Diante de um mundo circundante tão desconjuntado, torna-se
difícil enfrentar as turbulências emocionais que invadem nossas vidas. A reação
mais imediata é a tentativa de evasão, se afastar dos acontecimentos, afinal
o que os olhos não veem os corações não sentem. Quem sabe, com essa manobra,
aquietamos a ansiedade que teima fervilhar em nossas almas e evitamos sermos
invadidos pela insuportável dor psíquica?
A busca obsessiva pela internet é um dos caminhos. O sujeito
tem a ilusão de que está se informando, participando de tudo, buscando o
contato, na medida em que rapidamente devora pequenas notícias que congestionam
e deformam a mente. O pensamento é alijado e a saída é a repetição de tudo que
lemos e nada processamos. A aparência é de que temos o mundo aos nossos pés,
mas no meu modo de entender, estamos a perder o nosso mundo pessoal.
Servem, também, como rota de fuga, o futebol, odiado no
momento, porque de forma impiedosa está sempre revivendo o 7x1, não oferecendo renovo à população. Festas, práticas obsessivas de exercício físico, e toda
sorte de entretenimento funcionam como uma espécie de droga que acalma,
temporariamente, o nosso sofrimento subjacente.
O nosso pensamento reflete um automatismo que se afasta de um raciocínio lógico, o movimento é de fragmentação, compatível com um aparelho
psíquico desatento. Sobra inércia psíquica, falta
criatividade e soluções. O país parou: Política? Nem pensar.
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