Tartarugas Avante! |
Há muitos anos questiono o atraso que existe no nosso país,
mas o discurso vigente em vários grupos tentava amortecer a minha inquietação,
afinal o Brasil ainda era jovem, nascera há 515 anos. Jamais concordei com
argumento tão absurdo.
O dinamismo de países evoluídos, sempre me encantou e o
contraste se acirra diante da pobreza, dos casebres, crianças abandonadas, sem
o mínimo necessário para uma vida digna. Nosso orgulho se vangloriava de sermos
a sétima economia do mundo, afinal, nossos ricos possuem uma riqueza poderosa.
Fico perplexa ao constatar que se passaram 515 anos e, no atual momento,
milhares de pessoas comemoraram o que chamam de distribuição de renda.
Há uma infindável lista impeditiva que colabora para manter
o país carregando a lanterninha em vários segmentos fundamentais para o acesso
ao desenvolvimento, mas só citarei alguns.
Podemos começar por uma sistêmica corrupção que certamente desestrutura
qualquer país. Hoje mesmo se tem notícia de que, em uma pequena cidade no
município do Rio cujo hospital está totalmente desabastecido de medicamentos e
profissionais, existe um prefeito que ama Ferraris, helicópteros e desfila
pelas ruas, confiante na legalidade de seu projeto, que é ser rico à custa do
erário.
Faz parte da lista, o populismo e políticas imediatistas,
que não valorizam o saber, mas os gráficos numéricos indicadores de sucesso dos
governantes. A educação, baluarte de um país que se preocupa com as crianças e
com um futuro promissor, é mais do que lamentável, é insustentável. O verdadeiro
objetivo da escola que é preparar as crianças para a vida, através de um ensino
que privilegie o raciocínio, o julgamento e a capacidade criativa, está a
léguas de distância. O número de cabeças brilhantes no país deveria ser bem
maior.
Com 515 anos, esse nosso Brasil é a imagem do atraso, pois
possui grande extensão sem saneamento básico. A queixa de engenheiros e
arquitetos em relação à execução de qualquer tipo de obra é o desalento em
relação a uma burocracia descomunal, como se isso fosse impedir atos ilícitos,
parece que é ao contrário, servem para fortalecê-los.
Para exemplificar esse fato, o engenheiro Francis Bogossian,
Presidente do Clube de Engenharia, faz referência aos órgãos reguladores que não
se comunicam entre si. É claro que esses
pareceres são da mais alta importância, mas um entrosamento se faz necessário,
pois evitaria embargos, ou ao contrário a permissão de obras que, por pressões
políticas, não deveriam acontecer. Sempre me preocupo com o dispêndio absurdo
de dinheiro que não reverterá em benefício para a população.
Investidores que se interessam pelo país precisam estar
preparados para mudanças repentinas, inúmeras vezes se muda a regra do jogo, no
meio do jogo. Caso recente aconteceu no Porto Maravilha. Este local havia sido
escolhido para que fosse instalada a Mídia estrangeira, entretanto de repente,
pensaram que na Barra da Tijuca a localização seria melhor e uma mudança
radical se processou.
Essa insegurança política e até jurídica, não por falta de
leis, mas sempre por inúmeras interpretações da lei, afastam pessoas que
desejariam aqui investir, mas que temem não obter o retorno esperado do seu
investimento.
Considero significativa a falta de conservação do que aqui existe,
quer se trate de bens tombados ou até pracinhas. Desleixo também é símbolo do
atraso.
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