Escola do Maranhão |
Nós vivemos em um país que apresenta uma forma anômala de funcionar.
Há exemplos dessa afirmativa em profusão. Vou me limitar ao
ingresso nas Universidades. Incentivado pelo poder público, o sonho da
população é possuir um diploma do terceiro grau. As Universidades públicas são
em número reduzido, as particulares caras e, nem sempre de excelência, então se
criou o Fies. Em princípio uma saída bastante favorável. Os alunos que não
pudessem arcar com o pagamento das mensalidades obteriam um empréstimo da Caixa Econômica para financiar seus estudos. O bolsista é invariavelmente surpreendido com tamanho da conta a ser paga no final e a inadimplência é grande.
É da norma do Fies que o candidato possua avaliação
positiva. Para minha surpresa, este ano poderiam ser matriculados alunos com
nota zero na redação, até que encontraram uma saída tentando ser honrosa, isto
é zero não ia ser aceito, mas qualquer outro número sim, desde que perfizessem
quatrocentos e cinquenta pontos.
A consequência dessa
anomalia é que os alunos estão despreparados para assumir o rigor científico
que uma universidade deveria exigir. Para completar esse quadro patético, as
universidades que acolhem esses alunos têm o faturamento garantido e muitas
delas são vergonhosas em termos acadêmicos. Como quase tudo no Brasil não é
fiscalizado elas estão no auge da felicidade e com pouca transparência.
Enquanto isso o Pronatec, destinado a alunos de nível médio,
cujo objetivo é atender a educação profissional e tecnológica, está
economicamente incapaz de manter os cursos, desviou-se recursos para o Fies. Também
se constatou que muitos desses alunos não conseguem acompanhar os programas
devido às falhas daquele que deveria ser a primeira preocupação de qualquer
governo bem intencionado, o ensino fundamental.
A sequência desse texto mostra a anomalia. Cheguei por
último ao local de onde deveria ter partido: a educação primária, que
infelizmente, encontra-se em estado terminal. Nem currículos adequados e mais
atraentes existem, as escolas em si são feias, maltratadas, pouco convidativas.
Espaço para atividades extracurriculares de modo a despertar
o interesse e a descoberta de aptidões é puro sonho. Esse espaço, valioso e
inexistente, seria uma oportunidade de se tirar as crianças das ruas e
incentivar o convívio interpessoal. Crianças encaminhadas na vida estariam longe
dos desvios de conduta, da marginalidade e aí sim, a democracia estaria sendo
exercida de modo real. Todos deveriam ter os mesmos direitos e estariam preparados
ou não para o ingresso ao nível superior.
Esse absurdo vem denunciando dia a dia a queda do padrão
universitário. O país necessita de pesquisadores, de cientistas, de tecnologia
de ponta e não de doutores de nada.
Entretanto, nossos maquiadores profissionais não se
preocupam com a farsa que é o nosso ensino do fundamental ao terceiro grau. Os
diplomas do curso superior estão nas mãos de quem mal sabe ler e escrever,
quanto mais pensar, avaliar e ter juízo crítico. Esse é o retrato da inversão: tudo
que um governo populista deseja! E os professores então, hein? Coitados!!!!
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