Um presidiário
não pode ser eleito deputado, mas o paradoxo ultrapassa a barreira da vergonha.
O povo voltará às ruas e não haverá Black-Block que manchará as nossas
jornadas, lutando por um país melhor.
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A dor de vencer barreiras |
É verdade que o diplomata
Eduardo Saboia, encarregado dos negócios da embaixada do Brasil na Bolívia, não
respeitou a hierarquia e auxiliou o Senador Roger Pinto Molina, asilado
político no Brasil, a fugir da perseguição política no seu país.
Entretanto, vale considerar que
o Senador ficara 455 dias num pequeno quarto, aprisionado, com eventual banho
de sol, sem poder circular pela embaixada, aguardando o salvo-conduto que o
governo da Bolívia protelava.
A presidente Dilma, tão
defensora dos direitos humanos, sabendo que esse claustro comprometia a saúde
física e mental do Senador, rendeu-se aos encantos do governo de Evo Morales,
cedendo à protelação do salvo-conduto.
Angustiado, por compartilhar
cotidianamente essa tortura, o diplomata Eduardo Saboia o trouxe para o Brasil.
Esse fato desencadeou a
demissão do nosso ministro do exterior Antonio Patriota que diga-se de passagem
já não estava agradando ao governo.
Um dos episódios mais triste desta
história foi o telefonema da nossa presidente a Evo Morales, comunicando a demissão do ministro. Francamente, que tragédia este
conluio!
Vale a pena mencionar que o Eduardo Saboia desafiou a autoridade
e a hierarquia do Ministério das Relações Exteriores agindo por conta própria.
Para alguns suas ações podem ser consideradas até como um ato de traição à
pátria pela celeuma que foi criada, no entanto suas ações foram norteadas por
um bem maior do que o organograma do serviço público.
Em tempos de “whistleblowers”
como Edward Snowden, fomos agraciados com Eduardo Saboia que valorizou a vida do outro acima acima da própria, sem nenhum ganho pessoal, num tremendo gesto
humanitário. Eduardo Saboia não se rendeu a banalidade do mal.